Teses e Dissertações
Palavra-chave: Saúde Coletiva
EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE COLETIVA: APROXIMAÇÕES ACADÊMICAS E PROFISSIONAIS
JOAMARA GOMES DOMINGUES DE OLIVEIRA , Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 26/02/2025
Introdução: A institucionalização da Saúde Coletiva no Brasil foi e é mediada por muitos
acontecimentos desde a década de 1970 advindos da Saúde Pública, quando se inicia
formalmente sua estruturação por meio de avanços das ciências sociais na saúde e na
formação de recursos humanos, sendo nesta década criados os primeiros programas de
mestrado e doutorado em Saúde Pública e Medicina Social do país, que mais tarde foram
integrados ao campo hoje formado pela Saúde Coletiva. Na primeira década dos anos 2000,
em decorrência da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e seus princípios,
especialmente o da integralidade, inicia-se uma ampliação do campo de atuação da Educação
Física por meio de resoluções e políticas públicas decorrentes da visão ampliada de saúde,
conectando a Educação Física à Saúde Pública. Objetivo: analisar aproximações acadêmicas
e profissionais da Educação Física com a Saúde Coletiva. Objetivos específicos: 1) verificar a
intenção de atuar no SUS de estudantes de bacharelado em Educação Física de três
instituições públicas do Paraná; 2) verificar a inserção de profissionais de Educação Física nos
mestrados acadêmicos em Saúde Coletiva e Saúde Pública no Brasil de 2010 a 2019.
Métodos: esta tese foi estruturada no modelo de compilação de artigos, e cada objetivo
específico foi trabalhado em um artigo científico, cada um com métodos, resultados,
discussão e considerações finais próprios. O primeiro objetivo foi desenvolvido a partir de um
estudo transversal e descritivo em que 349 estudantes responderam questionário sobre
informações sociodemográficas, percepções sobre o SUS, conhecimento sobre Programas
Públicos para Práticas Corporais e Atividades Físicas (PCAF) e intenção de atuação
profissional no SUS, especificamente em Unidades Básicas de Saúde (UBS), hospitais que
atendem SUS e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Para contemplar o objetivo dois, foi
realizado um estudo descritivo em que se buscou identificar os programas com nome Saúde
Coletiva e Saúde Pública com dissertações defendidas no período de interesse (2010-2019),
sendo elegíveis 35 programas de mestrado acadêmico para esta investigação. Nos sites desses
programas realizou-se busca das dissertações e posteriormente, identificou-se a formação
inicial de cada egresso (a) no currículo Lattes, sendo identificados 149 egressos com
formação inicial em Educação Física. Resultados: artigo 1) Cerca de quatro em cada 10
estudantes referiram ter intenção de atuar em ao menos uma das possibilidades analisadas:
30,4% em UBS, 27,5% em hospitais e 24,6% nos CAPS. As prevalências foram maiores entre
as mulheres, entre os que referiram avaliação mais positiva sobre o SUS, entre os que
conheciam programas públicos que ofereciam PCAF e entre aqueles que já tinham ouvido
falar do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF-AB) e do Programa Academia da Saúde
antes de entrar na universidade. Artigo 2) Foram analisadas informações de 5.629 egressos e
destes, 149 (2,6%) tinham formação inicial em Educação Física. Dos 35 programas
investigados, 27 (77,1%) tinham ao menos um egresso com formação inicial em Educação
Física. Os programas com maior percentual de egressos com formação inicial em Educação
Física foram UFRGS (11,3%), FURG (10%), UNIFESP (6,4%), UFSC (6,1%), UECE
(5,8%), UNISINOS (5,1%) e UEFS (4,8%). Considerando a análise ano a ano (2010 a 2019),
observou-se que a porcentagem de egressos com formação inicial em Educação Física variou
de 1,9% a 4,3% e quando realizada a análise por quinquênio (2010-2014 e 2015-2019), apesar
de não ter sido observada diferença significativa, verificou-se crescimento de 36,4%, sendo
maior na região Sul (76,1%), mas sendo observada diminuição de 20% na região Sudeste.
Conclusão: no primeiro artigo, considerando que a Educação Física é uma profissão que possibilita ampla atuação, pode-se considerar relativamente alta a proporção de estudantes
que referiu interesse em atuar no SUS, especialmente na APS. No segundo artigo, no geral,
houve crescimento da participação de egressos da Educação Física em mestrados acadêmicos
em Saúde Coletiva e Saúde Pública no Brasil no período de 2010 a 2019. Entretanto essa
participação ainda é incipiente e mostra grande variação entre as regiões e entre as instituições
do país. Como conclusão geral da tese reforça-se a importância de potencializar experiências
sobre a Saúde Coletiva e a Saúde Pública em cursos de graduação em Educação Física, tanto
na licenciatura como no bacharelado, por docentes com expertise no assunto para
instrumentalizar adequadamente os futuros PPEF (Professores e Profissionais de Educação
Física) sobre as especificidades e possibilidades desse campo de atuação profissional, bem
como sobre as possibilidades de inserção em cursos de pós-graduação Stricto Sensu na área de
Saúde Coletiva e Saúde Pública.
