Mortalidade por causas externas: Uma das formas de expressão de violência social
Marilda Sirani de Oliveira, Sebastião Jorge Chamé
Data da defesa: 10/09/1997
O estudo tem por objetivo principal dimensionar o problema da mortalidade por causas violentas no município de Marília, período de 1979 a 1994. Busca caracterizar a Violência Social como problema de Saúde Pública, através da análise do impacto negativo causado no cotidiano dos cidadãos. Utiliza registros históricos do comportamento coletivo em tempo de peste, e dada a semelhança, denomina-a de “Peste Moderna”, apressada, seletiva e causadora de traumatismo psíquico na sociedade. Procede a análise das dificuldades no enfrentamento dos problemas de saúde, neste final de século, em função da sociedade que introduz em seu ambiente novos riscos à saúde, decorrentes da crescente, rápida e complexa incorporação tecnológica, determinando um “modo de andar a vida” mecanizado, apressado, frio, com profundas mudanças no campo da moralidade e da ética, e a medicina por sua vez, tenta alcançar todos estes fatores, criando modelos e modos de intervenções diretas ou indiretas em nível clínico e/ou cirúrgico, não significando porém, melhoria da qualidade de vida. Aborda o fenômeno da violência a partir da análise da mortalidade por causas externas e sua tendência, utilizando informações provenientes do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. As causas de morte são agrupadas de acordo com a Classificação Internacional de Doenças, com as mortes violentas categorizadas em: acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, quedas acidentais, afogamentos, outros acidentes e outras violências. Comparam-se os dados de mortes violentas com os das mortes por doenças do aparelho circulatório, respiratório, neoplásicas e as infecto-parasitárias, no mesmo período. Apresenta os dados em proporções e taxas, segundo o sexo e os diferentes grupos etários. Redimensiona o perfil encontrado com base no cálculo dos Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVPs) entre as idades de 1 a 70 anos, total e desagregado por sexo. Os resultados mostram a mortalidade por causas violentas ocupando a quarta posição no obituário geral do município com proporção de 10,54%. A evolução aponta um lento e insidioso crescimento, com deslocamento da mortalidade para idades mais jovens e para a disseminação crescente entre as mulheres. Constitui-se em uma das principais causas de morte nos grupos etários mais jovens, com uma sobremortalidade masculina expressiva em todas as categorias de mortes violentas. Os acidentes de trânsito são apontados como vilão da saúde pública local, configurando-se na causa externa de maior risco, em ambos os sexos. A importância relativa das causas de morte sofre uma modificação significativa, quando da utilização do indicador “Anos Potenciais de Vida Perdidos”, pois o método valoriza as mortes que ocorrem nas fases precoces da vida. As causas externas emergem como a principal causa de morte, responsável por 42,4% dos APVPs. Salienta-se a importância da utilização deste indicador de mortalidade, pelo planejamento, na definição de prioridades. Tendo em vista que a inclusão dos acidentes de trânsito na agenda de saúde do Município, enquanto uma causa de morte evitável, pode reduzir de forma significativa as mortes por causas externas, propõe-se ao Município a implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica dos Acidentes de Trânsito, visando subsidiar sua prevenção e controle.
O trânsito e seus novos centauros
Maria Cecília Cordeiro Dellatorre, Sebastião Jorge Chamé
Data da defesa: 19/09/1997
Este trabalho tem como objetivo conhecer os significados do objeto carro, de dirigir , do cumprimento às normas, das responsabilidades, o enfrentamento da possibilidade de morrer e matar, as visões diferentes quanto ao gênero. O papel dos pais na autorização para transgredir, da escola, do respeito ao coletivo, entre adolescentes que começaram a dirigir antes dos dezoito anos, pertencentes à classe média e média alta. Utilizou-se para tanto, entrevistas com adolescentes com idade entre 15 e 21 anos. A análise destas entrevistas mostrou que aprenderam a dirigir com idades variando entre 8 e 13 anos, e foram aos poucos sendo liberados, ganhando a sonhada liberdade de ir e vir, com autorização dos pais para transgredir. As adolescentes vêem o carro como meio de transporte, mas ao mesmo tempo são incentivadoras de que os meninos desempenhem papéis audaciosos e compartilham com um misto de medo e prazer destes riscos. Os adolescentes cumpridores das normas são discriminados. As normas, conhecem todas, e escolhem quais cumprir. O carro é carregado de significados, e ao mesmo tempo a sua posse é busca de identidade. A segurança de transgredir vem da certeza que “meu pai vai pagar” eventuais prejuízos materiais ou de vítimas. As leis existentes não são suficientes para reprimir seus atos, e a polícia é para ser desafiada. A certeza da proteção da família, faz com que ousem mais em suas cidades de origem. Para proteção usam armas no carro e acreditam que o álcool não compromete a capacidade de dirigir. A escola se omite, quanto a ilegalidade de seus alunos. A possibilidade de morrer ou matar é um problema improvável e não refletido. Como Centauros, os jovens formam um corpo único adolescente/carro e são nesta forma algozes e vítimas, que morrem e matam em cumplicidade com uma sociedade indiferente.
