Teses e Dissertações
Palavra-chave: Trabalho em Saúde
A produção do cuidado no contexto familiar da atenção básica: uma cartografia
Thalita da Rocha Marandola, Regina Melchior, Josiane Vivian de Camargo Lima
Data da defesa: 28/05/2018
O cuidado é uma temática inerente a todo trabalhador em saúde, sua prática está
presente nos hospitais, nas clínicas, ambulatórios, nas unidades básicas de saúde,
nos domicílios, entre outros. E é no campo da atenção domiciliar, mais
especificamente o cuidado domiciliar na atenção básica à saúde, que nos
aproximamos para experimentar a produção do cuidado. O objetivo deste estudo foi
compreender como ocorre a produção do cuidado em saúde na atenção domiciliar,
na prática da Estratégia Saúde da Família, em uma Unidade Básica de Saúde de um
município de grande porte, na região sul do Brasil. A pesquisa ocorreu no período de
agosto/2016 a agosto/2017. Para tanto, utilizei a perspectiva cartográfica, que por
meio do uso do dispositivo de pesquisa da família-guia possibilitou encontros e
experimentações da produção do cuidado conforme estes foram sendo produzidos.
O ponto de partida do campo de pesquisa foi o serviço da atenção domiciliar e
posteriormente o território de uma unidade básica de saúde; neste último, a partir da
escolha da família-guia extrapolamos os limites do território geográfico da unidade,
produzindo e percorrendo a rede viva produzida pela própria família. A partir dos
encontros com os outros pontos da rede e com os trabalhadores surgiram pistas que
indicaram o processo de produção do cuidado da família selecionada. As pistas
identificadas foram: O que trazemos e o que opera nos encontros? A disputa do
cuidado; As redes; A reflexão sobre o processo de trabalho. A partir delas pude
inferir que no processo do cuidado tanto trabalhadores quanto usuários levam para o
encontro marcas que pulsam de acordo com a intensidade do encontro e que vão
interferir no cuidado prestado e ainda, que o cuidar ou ser cuidado requer a
identificação e reflexão dos nossos valores universais e regimes de verdades, que
podem influenciar a forma como operamos o cuidado no encontro. Além disso, a
disputa do cuidado entre trabalhadores e trabalhadores/usuários aparece como
elemento que pode potencializar ou fragilizar este processo, o que frequentemente
surge quando a rede de cuidados é acionada. Sobre a rede de cuidados foi
observado que a rede formal é a mais reconhecida e a rede viva produzida pelo
usuário ainda é pouco valorizada pelos trabalhadores apesar de suas
potencialidades. Durante esta jornada, notou-se o quão importante foi a análise do
processo de trabalho em saúde para a melhor construção do cuidado, dando vasão
as afetações e espaço para as experimentações o que resulta no cuidado dos
cuidadores/trabalhadores da saúde.
O trabalho coletivo na construção do cuidado: uma cartografia
Beatriz Zampar, Regina Melchior, Josiane Vivian Camargo de Lima
Data da defesa: 27/03/2020
A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e
comunitárias envolvendo promoção, prevenção, tratamento, reabilitação, redução de
danos e vigilância, por meio de práticas de cuidado integral em equipe, dirigida à
população em território definido. Profissionais de diferentes áreas são convidados a
se unir e trabalhar em prol de uma comunidade. A produção subjetiva do cuidado, é
marcada por constante desconstrução e construção de territórios existenciais, numa
lógica de fluxos-conectivos em benefício de um determinado projeto de cuidado que
se preocupa em diferentes graus com a integralidade do usuário. O objetivo deste
trabalho é analisar como uma equipe de Saúde da Família se organiza para produzir
cuidado a partir do trabalho coletivo. Trata-se de um estudo qualitativo realizado com
abordagem cartográfica, a qual busca mapear processos de produção de
subjetividade, que são reconstituídas em cada encontro. Permite investigar as
práticas na saúde, investigando a nós mesmos e nos colocando em análise,
repensando práticas e a implicação com o todo. O campo da pesquisa foi uma
Unidade de Saúde da Família de uma cidade de grande porte do Paraná, que conta
com quatro equipes, Residência de Medicina de família e comunidade e Residência
multiprofissional em Saúde da Família, por um período de 18 meses, de 2018 a
2019. Os resultados foram organizados em quatro eixos: de onde cada profissional
parte (particularidades de cada formação, importância da comunicação e dos
espaços que a possibilitem), construção do trabalho coletivo (processo que
demanda tempo, habilidades e planejamento), disputas de projetos em saúde
(entender que os atores estão fazendo gestão todo o tempo e não seguem os
mesmos projetos), produção do cuidado (singularidade dos encontros,
potencialidade do trabalho interprofissional, complexidade das necessidades em
saúde). Esta cartografia possibilitou mapear o processo de formação do trabalho
coletivo, suas potências e fragilidades. Apontou experiências exitosas e conflituosas,
mas que geraram reflexão e possibilidades de novos arranjos. Para produção de
coletivo em saúde, o cuidado deve ser o principal norteador, e o trabalho coletivo é
fundamental nesse processo.
