Teses e Dissertações
Palavra-chave: Saúde da família
Sistema Único de Saúde: Paradigma Válido para a Odontologia? Representações dos Cirugiões Dentistas sobre o SUS
Sérgio Xavier de Carvalho, Luiza Nakama
Data da defesa: 16/04/2004
O Estado Brasileiro, enquanto promotor de justiça social tem, na atenção à Saúde, um de seus maiores desafios. Conta para tanto com um instrumento privilegiado e legítimo, fruto do esforço coletivo de atores sociais variados, constitucionalmente instituído: o Sistema Único de Saúde (SUS). O presente estudo partiu da necessidade de compreensão do processo histórico de construção do SUS, ontem e hoje, notadamente em sua relação com a atenção odontológica, diante dos seguintes fatores: a) mais de uma década e meia de instituição jurídica do SUS; b) Dificuldades na implantação do SUS como Modelo Assistencial de Saúde; c) Dificuldades específicas relativas à atenção odontológica no SUS; d) Possibilidade de os significados das representações sociais dos profissionais serem fatores explicativos desta realidade. Este estudo teve por objetivo verificar se o SUS é reconhecido como paradigma válido pelo cirurgião-dentista para a prática profissional odontológica. A presente pesquisa configura-se como um Estudo Comparativo de Casos, ou Estudo Multicaso (TRIVIÑOS,1987), ou ainda, um Estudo de Caso Coletivo (BERG, 1998), utilizando-se a metodologia de pesquisa qualitativa, podendo ser tipificado como uma pesquisa aplicada em Ciências Sociais. O grupo de estudo foi constituído de 26 profissionais cirurgiões-dentistas com atuação profissional vinculada ao Sistema Único de Saúde: profissionais dos serviços públicos de saúde e docentes; O grupo de estudo foi constituído de três Casos, aqui denominados subgrupos de estudo: a) Profissionais do serviço público tradicional, de Londrina (PR); b) Profissionais do Programa Saúde da Família (PSF), de Curitiba (PR); c) Docentes de escolas de Odontologia, de Londrina (PR). As representações dos profissionais entrevistados evidenciaram três possibilidades: a) Desconhecimento do SUS; b) Conhecimento e ceticismo; c) Conhecimento e Utopia. Conclui-se deste estudo que o SUS ainda é parcialmente reconhecido como referencial cognitivo e político-ideológico para a atenção odontológica pelos cirurgiões-dentistas.
A inserção da saúde bucal no PSF, perspectivas e desafios: a visão de odontólogos do Paraná
Adriana Prestes do Nascimento Palú, Adriana Mitsue Ivama
Data da defesa: 26/04/2004
O Programa Saúde da Família (PSF) surge como uma estratégia de reorientação das práticas sanitárias no Brasil. A inclusão da saúde bucal no PSF constituiu um avanço na reorganização das ações de saúde bucal na atenção básica. Representou a incorporação do conceito de saúde bucal como um componente da saúde em seu sentido mais amplo. O presente estudo teve como objetivo central a análise da inserção do odontólogo no PSF, no Paraná. Trata-se de uma pesquisa social com abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com dezessete odontólogos que atuam no PSF. No tratamento do material coletado foi utilizado o programa N-Vivo e foi realizada análise de conteúdo. Os resultados obtidos demonstraram que esses profissionais se inseriram no PSF de maneira não homogênea, com formação acadêmica distanciada da atuação de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde e de forma geral insuficiente para atuar neste modelo, com necessidades de (re)capacitação, na perspectiva da educação permanente. Na sua atuação cotidiana, estes profissionais cumprem as atribuições preconizadas referentes às ações clínicas, nem sempre sob um novo enfoque da saúde-doença, encontram deficiência na assistência secundária e não exercem plenamente as ações coletivas. Foram evidenciadas diferenças na atuação em equipe, e no estabelecimento de vínculos com a comunidade, sendo que estes eram facilitados quando havia melhor domínio conceitual e compreensão do modelo de atenção. Embora a maioria deles esteja consciente das mudanças em suas práticas, há dificuldades em lidar com tais mudanças. A precarização da forma de contratação parece ter grande influência no envolvimento do profissional com o serviço, principalmente em estratégias de longo prazo, à medida que explicitam dúvidas acerca do seu futuro e da própria estratégia do saúde da família. Concluímos que a inclusão da saúde bucal aponta para a mudança das práticas na atenção básica, embora haja muitas deficiências. Os principais desafios evidenciados no trabalho, tanto para a formulação de políticas como para a gestão dos serviços, foram a descontinuidade da atenção em outros níveis de atenção, o distanciamento entre a formação e o modelo de atenção vigente e a precarização das formas de contratação. A educação permanente dos profissionais, bem como a inserção de profissionais comprometidos com o processo, podem contribuir para a efetiva reorientação das práticas, voltadas para a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da saúde bucal, de modo universal, equânime e integral.