EXISTIR TRANSFRONTEIRIÇO: VIDA E DIREITOS NA ATENÇÃO À SAÚDE DA FRONTEIRA INTERNACIONAL ENTRE ARGENTINA, BRASIL E PARAGUAI
Carlos Guilherme Meister Arenhart, Alberto Durán González
Data da defesa: 12/01/2024
Introdução: A saúde coletiva na região transfronteiriça entre Brasil, Paraguai e Argentina
esteve condicionada historicamente pelo distanciamento da oferta de atenção à saúde que
considere as dinâmicas próprias do lugar. A experiência do cidadão transfronteiriço nos
sistemas públicos de saúde do lugar representa pistas fundamentais para costuras próprias
de organização dos Estados para que se materialize uma oferta digna e resolutiva. Objetivo:
Analisar como o cidadão transfronteiriço entre de Foz do Iguaçu – Brasil, Ciudad Del Este –
Paraguai e Puerto Iguazú – Argentina experencia a Atenção à Saúde. Métodos:
Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa na qual foram realizadas 16 entrevistas
semiestruturadas com cidadãos nos sistemas de saúde pública dos três lados da fronteira. As
entrevistas ocorreram no período de setembro a outubro de 2023 e o tempo de cada entrevista
variou de 25 a 40 minutos. Os critérios de seleção foram aleatórios e concretizados com a
disponibilidade e interesse em participação no estudo. Para a organização dos achados
utilizou-se a Análise de Discurso e as análises destes partiram da sustentação epistemológica
advinda da filosofia da existência. Resultados e Discussão: A cidadania transfronteiriça
firmou pelos discursos que a saúde coletiva no lugar possui importantes desafios a serem
superados. Os mundos da permanência no lugar, do acesso à saúde, do direito à saúde e do
colapso existencial dos sistemas de saúde foram explorados analiticamente. O cidadão
transfronteiriço permanece no lugar motivado pela tríade labor, amizade e família. No acesso
à saúde existem barreiras e facilitadores na ponte que materializa a atenção à saúde. As
barreiras interditam o caminhar do cidadão transfronteiriço e produzem sofrimento. No âmbito
do direito à saúde constaram-se movimentos tensionadores entre os cidadãos em seus
olhares sobre o direito à saúde ao cidadão transfronteiriço e há um espaço-entre de conflito.
Há um colapso existencial da saúde coletiva pública e este é representado pelas experiências
cidadãs na atenção à saúde. Considerações Provisórias: Os mundos saúde coletivistas
para o cidadão transfronteiriço, ao experienciar a atenção à saúde nos sistemas públicos de
saúde demonstrou a necessidade de costuras urgentes, nacionais e internacionais, de
políticas de saúde sensíveis às demandas de quem projeta suas vidas nesse lugar. O cidadão
transfronteiriço ao lançar o si-mesmo nestes mundos compõe condições próprias que trazem
pistas importantes para o futuro dos sistemas públicos de saúde da fronteira trinacional.
Arte e Cuidado em Saúde: experienciação do cuidado nos encontros vividos no Projeto Sensibilizarte
Flávia Maria Araújo, Maira Sayuri Sakay Bortoletto
Data da defesa: 29/03/2021
Aguardando publicação em periódico científico.
Bem-estar emocional e doenças crônicas: associação da autopercepção da felicidade, amor e bom humor à condição de saúde de adulto e idosos de Matinhos, Paraná
Milene Zanoni da Silva Vosgerau, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 16/05/2012
Este estudo, de base populacional e delineamento transversal, teve como objetivo analisar a associação de desfechos relacionados ao bem-estar emocional como autopercepção
de felicidade, amor e bom humor à presença de hipertensão arterial, diabetes mellitus,
depressão e dor crônica. A população de estudo consistiu em adultos com 40 anos ou
mais residentes permanentemente no município de Matinhos/PR. A coleta de dados, que
utilizou dados dos setores censitários do IBGE, foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com questões referentes às variáveis socioeconômicas e demográficas, estilo
de vida, fatores relacionados a emoções e situações positivas, religião, espiritualidade e
crenças pessoais, saúde autorreferida, consumo contínuo de medicamentos e uso dos serviços de saúde. Para análise estatística utilizou-se a regressão logística, cujos desfechos
foram os indicadores de bem estar emocional. Entrevistou-se 638 indivíduos entre abril e
julho de 2011. A perda foi de 4,5%. Como resultado, mais da metade dos entrevistados
tinham entre 40 e 59 anos (58,9%), não chegaram a concluir o primeiro grau (57,5%), não
tem vínculo empregatício (60,6%) e foram classificados no estrato C da ABEP (57,1%),
sendo que 29,8% das famílias tem renda inferior a R$ 600,00. Do total de entrevistados,
apenas 32,6% apresentaram escores ≥ 30, que segundo a classificação escala de satisfação
com vida (SWLS) são considerados como extremamente satisfeitos. A média do escore na
SWLS foi de 25,38 [dp=6,04], sendo que o maior preditor para a autopercepção positiva
da felicidade foi menor intensidade da dor crônica. Com relação ao amor, 82,1% referiram
se sentirem amados sempre por seus familiares e amigos. A frequência de bom humor,
ou seja, sorrir sempre ou na maior parte das vezes foi de 75,5%. No desfecho conjugado de bem-estar emocional – felicidade, amor e bom humor – a prevalência encontrada
foi 24,9%. Os fatores ‘dor crônica’ e ‘depressão’ se mantiveram associados inversamente
ao bem-estar emocional, o que aponta que estas patologias atuam como marcadores relevantes de baixa qualidade de vida, ao passo que, valores, crenças religiosas e renda
– questões vinculadas às dimensões espirituais, existenciais e materiais – se mostraram
como significativos indicadores positivos de bem-estar emocional. A partir dos achados
da investigação, foi possível identificar contribuições e desafios para concepção do objeto
saúde, prática clínica e políticas públicas da perspectiva positiva para o campo da saúde
coletiva. Sugere-se que seja inserida a reflexão acerca dos fatores de promoção da saúde e
indicadores positivos na formação permanente dos profissionais de saúde, com intuito de
consolidar movimentos importantes para o Sistema Único de Saúde, tais como Estratégia
Saúde da Família, Cidades Saudáveis e Redes de Cuidados em Saúde.