Intoxicações medicamentosas agudas notificadas em Maringá, Paraná
Fabiana Margonato, Zuleika Thomson, Mônica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 20/12/2005
As intoxicações medicamentosas no Brasil resultam de fatores como a fragilidade da política nacional de medicamentos, marketing abusivo e utilização de embalagens inadequadas de acondicionamento. Tendo em vista a relevância do tema, o objetivo do presente estudo foi caracterizar as intoxicações medicamentosas agudas notificadas por um centro de controle de intoxicações. Trata-se de um estudo transversal, realizado em duas etapas, sendo utilizados dados secundários e primários. Os dados secundários, referentes a todos os casos de intoxicações medicamentosas agudas registradas em 2003 e 2004, foram coletados no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá-PR. Dados primários foram obtidos durante visitas domiciliares, realizadas a pacientes com registro de intoxicação medicamentosa não intencional em 2004. Foram estudadas variáveis relacionadas ao intoxicado, à intoxicação, ao medicamento e armazenamento doméstico de medicamentos. Os dados foram processados no programa Epi Info para Windows e para análise dos resultados foram elaboradas figuras e tabelas. Foram realizadas análises estatísticas com aplicação do teste de qui-quadrado, considerando-se associações significativas quando p<0,05. Foram estudados 546 casos de intoxicações medicamentosas agudas. O coeficiente de incidência foi de 89 e 83 casos por 100.000 habitantes em 2003 e 2004. O sexo feminino foi o mais acometido (69,4%), sendo esta diferença mais expressiva entre casos intencionais. A faixa etária de 0 a 4 anos foi predominante entre as intoxicações não intencionais (51,9%) e as circunstâncias mais comuns foram as tentativas de suicídio (60,1%) e acidentes individuais (25,3%). Não foram observadas diferenças relacionadas à sazonalidade. Nos casos intencionais o dia da semana mais comum foi o domingo (19,2%) e nos não intencionais a quinta-feira (19,7%). Os medicamentos mais freqüentemente envolvidos foram os atuantes no sistema nervoso central (57,2%), com predomínio de fármacos que requerem retenção de receita na dispensação (52,2%). Na segunda etapa foram entrevistados 72 intoxicados, sendo a maioria menor de 10 anos (73,6%), do sexo masculino (54,2%), que sofreram acidentes individuais (69,4%), pertencentes aos estratos econômicos C e D (63,9%). A maioria dos entrevistados relatou cura (93,1%). A maioria dos medicamentos envolvidos foi adquirida em farmácias (72,2%), com diminuição deste percentual nos estratos econômicos C e D (63,0%). Grande parte dos entrevistados referiu não ter recebido informações sobre o medicamento (76,5%). Cerca de metade dos entrevistados guardavam medicamentos na cozinha (51,4%) e apenas 5,6% armazenam em local considerado seguro, sendo que houve associação significativa entre pessoas dos estratos econômicos C e D e armazenamento inadequado de medicamentos (p<0,05). Em metade dos domicílios havia quantidade exagerada de medicamentos (50,0%) e em 51,4% havia medicamento sem identificação. Entrevistados pertencentes aos estratos econômicos A e B apresentaram medicamentos vencidos com maior freqüência (p<0,05) e em 82,0% dos domicílios visitados não houve mudança do local de armazenamento de medicamentos após a intoxicação. Os resultados levantaram características importantes das intoxicações medicamentosas agudas, úteis para a elaboração de estratégias preventivas desses agravos na população.
Consumo de medicamentos entre adultos residentes na área de abrangência de uma Unidade Saúde da Família
Milene Zanoni da Silva, Darli Antonio Soares
Data da defesa: 30/01/2008
Objetivo: Determinar a prevalência e os fatores associados ao consumo de medicamentos entre adultos de 20 e 59 anos. Método: Estudo transversal de base populacional. Foram entrevistados 374 indivíduos da área de abrangência de uma Unidade Saúde da Família de Ponta Grossa (PR), entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007. O período recordatório utilizado foi dos últimos 7 dias. Os medicamentos foram classificados segundo Anatomical Therapeutic Chemical Code. Os testes de qui-quadrado e de regressão logística foram utilizados para análise estatística. Resultados: A prevalência de consumo de medicamentos foi de 67,1%. A utilização variou entre 1 e 17 medicamentos. As classes terapêuticas mais consumidas foram analgésicos e a dipirona foi o princípio ativo mais usado. Após análise multivariada, as variáveis que permaneceram associadas significativamente foram: sexo, autopercepção de saúde, presença de doenças crônicas e filiação a plano de saúde. Conclusão: A prevalência de consumo de medicamentos foi semelhante ao encontrado em outros estudos. Os achados desta pesquisa poderão contribuir para nortear as ações das equipes saúde da família.