Produção do cuidado à gestante: narrativas de uma mulher em período perinatal
Célia Maria da Rocha Marandola, Regina Melchior
Data da defesa: 27/03/2020
O ato de cuidar em saúde é formado por um leque de ações, procedimentos, fluxos,
rotinas e saberes que se complementam ao mesmo tempo em que se disputam.
Embora inerente ao processo de trabalho dos profissionais da saúde o cuidado é de
responsabilidade, também, de familiares, de amigos, e do próprio usuário. Sendo a
Atenção Básica um terreno fértil para experimentar essa produção do cuidado. O
estudo buscou dar luz às narrativas de uma gestante acompanhada no pré-natal numa
Unidade Básica de Saúde de um município de grande porte, na região sul do Brasil.
A pesquisa ocorreu no período de abril/2018 a dezembro/2019. Dentro da perspectiva
cartográfica utilizamos como dispositivo de pesquisa a gestante-guia que nos
conduziu em sua trajetória pela busca do cuidado e em suas narrativas foram
emergindo cenas do vivido, como: a disputa de projeto de cuidado; a produção de
máscaras como dispositivos de enfrentamento das perdas e o cuidado nos interstícios
dos protocolos (seringas, receitas, agendas e afins). As narrativas da gestante-guia
revelaram sua enorme expectativa de um parto seguro, pois ela confiava na equipe,
principalmente, a equipe do alto risco que seria responsável pelo seu parto. Porém, a
mesma não se sentia cuidada em nenhuma das complexidades (baixo ou alto risco)
apesar de toda a estrutura montada para o cuidado em saúde à gestante. Faz-se
necessário, portanto, que as equipes reflitam sobre o seu processo de trabalho, se
colocando em análise no intuito de evitar prejuízos para o cuidado em saúde produzido
nos encontros entre usuários e trabalhadores de saúde, buscando respeitar a
necessidade e singularidade de cada indivíduo. Neste sentido, a construção de
projetos terapêuticos e a implantação da estratégia de educação permanente em
saúde (EPS) poderiam se configurar como apostas potentes às equipes,
independente, da complexidade em que as ações de saúde são desenvolvidas
visando à garantia dos direitos das usuárias em período gravídico-puerperal e
propiciando o fortalecimento do SUS enquanto sistema de saúde que valoriza e cuida
de vida, acreditando que toda a vida vale a pena.
O usuário-guia e as redes de cuidados: movimentos cartográficos de produção da vida
Kátia Santos de Oliveira, Regina Melchior, Rossana Staevie Baduy
Data da defesa: 27/06/2019
Cuidar é mais que um ato, é uma atitude. É tema da produção do humano e não é
exclusivo da saúde. Tem a ver com solidariedade, com suporte, com apoio e com
produção de vida. Mesmo com diferentes arranjos, ao longo do tempo e segundo os
diferentes modos de viver, está relacionado com a construção da teia de relações e
encontros que conformam a vida. No que diz respeito à saúde, o cuidado pode ser
produzido nos serviços que compõem a rede de atenção à saúde, por meio de
encontros entre trabalhadores e usuários, ou de forma autônoma pelo próprio usuário
que constrói redes vivas, na busca de atender as suas necessidades. Os objetivos
deste estudo foram: Analisar o cuidado produzido e compartilhado no sentido de
atender às necessidades de saúde do usuário, buscando assim dar visibilidade aos
movimentos produzidos, nos diferentes espaços/equipes cuidadoras e pelo próprio
usuário e seus familiares, para articular redes e produzir cuidado. Para isso, tomouse como ponto de partida um usuário do Serviço de Atenção Domiciliar que guiou a
pesquisadora por caminhos e processos percorridos por ele, na construção de um
mapa cartográfico de cuidado, durante os meses de setembro de 2016 a julho de
2018. A aposta foram os encontros, inicialmente com trabalhadores do Serviço de
Atenção Domiciliar e, posteriormente, encontros guiados pelo usuário, percorrendo
com ele e sua família os pontos das redes de cuidado formais e as redes vivas que
vinham sendo produzidas. Ao iniciar o trabalho de campo, iniciou-se também o
processo de produção da pesquisadora-cartógrafa, que precisou desconstruir o olhar
armado do olho-retina e trazer para cena a vibratilidade do corpo e do olhar que
passou a dar visibilidade e dizibilidade aos afetos dos encontros, e com isso colocar
em análise suas próprias implicações. Desse modo a cartografia foi sendo construída,
e alguns analisadores foram elencados como produtos desta construção cartográfica:
Vida Pulsante e Redes Vivas em Acontecimento; Cuidado para além do Protocolar: a
tensão e a disputa entre as tecnologias do trabalho em saúde; A Dinamicidade nos
Modos de Produção do Cuidado: qual projeto terapêutico? e As Redes de Atenção:
idas e vindas do protocolo à singularização do cuidado.