Teses e Dissertações
Palavra-chave: Transportes
Motociclistas atendidos por serviços de atenção préhospitalar em Londrina (PR): características dos acidentes e das vítimas em 1998 e 2010
Flávia Lopes Gabani, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 02/12/2011
Os acidentes com motociclistas crescem concomitantemente ao aumento da frota no
Brasil, tornando suas vítimas representativas na morbimortalidade por acidentes de
trânsito. Desde 1998, com a implantação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB),
iniciativas foram tomadas na tentativa de modificar essa realidade, sendo oportunos
estudos que verifiquem mudanças nos perfis dos acidentes e das vítimas. Dessa
forma, o presente estudo teve por objetivo comparar características dos acidentes e
dos ocupantes de motocicletas atendidos por todos os serviços de atenção préhospitalar de Londrina (PR) em 1998 e 2010. Trata-se de estudo transversal, cujos
resultados foram comparados com pesquisa de 1998. Em ambos os estudos, a fonte
de dados constituiu-se do Registro de Atendimento do Socorrista (RAS). A
população foi composta por 1.576 e 3.968 vítimas em 1998 e 2010,
respectivamente. Houve incremento na frota de motocicletas no município, passando
de 69,9 para 128,1 por mil habitantes. Também aumentou o número de vítimas para
cada mil motos, de 53,1 para 61,1. Quanto às características dos acidentes,
observaram-se maiores proporções de quedas isoladas de moto e de acidentes
entre motocicletas em 2010. Houve maior frequência de vítimas nos dias úteis em
ambos os anos, com leve aumento percentual em 2010 (de 65,1% para 69,4%), e
reduziram-se as proporções de vítimas nos finais de semana (de 34,9% para
30,6%). Em relação ao período de ocorrência do acidente, prevaleceu o da noite nos
dois anos. Porém, houve incremento percentual de vítimas no período diurno (de
51,5% para 56,8%), refletindo maior frequência de acidentes no período da manhã.
O número de vítimas cresceu ao longo dos meses em ambos os anos. Em relação
às regiões de ocorrência, constatou-se leve descentralização pela diminuição da
frequência no Centro, contudo as regiões Norte e Centro abrangeram mais da
metade dos acidentes nos dois anos (de 53,2% para 51,0%). Quanto às
características das vítimas, houve pequeno aumento na proporção de motociclistas
mulheres (de 21,6% para 24,6%), as quais deixaram de predominar como
passageiras, tornando-se principalmente condutoras (de 42,8% para 54,6%). A faixa
etária mais acometida continuou sendo a de 20 a 34 anos. Aumentou a frequência
de informações ignoradas em relação ao uso do capacete (de 1,0% para 24,6%).
Houve redução da proporção na percepção de hálito etílico de 1998 (13,9%) para
2010 (7,1%). Entretanto, a proporção de detecção desse hálito ainda é mais
frequente entre homens, nos meses de janeiro e fevereiro, durante finais de semana
e no período noturno, destacando-se a madrugada. Quanto às lesões, aumentou a
proporção de traumatismos superficiais (de 66,4% para 71,1%) e fraturas (de 11,7%
para 13,5%), e diminuíram as frequências de ferimentos, traumatismos
intracranianos e intratorácicos. Houve redução na proporção de lesões na cabeça,
porém aumentaram as dos membros e múltiplas regiões. Apesar do elevado número
de vítimas em 2010, os acidentes foram, proporcionalmente, de menor gravidade,
evidenciada pelos melhores escores nas escalas de coma e de trauma, além de
menor necessidade de atendimento médico no local da ocorrência. Diminuiu o
coeficiente de letalidade imediato e aumentou a frequência de recusas de
atendimento e/ou encaminhamento. Os resultados apontam mudanças nas
características dos acidentes e das vítimas nos anos, servindo como possível
subsídio para direcionamento de novas ações e estratégias de intensificação das
fiscalizações no trânsito, principalmente em relação aos motociclistas.
Características das vítimas de acidente de transporte terrestre, lesões e benefícios concedidos entre segurados do Instituto Nacional do Seguro Social de Cambé em 2011
Flávio Henrique Muzzi Sant'anna, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 27/07/2012
Introdução: Acidentes de transporte terrestre são notórios causadores de
morbimortalidade na atualidade. A análise desses agravos entre os segurados do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é pertinente para se compreender a
natureza desse fenômeno e lhe vislumbrar soluções, a partir de estrato
economicamente ativo da realidade brasileira. Objetivo: Analisar as características
das vítimas de acidentes de transporte terrestre, lesões e benefícios concedidos
entre segurados do INSS de Cambé (PR) em 2011. Metodologia: Trata-se de
estudo descritivo e transversal. A população foi composta por segurados do INSS
vítimas de acidentes de transporte terrestre, que tiveram benefício concedido em
perícia médica inicial na Agência da Previdência Social de Cambé em 2011.
Utilizaram-se os sistemas SUIBE, PLENUS e SABI como fontes de dados, os quais
foram transcritos em formulário específico e digitados duplamente no programa Epi
Info®. Os dois primeiros sistemas forneceram informações necessárias para
exclusão de homônimos e para levantamento dos valores dos benefícios. Por meio
do SABI foi possível acesso aos laudos médicos das perícias consideradas na
casuística. Resultados: Das 241 vítimas analisadas, 81,7% eram do sexo
masculino, 71,1% tinham entre 18 e 39 anos, e 76,3% residiam em Cambé. Quanto
às características relacionadas às profissões das vítimas, 75,9% eram empregados,
sendo que mais da metade (55,2%) eram trabalhadores da indústria e do comércio.
Dos acidentes de transporte, 96,7% foram acidentes de trânsito, tendo como dias
mais frequentes de ocorrência o sábado (23,7%) seguido do domingo (17,8%). Das
vítimas, 79,3% eram condutores, prevalecendo em ambos os sexos, sendo maior no
masculino (85,6%) do que no feminino (58,1%). Os ocupantes de motocicletas
prevaleceram (72,2%), tendo como tipos de acidentes mais comuns as colisões de
carros com motos (29,9%) e as quedas de motos (25,7%). Das lesões, 80,5% foram
fraturas, sendo os membros os segmentos mais afetados (89,6%), seguidos da
cabeça (5,4%). Dos acidentes, 19,9% foram de trabalho, sendo que desses, 70,8%
foram de trajeto. Em relação ao tempo de incapacidade, prevaleceu de 91 a 120 dias
(33,2%). Dos valores mensais em benefícios, 87,6% estiveram entre R$ 545,00 e R$
1.107,52, tendo o gasto total chegado a R$ 818.503,27. Conclusão: O perfil dessa
população em muito se assemelha com a população em geral envolvida em
acidentes de transporte terrestre, sobretudo de trânsito. Entretanto, como se trata de
população específica, e a qual reflete estrato economicamente ativo da população,
medidas preventivas e intervenções específicas podem ser direcionadas a partir
desses achados. Propõe-se a Cartilha Paz no Trânsito como forma de intervenção
na realidade pela mudança de comportamento e das relações humanas no trânsito.