O consumo de água subterrânea do aquífero Serra Geral na Regional de Saúde de Londrina (PR) e implicações à saúde coletiva : uma discussão da geografia da saúde apoiada na hidrogeoquímica
Alan Alves Alievi, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 02/04/2012
Procurando colaborar junto ao campo da Geografia da Saúde buscou-se nesta pesquisa estabelecer relações entre a saúde da população da área de estudo e elementos químicos presentes nas amostras de água subterrânea coletadas de poços tubulares localizados nesta área. Enfim, analisar aspectos hidrogeoquímicos das águas subterrâneas do Sistema Aquífero Serra Geral (SASG), especificamente, aquelas encontradas na 17ª. Regional de Saúde – Londrina (PR), procurando compreender as possíveis correlações entre o estado da saúde coletiva e anomalias hidrogeoquímicas no contexto da organização espacial, bem como o papel desta nestes agravos, foi o intento desta dissertação. Entre os materiais e métodos utilizados, destacam-se a coleta de informações junto ao DATASUS e a Secretaria de Vigilância em Saúde da 17ª. RSL, entre outros dados necessários à análise espacial, bem como a caracterização hidrogeoquímica e das áreas de risco (anomalia positiva), em que foram mensurados os parâmetros físico-químicos e hidrogeoquímicos das amostras de água através do uso do ICP-AES, o qual determinou os teores de Sódio (Na – 1.100 a 66.500 µg/L); Cálcio (Ca – 630 a 48.201 µg/L); Silício (Si – 1.403 a 32.548 µg/L); Magnésio (Mg – 53 a 18.594 µg/L); Potássio (K – 170 a 7.900 µg/L); Zinco (Zn – 0 a 397 µg/L); Estrôncio (Sr – 2 a 356 µg/L); Bário (Ba – 0 a 229 µg/L); Fósforo (P – 0 a 177 µg/L); Ferro (Fe – 3 a 110 µg/L); Cobre (Cu 0 a 76 µg/L); Manganês (Mn – 0 a 5 µg/L) e Cromo (Cr – 0 a 4 µg/L), nestes intervalos para todas as amostras. Verificou-se que as doenças comumente associadas ao contato direto ou mesmo indireto com os elementos elencados em concentrações demasiado altas estão agrupadas no quadro das doenças ligadas ao sistema nervoso, sistema circulatório (coração e anexos), sistema respiratório, aparelho geniturinário, doenças neoplásicas. Em geral, identificou-se também uma tendência de aumento dos óbitos para estas doenças, entre outras. Os padrões na morbidade encontrados neste estudo implicaram em um questionamento acerca dos fatores que condicionaram a sua distribuição espacial e, por conseguinte algumas ocorrências foram registradas e analisadas. Quase todos os municípios apresentaram em seus territórios maiores ou menores correlações entre as variáveis, porém, a população de alguns pode estar mais exposta aos teores anômalos encontrados, bem como aos possíveis efeitos adversos oriundos do consumo de água subterrânea explotada pelos seus órgãos municipais de abastecimento publico, que o fazem em algumas zonas de anomalia positiva ou de alta concentração dos teores.
Zoneamento da produtividade hídrica em aquíferos fraturados como ferramenta de planejamento urbano e ambiental
Giselly Peterlin, André Celligoi
Data da defesa: 11/02/2020
O aumento da utilização das águas do Sistema Aquífero Serra Geral (SASG) é uma realidade nos municípios do norte do estado do Paraná. Em contrapartida, a compreensão do funcionamento deste aquífero bem como dos fatores que controlam a ocorrência e produtividade hídrica neste ambiente hidrogeológico são pouco conhecidos e difundidos. Neste sentido, a presente pesquisa teve como objetivo compreender, determinar e mapear o fenômeno da produtividade hídrica do SASG em 7 bacias hidrográficas nos municípios de Londrina, Cambé e Ibiporã/PR. A proposta foi criar um método que permitiu utilizar diferentes fatores ambientais que influenciam a produtividade hídrica de aquíferos fraturados e, ao combiná-los, o resultado retornou um mapa-síntese que indica as zonas de maior produtividade hídrica para a área de estudo. Foram escolhidos por meio de consulta na literatura existente, os fatores: Estruturas Interderrames (E), Distância do Lineamento (D), Vazão (V), Capacidade Específica (C), Profundidade (P), Direção do Lineamento (L) e Espessura de Solo (S). Como a influência dos fatores E e S ainda não haviam sido estudados para a área de estudo, esta influência foi analisada no artigo A, para confirmar se estes afetavam realmente a produtividade e se sim, qual exercia maior influência. Utilizando análises estatísticas como a Correlação Linear de Pearson, Análise Multivariada de Variância (MANOVA) e Análise Discriminante Canônica (ADC) foi confirmada a influência de ambos os fatores sobre a vazão dos poços analisados. Foi possível constatar que quanto maior é a quantidade de E, maior é a produtividade. Para o fator S, observou-se que quanto menor S, maior a produtividade hídrica. Além disto, pôde-se concluir que o fator E exerce maior influência que o fator S. Com estes resultados foi possível atribuir pesos a estes fatores e aos demais, pesos estes que variaram de 1 a 5, conforme sua importância. Também foram atribuídas classes que variaram de 1 a 10 para as faixas de valores de cada fator. Em ambiente SIG foram gerados os mapas de estimativa e de classe para cada fator e, posteriormente, estes mapas foram somados, gerando o mapa Índice de Produtividade de Aquíferos Fraturados (IPAF). Os resultados obtidos permitem observar que maior parte da área de estudo apresenta baixa produtividade. As zonas de maior produtividade concentram próximas às redes de drenagem e lineamentos de direção EW, bem como nas regiões N, NW e SE da área. Por meio da análise Regressão Linear Múltipla (RLM) foi possível validar os pesos atribuídos aos fatores e gerar uma equação que representa a produtividade hídrica do SASG. Os resultados da RLM demonstram que os pesos atribuídos foram, em sua maioria corretos, com exceção do fator C, que poderia ter sido menor. Apesar disto, o modelo gerado é considerado representativo do fenômeno em estudo e pode ser utilizado para estimar a produtividade hídrica. Considera-se, portanto que o método proposto é uma poderosa e inovadora ferramenta de planejamento, visto que pode auxiliar na futura locação de poços para abastecimento, bem como auxiliar no uso e ocupação do solo urbano, contribuindo para uma melhor gestão urbana e ambiental.