Avaliação nutricional e hábito alimentar de escolares de 14 a 19 anos do oeste do Paraná/Brasil
Marcia Cristina Dalla Costa, Luiz Cordoni Júnior
Data da defesa: 27/05/2004
O sobrepeso representa uma ameaça à saúde pública, sendo a adolescência um período de grande vulnerabilidade. Este estudo objetivou identificar a freqüência de sobrepeso e obesidade e os fatores a ela associados, em 2562 escolares de 14 a 19 anos, das escolas urbanas, públicas e particulares de Toledo/PR. Adotou-se o Índice de Massa Corporal/Idade e este associado às Pregas Cutâneas Triciptal e Subescapular para diagnosticar exposição ao risco de sobrepeso e obesidade, respectivamente. Dos escolares, 3,8% apresentaram baixo peso e 10,2% exposição ao risco de sobrepeso. Destes, 50,8% apresentaram obesidade, representando 5,2% da população estudada. Encontrou-se associação significativa entre o estado nutricional e o número de refeições/dia, sendo que dos escolares em sobrepeso, 71,5% realizam até 3 refeições/dia. Para identificar o excesso de gordura subcutânea, coletou-se as pregas cutâneas de 482 alunos, aleatoriamente, e o resultado mostrou que apenas 1,7% dos escolares com peso normal estavam nesta condição, contra 50% dos que apresentavam sobrepeso. Conclui-se que a prevalência de sobrepeso encontra-se abaixo dos índices encontrados em outros municípios brasileiros, porém a obesidade apresenta resultado similar aos das pesquisas nacionais. Estes achados ainda sugerem que quanto maior o número de refeições realizadas pelo adolescente, menor é o risco de desenvolver sobrepeso; e que o Índice de Massa Corporal/Idade é adequado para detectar na população os grupos expostos aos riscos de sobrepeso, aplicando as pregas cutâneas apenas nos sobrepesos, tornando a vigilância nutricional dos adolescentes uma prática factível.
Prevalência de obesidade e fatores associados em adultos de 40 anos e mais: estudo de base populacional
Daniele Gonzales Bronzatti Siqueira, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 26/05/2014
Introdução: O excesso de peso, especialmente a obesidade, é um problema de saúde pública, pelo aumento crescente da prevalência na população e sua associação com outros agravos como as doenças cardiovasculares e metabólicas que diminuem a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. Certas características relacionadas ao estilo de vida e às condições sociodemográficas relacionam-se ao ganho excessivo de peso em todas as fases do curso de vida. Objetivos: Verificar a prevalência de excesso de peso global e abdominal e os fatores associados à obesidade abdominal (OA) em adultos a partir de 40 anos de idade. Métodos: Estudo transversal de base populacional parte de um projeto mais abrangente (VIGICARDIO), realizado no município de Cambé (PR), com indivíduos de 40 anos ou mais de idade, residentes em todos os setores censitários urbanos. O peso (kg), a altura (m) e a circunferência da cintura - CC (cm) foram aferidos no momento da entrevista no domicílio. O excesso de peso global foi definido pelo índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 kg/m² e a obesidade global (OG) como IMC ≥30 kg/m². O excesso de peso abdominal foi definido como CC ≥80 cm para mulheres e CC ≥ 94 cm para homens e a OA definida como CC ≥88 cm para mulheres e CC ≥102 cm para homens. Na análise dos fatores associados o desfecho foi a obesidade abdominal. A análise foi realizada para cada sexo, por meio da regressão de Poisson hierarquizada baseada em modelo teórico conceitual, com seleção de variáveis distais (sociodemográficas), intermediárias (hábitos de vida) e proximais (condições de saúde). Resultados: A prevalência de excesso de peso global na população foi de 68,3%, sendo 30,0% de OG. Para o excesso de peso abdominal observou-se prevalência de 73,3% sendo 49,7% de OA. Maiores prevalências de excesso de peso, tanto global quanto abdominal, foram observadas nas mulheres e a de OA foi mais que o dobro da verificada entre os homens (RP = 2,29 – IC 95% 1,98-2,65). A prevalência de OA aumentou com a idade para ambos os sexos. As variáveis que permaneceram associadas à OA, após ajuste, foram a inatividade física no lazer, idade e hipertensão arterial em ambos os sexos. Classe econômica, tabagismo e diabetes associaram-se à OA apenas entre as mulheres. Conclusão: As altas prevalências de excesso de peso global e abdominal para ambos os sexos, mais elevadas entre as mulheres, assim como a presença de alguns fatores associados distintos entre os sexos, evidenciam a necessidade de ações diferenciadas de enfrentamento. Reitera-se a importância do acompanhamento do estado nutricional na rotina do serviço de saúde por meio de avaliação das medidas antropométricas, contribuindo para a identificação precoce e suspeição de outros agravos, o que permite ao profissional de saúde intervir adequadamente.
Excesso de peso em adolescentes: associações com características próprias e de seus pais ou responsáveis
Diego Giulliano Destro Christofaro, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 29/08/2012
O excesso de peso tem se tornado um dos maiores problemas da saúde pública na atualidade. A alta prevalência de excesso de peso tem sido detectada não apenas na população adulta, mas também nas populações mais jovens. Dessa forma, é importante conhecer fatores que possam contribuir para esse problema em adolescentes. Este estudo transversal teve como objetivo examinar a associação entre o excesso de peso em adolescentes e fatores sociodemográficos e comportamentais dos próprios adolescentes e de seus pais ou responsáveis. Foram avaliados 1231 adolescentes e, pelo menos, um dos seus pais ou responsáveis em seis escolas da região central de Londrina-PR. As informações dos adolescentes foram coletadas nas escolas mediante aplicação de questionários e medidas objetivas de peso e estatura. O excesso de peso nos adolescentes foi identificado segundo valores de referência específicos para sexo e idade preconizados na literatura especializada. Para a obtenção dos dados dos pais ou responsáveis, utilizaram-se questionários. A prevalência de excesso de peso nos adolescentes que participaram do estudo foi de 18,5%. Nos pais ou responsáveis do sexo masculino, a prevalência de excesso de peso foi de 70,7%, enquanto que nas mães ou responsáveis do sexo feminino foi de 54,9%. Na análise bivariada, observou-se associação entre o excesso de peso dos adolescentes e seus comportamentos sedentários (p<0,001) e baixo consumo de doces (p=0,003). Quando consideradas as características dos pais, o excesso de peso de pais e mães e o baixo consumo de verduras por parte dos pais (sexo masculino) associaram-se ao excesso de peso nos adolescentes. Na análise multivariada, com ajuste de variáveis de confusão, mantiveram-se associadas ao excesso de peso dos adolescentes: comportamento sedentário dos adolescentes, baixo consumo de doces desses jovens, excesso de peso dos pais de ambos os sexos e baixo consumo de verdura dos pais ou responsáveis do sexo masculino. No modelo multivariado final, foram associados ao excesso de peso dos adolescentes, de forma independente entre si: baixa escolaridade da mãe (OR= 1,85); excesso de peso do pai (OR=1,62); excesso de peso da mãe (OR= 2,68); o sedentarismo dos adolescentes (OR=2,30); alto consumo de doces dos adolescentes (OR=0,46); e o baixo consumo de verduras do pai (OR=1,53). Os achados do presente estudo indicam que características e comportamentos dos pais ou responsáveis podem contribuir para o aumento do índice de massa corporal nos adolescentes. Estratégias para conter o aumento da prevalência de excesso de peso em idades precoces devem ser focadas também nas famílias e não apenas nos adolescentes.