CARNAP, SUPPE E VAN FRAASSEN SENTAM À FOGUEIRA: Uma investigação em defesa da Received View
PEDRO HENRIQUE NOGUEIRA PIZZUTTI, Gelson Liston
Data da defesa: 28/03/2024
Nesta tese, conduzimos uma reconsideração da história da Filosofia da Ciência tendo por enfoque a considerada “superação” do Empirismo Lógico e sua abordagem sintática de teorias científicas. Nesse sentido, na história da Filosofia da Ciência, é tido que duas tradições dominaram o cenário no que tange às temáticas da estrutura das teorias científicas e da relação entre teoria e observação, a saber, a Received View dos empiristas lógicos e a Semantic View dos semanticistas pós-positivistas. A partir das inúmeras críticas e do enorme movimento de rejeição, foi considerado que a Received View era uma abordagem terminantemente errada, em seus mais variados aspectos, que nada tinha a contribuir à Filosofia da Ciência. Em contrapartida a esse estado de coisas e, ancorados em um movimento crescente de reconsideração da filosofia dos autores do Empirismo Lógico, nossa hipótese de trabalho é a de que, a despeito de todas as falhas e equívocos, a filosofia lógico-empirista, plural em seus autores, está longe de constituir uma filosofia morta e fossilizada cujo mérito é apenas historiográfico. Por conseguinte, apresentamos uma investigação acerca da estrutura das teorias científicas, da relação teoria-observação e do debate do realismo científico em defesa da Received View. Isto é, investigamos essas temáticas tendo por referencial as críticas levantadas ao modo como a Received View lidou com elas e como a tradição pós-positivista, em especial a Semantic View, tentou apresentar soluções a esses problemas crucialmente importantes à Filosofia da Ciência. Com base nesse exame, que tem como referencial teórico maior as obras de Rudolf Carnap, representando a Received View, e Frederick Suppe e Bas van Fraassen, representando a Semantic View, desfazemos caricaturas da abordagem sintática do Empirismo Lógico, desmitificamos certas “vantagens” teóricas e conceituais consideradas historicamente inerentes à abordagem semântica e, em especial, defendemos a tese de que a “superação” da Received View na Filosofia da Ciência foi um “acidente” histórico e não uma “necessidade” filosófica. De modo que, a Received View foi, pode ser e, de fato é, uma ferramenta importante para nossa compreensão de teorias científicas e de outros temas centrais em Filosofia da Ciência.
ARENDT E A CRÍTICA AO ESTADO-NAÇÃO SOBERANO
ANA CAROLINA TURQUINO TURATTO, Maria Cristina Müller
Data da defesa: 29/04/2024
A tese tem como tema soberania e Estado-nação a partir de Arendt. O tema é problematizado face à existência de seres humanos destituídos de um lar, excluídos dos corpos políticos constituídos como Estados-nação soberano e relegados à própria sorte sem quaisquer garantias. Recentemente os acontecimentos enfrentados pela humanidade com mais intensidade, como as questões dos refugiados e das guerras entre Estados demonstraram que o direito de pertença a um corpo político e o direito à cidadania no modelo da organização mundial quanto uma questão interna aos Estados é bastante delicada. A pergunta que norteia esta pesquisa é em qual medida o modelo Estado-nação soberano, enquanto padrão amplamente adotado como organização política no mundo, inviabiliza a amizade enquanto exercício político e, por consequência, faz com que os seres humanos, em situações limites, sejam vistos apenas na abstrata nudez, o ser unicamente humano, não obstante as diversidades culturais, étnicas e morais entre os mais diversos grupos humanos? Também como uma pergunta subsidiária tem-se: haveria outros modos de organização políticojurídica entre os Estados? Diante do objetivo de analisar os conceitos e as críticas feitos por Arendt às noções de Estado-nação e soberania, com vista a outros modos de organização política para além do vínculo ao Estado-nação soberano, mediante pesquisa bibliográfica dos textos, dentre outros, de Arendt, Bodin, Rousseau, Sieyès e Montesquieu e seus comentadores, tendo por horizonte a hipótese, que ao final se confirma, de que o amor mundi e a amizade política são alternativas à soberania e ao Estado-nação.
A UNIVERSALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT E CHANTAL MOUFFE A RESPEITO DA PLURALIDADE E DO PLURALISMO
MIRELLE NEME BUZALAF , Maria Cristina Müller
Data da defesa: 11/12/2023
O presente estudo questiona a validade da assunção de que os direitos humanos são dotados de universalidade utilizando os conceitos de pluralidade em Hanna Arendt e de pluralismo em Chantal Mouffe. O tema é problematizado a partir do pressuposto de que a complexidade e a diversidade das organizações humanas não se coadunam com a ideia de uniformidade na concepção e interpretação dos direitos humanos. Entende-se que a consideração da pluralidade como fato e a incorporação do pluralismo agonístico como necessidade do mundo contemporâneo levam à diversas formulações de direitos humanos. No intuito de verificar se há algo universalizável no que diz respeito à proteção das pessoas humanas procedeu-se à análise da consideração da suposta igualdade dos destinatários desses direitos, bem como à existência de um fundamento único do qual partam a construção, a definição e a interpretação de seu conteúdo. Foi constatada, em ambas as pensadoras, a importância da consideração da diversidade histórica e cultural na construção dos direitos humanos, bem como dos limites às identificações culturais e étnicas. Com base na compreensão dos textos de Arendt e Mouffe e na convergência do resultado das suas análises propõe-se que a concepção de direitos humanos adequada ao mundo contemporâneo deve partir da proteção universal da pluralidade e do direito a ter direitos. Nesse sentido a pluralidade deve ser tutelada de modo universal e como limite à soberania na proteção da pessoa humana. O direito a ter direitos, direito à cidadania, é incorporado à tese como direito à participação na construção de um mundo comum, independentemente da nacionalidade e relacionado ao respeito à pluralidade. A pobreza extrema, considerada como óbice ao direito a ter direitos, se adequa à ideia de mal banal que destrói a pluralidade sendo o seu combate imprescindível à ideia de direitos humanos. A divisão espacial do poder que permita a participação dos diversos grupos na construção do que é próprio a cada um, e do elemento unificador que os perpassa, que é a pluralidade, converge com uma concepção mais adequada à complexidade e diversidade do mundo contemporâneo. A pesquisa é bibliográfica e utiliza como procedimentos a leitura, análise, compreensão e comparação das ideias das duas pensadoras. O principal resultado é a necessidade de releitura da universalidade dos direitos humanos sob a ótica da pluralidade e do pluralismo de modo a possibilitar diversas formulações de direitos humanos.
CONSCIÊNCIA DA MORTE E INDESTRUTIBILIDADE DO SER: Uma conexão entre os capítulos 17 e 41 do Tomo II de O Mundo como Vontade e Representação de Arthur Schopenhauer
CAMILA GOMES WEBER, AGUINALDO PAVÃO
Data da defesa: 23/06/2023
Este trabalho consiste em sustentar que a compreensão schopenhaueriana dos vínculos entre a disposição metafísica do humano e o problema da morte, considerações de Schopenhauer apresentadas no capítulo 17 dos Suplementos aos quatro livros do primeiro tomo de O mundo como vontade e como representação, intitulado Sobre a necessidade metafísica do ser humano, adquire alcance e profundidade plenos quando complementadas com as reflexões expressas no capítulo 41 dos mesmos Suplementos, intitulado Sobre a morte e sua relação com a indestrutibilidade de nosso ser em si, acerca do que É a morte e o que é ATINGIDO por meio dela. Assim, para que o objetivo seja alcançado, serão apresentados os principais componentes da filosofia de Schopenhauer sobre a morte presentes em ambos os capítulos supracitados, quais sejam: 1. O temor da morte como manifestação da Vontade de vida no indivíduo; 2. A especificidade das compreensões filosóficas e religiosas da necessidade metafísica do ser humano; 3. A teoria da Ideia e Espécie como superação dos condicionantes individuais; 4. A distinção entre Vontade e Intelecto para a compreensão da indestrutibilidade da verdadeira essência; e, por fim, 5. A Vontade como o núcleo indestrutível de nosso ser que a morte não afeta, visto que ela é apenas uma ação sobre a dimensão representativa do humano. A partir disso, será mostrado que os capítulos 17 e 41 do Tomo II d'O Mundo são complementares de forma indispensável para a compreensão da metafísica da morte em Schopenhauer, já apresentada inicialmente no parágrafo 54 do Tomo I d’O Mundo.
