SARCOPENIA EM IDOSOS EM TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE DOENÇA DE ALZHEIMER
LINDSEY MITIE NAKAKOGUE , Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 25/10/2024
A associação dos diagnósticos de Doença de Alzheimer (DA) e sarcopenia é bastante comum, afinal são duas doenças que afetam a população idosa e há evidências de que compartilham alguns aspectos da fisiopatologia. Ao mesmo tempo, a sarcopenia é subdiagnosticada nessa população porque pode ser interpretada como um fenômeno natural na evolução da demência, mas na realidade pode estar contribuindo para o agravamento da funcionalidade na pessoa com DA. Analisar os fatores associados ao diagnóstico de sarcopenia provável em pacientes que iniciaram o tratamento recentemente para a DA foi o objetivo principal deste estudo longitudinal. Foram entrevistados 55 idosos com o diagnóstico de DA que estavam em acompanhamento médico na Policlínica do Município de Londrina/Brasil durante os anos de 2022 e 2023. Foram excluídos idosos com diagnóstico de Doença de Alzheimer em estágio avançado pelo Clinical Dementia Rating ou que tivessem diagnóstico concomitante de outras doenças que pudessem causar sarcopenia. Os idosos foram submetidos a um questionário sociodemográfico, avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC), avaliação cognitiva por meio do MEEM, avaliação de funcionalidade através do Índice de Katz e ao questionário de triagem de sarcopenia SARC-F+CP em três momentos: no início, com 4 e 8 meses. Além disso foram coletados exames laboratoriais referentes ao estado nutricional. Dos 55 idosos analisados,15 (27,3%) estavam com sarcopenia provável ao final de 8 meses de acompanhamento. O diagnóstico de sarcopenia provável não teve associação com o tipo de anticolinesterásico em uso, com o relato de efeitos colaterais relacionados ao tratamento da DA, com comorbidades, com polifarmácia, com o uso de medicações com potencial anorexígeno, com alterações laboratoriais, com a prática de exercício físico, nem com redução no escore do MEEM ou valor do IMC. Não houve associação do diagnóstico de sarcopenia com o sexo, no entanto, quanto maior a idade, maior o risco de sarcopenia, RR= 1,091 (IC95% 1,018- 1,170, p=0,013), ou seja, aumento de 9% no risco a cada ano de vida. Houve associação da redução da circunferência de panturrilha com a sarcopenia, sendo CP < 33- 34 cm RR= 9,391 (IC95% 2,973-29,664, p<0.001). Os idosos com sarcopenia provável tiveram mais quedas, RR= 2,459 (IC95% 1,190-5,081, p=0,015) e pioraram funcionalidade, RR= 5,136 (IC95% 2,593 10,175, p=0,015) em comparação aos idosos sem sarcopenia. A prevalência de sarcopenia em idosos com doença de Alzheimer é alta e deve ser investigada durante o acompanhamento de cada paciente idoso, para prevenir desfechos negativos como quedas e perda de funcionalidade.
Capacidade funcional e composição corporal em indivíduos com mais de 55 anos
Renata Maciulis Dip, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 11/08/2014
As perdas de massa magra e de força muscular apresentam grande impacto na qualidade de vida e na mortalidade de idosos. Este estudo, realizado por meio de inquérito domiciliar e aferição da composição corporal e da força muscular a domicílio, derivado de uma pesquisa de base populacional, teve por objetivos analisar o papel da baixa massa magra, da força muscular baixa e da obesidade na dificuldade para utilizar escadas e na dependência para a realização das Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), assim como analisar também o papel das comorbidades na relação entre a composição corporal e capacidade funcional. A composição corporal foi avaliada pelo método de bioimpedância corporal e a força muscular pelo dinamômetro de preensão palmar. A capacidade funcional foi avaliada para a realização de Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD), AIVD e capacidade para utilizar escadas. A população de estudo foi constituída por pessoas com mais de 55 anos residentes no município de Cambé, PR. A amostra foi constituída por 451 pessoas, proporcionais aos setores censitários da área urbana do município. Houve 83 perdas (18,4%), por recusa à participação ou pelo fato do indivíduo não ter sido encontrado no domicílio após 4 tentativas de visita. Foram entrevistadas 368 pessoas, com idade entre 56 e 91 anos. A média de idade encontrada foi de 65,4 anos, sendo que 60% eram mulheres, cerca de 80% dos entrevistados pertenciam às classes econômicas B e C e 60% referiu ter de um a oito anos de estudo. A obesidade foi encontrada em 36% das mulheres e 25% dos homens. Para os homens, a força muscular baixa foi um fator associado à dificuldade para utilizar escadas e para a realização das AIVD independentemente da massa muscular, da idade e da obesidade. No entanto, quando analisamos as comorbidades juntamente com a composição corporal, a força deixa de ser um fator independente. Para os homens, a dor crônica em membros inferiores (MMII) e a obesidade foram os fatores independentemente associados à dificuldade para utilizar escadas. Para a realização das AIVD, a IC foi o único fator associado de forma independente à dificuldade. Para as mulheres, a força muscular baixa e a obesidade foram os fatores associados à dificuldade para utilizar escadas independentemente da idade e da massa magra baixa. Quando as comorbidades são analisadas conjuntamente, a força muscular baixa e a obesidade se mantêm como fator associado, e surgem outros dois fatores: a dor crônica em membros inferiores e a depressão. Já para a realização das AIVD, a idade, a força muscular baixa e a baixa massa magra associaram-se de forma independente à dificuldade. Ao analisarmos conjuntamente as comorbidades, apenas a faixa etária (ter 65 anos ou mais) associou-se independentemente à dificuldade. A prevenção da perda de força muscular deveria ser priorizada pelas políticas de saúde pública, no intuito de retardar e reduzir a dependência funcional dos idosos.