Cesárea: frequencia, alguns fatores que a determinam e consequencias maternas e perinatais, Maringá, PR.1995
Regina Lúcia Dalla Torre Silva, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 16/12/1997
O presente trabalho, discute a elevada taxa de partos cirúrgicos realizados nos hospitais de Maringá no ano de 1995. Tendo como objetivo de se conhecer a freqüência de partos cirúrgicos e os fatores que estão influenciando a sua realização. Caracteriza ainda a população de mulheres que estão sendo submetidas aos partos abdominais levantadas as complicações mais comuns deste procedimento no período puerperal bem como a freqüência da síndrome do medo, desconforto respiratório nos RN. Foram estudados 2498 partos hospitalares realizados no município de Maringá no ano de 1995. Utilizando como fonte de dados o sistema de informação sobre nascidos vivos e os prontuários hospitalares. Os partos foram caracterizados seguindo as variáveis do RN: sexo, peso, índice de apgar; da mãe: idade, procedência, paridade e escolaridade da gestação: número de consultas pré-natais; institucionais: estabelecimento de ocorrência do parto, tipo de financiamento hospitalar; do atendimento ao parto: tipo de parto, uso de antibióticos profiláticos, horário da realização do parto, indicação clínica da cesárea, realização de laqueadura no momento do parto. Encontrou-se uma freqüência de 79.8% de cesáreas, 20.2% de partos normais e 0.4% foram realizados com o auxílio de fórceps. As principais indicações clínicas das cesáreas foram as cesáreas por repetição seguida por trabalho de parto complicado por sofrimento fetal e desproporção conhecida ou suspeitada do feto (desproporção céfalo-pélvica ou feto-pélvica). A alta incidência de cesáreas e a proporção maior de partos cirúrgicos encontrada nas pacientes particulares, com maior escolaridade, que realizaram o maior número de consultas durante o pré-natal e a realização da maioria das cesáreas no período matutino, nos mostram que fatores não técnicos tem influenciado a alta incidência de partos cirúrgicos. Foram encontrados também relação entre realização de laqueadura e partos cirúrgicos e utilização inadequada de antibióticos profiláticos. As intercorrências mais comuns no período puerperal para a população total foram as retenções urinárias e complicações anestésicas seguidas de hemorragias e infecções puerperais. Em relação ao RN encontrou-se com maior freqüência a síndrome do desconforto respiratório nos partos cirúrgicos. A média de permanência hospitalar da mãe para todos os partos foi de 3,2 dias, sendo 2,4 dias para partos normais e 3,4 para cesáreas.
