Internações por doenças do aparelho circulatório sensíveis à atenção primária: tendência das taxas no estado do Paraná
Flavia Guilherme Gonçalves, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 18/06/2014
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são consideradas globalmente uma ameaça ao desenvolvimento humano. Algumas doenças do aparelho circulatório como a hipertensão arterial (HA) e insuficiência cardíaca (IC), além de serem classificadas como DCNT, também são consideradas como condições sensíveis à atenção primária (CSAP), ou seja, internações e óbitos podem ser evitados se a doença for diagnosticada e tratada oportunamente. As taxas de internação por CSAP podem ser utilizadas para avaliar indiretamente o funcionamento e a efetividade do primeiro nível de atenção. O objetivo deste estudo foi analisar a tendência das taxas de internação por agravos do aparelho circulatório, classificados como CSAP, em adultos de 40 a 74 anos, residentes no Estado do Paraná entre 2000 e 2012. Realizou-se um estudo de tendência tanto para o Paraná quanto para as suas macrorregionais de saúde. Os dados das internações foram obtidos no Sistema de Internação Hospitalar (SIH-SUS) e os de população foram estimados por interpolação intercensitária dos censos de 2000 e 2010 para o período de 2001 a 2009, e por projeção demográfica para os anos de 2011 e 2013. Foram calculadas taxas anuais de internação por sexo para as faixas etárias de 40 a 59 anos e de 60 a 74, bem como para grupos específicos de agravos cardiovasculares. Para a análise da tendência, foi realizada a regressão polinomial utilizando-se o programa estatístico R. Ocorreram no Paraná, de 2000 a 2012, 3.754.214 internações pelo SUS, destas, 14,2% foram classificadas como doenças do aparelho circulatório sensíveis à atenção primária. Quanto à distribuição proporcional destas internações no Estado e em suas macrorregionais, a IC foi a causa mais frequente, seguida pela angina, doenças cerebrovasculares e hipertensão arterial. As taxas médias de internação por angina, doença cerebrovascular e insuficiência cardíaca para o sexo masculino foram maiores que as do sexo feminino para o Paraná e macrorregionais de saúde. Já o sexo feminino apresentou maior taxa média de internação por HA. A faixa etária de 60 a 74 anos foi a que apresentou as maiores taxas de internação para doenças do aparelho circulatório, com média no Estado de 300,46/104 . Quanto à tendência das taxas por causas específicas, a angina apresentou tendência crescente, estabilização e novo período de crescimento para o Paraná e macrorregionais. As doenças cerebrovasculares e a IC tiveram tendência decrescente seguida de estabilização para o Estado e macrorregionais. Já a tendência das taxas de internação por HA apresentou comportamentos variados entre as macrorregionais de saúde e o Estado, como por exemplo: decrescente para a macro CentroLeste-Sul e ascendente, decrescente e estável para as macro Norte e Noroeste. Neste estudo verificou-se redução das taxas de internação por hipertensão, doença cerebrovascular e IC e aumento das taxas de internação por angina. Tais constatações indicam que houve melhorias, porém, ainda há necessidade de ampliar o acesso e a qualidade da atenção prestada pela atenção primária, bem como fortalecer o trabalho em redes de atenção, especialmente nos cuidados das doenças cardiovasculares consideradas CSAP.