Razão e vontade: a incomensurabilidade na ação humana
Antonio Afonso Ribeiro Neto, Andréa Luisa Bucchile Faggion
Data da defesa: 08/07/2022
Esta dissertação tratará do problema da incomensurabilidade dos valores na ação humana. Para tanto, será analisado o contraste realizado por Joseph Raz entre a denominada “visão clássica” e a “visão racionalista” sobre a ação humana, argumentando-se que o ponto fulcral da separação entre estas duas visões é a consideração sobre a existência de uma relação de incomensurabilidade entre opções de cursos de ação. Para isto, num primeiro momento, realizar-se-á uma investigação sobre os pressupostos centrais da “visão clássica”: a tese da forma do bem e a descrição da ação humana paradigmática como ação intencional. Posteriormente, dissertar-se-á sobre algumas das teses que moldam a concepção de Joseph Raz sobre a natureza do valor: a tese da dependência social dos valores, a sua objeção a auto evidência dos valores básicos (como é proposta por John Finnis), e o seu pluralismo de valores. No capítulo final apresentaremos a tese da incomensurabilidade de valores em maior detalhe, as suas consequências ao raciocínio prático, bem como algumas respostas à possíveis objeções racionalistas à tese.
A RELAÇÃO ENTRE MUNDO EM HEIDEGGER E REALIDADE EM FREUD
THIAGO RODRIGO BRUNASSI, Prof. Dr. Eder Soares Santos
Data da defesa: 10/02/2020
Visamos encontrar por este trabalho a relação entre os conceitos mundo de Martin Heidegger e realidade em Freud. Uma vez que encontremos este que será o solo comum onde tais conceitos se tocam, a comensurabilidade de ambos tornará possível identificarmos em que medida também se diferenciam. Heidegger é um crítico da metafísica justamente porque nela representações da realidade tornaram-se autosuficientes e desmundanizadas. A partir de uma ontologia fundamental, sendo-no-mundo, conceitos mundanizados nos levarão pelo filósofo da floresta negra a uma abordagem verdadeira da realidade. Como Freud se encontrou com a temática da realidade ao longo de sua obra? Desenvolveremos um modo como o pai da psicanálise conceitualiza a realidade e encontraremos no conceito de sintoma a síntese de uma representação que resiste às pulsões de um sujeito ao mesmo tempo que o relaciona à realidade externa. Em que medida esta relação se diferencia daquela que mundaniza a realidade heideggeriana? Se no sintoma freudiano encontramos a expressão que sintetiza o homem da clínica psicanalítica em sua realidade, o mundo em Heidegger advém de uma ontologia fundamental que nos mostra em que medida neste conceito freudiano encontramos um homem que insiste em existir na resistência de suas representações.
A FILOSOFIA DA CIÊNCIA DE RUDOLF CARNAP: Da Teoria Construcional à Lógica da Ciência
PEDRO HENRIQUE NOGUEIRA PIZZUTTI, Prof. Dr. Gelson Liston
Data da defesa: 18/02/2020
Nesta dissertação, analisamos o desenvolvimento e as alterações da obra de Rudolf Carnap tendo como referencial teórico três eixos temáticos: Teoria Construcional, Sintaxe Lógica e Semântica. Conjuntamente, contemplamos as alterações metateóricas com suas evoluções, como, por exemplo, do fundacionismo metodológico do Aufbau ao falibilismo epistemológico em Logical syntax. Tal empreendimento considera a historiografia recente do Empirismo Lógico e a caricatura clássica de seus principais autores. Com isto posto, nossa hipótese de trabalho é de que as caracterizações equivocadas da obra de Carnap podem ser desfeitas e esclarecidas se considerarmos as posições metateóricas em estreita relação às diferentes estruturas de análise nas quais elas surgiram e se encontravam ancoradas, ou seja, uma interpretação coerente da obra carnapiana pode ser alcançada se suas posições forem apresentadas e discutidas em conjunto com a estrutura de análise lógica utilizada em suas respectivas formulações. Não obstante, é nossa posição que, a despeito de toda crítica, e dos trabalhos de revisão, a obra de Rudolf Carnap apresenta ferramentas que podem e devem ser devidamente consideradas em Filosofia da Ciência.