Desnutrição energético-proteica e formas de apropriação do solo-estudo de caso em áreas de reforma agrária no estado do Paraná
Terezinha Maria Mafioletti, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 22/01/1998
Objetivando avaliar os níveis de saúde nas diferentes formas de organização das áreas de reforma agrária do Estado do Paraná: acampamentos, ocupações, assentamentos individuais e coletivos, utilizou-se como indicador de saúde a Desnutrição Energético-Proteica em crianças menores de cinco anos. Foram estudadas 487 crianças pertencentes a 373 famílias em 25 projetos diferentes e 10 Municípios. As famílias foram caracterizadas segundo variáveis sócio-econômicas, demográficas, educacionais e ambientais. Obteve-se a avaliação nutricional das crianças através da análise dos índices Peso/Idade, Peso/Altura e Altura/Idade. A caracterização da população estudada revela baixa escolaridade, predominância de famílias com 3 a 5 filhos, quase a totalidade das crianças possui cartão de vacinação (97,6%) destes 91.2% estão com o cartão em dia. Quando necessário a assistência médica 93,0% das mães procuram as Unidades do SUS. A maioria das residências são de madeira e 76.6% delas tem instalação elétrica. A renda média mensal das famílias residentes nos acampamentos é de R$ 54,35, nas ocupações R$ 37,25, nos assentamentos individuais, R$ 278,33 e nos assentamentos coletivos R$ 572,50. A caracterização da desnutrição revela predominância de déficits de estatura em relação aos déficits ponderais. O estudo comparado do estado nutricional destas populações ao se analisar o conjunto, encontra-se desfavorável ao se comparar com a região Sul do país e com o Estado do Paraná, ficando mais próximo das prevalências do Norte e Nordeste do país. Quando distribuído por grupo constata-se que as prevalência mais elevadas estão nos grupos de acampamentos e ocupações, já os assentamentos individuais e coletivos apresentam prevalências mais favoráveis. Ao analisar a relação do estado nutricional infantil através do índice Peso/Idade, encontrou-se associação com as variáveis energia elétrica, intervalo partal, tipo de projeto e renda. Em relação ao índice Altura/Idade encontrou-se associação para renda e tipo de projeto. Ao examinar os grupos separadamente, os resultados mostram uma importante associação do estado nutricional infantil, principalmente quando analisado o índice Peso/Idade, com a renda e a forma de inserção das famílias à estrutura de produção através do acesso ao uso do solo para a obtenção do alimento.
Perfil dos usuários de fármacos anti-hipertensivos e acesso a estes medicamentos em unidade básica de saúde de Maringá, PR.
Raquel Soares Tasca, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 28/07/1998
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil dos usuários de fármacos antihipertensivo (FAH) em unidade básica de saúde em Maringá. Neste estudo, realizado no Núcleo Integrado de Saúde II - Mandacarú em Maringá - Pr, durante três meses, foram entrevistados 429 usuários de fármacos antihipertensivos e o perfil destes, caracterizado visando posterior estudo de utilização de medicamentos pela rede pública de saúde. No NIS II - Mandacarú foi encontrada uma predominância da prescrição de monoterapia (46,2%), e associação de duas drogas 46,4% de FAH. Dos 429 usuários de FAH entrevistados 65,7% eram do sexo feminino, sendo que da amostragem estudada 31,3% dos indivíduos usuários destes fármacos encontravam-se na faixa etária de 60-69 anos. Para, o sexo feminino a faixa etária de maior prevalência destes fármacos foi a de 50-69 anos (40,4%) e para o sexo masculino foi a faixa etária de 60-79 anos (18,9%). O motivo de consulta ou a queixa para estes usuários de medicamentos antihipertensivos foi: 80,3% relataram como motivo de consulta a necessidade do medicamento para controle da pressão arterial, sendo que 51,1% foram mulheres e 29,2% homens. Dos usuários de FAH, 88,4% correspondem a indivíduos analfabetos e com primário completo e incompleto; e 87,8% tem renda per capita mensal de 0-1 salário mínimo. A classe farmacológica de maior freqüência foi de diuréticos (48,1%) sendo que a hidroclorotiazida correspondeu a 41,7% das prescrições. Diabetes foi a doença associada a hipertensão arterial de maior freqüência (25,9%). A maior parte das prescrições de fármacos antihipertensivos tece acesso parcial aos medicamentos, 59,0% no NIS II - Mandacarú; 25,4%, teve acesso total e 15,6% não teve acesso a medicação antihipertensiva prescrita. Com relação ao local de acesso a medicamentos o NIS II - Mandacarú foi responsável por 87,2%, o CRS 2,1% e apenas 6,1% dos usuários compram o medicamento quando não há disponibilidade no NIS. Da prescrição de fármacos antihipertensão no NIS II - Mandacarú, 95,3% correspondeu aos FAH da farmácia básica paranaense e da padronização da SMSM, contudo 11,4% das prescrições dos usuários não tiveram acesso a estes medicamentos, 26,6% tiveram aceso total e 62,0% tiveram acesso parcial. Os dados obtidos permitem caracterizar e traçar perfil dos usuários de fármacos antihipertensivos acompanhados na rede pública de saúde no NIS II - Mandacarú, em Maringá - Pr.
