Teses e Dissertações
Palavra-chave: Saúde
Autopercepção de saúde em adultos e idosos brasileiros: estudos baseados em inquéritos nacionais.
Andressa Carine Kretscher, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 02/02/2023
Introdução: A Autopercepção de Saúde (AS) é considerada uma medida de fácil
aplicação e um bom preditor de morbimortalidade. Pesquisas relacionando o
comportamento alimentar, ou relacionando a AS na população de baixa escolaridade
demonstram-se escassos na literatura. Objetivo: No primeiro estudo objetivou-se
relacionar a AS positiva com comportamentos alimentares em uma amostra de adultos
e idosos. No segundo objetivou-se relacionar a AS positiva a variáveis
sociodemográficas, comportamentais e de apoio social com uma amostra de idosos
de baixa escolaridade. Metodologia: Trataram-se de dois recortes de estudos
transversais, o primeiro estudo, foi realizado com uma amostra de adultos de três
diferentes faixas etárias (adultos jovens, de meia-idade, e idosos) residentes de 26
capitais brasileiras e do Distrito Federal entrevistados pelo Sistema de Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico -
VIGITEL do ano de 2017. No segundo recorte, fez-se uso de uma amostra de idosos
de baixa escolaridade (de 0 a 4 anos de estudo), de diversas regiões do Brasil
entrevistados pela Pesquisa Nacional de Saúde - PNS do ano de 2019. A variável
dependente de ambos os estudos foi a AS positiva, as variáveis independentes do
primeiro recorte foram sete comportamentos alimentares e do segundo variáveis
sociodemográficas, comportamentos de saúde e apoio social. Em ambos os recortes
se fez a análise descritiva dos amostrados e posteriormente construiu-se modelos de
regressão de Poisson. Resultados: No primeiro estudo, foram considerados 52.166
indivíduos residentes nas capitais brasileiras, a prevalência de AS positiva foi de
66,3% obteve-se associações com todos os comportamentos alimentares estudados
em ambos os sexos com os adultos jovens. As variáveis das quais obteve-se relações
mais fortes foram o consumo regular de frutas e o consumo regular de hortaliças
nestes obteve-se associações em todos os grupos (variando de RPaj=1,31; IC95%
1,18-1,46 a RPaj=1,14; IC95% 1,09-1,19 no consumo de frutas e de RPaj=1,36;
IC95% 1,23-1,50 a RPaj=1,21; IC95% 1,13-1,30 no consumo de hortaliças).
Constatou-se relação linear positiva entre o número de comportamentos alimentares
positivos e a prevalência de AS positiva. No segundo recorte, em que foram
considerados dados de 12.367 idosos, a prevalência de AS positiva foi de 36,7%,
sendo que menores prevalências foram observadas nos pretos e pardos, e nos
homens viúvos. Maiores prevalências foram encontradas naqueles que possuíam
renda mais elevada (sendo de até RPaj=1,18; IC95% 1,11-1,24 nas mulheres e
RPaj=1,29; IC95% 1,22-1,37 nos homens dos quais recebiam mais de 3 saláriosmínimos) e naqueles que realizaram pelo menos uma consulta anual com médico
(RPaj=1,25; IC95% 1,16-1,35 nos homens, e RPaj=1,22; IC95% 1,16-1,28 nas
mulheres). Além destas associações, somente nas mulheres foram encontradas
maiores prevalências nas solteiras, nas que praticavam atividade física no lazer,
consumiam frutas e hortaliças, participavam de associações comunitárias e de
atividades religiosas. Conclusões: Reforça-se a importância de políticas que promovam a adoção de comportamentos saudáveis, estímulo da participação social,
da busca mais frequente por serviços de saúde, e de políticas em prol da melhoria da
renda para a população com menos anos de estudo.
Palavras-chave: Estilo de Vida, Percepção, Saúde, Inquéritos Populacionais
Incapacidade funcional entre adultos de 40 anos ou manis idade: Estudo de base populacional
Cristhiane Yumi Yonamine, Tiemi Matsuo, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 30/05/2012
O envelhecimento populacional é um fenômeno que concorre para um aumento da
prevalência das doenças crônicas e da incapacidade funcional. Envelhecer mantendo
todas as funções não significa problema para o indivíduo ou para a comunidade,
entretanto, quando a autonomia funcional começa a deteriorar, os problemas começam a
surgir. A incapacidade funcional é um importante indicador de saúde, uma vez que
reflete a piora da qualidade de vida e os graves impactos sociais, tais como a
institucionalização e o aumento do uso de serviços de saúde. O presente estudo teve por
objetivo analisar a prevalência e os fatores associados à incapacidade funcional entre
adultos residentes na região urbana do município de Cambé, Paraná. Trata-se de um
estudo transversal, de base populacional, realizado com adultos de 40 anos ou mais de
idade, no período de fevereiro a junho de 2011. As variáveis dependentes pesquisadas
foram os fatores associados à dificuldade de subir e descer escadas e os fatores
associados à autonomia funcional em dois grupos etários. A população foi composta de
1336 sujeitos elegíveis, dos quais 1180 foram entrevistados. A prevalência da
incapacidade funcional encontrada nas atividades básicas de vida diária apresentou-se
baixa e aumentou progressivamente com a idade. As dificuldades mais frequentes
referem-se às atividades de urinar (5%), subir e descer escada (24%), ler ou enxergar
(78,3%), memorizar (28,9%) e lavar roupa (23,4%). Os fatores associados à dificuldade
de subir e descer escada foram: ser do sexo feminino, não ter trabalho remunerado,
pertencer à classe econômica C, D ou E, não praticar atividade física no lazer, ter
histórico de doenças crônicas, ter histórico de quedas nos últimos 12 meses e ser obeso.
Observou-se que 46,5% das pessoas estudadas apresentavam a autonomia funcional
preservada e alguns fatores associados à autonomia funcional foram distintos entre
idosos e não idosos. Ter trabalho remunerado, praticar atividade física no lazer e não ter
histórico de artrite/artrose foram comuns a ambos os grupos, mas a escolaridade e a
ausência de histórico de diabetes associaram-se apenas na faixa etária de 40 a 59 anos,
enquanto que histórico de problemas na coluna relacionou-se apenas às pessoas de 60
ou mais anos de idade. Os resultados apontam a necessidade de ampliar as ações e as
estratégias assistenciais, principalmente na atenção básica, visto a magnitude de
algumas dificuldades que interferem na autonomia funcional e os fatores associados à
incapacidade e à autonomia funcional.