SINTOMAS DEPRESSIVOS EM UNIVERSITÁRIOS: ANÁLISE DIMENSIONAL DO PATIENT HEALTH QUESTIONNAIRE-9 (PHQ-9) E ESTUDO DE MEDIADORES NA ASSOCIAÇÃO COM O TEMPO DE USO DE MÍDIAS SOCIAIS
JESSICA VERTUAN RUFINO, Camilo Molino Guidoni , Renne Rodrigues
Data da defesa: 27/02/2024
A depressão é considerada um importante problema de saúde pública e está frequentemente associada ao uso de mídias sociais. Devido às particularidades do ambiente acadêmico e ao crescente uso das mídias sociais, principalmente nessa população, os universitários constituem um grupo de risco para esse transtorno. Dessa forma, é importante aprofundar o conhecimento acerca de ferramentas para o rastreamento de sintomas depressivos, tais como o Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), assim como, estudar possíveis mediadores dessa associação. Nesse sentido, o presente estudo objetivou identificar a estrutura dimensional mais adequada do PHQ-9 para identificação dos sintomas depressivos e estudar possíveis mediadores na associação entre o tempo de uso de mídias sociais e sintomas depressivos em universitários. Trata-se de um estudo epidemiológico de abordagem quantitativa. A população foi composta por estudantes de graduação regularmente matriculados no primeiro semestre de 2019 da Universidade Estadual de Londrina e a coleta de dados ocorreu no período de abril a junho de 2019, por meio de um questionário online. Para identificar a estrutura dimensional mais adequada do PHQ-9 foram realizadas análise fatorial exploratória (AFE) e análise fatorial confirmatória (AFC). A qualidade do ajuste dos modelos foi avaliada por meio do erro quadrático médio de aproximação (Root Mean Square Error of Approximation – RMSEA), do índice de ajuste comparativo (Comparative Fit Index – CFI) e do índice de Tucker-Lewis (Tucker-Lewis Index – TLI). Para o estudo de mediação, foram avaliados como possíveis mediadores, a dependência de mídias sociais (DMS) e a qualidade do sono (Pittsburgh Sleep Quality Index), na associação entre o tempo de uso de mídias sociais (TUMS) e os sintomas depressivos (Patient Health Questionnaire-9). A análise de mediação, ajustada por fatores de confusão, foi realizada por meio do software PROCESS, para SPSS, para obtenção do efeito total (c), direto (c’) e indiretos (EI1, EI2 e EI3). Os resultados da AFE evidenciaram dois modelos (unidimensional e bidimensional) com melhores índices para o modelo bidimensional. Na AFC, tanto o modelo unidimensional quanto o bidimensional apresentaram índices de ajuste satisfatórios, maiores para o modelo unidimensional. Na análise de mediação, os resultados identificaram associação entre o TUMS e os sintomas depressivos, mediada pela DMS (EI1 = 20,0%) e pela qualidade do sono (EI1 = 40,0%). O presente estudo evidenciou que o PHQ-9 apresenta boas propriedades psicométricas, sugerindo-se o uso de sua estrutura unidimensional para avaliação dos sintomas depressivos em universitários. Ainda, observou-se nessa população uma associação entre o TUMS e os sintomas depressivos, mediada pela DMS e pela qualidade do sono.
Depressão em professores da rede estadual de ensino de Londrina/PR: caracterização e fatores associados
Nathalia K. A. Guimarães de Faria, Alberto Durán González, Camilo Molino Guidoni
Data da defesa: 29/02/2016
A depressão afeta 350 milhões de pessoas mundialmente e é uma doença importante que reflete na família, no trabalho e nas relações pessoais do indivíduo bem como, em casos extremos, pode levar ao suicídio. O desenvolvimento da depressão é influenciado por fatores genéticos, características de personalidade e o meio em que se vive. Condições adversas de trabalho podem contribuir para o desenvolvimento da depressão, bem como por agravos relacionados a ele. A profissão docente apresenta muitos desafios e condições adversas de trabalho. Em diversos países, os transtornos mentais são o principal motivo causador de absenteísmo entre docentes. Pensando na importância dos professores para a sociedade, no ônus relacionado à depressão e na condição adversa de trabalho vivida por muitos professores, o objetivo do estudo foi conhecer a prevalência de depressão e de sintomas depressivos, de acordo com o Inventário de Beck-II (BDI-II), e os fatores associados à depressão em professores da Rede Estadual de Ensino de Londrina/PR. Trezentos e oito professores foram entrevistados, dos quais 34,7% foram considerados depressivos, de acordo com os preceitos previstos pelo BDI-II. A maioria dos considerados depressivos era do sexo, tinham entre 25 e 39 anos de idade, eram casados, possuiam especialização e renda familiar mensal entre R$ 3001,00 e R$ 5000,00. Os principais sintomas assinalados pelos entrevistados foram falta de energia, alterações no padrão do sono, cansaço ou fadiga e autocrítica. As seguintes variáveis relacionadas ao trabalho se mostraram associadas à presença de depressão: ter menos de dez anos de profissão, relatar relacionamento com superiores ou alunos, motivação para chegar ao trabalho e equilíbrio entre vida profissional e pessoal como ruim ou regular e relatar ter sofrido qualquer tipo de violência.