Avaliação de serviço público de odontologia no município de Cambé, Paraná
Vera Lúcia Ribeiro de Carvalho Bueno, Luiz Cordoni Júnior
Data da defesa: 06/06/2008
Em Cambé, Paraná, equipes Saúde Bucal foram incluídas no Programa Saúde da Família com
a finalidade de reorientar práticas em saúde. O objetivo desta dissertação é elaborar e aplicar
estratégia de avaliação em serviço público de odontologia neste município. A metodologia
usada foi o estudo de caso histórico-organizacional. Para o planejamento da avaliação foram
desenvolvidos o modelo-lógico do serviço e uma matriz que apresenta dimensões de análise,
critérios, indicadores, pontuações, parâmetros e fontes de informação. Para tal, foram
coletadas informações partindo da triangulação de métodos (observação, entrevista e análise
documental) e realizadas três oficinas de trabalho no decorrer do processo. A matriz subsidiou
o desenvolvimento de um instrumento de coleta de dados que foi aplicado em uma Unidade
Saúde da Família. O período de estudo foi de novembro de 2006 a julho de 2007. Como
resultado se obteve um fluxograma que retrata demanda espontânea, oferta organizada
assistencial da atenção básica e especializada, demanda de programas pré-existentes,
atividades coletivas, e uma matriz com duas dimensões de análise, doze critérios e vinte e
quatro indicadores. A pontuação geral obtida para a unidade avaliada foi classificada como
“aceitável”, em escala de parâmetros de quatro classes (crítico, regular, aceitável e
satisfatório). A Equipe Saúde Bucal participa de oficinas de Educação Permanente em Saúde
e reuniões semanais com a equipe Saúde da Família, mas não realiza atividades
multidisciplinares com freqüência. Conclui-se que o desenvolvimento dos indicadores
proporcionou o planejamento de uma avaliação adequada à realidade estudada. O
comprometimento dos sujeitos com o novo modo de se praticar a odontologia está sendo
conquistado à medida que o processo de trabalho vai sendo discutido, avaliado e aprimorado.
