Descentralização e distritos sanitários: Aproximação ao deslocamento de poder no processo de distritalização da Secretaria Municipal de Curitiba
Carlos Homero Giacomini, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 08/07/1994
O presente estudo é uma avaliação qualitativa de um processo de descentralização institucional com vistas a conformação de distritos sanitários. Foi realizado através da técnica de observação participante na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba ao longo do ano de 1992. As categorias centrais utilizadas foram o PODER como categoria analítica e a DESCENTRALIZAÇÃO como categoria empírica passível de apreensão numa realidade determinada e de análise através de indicadores a ela relacionados. O referencial de análise baseou-se no postulado de coerência e na tipificação do poder em saúde em tipos políticos, administrativo e técnico. Os resultados incluem a contextualização histórica da organização avaliada e a análise qualitativa de um elenco de onze indicadores de deslocamento de poder do nível organizacional central para os níveis regional e local. Evidenciam um movimento contraditório e contingenciado da praxis de uma organização que sustenta propósitos de mudança, com resultados positivos de democratização.
Sistema de informação em intoxicação por agrotóxicos no município de Londrina, PR
Elisabete de Fátima Polo de almeida Nunes, René Mendes
Data da defesa: 18/07/1995
Esta dissertação teve como objetivo estudar o sistema de vigilância epidemiológica das intoxicações por agrotóxicos no município de Londrina. Neste sentido, realizou-se um trabalho de coleta de dados junto às fontes oficiais, relacionado os casos ocorridos com os casos notificados, analisando a representatividade dos casos notificados quanto ao sexo, idade, local de atendimento, local de residência, agentes tóxicos e circunstância. Verificou-se que as notificações por intoxicações com agrotóxicos representaram 47,2% do total de casos ocorridos por todas as circunstâncias, sendo que para a circunstância suicídio esta representatividade foi de 78,6%. As notificações das intoxicações por motivo profissional representaram 53,4% dos casos ocorridos. A faixa etária mais atingida tanto para casos notificados como para o total de casos ocorridos foi a de 30 a 40 anos. Na faixa etária de 0 a 10 anos houve a maior subnotificação devido a circunstância acidental. Houve maior número de casos ocorridos no sexo masculino, 52,2% dos casos foram notificados, enquanto que no sexo feminino esta taxa foi de 38,5% do total dos casos ocorridos.
Educar prevenindo e prevenir educando – Odontologia no primeiro ano de vida
Luiza Nakama, Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter
Data da defesa: 21/11/1994
Foram entrevistados 338 pais ou responsáveis de crianças do Programa da Bebê-Clínica da Universidade Estadual de Londrina, sendo 234 que ainda permaneciam no programa (G1) e 104 que não mais estavam no programa (G2), com o objetivo de verificar o grau de “compliance” dos pais com relação as orientações dadas, bem como relacionar a aplicação do método educativo-preventivo preconizado à experiência ou não de cárie nas crianças. As questões formuladas eram referentes as mamadas noturnas, a limpeza bucal, ao uso de flúor, a ingestão de açúcar, a mudança de hábitos, a possibilidade de disseminação das orientações via pais e aos motivos de permanência ou não no Programa. Os resultados mostraram “compliance” positiva para o G1, com relação a limpeza após mamada noturna, em horário adequado, bem como quanto ao uso do flúor com cotonete à noite, e “compliance” negativa com relação ao consumo de açúcar e as mamadas noturnas. Não mostraram diferença estatisticamente significativa entre os grupos 1 e 2, com relação a ter ou não cárie, nas variáveis estudadas. Sugere-se a realização de estudos com amostras de populações que não tenham tido contato com nenhum programa semelhante ao da Bebê-Clínica, de regiões sem água fluoretada no sistema de abastecimento, relacionando-as com o uso ou não de dentifrício fluoretado.
Avaliação dos serviços de saúde pelos pacientes com HIV/AIDS atendidos no município de Londrina, PR.