Teorias de Justificação da Autoridade Política
PEDRO AUGUSTO GRIGGIO RODRIGUES, Profa. Dra. Andréa Luisa Bucchile Faggion
Data da defesa: 06/04/2020
O presente estudo tem como finalidade investigar o problema da autoridade política, buscando compreender se é possível justificar a autoridade do Estado. O que se pretende é compreender no que consiste a autoridade do Estado, como melhor defini-la e se é possível justifica-la. O ponto de partida é a análise do problema da obrigação política, tentando determinar em que medida haveria por parte dos indivíduos um dever moral de obedecer às leis do Estado. Após, busca-se compreender a relação entre obrigação política e autoridade política, para, então, discutir as teorias que objetivam justificar a autoridade política. A partir da leitura e análise de textos de autores modernos e contemporâneos da filosofia e do direito, busca-se identificar os argumentos existentes que objetivam justificar a autoridade do Estado e compreender se eles cumprem esse papel. O estudo defende a hipótese de que os argumentos existentes não são suficientes para justificar a autoridade do Estado e, embora existam alternativas promissoras, a alternativa, pelo menos por enquanto, seria concordar com o anarquismo filosófico.
A OBJETIVIDADE DOS JUÍZOS ÉTICOS A PARTIR DE WITTGENSTEIN
MARCELO FERREIRA RIBAS, Profa. Dra. Mirian Donat
Data da defesa: 31/03/2020
Os juízos éticos, informados pelos valores morais, orientam as ações dos sujeitos porque são objetivos, configurando instâncias que independem de deliberações subjetivas. No entanto, o estatuto de objetividade da linguagem moral é controverso e, por essa razão, o trabalho procura esclarecê-lo a partir do aparelho conceitual de Wittgenstein, o que acaba por evidenciar uma concepção de objetividade própria desse discurso, baseada em certezas morais objetivas. Isto posto, abre-se para a compreensão do funcionamento dos juízos éticos objetivos nos jogos de linguagem morais, ressaltando-se as regras gramaticais que condicionam a produção de significados no interior de uma forma de vida. Nesse contexto desenvolvem-se concepções éticas que, por vezes, conflitam entre si; todavia, as diferenças podem ser superadas em vista do consenso que pode ser obtido por meio da persuasão. Por todo o exposto, e na esteira do pensamento filosófico wittgensteiniano, a dinâmica da pesquisa salienta que a experiência ética se organiza na linguagem e que, por meio dela, pode ser compreendida como uma dimensão importante de constituição de sentido para a existência humana.
A RELAÇÃO DE SISTEMAS JURÍDICOS NO PENSAMENTO DE H. L. A. HART: A COMUNICAÇÃO CONTIDA DE CONTEÚDO
JOÃO MARCOS LIMA MEDINA ROSA, Profa. Dra. Andréa Luisa Bucchile Faggion
Data da defesa: 06/04/2020
Apresenta as influências e importância de H. L. A. Hart para a Filosofia do Direito e introduz os conceitos principais de sua teoria. Trabalha a concepção de Hart de que o caso central de Direito é definido como um sistema jurídico composto pela união entre regras primárias e secundárias. Localiza o autor dentro do debate da Filosofia do Direito Internacional e apresenta a sua concepção de Direito Internacional como caso periférico de Direito. Desenvolve a relação de sistemas jurídicos partindo das sugestões dadas por Hart e propõe a concepção de que a comunicação contida de conteúdo da regras permite que a relação entre sistemas jurídicos se mantenha eficaz sem ameaçar a unidade dos sistemas jurídicos envolvidos.
POLÍTICA E LINGUAGEM SEGUNDO GIORGIO AGAMBEN
FRANCO PEREIRA LEITE, Prof. Dr. Marcos Alexandre Gomes Nalli
Data da defesa: 23/04/2020
O presente trabalho teve por objetivo analisar a relação entre política e linguagem e quais as consequência resultantes da produção de um ser desprovido de linguagem nas obras do filósofo italiano Giorgio Agamben. Para tanto se fez necessário um percurso pela bipolítica Foucaultiana, visto que este foi o primeiro filósofo a tematizar tal questão e que Agamben recorre a ele, fazendo inversões, deslocamento e reinterpretações para estabelecer seu pensamento biopolítico. Em seu trabalho Agamben nos mostra como desde do mundo grego a linguagem é elemento indispensável para inserir o homem na esfera política e, pelo outro lado, como a falta da linguagem pode destruir os atributos político de um indivíduo ou um grupo de indivíduos, transformando-os em vidas que pela lógica da política atual, ou seja, a biopolítica, podem ser eliminadas sem nenhuma complicação jurídica par quem o faz, pois este que são eliminados da política por não possuírem linguagem estão, concomitantemente, fora do ordenamento jurídico.