Educação em saúde: o cotidiano da equipe de Saúde da Família
Elisangela Pinafo, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 28/05/2010
A educação em saúde se faz presente no cotidiano da Atenção Básica, sendo uma
prática fundamental no contexto da Estratégia Saúde da Família. Nela, o
conhecimento no campo da saúde atinge o cotidiano da vida das pessoas, sendo
intermediado pela ação do profissional de saúde. Por constituir-se instrumento de
trabalho da equipe de saúde da família, esta pesquisa teve como objetivo analisar
a prática da educação em saúde no cotidiano da equipe de saúde da família,
identificando suas concepções, facilidades e dificuldades. Trata-se de um estudo
de caso qualitativo, realizado com duas equipes de saúde da família de um
município de pequeno porte, no Paraná. Os dados foram coletados nos meses de
abril a junho de 2009, por meio de observação e entrevistas semi-estruturadas. Da
análise dos discursos e das observações emergiram três categorias: Concepção
de educação em saúde; A prática cotidiana da educação em saúde e Expectativas
quanto às práticas de educação em saúde na Atenção Básica. Os entrevistados
demonstraram compreender a importância da prática da educação em saúde em
seu cotidiano e mostraram reconhecer a importância do seu papel enquanto
educador. O modelo de transmissão do conhecimento e o modelo curativo de
assistência à saúde encontram-se fortemente arraigados na concepção e nas
práticas de educação em saúde apresentada pelos profissionais da equipe de
saúde da família. A prática educativa ocorre tanto de maneira informal quanto
formal, sendo identificadas estratégias, potencialidades e fragilidades em sua
condução. Percebeu-se um movimento de mudança na concepção de educação
em saúde por parte de alguns profissionais, que apresentaram uma concepção
que vai em direção ao aprendizado mútuo e o respeito aos conhecimentos prévios
da população, porém esta ocorre de forma incipiente. Verificou-se a necessidade
de maior valorização do papel do trabalhador enquanto sujeito propulsor de
mudanças, ampliar a educação em saúde para o fortalecimento da participação
social e da autonomia dos usuários em direção a uma transformação no modelo
de atenção em saúde vigente.
Promoção da saúde e processo de trabalho dos profissionais de educação física do Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF
Alisson Marques de Mendonça, Mara Lúcia Garanhani
Data da defesa: 28/02/2012
A definição de promoção da saúde contemporânea tem seu marco na
Conferência de Ottawa no Canadá, em 1986, com o reconhecimento oficial
sobre a influência das questões sociais, políticas e econômicas na
determinação da saúde. O Brasil com o protagonismo do movimento sanitário
também construiu uma política a partir da década de 1980 que incorpora uma
concepção de saúde em sintonia com o movimento mundial. Os profissionais
de educação física apenas recentemente foram inseridos no Sistema Único de
Saúde (SUS) a partir da publicação da Política Nacional de Promoção da
Saúde (PNPS), em 2006, e da criação dos Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (NASF), em 2008, portanto, sua atuação nesse setor ainda é incipiente.
Sendo assim o objetivo do presente estudo foi identificar a concepção de
promoção da saúde dos profissionais de educação física que trabalham no
NASF no município de Londrina, Paraná. Para tanto realizamos uma pesquisa
qualitativa e como técnica de análise dos dados optamos pela análise do tipo
categorial – temática, conforme proposta por Bardin. Todos os profissionais de
educação física do município de Londrina que trabalhavam no NASF, no
momento da investigação foram entrevistados, totalizando 10 profissionais e
destes, três foram observardos. A partir da análise dos dados coletados foram
definidas três categorias: A concepção de promoção da saúde sob o olhar do
profissional de educação física; O processo de trabalho do profissional de
educação física; e A formação do Profissional de Educação Física e a
Promoção da Saúde. Apenas um dos profissionais definiu promoção da saúde
de maneira ampliada, considerando-se o marco representado pela Carta de
Ottawa. Houve confusão conceitual entre prevenção e promoção. O discurso
que coloca ênfase na responsabilização individual, em que a visão
comportamental e o viés biológico predominam, permearam muitas das falas.
O processo de trabalho do profissional de educação física reflete as
dificuldades inerentes à formação voltada predominatemente à dimensão
biológica em detrimento das discussões filósóficas, históricas e sociais na
relação atividade física e saúde. A articulação dos conhecimentos da saúde
coletiva com as teorias pedagógicas progressistas, estas pensadas
originalmente para o setor educacional, podem ensejar novos horizontes para a
prática profissional em educação física junto às Unidades Saúde da Família na
perspectiva da promoção da saúde.