Elma Mathias Dessunti, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 10/11/1995
O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar os Serviços de Saúde do Município de Londrina – Pr, em relação ao atendimento a pacientes com HIV/AIDS, do ponto de vista do próprio usuário. Entrevistaram-se 60 pacientes no período de julho de 1994 a abril de 1995, que haviam passado por internação em um ou mais hospitais de grande porte do município, o que correspondeu a 56,6% dos que se encontravam dentro dos critérios pré-estabelecidos. Em relação ao exame diagnóstico concluiu-se que a maioria dos pacientes (73,8%) não conhece o método utilizado; o tempo de espera pelo resultado variou de 0-8 dias (38,1%) até 22 ou mais dias (11,9%); 55,0 referem percepções negativas nesse período de espera; em 20,0% dos casos o exame foi realizado sem o conhecimento do paciente. O médico foi a pessoa que mais indicou o exame (55,0) e também o que com maior freqüência comunicou o seu resultado (75,0%), mas os outros indivíduos também participaram desse processo; 40,5% dos pacientes que realizaram o exame em Londrina não receberam o resultado da forma como desejavam. A maioria dos pacientes demonstrou satisfação com o atendimento prestado pelos Serviços de Saúde: os locais de internação A e B foram avaliados como ótimos ou bons por 81,0% e 70,0% dos pacientes, respectivamente. Os locais de atendimento ambulatorial D e E foram avaliados como ótimos ou bons por 86,1% e 81,8% dos pacientes, respectivamente. Entretanto, algumas deficiências foram evidenciadas pela citação de pontos negativos relacionados ao ambiente dos setores de internação (58,4%) e unidades ambulatoriais (43,3%). O número de profissionais foi considerado suficiente por 65,0% dos entrevistados; 81,6% dos pacientes realizaram os exames que necessitaram e 61,6% têm facilidade de acesso ao atendimento à saúde embora 20,0% refira demora excessiva nas salas de espera. Quanto aos medicamentos específicos, 46,7% referem uso atual ou anterior do AZT, sendo que 11,7% não recebe com regularidade; apenas 3,3% usam ddl e nenhum o ddC. 65% dos pacientes referem tomar algum tipo de medicamento para as patologias associadas à AIDS, dos quais apenas 18,3% relatam que os recebe com regularidade. No geral, o atendimento médico foi classificado como ótimo ou bom nos locais A, D e E. A avaliação da equipe de enfermagem ficou entre boa e ótima nos locais A, D e E (variando de 21,9% a 55,6% também classificações de regular até péssima nos vários locais. O psicólogo e o assistente social são profissionais que não apareceram nas avaliações dos locais B e F; nos demais locais muitos os desconhecem e outros classificam seus atendimentos como ótimo ou bom. Nota-se a total ausência do dentista nas instituições de saúde que atendem aos casos de AIDS. Alguns problemas detectados junto À equipe: pouco apoio emocional para os pacientes, principalmente do psicólogo; pouca ou nenhuma orientação sobre a doença; pouco diálogo; 38,3% dos pacientes perceberam algum tipo de discriminação da equipe; 51,7% deles citam alguma percepção negativa ou algo diferente no contato direto durante a assistência. Entre os pontos positivos citados, destacam-se 41,3% relacionados à equipe de saúde e 26,7% aos locais de atendimento; já os pontos negativos são 50,9% para os locais de atendimento; 27,8% à equipe de saúde e 18,5% à demora no atendimento. As sugestões emitidas referem-se aos locais de atendimento (62,2%) e à equipe de saúde (34,7%).
Avaliação de projetos: Análise do projeto do projeto-uni Londrina – Avaliação como instrumento de ação.
Célia Regina Rodrigues Gil, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 14/12/1995
O presente estudo discute a importância da avaliação de projetos na área da saúde e a necessidade de se construir indicadores estratégicos que possibilitem a introdução, apoio e consolidação de processos de mudanças intra e inter institucionais. Analisa a trajetória da avaliação do Projeto UNI-Londrina com o objetivo de identificar a metodologia mais apropriada ao projeto dada suas características de desenvolvimento do trabalho em parceria e com o envolvimento da comunidade. Para esta análise, desenvolvida através da técnica da observação participante, criou-se uma matriz comparativa com dimensões, subdimensões, variáveis e indicadores afetos a avaliação do Projeto. Os resultados incluem a contextualização do Projeto UNI bem como analisa as dificuldades que os atores sociais encontram para a implementação efetiva da avaliação como um processo e registra o movimento do grupo condutor do projeto, com resultados satisfatórios na superação das dificuldades encontradas.
Nascidos vivos e óbitos perinatais dos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi, PR.1994
Wladithe Organ de Carvalho, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 30/05/1996
Eventos vitais são “todos os fatos relacionados com o começo e o fim da vida do indivíduo e as mudanças de estado civil que podem acontecer durante a sua existência”: nascimentos (vivos ou mortos), óbitos, casamentos, adoções, legitimações, reconhecimentos, anulações e separações. São particularmente importantes para a Saúde Pública os dados referentes aos nascidos vivos, nascidos mortos e óbitos. Através deles, torna-se possível a elaboração de indicadores de saúde que avaliarão o estado de saúde da população e formarão o diagnóstico de saúde. Este, por sua vez, servirá de base para as ações na prevenção de agravos e promoção da saúde. Os indicadores refletem também a proporção com que as metas estão sendo atingidas e “quando calculados seqüencialmente, no tempo, podem indicar a direção e a velocidade das mudanças e servem para comparar diferentes áreas ou grupos de pessoas em um mesmo momento”.