Construindo uma metodologia de trabalho no setor saúde: uma proposta de formação profissional continuada de trabalhadores.
Grace Jacqueline Aquiles Barbosa, Odária Battini
Data da defesa: 27/08/1998
Este trabalho representa uma aproximação inicial do processo de desvelamento do pensar sobre o significado da prática de enfermagem no Hospital Universitário Regional de Maringá. Para isto utilizamos como suporte a metodologia da pesquisa-ação. Assim através de uma construção coletiva de pesquisa-intervenção, os enfermeiros daquele hospital buscaram, pela via de reflexão-ação, compreender os elementos que configuram sua prática, os pontos de esgotamento da mesma e as possibilidades de sua superação. Esta reflexão deu-se pela análise da teoria que a fundamenta, baseada na premissa da unidade teoria-prática. Nele podem estar evidenciados limites, mas, seguramente, está também contido um novo modo de agir e pensar uma prática profissional determinada, não mais centrada em si, mas voltada para um compromisso de defesa de princípios de eqüidade, de solidariedade, de liberdade e de emancipação.
A utilização dos serviços de urgência/emergência em Maringá, PR. Analizando determinantes
Magda Lúcia Félix de Oliveira, Maria José Scochi
Data da defesa: 03/12/1998
Tendo em vista a sobrecarga de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Universitário Regional de Maringá, realizou-se o presente estudo com o objetivo de analisar os fatores determinantes da Unidade. O estudo foi conduzido em duas fases: na primeira, tendo como fonte de dados as fichas de atendimento de pacientes residentes em Maringá nos dias 01 a 07 de setembro de 1997 (n=1319), a demanda foi caracterizada e posteriormente classificada, segundo critérios implícitos de avaliação, em pertinente ou não pertinente ao Serviço (“falsa demanda”); e na Segunda, parcela de usuários incluídos na “falsa demanda”, escolhidos aleatoriamente, foram entrevistados em seus domicílios, verificando as razões da procura pelo Serviço. Foram auditadas 1284 fichas de atendimento, sendo 387 casos (30,1%) classificados como “falsa demanda”. Estes casos eram na sua maioria de crianças de 0 a 12 anos (43,3%) e com patologias respiratórias (42,63%). Entrevistou-se 49 desses casos (12,7%) num período máximo de trinta dias após o atendimento, e as informações obtidas foram as seguintes: 40,8% não sabiam informar corretamente sobre o seu problema de saúde; 60,5% utilizaram o PA/HUM como primeiro atendimento; 34,9% utilizaram a rede básica de saúde como primeiro atendimento, no entanto não retornaram por barreiras impostas pelos próprios serviços, por falta de credibilidade e insatisfação com o atendimento. Considera-se que este estudo possa contribuir para o monitoramento.
Tuberculose em Londrina, PR. em 1996: Perfil epidemiológico e avaliação do programa de controle
Vânia Oliveira Melo, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 17/12/1998
Estudou-se a situação epidemiológica da tuberculose e a efetividade do Programa de Controle desta doença, no Município de Londrina-PR, no ano de 1996. Realizou-se o levantamento de todas as fichas de notificação da tuberculose no ano de 1996 (214), onde foram selecionadas aquelas que se encaixaram no critério de caso novo e residente em Londrina, restando 186 casos. Estes pacientes tiveram seus prontuários revisados após 10 meses do diagnóstico junto ao Setor de Pneumologia Sanitária ou à fonte notificadora para aqueles que não compareceram a esse serviço. Utilizou-se ainda o Sistema de Informação da AIDS para analisar a notificação da tuberculose como doença oportunista. Os resultados mostraram que 66,7% dos casos foram da forma pulmonar, este fato pode estar demonstrando a dificuldade do Programa em captar os pacientes com a tuberculose nesta forma. A maior incidência de tuberculose ocorreu na faixa etária de 30 a 39 anos e a razão homem/mulher chegou próxima a 2:1. Na análise da situação quanto a comunicante ou não, verificou-se que 29% dos casos novos em 1996 eram comunicantes de casos já conhecidos pelo serviço, o que nos leva a inferir sobre a possibilidade de diagnósticos tardios, falhas no tratamento do caso índice ou no controle de comunicantes. As prevalências mínima e máxima de positividade para HIV foram 17,2% e 49,2% respectivamente. A avaliação do Programa mostrou que a maioria dos diagnósticos de tuberculose (67,4%) foi realizado em hospitais, com internação posterior, o que indica que o paciente deva estar em estado avançado da doença. Quanto à situação do paciente no 10º mês após o diagnóstico, constatou-se que 65,1% evoluíram para a cura, 17,7% abandonaram o tratamento, 11,8% não foram inscritos no Programa e 4,8% foram a óbito. O percentual de comunicantes que compareceu ao serviço para a realização de abreugrafia foi de apenas 53,9%. O Sistema de Informação da AIDS mostrou a subnotificação de 16 casos de tuberculose. Os resultados sugerem a necessidade de adoção de medidas que visem a melhoria das ações de controle da tuberculose, com estímulo ao diagnóstico precoce, adesão ao tratamento e investigação de comunicantes.