Caracterização dos usuários de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos em uma Unidade Básica de Saúde: análise do uso irregular de medicamentos e das condições de saúde bucal
Ana Carolina Bertin de Almeida Lopes, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/05/2010
A Organização Mundial da Saúde considera que as doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus assumiram caráter epidêmico, acompanhado pelo aumento no consumo de medicamentos para sua prevenção e tratamento. As doenças periodontais, especialmente a periodontite, têm sido relacionadas à presença e à evolução do diabetes mellitus e das doenças cardiovasculares. Este estudo teve como objetivos caracterizar os usuários de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e avaliar as condições de saúde bucal desses usuários. Realizou-se um estudo transversal com 397 indivíduos maiores de 18 anos que retiraram medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos na UBS Centro Social Urbano (CSU), no município de Londrina, PR. As informações foram obtidas através de formulário com questões estruturadas, semi-estruturadas e abertas com dados autoreferidos. A média de idade encontrada foi de 63,9 anos, a maioria do sexo feminino (65,5%), com escolaridade de um a quatro anos (44,6%), e classes socioeconômicas (ABEP) predominantes C1, C2 e D (78,4%). Os anti-hipertensivos mais utilizados foram os inibidores da enzima de conversão de angiotensina (IECA) (63,5%), os diuréticos tiazídicos (54,9%) e os betabloqueadores (27,7%). Entre os antidiabéticos o mais consumido foi o cloridrato de metformina (23,2%). A prevalência de uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos foi de 35,8% e teve como principal motivo relatado o esquecimento. Os diabéticos consumiram em média 3,9 medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos e os hipertensos 1,6. Na análise multivariada o trabalho remunerado (não exercer) e a coexistência da hipertensão arterial e do diabetes mellitus apresentaram associação independente ao uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos. Em relação às condições de saúde bucal identificou-se 35% de prevalência de edentulismo e associação das variáveis faixa etária (ser idoso) e ter hipertensão arterial e diabetes mellitus com o risco periodontal (sangramento gengival e/ou mobilidade dentária). Apesar da amostra estudada representar uma população específica que utiliza medicamentos e que recebeu diagnóstico de hipertensão arterial e/ou de diabetes mellitus, os resultados apresentados evidenciaram que uma proporção significativa dos usuários fazia uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos e que as condições de saúde bucal analisadas foram insatisfatórias. Dessa forma, a promoção do uso racional de medicamentos, das medidas não medicamentosas e a atenção à saúde bucal devem ser priorizadas em portadores de doenças crônicas.
Uso de medicamentos por mulheres com 40 anos ou mais em município do sul do Brasil
Raphaela Cardoso de Oliveira, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 30/05/2012
Diversos estudos têm demonstrado que as mulheres utilizam mais medicamentos do que os homens, além de os usarem de forma expressiva. Essa pesquisa teve como objetivo conhecer e analisar a prevalência do uso de medicamentos entre as mulheres com 40 anos ou mais residentes no município de Cambé, Paraná. Esse estudo é um recorte do Projeto VIGICARDIO que estuda as “Doenças Cardiovasculares no Estado do Paraná: mortalidade, perfil de risco, terapia medicamentosa e complicações” da Universidade Estadual de Londrina. Compreendeu um estudo transversal de base populacional realizado no município de Cambé, Paraná, no ano de 2011. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais realizadas no domicílio ou em outro local sugerido pelo entrevistado. Foram convidadas 714 mulheres, sendo 642 efetivamente entrevistadas. As perdas totalizaram 3,22% e as recusas, 6,86%. Dentre as mulheres entrevistadas, 85,4% utilizaram algum medicamento nos últimos 15 dias anteriores a entrevista. Foi observada associação bivariada entre o uso de medicamentos e ter 60 anos ou mais (RP=1,11), possuir emprego (RP=1,16), perceber sua saúde ruim ou muito ruim (RP=1,15) mesmo quando comparada com pessoas da mesma idade (RP=1,09), estar na menopausa (RP=1,16), estar acima do peso (IMC=1,08). Além dessas variáveis, as doenças relatadas também apresentaram associação bivariada, foram elas artrite/artrose/reumatismo (RP=1,17), colesterol elevado (RP=1,13), depressão (RP=1,13), diabetes (RP=1,12, hipertensão (RP=1,20) e ter problema de coluna (RP=1,13). Em relação a utilização serviços de saúde, verificou-se resultados estatisticamente significativos para a mulher que consultou o médico nos últimos 2 e 12 meses (RP=1,19 e 1,46, respectivamente) e passou por internação no último ano (RP=1,16). Os grupos farmacológicos mais prevalentes compreenderam os do sistema cardiovascular, sistema nervoso e para o trato alimentar e metabolismo, respectivamente. Os profissionais médico e dentista foram os maiores responsáveis pelas indicações (85,5%). A partir dos resultados obtidos, é possível repensar as práticas de educação em saúde sobre o uso de medicamentos e as políticas públicas que têm como objetivo aumentar a qualidade de vida da população no seu processo natural de envelhecimento.