Hábitos de vida e utilização de serviços de saúde entre indivíduos com hipertensão arterial no Cambé-PR, quatro anos de acompanhamento
Mara Cristina Nishikawa Yagi, Ana Maria Rigo Silva, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 26/08/2019
Este estudo objetivou analisar os hábitos de vida e a utilização dos serviços de saúde em indivíduos com hipertensão arterial (HA) e, especificamente verificar as mudanças nas prevalências dos hábitos de vida após quatro anos, verificando a associação entre utilização de serviços de saúde e hábitos de vida no seguimento. Para tal, realizou-se um estudo de coorte e outro de delineamento transversal de base populacional. A população de estudo constituiu-se de adultos de 40 anos e mais, residentes na área urbana do município de Cambé, Paraná. A coleta de dados da primeira fase, ocorreu entre fevereiro e maio de 2011, com 1.180 indivíduos entrevistados, destes, 660 classificados com HA (amostra da presente pesquisa). A segunda fase, aconteceu de março a outubro de 2015 e foram reentrevistados 487 indivíduos com HA. A HA foi estabelecida pelo uso de anti-hipertensivo ou a média das duas últimas medidas de pressão arterial alterada, considerando-se limítrofes os valores maiores ou iguais a 140/90 mmHg. Em ambas as fases, além da aferição da pressão arterial, foram realizadas medidas antropométricas e coleta de exames laboratoriais. As análises de dados foram realizadas pelo programa SPSS, versão 21.0. A diferença nas prevalências entre os sexos foi verificada pelo teste qui-quadrado e as mudanças dos hábitos de vida entre os dois períodos pelo teste de Mc Nemar. Para a associação entre utilização de serviços de saúde e hábitos de vida, utilizou-se o Modelo de Regressão Log-Linear de Poisson com estimação robusta, análise multivariada e cálculo de razão de prevalência (RP), com intervalo de confiança (IC) de 95%. As mudanças nas prevalências no seguimento referem-se à redução do consumo abusivo de álcool (p<0,001) e aumento do consumo regular de frutas e de verduras e/ou legumes (p<0,001) entre pessoas com quatro anos e mais de estudo. Em 2015, no estrato de maior escolaridade entre os que utilizaram serviços privados de saúde houve maior prevalência de prática de atividade física (RP Ajustada 1,416; IC 95% 1,014-1,978), menor consumo regular de frutas e de verduras e/ou legumes (RP Ajustada 0,889; IC 95% 0,825-0,958) e maior consumo de carnes com excesso de gordura (RP Ajustada 1,090; IC 95% 1,013-1,173). No estrato de menor escolaridade, entre os que receberam visitas da ESF, a prevalência do hábito de fumar foi menor (RP Ajustada 0,159; IC 95% 0,043-0,588). Conclui-se que, houve mudanças positivas nos hábitos de vida após quatro anos, entretanto, na utilização de serviços de saúde, os usuários de serviços privados de saúde apresentaram hábitos menos saudáveis. Dessa forma, esses resultados reforçam a importância da prevenção dos fatores de risco e do vínculo dessa população com os serviços de saúde.