Teses e Dissertações
Palavra-chave: Televisão
Dor em professores da educação básica: associação com atividade física e tempo vendo televisão
Mayara Cristina da Silva Santos, Arthur Eumann Mesas, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 04/02/2020
Introdução: Os sintomas dolorosos, quer sejam de caráter crônico ou agudo,
têm consequências para a saúde individual e os serviços de saúde. Certos
comportamentos, como a inatividade física e o tempo vendo televisão, estão
potencialmente relacionados à etiologia e cronificação desses sintomas. No
entanto, não está claro como as mudanças ou a manutenção desses
comportamentos podem afetar a incidência, a persistência ou a frequência de
dor geral ou da dor crônica musculoesquelética. Objetivo: Investigar a
associação entre dor crônica musculoesquelética e percepção de dor, durante
o dia ou antes de dormir, com a prática de atividade física e o tempo vendo
televisão em professores da educação básica. Objetivos específicos: 1)
Analisar a associação longitudinal da mudança na prática de atividade física no
lazer e do tempo vendo televisão com a incidência e a persistência de dor
crônica musculoesquelética; e 2) Analisar a relação entre a prática de atividade
física no tempo livre, autorreferida em entrevista pessoal, e a sensação de dor
durante o dia ou antes de dormir, registrada pelo próprio indivíduo ao longo de
sete dias consecutivos. Métodos: Os objetivos específicos foram
contemplados na forma de dois estudos, com resultados e discussões
abordados separadamente. A população estudada fez parte do projeto PróMestre, que aborda questões de saúde, estilo de vida e trabalho de professores
da rede pública. Professores das 20 escolas de maior porte do município de
Londrina, PR, Brasil, que atuavam em sala de aula ao menos um período da
semana e eram responsáveis por uma ou mais disciplinas foram incluídos no
estudo e entrevistados em duas ocasiões: entre 2012 e 2013 (baseline) e após
24 meses (follow-up). No follow-up, uma subamostra de professores preencheu
um diário de atividades durante sete dias consecutivos. Para o desfecho dor
crônica musculoesquelética considerou-se a percepção de sintomas dolorosos
há 6 meses ou mais nas seguintes regiões: ombros, braços, costas, joelhos,
pernas e pés. Definiu-se como dor durante o dia e dor antes de dormir quando
esse sintoma era reportado ao menos uma vez ao longo de sete dias. As
variáveis independentes foram a atividade física no lazer (ou no tempo livre) e
o tempo vendo televisão diariamente. Para as análises de associação, utilizouse a regressão logística. Resultados: Um total de 527 professores foram
estudados para contemplar o primeiro objetivo. Aumentar o tempo de lazer
dedicado à prática de atividade física (mudar ≤120 para >120 minutos de AFL
semanalmente) associou-se com menor chance de dor crônica
musculoesquelética persistente (odds ratio, OR=0,30; intervalo de confiança de
95%, IC95%=0,11-0,79) em comparação com manter-se fisicamente inativo.
Um total de 141 professores foram estudados para contemplar o segundo
objetivo. Entre esses, praticar mais de 240 minutos por semana de atividade
física no tempo livre associou-se com uma chance menor de reportar dor
durante o dia (OR=0,18; IC95%=0,06-0,54) e antes de dormir (OR=0,28;
IC95%=0,10-0,79), entretanto, as associações perderam significância
estatística após o ajuste pelo escore de sintomas depressivos. Conclusões:
Em síntese, este estudo mostrou que, comparado com se manter inativo,
passar a praticar mais de duas horas de atividade física no lazer semanalmente
é um comportamento associado com menor chance de persistência de dor
crônica musculoesquelética. Além disso, praticar mais de quatro horas
semanais de atividade física no tempo livre está relacionado com menor
frequência de dor durante o dia ou antes de dormir, independente dos
principais confundidores, exceto sintomas depressivos.