Modificações de Kant na sua concepção de direito dos estados e cosmopolitismo: um estudo das exposições de 1784 e 1795. 2023
ANGÉLICA GODINHO DA COSTA, Fábio César Scherer
Data da defesa: 31/07/2023
O presente trabalho trata do cosmopolitismo e, por aderência, do direito dos Estados, dado que aquele por vezes está atrelado com esse, em duas das suas principais exposições em Kant, a saber, nos escritos Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita (1784) e À paz perpétua (1795). Recentes estudos apontam mudanças na visão kantiana do cosmopolitismo — e de conceitos a ele vinculados — entre as décadas de 1780 e 1790 (Pauline Kleingeld, Joel Thiago Klein, Georg Cavallar, Claudio Corradetti e Martha C. Nussbaum, entre outros intérpretes kantianos) que, por muitos anos, teriam sido negligenciadas. Neste contexto se insere a nossa pesquisa, que pretende investigar se houve de fato alterações nestas concepções, bem como indicar como elas devem ser interpretadas no escopo kantiano: enquanto desenvolvimento linear, em que há explicitação de características de uma mesma concepção originalmente posta, ou na esteira de uma nova proposta, marcada pela reconfiguração das características legislativas e executórias no direito dos Estados, e pelo novo status e função do cosmopolitismo no corpus jurídico kantiano. Iniciamos a análise de cada uma das exposições kantianas com a apresentação dos pressupostos e do arcabouço teórico em que os tópicos em questão se encontram inseridos e, em seguida, buscamos identificar as suas notas típicas, visando a posterior investigação se houve alterações significativas entre as exposições e onde elas ocorreram de forma mais acentuada. Ao final do trabalho, a título de anexo, apresentamos a tradução (de minha autoria) do artigo On Dealing with Kant’s Sexism and Racism de Pauline Kleingeld, visando enriquecer a discussão sobre alguns aspectos que intersectam com a concepção kantiana de direito dos povos e cosmopolitismo e, sobretudo ilustrar o perfil flexível do pesquisador Kant que busca adequar as suas visões aos princípios da sua filosofia, tal como faz ao remodelar a sua visão sobre a hierarquia das raças, a superioridade branca, o colonialismo e a escravidão a partir da metade da década de 90 com a introdução do “direito cosmopolita” enquanto uma esfera própria do direito público.
A constituição do Eu em Hannah Arendt
ALINE MARIA RIBEIRO-CANTU, Maria Cristina Müller
Data da defesa: 23/01/2024
Esta pesquisa analisa a constituição do Eu em Hannah Arendt, concentrando-se em dois momentos centrais de seus escritos: a abordagem da solidão como experiência existencial radical de perda do Eu e a dualidade da identidade na atividade do pensar, em que um Eu se transforma em dois, metaforizando o diálogo interno do pensar. Pergunta-se pela constituição do Eu em Hannah Arendt, de modo que o objetivo central é compreender como tal constituição se apresenta ao mundo. Utilizando a revisão bibliográfica como metodologia, foram examinados os textos Que é filosofia da existência, Origens do Totalitarismo, A Condição Humana e A Vida do Espírito, bem como Eichmann em Jerusalém, Karl Jaspers: uma laudatio e Karl Jaspers: Cidadão do Mundo. A análise permitiu localizar momentos específicos em que Arendt aborda a noção do Eu e discute temas relacionados, como a questão do ser, do pensamento, da identidade, da pessoa e da personalidade que emerge no mundo por meio de atos e palavras. Verificou-se que, em Arendt, o Eu é formado por meio de relações com os outros, com o mundo e consigo mesmo, caracterizado pela pluralidade do diálogo interior e do diálogo exterior. O Eu é concebido como plural, relacional e livre. Em contextos sociais fragilizados, a falta de responsabilidade pelo mundo resulta em indiferença e individualismo, culminando na busca de refúgio em um mundo lógico e coerente. Conclui-se que o Eu, se privado de relações, torna-se cindido, apresentando uma falta que fragiliza sua posição no mundo. Esse Eu fragilizado pode escolher não se responsabilizar pelo mundo em que vive, gerando uma disposição generalizada de indiferença em relação às demais perspectivas.
