QUASE MORTE MATERNA: Significados e caminhos em Londrina – PR.
PRISCILA ALEXANDRA COLMIRAN, Marselle Nobre de Carvalho, Mariana Haddad Rodrigues
Data da defesa: 29/05/2024
O presente estudo traz a abordagem de um tema de grande relevância social, a mortalidade materna e como a avaliação dos casos de quase morte materna/near miss materno, podem subsidiar as políticas de saúde materno infantis para evitar esse desfecho. Este trabalho foi desenvolvido por meio de estudo qualitativo, na perspectiva das narrativas e escuta de quatro mulheres que vivenciaram a quase morte materna através de entrevistas de profundidade e análise de conteúdo. Dentre os objetivos do trabalho estão a caracterização das mulheres que sofreram este agravo, a abordagem das demoras assistenciais em saúde, a compreensão destas mulheres sobre o evento de quase morte ocorrido com elas e a reconstrução por meio de figuras dos caminhos percorridos em busca de assistência. Os resultados obtidos evidenciaram pontos frágeis em comum tanto na saúde pública, quanto nos serviços de saúde suplementar, envolvendo questões relacionadas a informações insuficientes ou falta delas, qualificação profissional, acolhimento, questões de gênero e violação de direitos. Para as usuárias do serviço público o diferencial acrescentado foi a dificuldade de acesso aos serviços especializados para realização do pré-natal de alto risco. Este trabalho revelou como fundamental o papel da atenção primária à saúde, principalmente pela possibilidade de interferência direta nas demoras assistenciais I e II. As ações de avaliação e monitoramento sistemáticos dos indicadores de morbimortalidade materna e infantil, bem como o reconhecimento dos territórios e de outros determinantes sociais envolvidos no processo saúde-doença são imprescindíveis para direcionamento das políticas públicas de saúde, bem como para e reorganização dos processos de trabalho nos serviços públicos e privados. Utilizar os casos de quase morte materna como evento sentinela, demonstra-se uma ferramenta importante para elaborar propostas de vigilância, a fim de evitar a morte materna como desfecho final.
Internações por doenças do aparelho circulatório sensíveis à atenção primária: tendência das taxas no estado do Paraná
Flavia Guilherme Gonçalves, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 18/06/2014
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são consideradas globalmente uma ameaça ao desenvolvimento humano. Algumas doenças do aparelho circulatório como a hipertensão arterial (HA) e insuficiência cardíaca (IC), além de serem classificadas como DCNT, também são consideradas como condições sensíveis à atenção primária (CSAP), ou seja, internações e óbitos podem ser evitados se a doença for diagnosticada e tratada oportunamente. As taxas de internação por CSAP podem ser utilizadas para avaliar indiretamente o funcionamento e a efetividade do primeiro nível de atenção. O objetivo deste estudo foi analisar a tendência das taxas de internação por agravos do aparelho circulatório, classificados como CSAP, em adultos de 40 a 74 anos, residentes no Estado do Paraná entre 2000 e 2012. Realizou-se um estudo de tendência tanto para o Paraná quanto para as suas macrorregionais de saúde. Os dados das internações foram obtidos no Sistema de Internação Hospitalar (SIH-SUS) e os de população foram estimados por interpolação intercensitária dos censos de 2000 e 2010 para o período de 2001 a 2009, e por projeção demográfica para os anos de 2011 e 2013. Foram calculadas taxas anuais de internação por sexo para as faixas etárias de 40 a 59 anos e de 60 a 74, bem como para grupos específicos de agravos cardiovasculares. Para a análise da tendência, foi realizada a regressão polinomial utilizando-se o programa estatístico R. Ocorreram no Paraná, de 2000 a 2012, 3.754.214 internações pelo SUS, destas, 14,2% foram classificadas como doenças do aparelho circulatório sensíveis à atenção primária. Quanto à distribuição proporcional destas internações no Estado e em suas macrorregionais, a IC foi a causa mais frequente, seguida pela angina, doenças cerebrovasculares e hipertensão arterial. As taxas médias de internação por angina, doença cerebrovascular e insuficiência cardíaca para o sexo masculino foram maiores que as do sexo feminino para o Paraná e macrorregionais de saúde. Já o sexo feminino apresentou maior taxa média de internação por HA. A faixa etária de 60 a 74 anos foi a que apresentou as maiores taxas de internação para doenças do aparelho circulatório, com média no Estado de 300,46/104 . Quanto à tendência das taxas por causas específicas, a angina apresentou tendência crescente, estabilização e novo período de crescimento para o Paraná e macrorregionais. As doenças cerebrovasculares e a IC tiveram tendência decrescente seguida de estabilização para o Estado e macrorregionais. Já a tendência das taxas de internação por HA apresentou comportamentos variados entre as macrorregionais de saúde e o Estado, como por exemplo: decrescente para a macro CentroLeste-Sul e ascendente, decrescente e estável para as macro Norte e Noroeste. Neste estudo verificou-se redução das taxas de internação por hipertensão, doença cerebrovascular e IC e aumento das taxas de internação por angina. Tais constatações indicam que houve melhorias, porém, ainda há necessidade de ampliar o acesso e a qualidade da atenção prestada pela atenção primária, bem como fortalecer o trabalho em redes de atenção, especialmente nos cuidados das doenças cardiovasculares consideradas CSAP.