Campanha de vacinação seletiva contra o sarampo em abril de 1992 no município de Maringá, PR: Uma reflexão
Maria Rita de Almeida Garcia, Enezilda de Lima
Data da defesa: 31/05/1996
Este estudo procurou compreender o porquê da opção do município de Maringá, Estado do Paraná, pela vacinação seletiva contra o sarampo, no ano de 1992, à revelia da Campanha Nacional Indiscriminada, encaminhada pelo Ministério da Saúde. A reflexão pautou-se pelo estudo aprofundado das campanhas de vacinação, através do reestudo das políticas de saúde no Brasil. O caminho histórico foi sendo construído pela análise das políticas sanitárias, da história da cidade, história do sarampo e a história da vacina anti-sarampo. A revisão dos dados epidemiológicos do sarampo no Brasil, no Paraná e em Maringá, auxiliou na compreensão e melhor conhecimento do comportamento da doença nas últimas décadas. O estudo dos documentos oficiais das autoridades sanitárias nacionais, estaduais e municipais, bem como, análise da leitura da imprensa, da população e dos profissionais dos serviços de Maringá, constituíram a parte fundamental do presente trabalho. A análise revelou que a opção pela seletividade por não considerar dados importantes como: incorporação pela população da importância da vacina, princípios epidemiológicos e o cumprimento da orientação administrativa, resultou em situação conflituosa entre as instâncias envolvidas.
Avaliação do egresso do curso de medicina da Universidade Estadual de Londrina, PR.
Márcia Hiromi Sakai, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 12/03/1997
A crise da saúde brasileira é, em parte, decorrente da organização dos serviços de saúde e seu modelo assistencial e da prática exercida pelos recursos humanos em saúde (RHS) e sua formação. Apesar do avanço obtido com o Sistema Único de Saúde (SUS), a assistência à saúde, especialmente a prática médica baseada no modelo flexneriano, vem se mostrando inadequada para a resolução dos problemas de saúde da população, em que pese o saldo positivo que obteve em sua evolução. Vários segmentos da sociedade e organizações nacionais e internacionais vêm discutindo propostas com o novo paradigma em construção em nível de serviços e de formação, bem como a importância da relação entre a prática e a formação. Desta forma, a análise sobre os egressos poderia fornecer subsídios para se entender melhor a relação entre a prática e a formação. Em virtude disso, o objetivo geral foi a avaliação dos egressos do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina, quanto à sua formação e prática profissional. Através da coleta de dados com questionário pelo sistema de postagem, conforme desenho transversal, e de entrevistas do tipo aberta na técnica da história de vida tópica, obteve-se uma abordagem quanti-qualitativa, para melhor retrato da realidade. Os resultados foram; os ex-alunos são jovens, com o aumento da participação da mulher, urbanos, especializados e 56,6% assalariados do setor público. Quanto à graduação, relataram que a formação foi boa na prática, mas fraca na teoria; com falta de integração básico-clínico, teórico-prático e pesquisa; sobrecarga no internato; docentes pouco capacitados em metodologias de ensino e o mínimo de atividades extra-muros. A inserção no mercado de trabalho é tardia, pois 73,6% fizeram residência médica. A discussão atual é a necessidade de formação de médicos gerais e especialistas para a resolução dos problemas de saúde da população como médicos, ao exercerem a prática, depararam-se com as seguintes dificuldades: em um primeiros momento, a escola não os preparou para a realidade fora dos muros da Universidade; além disso, a ética foi a questão mais levantada, seguida de conhecimentos variados, relação médico-paciente e morte. Nas entrevistas, houve referências ao uso abusivo de tecnologias, por parte dos médicos. Completando os resultados, os egressos sugeriram vários itens, baseados em suas experiências, para contribuírem na melhoria do ensino, tais como a inclusão no currículo de discussões sobre o uso racional de tecnologias, ética, mercado de trabalho, incentivo à pesquisa e capacitação docente, entre outras. Resgataram ainda o compromisso da Universidade, que não é somente com a graduação, mas também com a educação permanente dos profissionais da saúde. Em suma, os resultados apontam para a necessidade de reformulações no aparelho formador e a maioria dos problemas e sugestões levantados, estão em consonância com as propostas da Educação Médica.
Vítimas de acidentes de trânsito ocorridos no perímetro urbano de Maringá, PR.1995.
