Teses e Dissertações
Palavra-chave: Segurança do Paciente
Percepção de profissionais de Enfermagem frente à cultura de segurança do paciente
Desiree Zago Sanchis, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 28/06/2018
A cultura de segurança nas instituições de saúde é aquela em que cada profissional
reconhece suas responsabilidades frente à segurança do paciente e procura
contribuir para melhoria na qualidade do cuidado. As organizações necessitam de
culturas únicas, com fusão de valores, crenças e comportamentos que determinem a
forma de seu funcionamento. Objetivo: Analisar a percepção dos profissionais de
enfermagem acerca das dimensões da cultura de segurança do paciente em
instituições de alta complexidade. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo,
transversal e com abordagem quantitativa. A população de estudo foi constituída por
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que atuavam na assistência direta
ao paciente, em três instituições de alta complexidade. A fim de avaliar a cultura de
segurança do paciente, foi utilizado o questionário Hospital Survey on Patient Safety
Culture (HSPSC), de 2004. A coleta de dados ocorreu entre fevereiro e abril de
2017, por meio de abordagem individual. Foi realizada análise descritiva, com uso
de frequências absolutas e relativas. A cultura de segurança foi avaliada utilizando o
cálculo dos percentuais de respostas positivas para cada dimensão do instrumento,
à partir do cálculo dos percentuais foram atribuídas categorias, com a seguinte
classificação: áreas consideradas fortalecidas (≥ 75,0% de respostas positivas),
áreas com potencial de melhoria (<75,0% a >50,0%), e áreas
enfraquecidas/fragilizadas (≤ 50,0%). Além disto, foi utilizando a análise de
associação, por meio da regressão de Poisson com cálculo da Razão de
Prevalência (RP) e Intervalo de Confiança 95% (IC 95%). Para análise dos dados
utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).
Resultados: Participaram do estudo 587 indivíduos, 42,8% eram enfermeiros e
57,2% técnicos ou auxiliares de enfermagem. A taxa de resposta atingiu 75,8% da
população alvo. A maioria dos respondentes era do sexo feminino (88,4%), tinham
entre 20 e 39 anos (60,8%), atuava na instituição há menos de cinco anos (57,8%) e
não possuía outro vínculo de trabalho (79,2%). As dimensões caracterizadas como
enfraquecidas nas instituições, foram: ‘’Apoio da gestão hospitalar para segurança
do paciente’’ (48,5%), ‘’Percepções generalizadas sobre a segurança do paciente’’
(45,5%), ‘’Transferências internas e passagens de plantão’’(40,9%), ‘’Adequação de
profissionais’’ (37,8%), ‘’Trabalho em equipe entre as unidades hospitalares’’
(37,0%), ‘’Abertura para as comunicações’’ (29,5%) e ‘’Respostas não punitivas aos
erros’’ (18,8%). Sobre os indicadores de segurança do paciente, 52,5% dos
profissionais consideraram a segurança do paciente como excelente ou muito boa, e
58,5% dos enfermeiros não notificaram ao menos um evento adverso em doze
meses. Quanto aos fatores associados à percepção negativa, os profissionais que
atuavam em unidades semicríticas do hospital 1 avaliaram negativamente com maior
frequência a dimensão ‘’abertura para as comunicações’’ – RP: 1,246 (IC 95%:
1,007-1,540, p=0,042). Para a dimensão ‘’respostas não punitivas aos erros’’, os
participantes do hospital 1 com mais de seis anos de atuação avaliaram
negativamente com maior frequência quando comparados aos participantes com
menos de seis anos – RP: 1,076 (IC 95%: 1,002-1,155, p=0,043). Ainda sobre a
dimensão ‘’respostas não punitivas aos erros’’, os profissionais que atuavam em
unidades semicríticas avaliaram negativamente com maior frequência quando
comparados aos que atuavam em unidades críticas – RP: 1,639 (IC 95%: 1,282-
2,096, p <0,001) no hospital 2. Assim como os profissionais do gênero masculino no
hospital 2 – RP: 1,538 (IC 95%: 1,198-1,975, p=0,001) e 3 – RP: 1,194 (IC 95%:
1,043-1,365, p=0,010). Conclusão: Conclui-se que há necessidade do apoio da alta
gestão hospitalar frente à disseminação da cultura segurança do paciente, por meio
de programas de sensibilização aos profissionais nas instituições, com incentivo a
criação de uma cultura justa e não punitiva. Com isto os profissionais terão incentivo
para notificarem os incidentes, e assim a alta gestão poderá trabalhar os incidentes
de forma educativa.
Cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde, Londrina, Paraná
Lílian Lozada Macedo, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 27/02/2018
Atualmente vivencia-se uma sociedade de risco, em que tecnologias, novos hábitos
de vida e processos de trabalho podem gerar altos e danosos custos para os
indivíduos. A assistência à saúde não fica de fora desses problemas, submetendose a diversos riscos, perigos e danos à integridade do paciente. Estudos e iniciativas
com relação à segurança do paciente no nível hospitalar têm sido desenvolvidos de
forma mais expressiva quando comparados à atenção primária à saúde, apesar de
já se identificar a ocorrência de erros e eventos adversos na atenção primária. Desta
forma, identificou-se a importância de estudos que retratem aspectos relacionados à
cultura de segurança do paciente na atenção básica. O objetivo deste estudo foi
analisar a cultura de segurança do paciente entre trabalhadores da atenção primária
à saúde em município de grande porte do Paraná. Para tal, foi realizado um estudo
transversal com trabalhadores em saúde atuantes da atenção primária do município
de Londrina, Paraná. A obtenção de informações sobre cultura de segurança foi
realizada com o uso do instrumento autopreenchido Medical Office Survey on
Patient Safety Culture, traduzido e adaptado para a realidade brasileira, que avalia
as atitudes e percepções do profissional quanto à segurança do paciente. A análise
dos dados foi realizada com o uso do programa Statistical Package for the Social
Sciences, versão 19.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Londrina. Foram entrevistados 550 trabalhadores, maioria
do sexo feminino (83,5%) e com idade média de 42 anos. Detectou-se que as
seções “processo de tralbaho no serviço de saúde”, “comunicação e
acompanhamento dos pacientes” e “serviço de saúde de atuação” apresentaram
avaliações neutras quanto à segurança (51,0%, 65,0% e 73,2%, de respostas
positivas respectivamente). Sobre a avaliação global da qualidade do cuidado,
houve predominância de respostas positivas (79,0%). Destaca-se também que
35,7% dos profissionais avaliaram como muito bom ou excelente a segurança do
paciente. Já em relação ao apoio dos gestores na cultura de segurança, houve
apenas 38,4% de respostas positivas. Trabalhadores das unidades de saúde da
família da região sul avaliaram de forma menos positiva a segurança no que se
refere a comunicação e acompanhamento do paciente, apoio de gestores e aos
aspectos do serviço de saúde em que atuam. Técnicos de enfermagem
apresentaram avaliação menos positiva quanto ao processo de trabalho,
comunicação e acompanhamento do paciente, e aspectos do serviço de saúde.
Sugere-se a modificação das estratégias para melhoria da cultura de segurança do
paciente para estratégias que visem a construção de uma cultura com participação
multiprofissional, de caráter não punitivo e que seja fortificadora das relações
interprofissionais e com o paciente, o que certamente modificará valores, atitudes e
futuras percepções da equipe da atenção primária à saúde.