O programa de saúde da família em Londrina: Construindo novas práticas sanitárias.
Rossana Staevie Baduy, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 21/12/1998
Neste estudo analisou-se a contribuição do Programa Saúde da Família em Londrina na reorganização das práticas sanitárias, considerando-se os princípios do SUS. A análise foi feita com base no registro das atividades realizadas pelos médicos e enfermeiras e na representação que estes profissionais e os coordenadores do Programa no Município fizeram da sua implantação e implementação. A investigação empírica foi realizada através da análise qualitativa e utilizou-se a técnica de entrevista, o registro de atividades em formulário próprio e a análise de documentos produzidos pelo Serviço Municipal de Saúde. O referencial teórico compõe-se dos conceitos de processo de trabalho em saúde, atenção primária à saúde e da estratégia Saúde da Família. A análise dos dados demonstrou que numa semana os médicos gastam metade do tempo em atividades assistenciais na Unidade Básica de Saúde e a outra metade em atividades: assistenciais na comunidade/domicílio, de prevenção, de promoção e de gerência da Unidade de Saúde. As enfermeiras utilizam 65% do seu tempo semanal com algum tipo de atenção à clientela: atividades assistenciais, preventivas ou de promoção da saúde. O restante do tempo semanal utilizavam em atividades gerenciais. A análise das entrevistas revelou o propósito que estes profissionais tiveram em reorganizar as práticas sanitárias, a forma como trabalhavam, os avanços obtidos, as dificuldades enfrentadas, o vínculo estabelecido entre a equipe e a comunidade, bem como a humanização do atendimento. Evidenciou-se que a construção de novas práticas sanitárias traz consigo a mudança de hábitos, valores, portanto, requer disponibilidade para constante aprendizagem.
Horizonte interdisciplinar e as áreas do saber e fazer – um estudo de caso no Hospital Universitário Regional de Maringá
Jane Biscaia Hartmann, Sebastião Jorge Chammé
Data da defesa: 08/01/1999
O presente trabalho objetiva analisar, através das representações sociais presentes nos discursos dos profissionais inseridos no hospital, os conceitos que compõem seu universo cotidiano, para detectar potencialidades e possibilidades de um horizonte interdisciplinar junto as equipes multiprofissionais. Mais especificamente, procurando conhecer: os conceitos incorporados no trabalho em saúde; a visão institucional destes profissionais de saúde; a representação social dos profissionais da saúde a respeito de seu trabalho e sua categoria profissional; suas relações e lugar na equipe de trabalho; o conceito de equipe, suas interações e sua repercussão no resultado de sua prática. A metodologia adotada foi a da pesquisa qualitativa, sendo que os dados quantitativos foram colocados a serviço das análises qualitativas. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: entrevista semi-estruturada e a análise de discurso nos moldes propostos por Bardin. Ao todo foram ouvidos 48 profissionais de saúde do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), frente à questões norteadoras tendo sido possível detectar através destas, as representações sociais. Os resultados encontrados revelam que embora a prática se caracterize predominantemente como multiprofissional ou multidisciplinar, em 37,5% dos discursos dos profissionais, foi possível detectar intenções interdisciplinares. A constatação da existência de alguns núcleos onde o estágio pré-interdisciplinar é visível dentro do HUM permite almejar que esforços sejam envidados no sentido de transformar essas experiências em multiplicadoras de um fazer imbricado, possibilitando o descortinamento de um horizonte interdisciplinar.