Teses e Dissertações
Palavra-chave: Sistemas de Informação
Fatores de risco para mortalidade infantil em Londrina (PR): análise hierarquizada em duas coortes de nascidos vivos
Hellen Geremias dos Santos, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 16/02/2012
Nas últimas três décadas, a mortalidade infantil (MI) apresentou declínio importante
em todas as regiões brasileiras, sobretudo entre a parcela mais pobre da população,
com mudanças na composição da taxa de mortalidade infantil e nos fatores
determinantes do óbito infantil. Este estudo buscou identificar e comparar fatores de
risco para MI em Londrina, Paraná, nas coortes de nascidos vivos (NV) de
2000/2001 e de 2007/2008. Para a identificação dos NV, pesquisou-se o banco de
dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e, para a
identificação dos óbitos infantis, os registros do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e os do Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna e
Infantil (CMPMMI). Os óbitos foram relacionados ao banco de dados do SINASC por
linkage determinístico, por meio do número da Declaração de Nascido Vivo (DN).
Para a análise de regressão logística, foi construído modelo hierárquico conceitual
com fatores em níveis distal (sociodemográficos), intermediário (obstétricos e
assistenciais) e proximal (dos recém-nascidos). A população de estudo constituiu-se
de 15.385 e 13.208 NV em 2000/2001 e em 2007/2008, respectivamente. Foram
identificados, no SIM/CMPMMI, 185 óbitos de NV no primeiro biênio e 148, de NV no
segundo. Em 2000/2001, foi possível parear 97,30% dos óbitos à sua respectiva DN,
e, em 2007/2008, todos os óbitos tiveram sua DN localizada no banco de dados do
SINASC. Exceto para raça/cor da pele do recém-nascido, em 2000/2001, para
antecedentes obstétricos, em 2007/2008, e para presença de malformação
congênita, em ambos os biênios, todos os campos do SINASC apresentaram
completitude superior a 99%. Em relação aos dados sobre mortalidade, nos dois
períodos, observou-se melhor completitude para os registros do CMPMMI (superior
a 95% para as variáveis comuns ao SINASC). Em geral, a MI pouco se alterou nos
anos 2000, havendo redução apenas do componente pós-neonatal. Quanto aos
fatores estudados, no nível distal, foram de risco para MI, em 2000/2001, os fatores
maternos idade < 20 anos e escolaridades insuficiente e intermediária. Em
2007/2008, idades maternas < 20 e ≥ 35 anos foram fatores de risco, enquanto
escolaridades insuficiente e intermediária, protetores. No nível intermediário, em
2000/2001, foram de risco para MI: gestação múltipla, antecedente de filhos mortos
e número insuficiente de consultas de pré-natal, enquanto cesariana foi fator
protetor. Em 2007/2008, apenas gestação múltipla foi de risco. Todos os fatores
proximais (idade gestacional, peso ao nascer, índice de Apgar no quinto minuto e
sexo) associaram-se à maior MI em 2000/2001, e, em 2007/2008, apenas idade
gestacional e índice de Apgar no quinto minuto permaneceram no modelo. Em
síntese, a aplicação da técnica de linkage determinístico viabilizou a identificação de
fatores de risco para MI em ambos os períodos, pelo elevado percentual de
vinculação alcançado e pela excelente completitude das bases de dados
pesquisadas. Foram observadas mudanças nos fatores de risco para a MI nos
biênios analisados, que podem estar relacionadas à ampliação de políticas sociais e
de ações básicas de saúde e a modificações nos padrões reprodutivo e social das
mulheres.