A Residência Multiprofissional em Saúde da Família: o olhar do trabalhador de saúde
Carolina Milena Domingues, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 02/04/2012
A Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF) surge como uma das
possibilidades de integração ensino-serviço com vistas a formação dos profissionais
de saúde para atuar na Estratégia Saúde da Família (ESF). Para a consolidação da
proposta da RMSF, uma vez que ela forma os profissionais no ambiente de trabalho
real, torna – se imprescindível a participação do trabalhador de saúde na produção
de serviços integrada ao ensino. Nesse sentido, este estudo buscou revelar a
percepção dos trabalhadores das Unidades de Saúde da Família (USF) sobre a
RMSF e sobre a atuação destes profissionais na formação dos residentes. Trata-se
de um estudo qualitativo, realizado com trabalhadores de saúde atuantes em
Unidades de Saúde da Família (USF) contempladas com a inserção dos residentes
da RMSF, em Londrina-PR. Os dados foram coletados entre janeiro e fevereiro de
2011 por meio de entrevistas semi-estruturadas e submetidos a análise de discurso
proposta por Martins e Bicudo. Da análise das entrevistas emergiram três categorias:
concepções e contribuições da RMSF para mudança do processo de trabalho do
trabalhador de saúde da USF; dificuldades percebidas no processo de inserção da
RMSF nas USF e participação do trabalhador de saúde no processo de formação do
residente. Os discursos revelaram que o significado da RMSF para o trabalhador de
saúde permeou o âmbito das concepções sobre o curso, como o fortalecimento das
ações pautadas na integralidade, na realização do trabalho em equipe
multiprofissional, na potencialização da escuta qualificada, do vínculo, da prevenção,
com junção da teoria com a prática. Estas concepções desencadearam a percepção
sobre o projeto como uma contribuição que transcende a formação do residente
para também mudar as práticas do trabalhador de saúde, consolidando a ESF de
acordo com os ideários do SUS. Apesar do significado da residência para os
trabalhadores, houve dificuldades no processo de inserção dos residentes nas
unidades. Os participantes do estudo enfatizam dentre os percalços sentidos
durante o primeiro ano do curso, as formas de inserção dos residentes de
Enfermagem e Odontologia nas USF, que aconteceu mediante a saída de
profissionais do serviço já atuantes nas equipes para dar lugar aos alunos, e a
indefinição do papel dos residentes das categorias profissionais que não atuavam na
unidade anteriormente. A principal dificuldade percebida no decorrer dos anos foi o
fato do residente assumir a responsabilidade pela assistência e pela USF como um
profissional com vínculo empregatício. Ficou evidente na fala dos participantes, a
sua grande participação na formação do residente, constituindo-se em um dos
atores do curso com maior envolvimento nas atividades cotidianas dos alunos,
principalmente por sua experiência e vivência na prática do processo de trabalho de
uma unidade. Espera-se que os resultados deste estudo colabore para o
conhecimento do cenário de atuação do projeto da RMSF em Londrina, além de
enriquecer as produções científicas sobre o tema para manutenção do curso como
estratégia na formação do trabalhador para atuar na ESF.
Apoio matricial na atenção primária à saúde na perspectiva dos profissionais da estratégia saúde da família
Melissa Aparecida Vernini Yamaguchi, Regina Melchior, Rossana Staevie Baduy
Data da defesa: 30/05/2014
O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), criado em 2008, é constituído por
equipes com profissionais de diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar
em conjunto com as equipes de Saúde da Família (eSF), utilizando ferramentas
como o apoio matricial, para oferecer tanto retaguarda assistencial quanto suporte
técnico-pedagógico às eSF. Contudo, o matriciamento na atenção primária à saúde
é um processo ainda em construção, demanda mudanças de práticas e apresenta
obstáculos em sua implementação. Sendo assim, este estudo teve como objetivo
compreender o apoio matricial desenvolvido pelo NASF sob a perspectiva dos
profissionais das equipes Saúde da Família (eSF). Esta foi uma pesquisa
exploratória, descritiva, do tipo qualitativa, realizada em quatro Unidades Básicas de
Saúde (UBS) do município de Londrina – PR, vinculadas a um NASF. Os sujeitos