ANIMALIDADE HUMANA NA CRÍTICA AO ANTROPOCENTRISMO EM FRIEDRICH NIETZSCHE
MATHEUS BECARI DIAS, José Fernandes Weber
Data da defesa: 25/01/2024
Esta dissertação pretende investigar a problemática da animalidade humana enquanto elemento central na crítica de Friedrich Nietzsche ao antropocentrismo, conforme delineado em seus escritos do primeiro e segundo período de sua obra. A pesquisa parte da hipótese de que a questão da animalidade humana não apenas se apresenta como pano de fundo de algumas das grandes críticas de Nietzsche à verdade, à moral e à metafísica, mas também se configura como uma ferramenta teórica essencial para questionar as bases do antropocentrismo predominante na tradição filosófica. O primeiro capítulo dedica-se à análise da caracterização da animalidade humana nos textos do jovem Nietzsche (1870-1876), examinando o embate estabelecido pelo filósofo com a tradição filosófica preponderante no Ocidente desde Sócrates. Esta tradição constituiu os alicerces do antropocentrismo a partir do estabelecimento da dualidade entre instinto e razão, mundo material e imaterial, ser humano e animal, assim como a superioridade atribuída ao intelecto sobre outros elementos da existência. Ao rejeitar o dualismo arraigado ao pensamento Ocidental, a crítica de Nietzsche se desdobra em uma crítica ao antropocentrismo, oferecendo uma visão alternativa da existência, onde a humanidade é concebida não como algo separado e superior, mas como parte integrante da animalidade. No segundo capítulo, a pesquisa avança para o período intermediário (1876-1882), examinando a evolução da compreensão nietzscheana sobre a natureza humana. A análise de aforismos selecionados destaca a relevância da animalidade na argumentação do filósofo, elucidando os aspectos conceituais incorporados à sua visão do ser humano e a articulação de sua contrariedade ao antropocentrismo. As variações na abordagem da animalidade nos dois primeiros períodos do pensamento de Nietzsche evidenciam a ligação intrínseca dessa temática com a resistência filosófica do autor ao antropocentrismo e sua defesa de uma interpretação da humanidade que a concebe como inseparável de seus impulsos instintivos e animalescos.
Psicanálise e Fenomenologia nos dois eixos do pensamento de Gaston Bachelard: Diurno-Epistemológico e Noturno-Poético
PEDRO OLIVIERI FONSECA, Eder Soares Santos
Data da defesa: 18/01/2024
Dentro dessa pesquisa, foi adotado um recorte temático para que se pudesse trabalhar com os dois polos que marcam toda extensão filosófica das obras do autor Gaston Bachelard, e investigando a partir delas a possibilidade de uma interpretação da complementaridade entre os dois núcleos de produção do autor. Para isso, foram selecionados temas não só que estão presentes dentro das duas estruturas de produção do autor, como também elementos externos à filosofia dele, mas que pudessem nos ajudar a reunir estas duas partes constituintes do pensamento bachelardiano através da psicanálise e da fenomenologia. Portanto, a problemática está assentada, sobretudo, nessa dualitude de suas obras, mas também na procura das ligações existentes entre elas como complementares. Estes dois lados que compõem a completude do pensamento são formados por um pensamento diurno, claro e objetivo que é estipulado para a atividade científica e por isso caracteriza-se como epistemológico, e outro lado do pensamento noturno, onírico e imagético, que se destina a devanear sobre as imagens poéticas. A despeito da metodologia deste trabalho, foi elaborada uma dupla investigação bibliográfica que pudessem respeitar as idiossincrasias de cada um dos eixos temáticos de produção do autor, respeitando as particularidades específicas de cada área dentro de nossa reconstrução teórica dos pontos principais que decidimos abordar tanto no período diurno como também no noturno. Mas, não deixando obstante nossa busca em reunir aspectos que se entrecruzam dentro de uma dinâmica de alternância para com a variação das atividades dos dois períodos, e que se conectam numa interligação que atravessa os dois eixos por algum vínculo temático filosófico que, em nossa opinião, provoca uma espécie de retroalimentação entre os polos, em sentido de fomentar, enriquecer e ampliar uma mútua influência entre os lados da ciência e da poesia e constituir a noção antropológica do homem das 24 horas.
