QUASE MORTE MATERNA: Significados e caminhos em Londrina – PR.
PRISCILA ALEXANDRA COLMIRAN, Marselle Nobre de Carvalho, Mariana Haddad Rodrigues
Data da defesa: 29/05/2024
O presente estudo traz a abordagem de um tema de grande relevância social, a mortalidade materna e como a avaliação dos casos de quase morte materna/near miss materno, podem subsidiar as políticas de saúde materno infantis para evitar esse desfecho. Este trabalho foi desenvolvido por meio de estudo qualitativo, na perspectiva das narrativas e escuta de quatro mulheres que vivenciaram a quase morte materna através de entrevistas de profundidade e análise de conteúdo. Dentre os objetivos do trabalho estão a caracterização das mulheres que sofreram este agravo, a abordagem das demoras assistenciais em saúde, a compreensão destas mulheres sobre o evento de quase morte ocorrido com elas e a reconstrução por meio de figuras dos caminhos percorridos em busca de assistência. Os resultados obtidos evidenciaram pontos frágeis em comum tanto na saúde pública, quanto nos serviços de saúde suplementar, envolvendo questões relacionadas a informações insuficientes ou falta delas, qualificação profissional, acolhimento, questões de gênero e violação de direitos. Para as usuárias do serviço público o diferencial acrescentado foi a dificuldade de acesso aos serviços especializados para realização do pré-natal de alto risco. Este trabalho revelou como fundamental o papel da atenção primária à saúde, principalmente pela possibilidade de interferência direta nas demoras assistenciais I e II. As ações de avaliação e monitoramento sistemáticos dos indicadores de morbimortalidade materna e infantil, bem como o reconhecimento dos territórios e de outros determinantes sociais envolvidos no processo saúde-doença são imprescindíveis para direcionamento das políticas públicas de saúde, bem como para e reorganização dos processos de trabalho nos serviços públicos e privados. Utilizar os casos de quase morte materna como evento sentinela, demonstra-se uma ferramenta importante para elaborar propostas de vigilância, a fim de evitar a morte materna como desfecho final.
Mortalidade infantil em Londrina (PR) em anos recentes: características e percepções de gestores e profissionais de saúde
Lígia Goes Pedrozo Pizzo, Selma Maffei de Andrade, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 28/06/2010
A mortalidade infantil atinge um grupo populacional composto por nascidos vivos antes de completar um ano de vida, os quais são vulneráveis às condições de vida, intra e extra-uterina. Conhecer as causas de óbito e fatores associados pode fornecer subsídios aos serviços de saúde na melhoria da atenção à saúde. Assim, este estudo teve duas abordagens: uma quantitativa, que descreveu e comparou os perfis de mortalidade infantil no município de Londrina nos biênios 2000/2001 e 2007/2008, e outra qualitativa, que identificou a percepção de gestores e profissionais que atuam ou atuaram na assistência à saúde materno-infantil sobre fatores contribuintes para o declínio da mortalidade infantil no município, e as ações ainda necessárias para continuidade de redução dos valores desse indicador. Para o estudo quantitativo, foram usados os registros do Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materno-Infantil e o banco de dados de nascidos vivos do Paraná. Para a pesquisa qualitativa, os dados foram obtidos por meio de entrevistas com 38 profissionais de saúde, selecionados pela técnica da bola de neve. Os resultados quantitativos indicam que as crianças nascidas no final da década de 2000 tiveram menor risco de morrer no primeiro ano de vida comparadas com as nascidas em 2000-2001. Nos dois períodos estudados, verificou-se que mais da metade dos óbitos ocorreu no período neonatal, e as duas principais causas básicas de óbito foram decorrentes de afecções perinatais e anomalias congênitas. Os recémnascidos foram afetados em sua maioria por fatores maternos, complicações da gravidez e da placenta, cordão umbilical e das membranas. Houve um risco maior de morrer no segundo biênio para os nascidos vivos de mães com 35 anos ou mais (Risco Relativo [RR]=1,07) e para as crianças cujas mães tinham 12 ou mais anos de estudo (RR=2,13). No segundo biênio, diminuiu a taxa de mortalidade entre filhos de mulheres adolescentes (RR=0,70). Em relação ao tipo de parto, no início da década, as crianças nascidas por cesárea tinham menor risco de morrer comparadas com as nascidas por parto via vaginal, mas no final da década essa situação se inverteu. O risco de morrer diminuiu, no segundo biênio, para os recémnascidos com baixo peso, prematuros e com índice de apgar ≤ sete no primeiro minuto. Todavia, aumentou para aqueles nascidos por gravidez múltipla. Os resultados qualitativos mostram que os fatores percebidos como contribuintes para a redução dos óbitos infantis foram: as condições de vida, a atenção à saúde, o papel desempenhado pelas políticas e práticas setoriais e extrassetoriais e a formação de recursos humanos. Os desafios no momento dizem respeito à qualificação da atenção, mas permanecem questões relacionadas a recursos humanos, políticas públicas e ampliação de serviços.