Teses e Dissertações
Palavra-chave: Síndrome metabólica
Prevalência, incidência e fatores predisponentes à síndrome metabólica na população de 40 anos e mais: Vigicardio 2011-2015
Kécia Costa, Ana Maria Rigo Silva, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 13/09/2017
A Síndrome Metabólica (SM) é definida como um conjunto de alterações
metabólicas que conferem aumento do risco cardiovascular. Sua prevalência
na população adulta tem aumentado no mundo e diversos fatores estão
relacionados à sua ocorrência. Este estudo tem como objetivo analisar o perfil
da SM em uma coorte de adultos de 40 anos e mais, comparando-se a
prevalência da SM e seus componentes entre dois períodos e identificando sua
incidência e fatores preditores após seguimento. Trata-se de um estudo com
dois delineamentos distintos, um comparativo entre dois períodos, 2011 e
2015, e o segundo uma coorte prospectiva. A população de estudo foi
constituída por adultos de 40 anos e mais residentes em Cambé, Paraná. A
coleta de dados da primeira etapa ocorreu entre os meses de fevereiro e maio
de 2011 e foram entrevistados 1180 indivíduos. A segunda etapa iniciou-se em
março e terminou em outubro de 2015 e 885 adultos foram entrevistados. Em
ambas as etapas realizou-se aferição da pressão arterial, medidas
antropométricas e exames laboratoriais. A SM foi identificada segundo a
definição harmonizada, que preconiza a presença de três ou mais dos
componentes: circunferência abdominal ≥102 cm homens e ≥ 88 cm mulheres;
triglicérides: ≥ 150mg/dl e/ou tratamento medicamentoso com hipolipemiantes;
PAS ≥ 130 e/ou PAD ≥ 85 mmHg e/ou tratamento com medicamentos antihipertensivos; HDL: <40 mg/dl em homens e <50 mg/dl em mulheres e/ou
tratamento medicamentos com hipolipemiantes; glicemia jejum: ≥100 mg/dl
e/ou medicamento para tratamento do diabetes. Todas as análises foram
realizadas no programa SPSS 19.0. Para a comparação das prevalências da
SM e de seus componentes entre os períodos foi utilizado o teste de Mc Nemar
e para a comparação entre os sexos o teste Qui-quadrado, adotando-se o nível
de significância de p<0,05. A análise de regressão logística múltipla foi utilizada
para identificar os fatores preditivos para a incidência acumulada da SM em
2015. Houve aumento estatisticamente significativo entre 2011 e 2015 da
prevalência da SM e de todos os seus componentes exceto da glicemia de
jejum alterada. O componente mais prevalente em ambos os períodos foi
alteração dos níveis pressóricos, 68,3% e 71,3% respectivamente. A obesidade
abdominal elevada foi o componente mais frequente entre as mulheres e, entre
os homens foi a alteração dos níveis pressóricos. Após o seguimento, a
incidência acumulada da SM foi de 32,4%. Entre as mulheres foi de 40,1% e,
entre os homens, de 20,0%. Após ajustes, as variáveis que permaneceram
associadas à incidência da SM no sexo feminino foram o hábito de fumar como
fator de proteção, a autopercepção negativa do estado de saúde e a presença
de componentes pré-SM, com aumento da chance de incidência da SM quanto
maior o número de pré-componentes. No sexo masculino apenas o índice da
massa corpórea (IMC) classificado como sobrepeso e/ou obbesidade foi
associado significativamente. Entre as principais conclusões destaca-se a
frequência elevada da SM, a piora do perfil de risco metabólico e
cardiovascular e a obesidade abdominal como um importante fator preditivo. A
condição de SM reconhecida permite classificar os grupos segundo a condição
de risco e planejar intervenções a fim de minimizar as consequências aos
indivíduos e serviços de saúde.
Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica na população adulta em Cambé (PR), 2011. Vigicardio.
Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Kazue Tanno de Souza , Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 27/05/2014
A síndrome metabólica (SM) confere um alto risco para ocorrência de doenças
cardiovasculares dado à sua combinação de intolerância à glicose, hipertensão, triglicerídeos
elevados e HDL-C baixo. Destaca-se que o risco global de complicação cardiovascular é o
triplo entre os portadores de SM comparativamente aos não portadores. Dessa maneira, este
estudo tem como objetivo determinar a prevalência de síndrome metabólica e fatores
associados a essa condição na população acima de 40 anos. Trata-se de um estudo transversal
de base populacional realizado em todos os setores censitários do município de Cambé-PR;
este estudo faz parte de um estudo mais abrangente denominado Vigicardio. No presente
estudo participaram 959 indivíduos. Foram realizados entrevistas, exame físico e exames
laboratoriais. Entre as variáveis do estudo incluíram-se as socioeconômicas e demográficas,
de estilo de vida, sobre comorbidades, de utilização de medicamentos e de serviços de saúde.
Foram realizadas a aferição da pressão arterial, medidas antropométricas e exames
laboratoriais (colesterol, triglicerídeos e glicemia). A SM foi determinada de acordo com a
definição harmonizada (presença de pelo menos três das seguintes condições; TG ≥150
mg/dL; HDL-C<40 mg/dL em homens ou <50 mg/dL em mulheres; pressão sistólica ≥ 130
mmHg e/ou pressão diastólica ≥85 mmHg ou uso de medicamentos anti-hipertensivas;
glicemia ≥100 mg/dL ou uso de medicamento para tratamento do diabetes e perímetro
abdominal ≥88 nas mulheres e ≥102 nos homens). A análise dos dados foi realizada no
programa SPSS versão19 e os testes utilizados foram o qui-quadrado ou exato de Fisher, e
regressão de Poisson. A prevalência de SM foi de 53,7% e, nas mulheres, essa prevalência foi
superior em relação aos homens (p=0,003). Entre os componentes, a obesidade abdominal
(p<0,001) e baixo HDL-C (p<0,001) foram superiores nas mulheres e entre os homens a
elevação da pressão (p=0,004) e dos níveis glicêmicos (p=0,006). A prevalência da SM
elevou-se com o aumento da idade, a elevação dos níveis pressóricos foi o componente mais
frequente nos diferentes sexos e faixas etárias, seguido pela obesidade abdominal nas
mulheres e pelo baixo HDL-C e elevação dos níveis glicêmicos nos homens. A presença dos
cinco componentes da SM foi de 12,0% (mulheres-15,8%, homens-7,3%). A classe
econômica de menor poder de compra esteve associada à maior prevalência de SM entre as
mulheres (p<0,001) e isso foi mais ocorrente entre as de maior idade. O fator associado a SM
foi o aumento da idade em ambos os sexos. Os resultados revelaram elevadas prevalências de
SM entre indivíduos com 40 anos ou mais, sugerindo a necessidade de formulação de
políticas mais amplas no sentido de favorecer a adoção de comportamentos saudáveis. As
diferenças observadas nos diferentes sexos, grupos etários e classes econômicas apontam para
a necessidade de melhor conhecer o padrão da SM nesses grupos objetivando compreender os
determinantes dessa distribuição e favorecer a implementação de políticas mais adequadas de
enfrentamento dos componentes da SM