Análise de anomalias hidrogeoquímicas do elemento flúor na bacia hidrográfica do baixo Tibagi – PR e relações com a saúde bucal
Glauber Stefan Barbosa, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 27/05/2022
O flúor como elemento químico ocorre na natureza de forma geogenética, ou seja, naturalmente. Pode estar presente em maior ou menor quantidade, dependendo do contexto das fontes geológicas e dinâmica hídrica, através do intemperismo das rochas. A fluoretação no sistema de gestão das águas, iniciaram-se a partir da década de 1970 no Brasil, onde o principal objetivo é o combate a cárie, no entanto, o consumo de altos teores de fluoretos podem desenvolver a fluorose dentária. Análises de águas superficiais e subterrâneas na porção norte/nordeste paranaense evidenciaram anomalias geoquímicas presentes nas águas superficiais e subterrâneas, para diversos elementos químicos, dentre eles, o elemento flúor. Para este, por sua vez, foram detectados valores que conflitam com a legislação, onde estudos apresentaram concentrações até dez vezes maiores que o recomendado pelo Ministério da saúde (Portaria Nº 635/BSB, de 26 de dezembro de 1975), prejudicando a saúde principalmente bucal, da população consumidora deste recurso. O presente estudo tem como objetivo, diagnosticar a situação hidrogeoquímica nas águas subterrâneas e superficiais da bacia hidrográfica do baixo Tibagi – PR na busca de compreender o atual cenário de risco a saúde coletiva em especial à saúde bucal e qualidade ambiental. A principal fonte de dados do presente trabalho, foi disponibilizada pela plataforma online, via SISAGUA, onde complementarmente foram realizadas coletas em in loco, objetivando ampliar a deficiência de amostras do referido banco, buscando a identificação de anomalias das águas subterrâneas da região, comparando-as à sua sazonalidade. No primeiro momento foi realizado análise de dados primários, onde foram coletados 70 pontos amostrais de água subterrânea em poços tubulares, em dois períodos (verão e inverno) distribuídos na bacia hidrográfica do baixo Tibagi, seguida de análises laboratoriais para o elemento flúor, através da técnica da Potenciometria Direta no laboratório de Química e Geoquímica da Universidade Estadual de Londrina. Com a finalidade de caracterizar a distribuição do elemento flúor. Municípios como Assai e Congonhinhas, apresentaram teores de flúor com valores muito acima do recomendado pelo Ministério da Saúde, chegando a uma concentração de 9,69 mg/L para o elemento. Com essas informações foram possíveis gerar mapas de riscos à perfuração para o elemento Flúor. No segundo momento foram analisados a distribuição e consumo de fluoretos em águas superficiais e subterrâneas disponibilizados pelo SIAGUAS, entre os anos de 2017 a 2021, totalizando 5.343 amostras de fluoretos, em 32 municípios selecionados. De posse destes dados, realizou-se estatística descritiva e técnicas de geoprocessamento para espacialização do elemento flúor, para conhecimento do comportamento e origem das anomalias geoquímicas. Do total de amostras analisadas, 49% se encontraram dentro do valor indicado pela portaria (0,6 – 0,8 mg/L), 40% das amostras acima do recomendado e 11% abaixo do recomendado, ou seja, 51% do total de amostras encontram-se fora dos valores recomendados.
Evolução espaço-temporal da exploração e potenciometria do Sistema Aquífero Serra Geral (SASG) na área urbana de Londrina/PR
Diego Allyson Rocha, Maurício Moreira dos Santos
Data da defesa: 04/05/2020
O rápido crescimento da cidade de Londrina/PR produziu pressão crescente sobre a demanda de água originando conflitos pela disponibilidade hídrica, o que levou a busca por novas fontes de abastecimento, inclusive a exploração de aquíferos. Assim, estudos sobre as águas subterrâneas ganham importância, nesse sentido, o artigo A apresenta o diagnóstico histórico situacional da disponibilidade de informações sobre poços tubulares profundos inseridos no perímetro urbano do município de Londrina/PR e o diagnóstico da variação temporal do nível d'água e da produtividade do SASG no intervalo de tempo de 1977 a 2013, formando uma base referencial e de dados, essencial e acessível para consulta de tomadores de decisão e planejadores dos recursos hídricos. Os resultados apresentados demonstram que dados hidrodinâmicos do aquífero sofrem alterações negativas à medida que o número de poços tubulares profundos da área de estudo aumentam ao longo de 4 séries históricas, citando alguns valores, a vazão (Q) que tinha mediana de 14 m³/h na classe 1 caiu para 4 m³/h na classe 4, enquanto a capacidade específica (Q/s) sofreu importantes alterações, com valor de mediana em 1,34 m³/h/m para a classe 1 e na classe 4 passou para 0,2 m³/h/m. Já o artigo B, expôs o mapeamento das áreas de explotação do SASG na área urbana de Londrina/PR, sendo realizada análise espacial de distribuição e evolução histórica dos poços tubulares profundos com o auxílio de Sistema de Informação Geográfica (SIG), que permitiu a geração de importantes produtos cartográficos. Os resultados mostraram a evolução histórica dos níveis potenciométricos do SASG ao longo de 4 classes temporais, onde foi possível constatar o aparecimento espacial de distorção anômalas das curvas equipotenciais representados pelo contínuo rebaixamento dos níveis e/ou interferência de bombeamento produzidos por cones de depressão causados pelo crescente número de poços na zona central da cidade, constatando-se nessa última condição a presença de inversões do fluxo potencial para a classe 3 em Hotspot. Nessa zona, constatou-se grande rebaixamento dos valores dos níveis potenciométricos do aquífero, representado por uma diferença de 60 metros entre a primeira e a classe 4, com a classe 3 sendo apresentando o cenário mais preocupante com rebaixamento de 100 metros para o Hotspot quando comparado com a primeira classe. A melhora potenciométrica verificada para a classe 4 está relacionada a resposta ao aumento dos volumes da reserva reguladora que chegou a 4x108 m³/ano. Contudo, com os resultados apresentados é possível apontar um cenário futuro preocupante no que diz respeito à produtividade do SASG em área urbana caso mecanismos de gestão não sejam aplicados. Dessa forma, a presente pesquisa apresenta um panorama evolutivo histórico acerca da exploração do SASG na área urbana de Londrina/PR, tornando-se um instrumento que poderá ser utilizado pelos gestores municipais na busca pela gestão correta dos recursos hídricos subterrâneos, pois o gerenciamento adequado das águas subterrâneas é ação obrigatória para proteção desse recurso renovável, caso isso não ocorra os futuros poços podem sofrer ainda mais com a diminuição da oferta de água, podendo até mesmo surgir uma crise hídrica em longo prazo.