Teses e Dissertações
MICROPOLÍTICA E IMAGEM DO PENSAMENTO: A CRIAÇÃO EM GILLES DELEUZE
CARLOS EDUARDO FERREIRA, Prof. Dr. José Fernandes Weber
Data da defesa: 17/12/2020
Por meio desta pesquisa, investigamos de que maneira e até que ponto a imagem do
pensamento é uma atitude prático-política na filosofia de Gilles Deleuze. Para isto, nós
examinamos como a noção de imagem do pensamento guia e movimenta sua filosofia.
Deleuze, juntamente com Guattari, postula que todas as relações são relações políticas.
Guiados por esta perspectiva, investigamos como o Estado funciona como um mecanismo
de captura das singularidades e identificação das formas de vida. Investigamos também
as formas de captura dos signos quando operados pela imagem dogmática do pensamento,
e as possibilidades de criação em uma filosofia isenta de pressupostos. Desta forma, a
criação de conceitos na filosofia pode ser compreendida como um ato político. Nós
acreditamos que o caráter político da criação conceitual reside na noção de imagem do
pensamento, trazendo desta forma, a filosofia da diferença para futuras discussões
políticas.
DO TRATAMENTO MORAL DA LOUCURA: UMA LEITURA DE HISTORIA DA LOUCURA E DE O PODER PSIQUIÁTRICO, DE MICHEL FOUCAULT
DAVID VERGILIO MOURA, Prof. Dr. Marcos Alexandre Gomes Nalli
Data da defesa: 28/08/2020
Antes da medicalização da loucura, o doente mental era concebido moralmente
problemático. A psiquiatria surge com importância científica ao classificar as doenças
mentais patologicamente, tornando-as passíveis de tratamentos médicos. Desta forma, a
presente pesquisa busca compreender qual a história responsável pela medicalização da
loucura e como ela pode ser concebida como um problema moral em diversos períodos.
A partir de tais questões, se torna necessário fazer um estudo minucioso acerca dos
escritos da primeira fase de Foucault (2006; 2014). Essa fase arqueológica trará à luz a
Historia da loucura, a fim de compreender a loucura antes de ser institucionalizada. O
grande intuito da pesquisa, portanto, é apresentar de forma consistente a loucura antes
de ser institucionalizada e a forma como era concebido o ser tomado de insanidade. De
tal maneira que se puderam apontar passo a passo todas as ações diante do mal assolado
antes do século XVIII. Nos cursos de 1973/1974 no Collège de France, ministrados por
Foucault, originando a obra O Poder Psiquiátrico, traz a cena uma nova análise acerca
da loucura, após dez anos da publicação de História da Loucura. Isso dá evidencias das
articulações entre as relações do médico e paciente nos tratamentos asilares. Esperou-se,
por fim, compreender como o tratamento moral está arraigado à loucura, desde antes de
sua medicalização
A SOCIABILIDADE HUMANA EM SCHOPENHAUER: A INSUFICIÊNCIA DAS VIRTUDES MORAIS E O PAPEL DA JUSTIÇA TEMPORAL
ANDRÉ FELIPE DO NASCIMENTO, Prof. Dr. Aguinaldo A. C. Pavão
Data da defesa: 07/05/2020
A presente dissertação tem como objetivo mostrar quais são as condições jurídicas da
sociabialidade humana e expor a insuficiência das virtudes morais para o propósito da
sociabilidade. A partir de uma análise do fundamento da moral oferecido por Schopenhauer e
o papel das virtudes morais em sua filosofia, mostrar-se-á o porquê, para a sociabiliade, a figura
do Estado possui um papel central. Ademais, mostrar-se-á a relação entre ética e direito no
pensamento de Schopenhauer e as críticas que ele faz à doutrina do direito kantiana, bem como
a separação feita por Kant entre ética e direito.
A ARTICULAÇÃO ENTRE A LIBERDADE DA AÇÃO E A LIBERDADE DA VONTADE EM HANNAH ARENDT
ALINE MONTEIRO DE SOUZA, Profa. Dra. Maria Cristina Müller
Data da defesa: 20/04/2022
O presente estudo apresenta como tema a ideia de liberdade nas atividades da ação
e do querer em Hannah Arendt (1906–1975). Objetiva-se compreender a articulação
entre a liberdade da ação e a liberdade da vontade, tendo por propulsão a
indagação de como os seres humanos iniciam uma série de coisas no mundo.
Arendt propõe uma reflexão acerca da condição humana e a subdivide em duas
dimensões distintas, porém conexas – dimensão ativa e dimensão contemplativa.
Desta reflexão surge a concepção de que a atividade da ação pertence ao modo de
vida ativo, enquanto a atividade do querer pertence ao modo de vida interior, de
modo que tais atividades realizam-se em esferas distintas. Entretanto, a ação e o
querer compartilham características similares – espontaneidade e natalidade. A
partir da afirmação de Arendt de que a liberdade só se efetiva como realidade
tangível no mundo público, pretende-se entender qual a liberdade pertinente a cada
atividade e quais implicações podem ser depreendidas da relação entre a liberdade
da ação e a liberdade da vontade. A ação é responsável pela manifestação da
liberdade política como espontaneidade no mundo comum, ao passo que o querer
lida com a liberdade de possibilidades. Pode-se supor a existência de uma certa
ligação entre a liberdade da ação e a liberdade interior. Da pesquisa bibliográfica
baseada em procedimentos como leitura, análise, compreensão e reconstrução
teórica dos textos de Hannah Arendt e de seus comentadores, infere-se que há de
fato uma ligação entre as liberdades, na medida em que a liberdade da vontade
impele a ação por meio da escolha de como se aparecerá no mundo e como
portadora da potência da liberdade, enquanto a liberdade da ação só se torna
realidade no mundo público. Nesse sentido, a relação entre a liberdade da vontade e
a liberdade da ação não constituem uma conexão de cunho causal e determinado,
mas sim de forma contingente.