Teses e Dissertações
Palavra-chave: Serviços Médicos de Emergência
Adequação da demanda atendida em serviço de urgência de média complexidade em Londrina, Paraná, Brasil
Ricardo de Oliveira, Regina Kazue Tanno de Souza, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 30/04/2008
A hierarquização da atenção à saúde estabelece fluxos assistenciais ascendentes
iniciando-se por serviços de menor complexidade. Entretanto, estudos demonstram a
existência de um funcionamento desordenado e desvios dos fluxos nesse sistema. Assim,
os serviços de urgência são excessivamente utilizados, acarretando filas e atendimento
de alto percentual de casos inadequados. Dada a escassez de pesquisas abordando o
tema da urgência no país, este estudo teve por objetivo caracterizar e classificar a
demanda atendida no Pronto Atendimento Municipal em Londrina-PR (PAM), segundo a
adequação dos casos ao papel assistencial do serviço. A população de estudo foi
constituída por 394 pessoas, selecionadas por meio de amostragem sistemática, que
procuraram o PAM em duas semanas do mês de julho de 2007. Os dados foram
coletados após as consultas médicas por entrevistadores devidamente treinados, e as
informações foram registradas em banco de dados do aplicativo Epi Info versão 3.4 para
Windows. Para a classificação dos casos quanto à sua adequação foram utilizados
critérios explícitos (situações objetivamente definidas) e implícitos (a critério do médico
consultante). A análise de associação entre as variáveis independentes e a adequação ao
serviço foi realizada a partir da classificação por critérios explícitos utilizando-se o teste de
qui-quadrado (χ2
). Verificou-se, entre os principais resultados, discreto predomínio de
pessoas do sexo feminino (55,6%), na faixa etária entre 20 e 39 anos (45,9%) com
apenas o nível fundamental de ensino (51,7%), inseridas no mercado de trabalho, não
beneficiárias de plano de saúde. A maioria das pessoas procurou o PAM
espontaneamente (77,1%) e, entre os casos referenciados, as UBS foram os serviços que
mais encaminharam (76,0%). O transporte coletivo foi o mais utilizado (46,7%) e 79% das
pessoas tiveram alta após a consulta no PAM. Dos casos analisados, 54,3% foram
considerados adequados segundo os critérios classificatórios explícitos. Os fatores
associados significativamente (p<0,05) à adequação ao serviço foram: idade igual ou
superior a 60 anos, inserção no mercado de trabalho, ser usuário de unidades básicas de
saúde e procura por outros serviços previamente ao atendimento no PAM para o mesmo
problema. Quando comparados os diferentes critérios de classificação da demanda,
verificou-se concordância de 81,4% (estatística Kappa = 0,62), considerada
substancialmente concordante. Apesar da demanda espontânea ter sido predominante
(77,1%), a realidade observada no PAM de Londrina revelou que há uma adequação
razoável da demanda à natureza do serviço, fato pouco observado em estudos
semelhantes.
Motociclistas atendidos por serviços de atenção préhospitalar em Londrina (PR): características dos acidentes e das vítimas em 1998 e 2010
Flávia Lopes Gabani, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 02/12/2011
Os acidentes com motociclistas crescem concomitantemente ao aumento da frota no
Brasil, tornando suas vítimas representativas na morbimortalidade por acidentes de
trânsito. Desde 1998, com a implantação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB),
iniciativas foram tomadas na tentativa de modificar essa realidade, sendo oportunos
estudos que verifiquem mudanças nos perfis dos acidentes e das vítimas. Dessa
forma, o presente estudo teve por objetivo comparar características dos acidentes e
dos ocupantes de motocicletas atendidos por todos os serviços de atenção préhospitalar de Londrina (PR) em 1998 e 2010. Trata-se de estudo transversal, cujos
resultados foram comparados com pesquisa de 1998. Em ambos os estudos, a fonte
de dados constituiu-se do Registro de Atendimento do Socorrista (RAS). A
população foi composta por 1.576 e 3.968 vítimas em 1998 e 2010,
respectivamente. Houve incremento na frota de motocicletas no município, passando
de 69,9 para 128,1 por mil habitantes. Também aumentou o número de vítimas para
cada mil motos, de 53,1 para 61,1. Quanto às características dos acidentes,
observaram-se maiores proporções de quedas isoladas de moto e de acidentes
entre motocicletas em 2010. Houve maior frequência de vítimas nos dias úteis em
ambos os anos, com leve aumento percentual em 2010 (de 65,1% para 69,4%), e
reduziram-se as proporções de vítimas nos finais de semana (de 34,9% para
30,6%). Em relação ao período de ocorrência do acidente, prevaleceu o da noite nos
dois anos. Porém, houve incremento percentual de vítimas no período diurno (de
51,5% para 56,8%), refletindo maior frequência de acidentes no período da manhã.
O número de vítimas cresceu ao longo dos meses em ambos os anos. Em relação
às regiões de ocorrência, constatou-se leve descentralização pela diminuição da
frequência no Centro, contudo as regiões Norte e Centro abrangeram mais da
metade dos acidentes nos dois anos (de 53,2% para 51,0%). Quanto às
características das vítimas, houve pequeno aumento na proporção de motociclistas
mulheres (de 21,6% para 24,6%), as quais deixaram de predominar como
passageiras, tornando-se principalmente condutoras (de 42,8% para 54,6%). A faixa
etária mais acometida continuou sendo a de 20 a 34 anos. Aumentou a frequência
de informações ignoradas em relação ao uso do capacete (de 1,0% para 24,6%).
Houve redução da proporção na percepção de hálito etílico de 1998 (13,9%) para
2010 (7,1%). Entretanto, a proporção de detecção desse hálito ainda é mais
frequente entre homens, nos meses de janeiro e fevereiro, durante finais de semana
e no período noturno, destacando-se a madrugada. Quanto às lesões, aumentou a
proporção de traumatismos superficiais (de 66,4% para 71,1%) e fraturas (de 11,7%
para 13,5%), e diminuíram as frequências de ferimentos, traumatismos
intracranianos e intratorácicos. Houve redução na proporção de lesões na cabeça,
porém aumentaram as dos membros e múltiplas regiões. Apesar do elevado número
de vítimas em 2010, os acidentes foram, proporcionalmente, de menor gravidade,
evidenciada pelos melhores escores nas escalas de coma e de trauma, além de
menor necessidade de atendimento médico no local da ocorrência. Diminuiu o
coeficiente de letalidade imediato e aumentou a frequência de recusas de
atendimento e/ou encaminhamento. Os resultados apontam mudanças nas
características dos acidentes e das vítimas nos anos, servindo como possível
subsídio para direcionamento de novas ações e estratégias de intensificação das
fiscalizações no trânsito, principalmente em relação aos motociclistas.