Dorotéia Fátima de Paula Soares, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 06/08/1997
Com o objetivo de caracterizar as vítimas de acidentes de trânsito ocorridos no perímetro urbano de Maringá, foram analisadas 1.547 vítimas de acidentes de trânsito registradas nos boletins de ocorrência, em 1995, que receberam atendimento hospitalar, somadas às vítimas que morreram no local do acidente. As vítimas foram caracterizadas segundo variáveis de interesse epidemiológico que possibilitaram conhecer o perfil das mesmas, o atendimento prestado, os óbitos ocorridos até 180 dias do acidente, as lesões e as principais partes do corpo afetadas. Os resultados encontrados permitiram mostrar o predomínio de vítimas do sexo masculino (70,59%), maior frequência na faixa etária de 20 - 29 anos e maior percentual de vítimas na categoria de motociclistas. Foi observado que 62,99% das vítimas receberam atendimento ambulatorial e das vítimas internadas encontrou-se uma média baixa em dias de internação. O maior percentual de vítimas eram residentes em Maringá e das não residentes as mais freqüentes eram de Sarandi, município próximo a Maringá. A taxa de letalidade encontrada foi de 4,14%, quando analisada por categoria a maior letalidade foi observada entre os pedestres e quando analisada por município de residência, a maior taxa foi verificada em vítimas de Sarandi. Das 64 vítimas fatais, observou-se que os óbitos se concentraram no sexo masculino, na faixa etária de 20 - 29 anos e na categoria de motociclistas. Observou-se uma representatividade maior de óbitos nas primeiras 24 horas do acidente (68,75%) e apenas um óbito entre 30 a 180 dias do acidente (1,56%). No socorro às vítimas no local do acidente, verificou-se a importância dos bombeiros, que removeram o maior percentual de vítimas. Constatou-se um sub-registro de vítimas fatais no boletim de ocorrência de acidentes de trânsito em 39,06%, e em relação a outra fonte de dados, “Controle estatístico dos acidentes de trânsito no perímetro urbano de Maringá”, um sub-registro de 7,81%. A cabeça foi a região do corpo mais afetada tanto para o total das vítimas, como para as vítimas fatais. O tipo de lesão mais freqüente foi ferimento para o total das vítimas e traumatismo interno para as vítimas fatais.
Perfil das intoxicações exógenas infantis em Maringá e região
José Carlos Amador, Zuleika Thomson
Data da defesa: 13/08/1997
Realizou-se um estudo retrospectivo no Centro de Controle de Intoxicações (CCI) de Maringá, no ano de 1995. Fazem parte desse estudo 194 casos de intoxicações agudas exógenas em menores de 14 anos. A análise dos dados aponta a predominância do sexo masculino (56,8%) sobre o feminino (42,2%). Observamos que o grupo etário mais sujeito a acidentes tóxicos está compreendido entre 1 e 4 anos (65,5%). A pesquisa aponta como maior causador de intoxicação os medicamentos (47%), sendo os mais usuais os anticonvulsivantes e ansiolíticos e também os principais responsáveis pela variável gravidade. As espécies comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta) 50%, e o pinhão paraguaio (Jatropha curcas) 40%, foram responsáveis pela quase totalidade das intoxicações por plantas. Percebemos que a maioria das intoxicações envolvem o uso de apenas um produto (94,3%) e, dentre os casos estudados, verificou-se que 81,9% foram classificados como acidentais, enquanto 3,6% figuram como tentativa de suicídio. A ingestão foi a principal via de intoxicação. A maioria dos casos são oriundos da cidade de Maringá (80,5%), sendo o Hospital Universitário de Maringá (80,5%), sendo o Hospital Universitário responsável por (58,7%) dos atendimentos, somente as informações, obtidas no CCI de Maringá foram suficientes para a resolução de 13,9% dos casos, não havendo necessidade de procurar nenhum outro serviço médico. Os dados da zona rural e urbana são semelhantes. Os defensivos agrícolas mantém uma estreita relação entre a data do acidente e o início da cultura a que se destina. Pudemos constatar que não há variação durante os meses do ano, sendo sábado o dia em que há maior número de casos, os horários em que há maior incidência de casos são aqueles imediatamente anterior ou após as principais refeições. Constatamos, ainda, que apesar de determinadas regiões apresentarem a inclusão de determinadas substâncias que não fizeram parte desta pesquisa como por exemplo: álcool, picadas de animais peçonhentos. Poucas regiões estudadas (São Domingos, Índia) apresentaram diferenças importantes quanto à incidência do produto tóxico. Entretanto, as variáveis: via de intoxicação, gravidade, idade, sexo, tiveram um comportamento muito semelhante na comparação com o perfil de outras regiões