(Re)construção identitária da Comunidade Quilombola de Guajuvira de Curiúva – PR a partir do processo de certificação quilombola em 2005

Dissertação de mestrado

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Resumo

A (re)construção identitária de vários grupos sociais, necessita de um suporte concreto ou imaginário, isto é, o território. Deste modo, a manutenção de formas culturais materiais e simbólicas, por esses grupos, nesses espaços, tem como intuito expressar sua cultura, e por conseguinte, dar visibilidade a esta identidade em função das suas especificidades. Tendo em vista essa relação território/identidade e cultura, bem como também outras esferas da vida em sociedade, como os vieses econômico e político. O presente trabalho tem por objetivo analisar a identidade territorial da Comunidade Quilombola de Guajuvira localizada no município de Curiúva - PR, a partir de sua certificação como remanescente quilombola no ano de 2005 pela Fundação Cultural Palmares - FCP. Para realização da pesquisa, foi adotado o Método Dedutivo, que parte de estudos e concepções gerais, para compreensão de um fenômeno particular, de modo que como procedimentos metodológicos foram realizadas leituras de obras de teóricos, que discutem a questão quilombola, identidade e território, da legislação brasileira que versa sobre a temática e trabalhos de campo e entrevistas. Alicerçado ainda, na perspectiva teórica - metodológica do Materialismo Histórico e Dialético, que pauta-se na ideia que os fenômenos e objetos se conectam e que tudo tudo é passível de transformação, fundamentando assim, a noção de que para se compreender a dinâmica identitária e territorial especifica da comunidade de Guajuvira, é preciso discutir sua interação socioespacial a nível municipal e estadual. Sendo assim, percebeu-se que, este reconhecimento como quilombola, refletiu em vários impactos a Comunidade, especialmente no que se refere aos conflitos enfrentados pela mesma com seu entorno, especialmente os latifundiários vizinhos do grupo interessados no território ancestral, os embates intracomunidade entre os que eram a favor do processo e os contrários e também fruto da ação do poder público municipal em desarticular a iniciativa. De modo que, apresentou-se a configuração de um processo identitário complexo. Inicialmente de afirmação identitária, no período de reconhecimento pela FCP, pela possibilidade de acesso aos programas governamentais e ao território tradicional via regularização fundiária. Porém, 14 anos depois desse reconhecimento, em virtude dos problemas enfrentados pelo grupo, apresenta-se uma configuração de negação da identidade quilombola, mesmo diante da impossibilidade de acesso a totalidade do território ancestral, em função da paralização do processo de titulação fundiária no ano de 2010 e todavia existindo vários marcos socioculturais que atualmente que permeiam a vivência cotidiana da comunidade e que compõe o ser quilombola, a exemplo da forte religiosidade, relações de parentesco, forte ligação territorial, territorialidade específica, entre outros aspectos.