foram integrantes das eSF de cada UBS, totalizando 15 participantes, sendo que em
cada UBS foi entrevistado um de cada categoria profissional. Os instrumentos
utilizados no trabalho de campo foram a observação, a entrevista e a análise
documental, e para análise dos resultados foi realizada análise de conteúdo,
segundo Bardin. Da análise das entrevistas emergiram as seguintes categorias:
1.Compreendendo a organização do NASF; 2.Concepção de apoio matricial;
3.Encontro NASF e equipes SF e 4.Aspectos facilitadores e dificultadores do
trabalho do NASF. Os discursos evidenciaram que a organização do trabalho do
NASF era reconhecida pelos profissionais da eSF, pelas agendas e visitas
domiciliares individuais, responsabilização prioritária do NASF pelos grupos com a
comunidade, raros momentos de encontros e interação entre os profissionais do
NASF e eSF. Porém há certa tentativa de articulação de ações e interação entre
esses profissionais. Na relação NASF e eSF ainda predomina a fragmentação do
cuidado e a lógica do encaminhamento. Com relação ao matriciamento, houve
avanço nessa prática, porém os participantes compreendem essa metodologia de
trabalho como sinônimo de uma reunião mensal para discussão de casos somente,
e havia pouca valorização desse espaço pelos profissionais das eSF. Havia
dificuldade no processo de trabalho matricial, devido ao pouco tempo, dos
integrantes do NASF, em cada unidade. A fragmentação do cuidado ainda se mostra
como obstáculo estrutural a ser vencido pelas novas práticas. Há necessidade de
produção de espaços de reflexão e análise do processo de trabalho para os
trabalhadores das equipes de saúde da família e NASF para que possam produzir e
disseminar inovações na prática do apoio matricial.
Grupos de educação em saúde como espaço de construção de corresponsabilidades: um estudo de caso
Fernanda de Freitas Mendonça, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 20/12/2012
O objetivo desse estudo foi analisar as atividades de grupo de educação em saúde
desenvolvidas pelas Equipes de Saúde da Família (ESF) como espaços de
constituição de sujeitos corresponsáveis. Trata-se de um estudo quanti-qualitativo
que utilizou a metodologia de estudo de caso para melhor apreensão do objeto de
pesquisa. O estudo foi realizado no município de Campo Mourão e a coleta de dados
ocorreu no período de novembro de 2010 a fevereiro de 2011. Durante esse período,
foram realizadas duas etapas de coleta de dados. A primeira quantitativa realizada
com todos os profissionais vinculados à ESF por meio de um formulário e a segunda
qualitativa desenvolvida com usuários dos grupos de educação em saúde por meio
de entrevista. Os dados quantitativos foram analisados por meio de medidas de
ocorrência, já os qualitativos com o uso da técnica de análise de discurso proposta
por Martins e Bicudo. Os resultados revelaram que a maioria das ESF realizava o
grupo de educação em saúde, contudo, verificou-se traços da pedagogia de
transmissão de conhecimentos com foco, predominantemente, em assuntos que
tratam apenas das doenças. Em relação às potencialidades e desafios para a produção
de corresponsabilidades, verificou-se a presença de algumas dualidades, sobretudo,
relacionadas ao aprendizado e à alteração no estilo de vida. Em geral, os que mais se
destacaram como elementos que favorecem a construção de corresponsabilidades
foram: a disposição do usuário de aprender e assumir o autocuidado bem como a
valorização do conhecimento adquirido; a utilização do saber popular; a construção
de conhecimento; a alteração no estilo de vida e manutenção do controle da doença; e
o apoio social. Por outro lado, a utilização de metodologias pouco participativas, a
dificuldade de aprendizado dos usuários, o discreto interesse em mudar a forma de
realização dos grupos e a incipiente utilização de instrumentos de avaliação surgiram
como elementos que dificultam a produção de sujeitos corresponsáveis. Diante disso,
embora os grupos de educação em saúde tenham o potencial de produção de
corresponsabilidade, isso só irá ocorrer na medida em que forem compreendidos
pelos seus diferentes atores, e adotados como estratégias de gestão em paralelo com a
formulação de políticas públicas que ofereçam as condições mínimas para que as
mudanças implicadas no processo de educação em saúde sejam concretizadas