MICROPOLÍTICA E IMAGEM DO PENSAMENTO: A CRIAÇÃO EM GILLES DELEUZE
CARLOS EDUARDO FERREIRA, Prof. Dr. José Fernandes Weber
Data da defesa: 17/12/2020
Por meio desta pesquisa, investigamos de que maneira e até que ponto a imagem do pensamento é uma atitude prático-política na filosofia de Gilles Deleuze. Para isto, nós examinamos como a noção de imagem do pensamento guia e movimenta sua filosofia. Deleuze, juntamente com Guattari, postula que todas as relações são relações políticas. Guiados por esta perspectiva, investigamos como o Estado funciona como um mecanismo de captura das singularidades e identificação das formas de vida. Investigamos também as formas de captura dos signos quando operados pela imagem dogmática do pensamento, e as possibilidades de criação em uma filosofia isenta de pressupostos. Desta forma, a criação de conceitos na filosofia pode ser compreendida como um ato político. Nós acreditamos que o caráter político da criação conceitual reside na noção de imagem do pensamento, trazendo desta forma, a filosofia da diferença para futuras discussões políticas.
DO TRATAMENTO MORAL DA LOUCURA: UMA LEITURA DE HISTORIA DA LOUCURA E DE O PODER PSIQUIÁTRICO, DE MICHEL FOUCAULT
DAVID VERGILIO MOURA, Prof. Dr. Marcos Alexandre Gomes Nalli
Data da defesa: 28/08/2020
Antes da medicalização da loucura, o doente mental era concebido moralmente problemático. A psiquiatria surge com importância científica ao classificar as doenças mentais patologicamente, tornando-as passíveis de tratamentos médicos. Desta forma, a presente pesquisa busca compreender qual a história responsável pela medicalização da loucura e como ela pode ser concebida como um problema moral em diversos períodos. A partir de tais questões, se torna necessário fazer um estudo minucioso acerca dos escritos da primeira fase de Foucault (2006; 2014). Essa fase arqueológica trará à luz a Historia da loucura, a fim de compreender a loucura antes de ser institucionalizada. O grande intuito da pesquisa, portanto, é apresentar de forma consistente a loucura antes de ser institucionalizada e a forma como era concebido o ser tomado de insanidade. De tal maneira que se puderam apontar passo a passo todas as ações diante do mal assolado antes do século XVIII. Nos cursos de 1973/1974 no Collège de France, ministrados por Foucault, originando a obra O Poder Psiquiátrico, traz a cena uma nova análise acerca da loucura, após dez anos da publicação de História da Loucura. Isso dá evidencias das articulações entre as relações do médico e paciente nos tratamentos asilares. Esperou-se, por fim, compreender como o tratamento moral está arraigado à loucura, desde antes de sua medicalização
A SOCIABILIDADE HUMANA EM SCHOPENHAUER: A INSUFICIÊNCIA DAS VIRTUDES MORAIS E O PAPEL DA JUSTIÇA TEMPORAL
ANDRÉ FELIPE DO NASCIMENTO, Prof. Dr. Aguinaldo A. C. Pavão
Data da defesa: 07/05/2020
A presente dissertação tem como objetivo mostrar quais são as condições jurídicas da sociabialidade humana e expor a insuficiência das virtudes morais para o propósito da sociabilidade. A partir de uma análise do fundamento da moral oferecido por Schopenhauer e o papel das virtudes morais em sua filosofia, mostrar-se-á o porquê, para a sociabiliade, a figura do Estado possui um papel central. Ademais, mostrar-se-á a relação entre ética e direito no pensamento de Schopenhauer e as críticas que ele faz à doutrina do direito kantiana, bem como a separação feita por Kant entre ética e direito.