O MÉTODO DE WITTGENSTEIN E A ALTERNATIVA AO NATIVISMO: A Gramática como Objeto de Investigação Gramatical
THAUAN SANTOS SOARES, Mirian Donat
Data da defesa: 24/01/2024
O propósito desta dissertação é conduzir uma investigação sobre a aquisição da linguagem e da gramática, explorando o embate entre a Teoria da Linguagem como Instinto, aqui personificada por Steven Pinker e fundamentada em Noam Chomsky, e a tradição da Teoria da Aquisição da Linguagem Baseada no Uso, encabeçada por Michael Tomasello e enraizada na filosofia de Ludwig Wittgenstein. Nossa meta é sustentar, a partir de uma perspectiva Wittgensteiniana, que as explicações propostas pelas teorias nativistas não contribuem efetivamente para o entendimento dos fenômenos que buscam esclarecer. Em vez disso, ao fundamentar suas explicações no idealismo e no mentalismo, essas teorias tendem a obscurecer ainda mais a compreensão dos processos linguísticos. Assim, ao contrapor o nativismo à abordagem baseada no uso, nosso objetivo principal é demonstrar a viabilidade de desenvolver abordagens alternativas para a compreensão da gramática, especialmente no que concerne às diversas práticas que conferem sentido a ela. Para alcançar nossos objetivos delineados, examinaremos os principais componentes do método de investigação gramatical concebido por Wittgenstein, a fim de destacar as ferramentas metodológicas que possam se revelar benéficas tanto para desafiar o nativismo como para construir uma teoria da aquisição da linguagem ancorada no uso. Posteriormente, nossa abordagem incluirá uma análise do contraste entre Pinker e Tomasello sob duas óticas distintas. A primeira perspectiva engloba uma avaliação comparativa das origens da linguagem e dos fatores biológicos, sociais e ontogenéticos que facilitam a aquisição e o desenvolvimento linguístico. A segunda perspectiva se concentra nos próprios processos de aquisição da linguagem.
Paridade de participação como paradigma normativo na concepção de justiça de Nancy Fraser
PAMELA PEREIRA PRESTUPA, CHARLES FELDHAUS
Data da defesa: 24/01/2024
Partindo da teoria crítica de Nancy Fraser, sob a discussão redistribuiçãoreconhecimento como foco inicial, o presente trabalho almeja examinar o princípio da paridade de participação como fundamento normativo de sua concepção de justiça. Para tal fim, é necessário pontuar as divergências e convergências entre as esferas de redistribuição e reconhecimento, bem como tratar dos comentários e críticas da autora às teorias monistas, de modo a examinar seus efeitos práticos nas reivindicações sociais. Para tanto, faz-se necessário explorar conceitos básicos de formação da estrutura social contemporânea e o diagnóstico das injustiças decorrentes desta de modo que se compreenda a sociedade contemporânea como uma ordem institucional multifacetada, na qual coexistem diversos eixos de subordinação e de opressão, que se entrecruzam e se reforçam mutuamente em uma sociedade transnacional. Como conclusão, pretende-se defender o princípio da paridade de participação como paradigma normativo central na concepção de justiça de Nancy Fraser demonstrando a sua efetividade para a métrica das demandas sociais na atualidade, que requerem uma análise integrada: redistribuição, reconhecimento e representação.