Teses e Dissertações
Palavra-chave: Relações de poder
Formação dos Trabalhadores da Saúde na Residência Multiprofissional em Saúde da Família: uma cartografia da dimensão política
Carolina Pereira Lobato, Regina Melchior
Data da defesa: 28/06/2010
No intuito de colaborar com o debate das Residências Multiprofissionais em Saúde,
o presente estudo buscou compreender, através do olhar cartográfico, de que forma
a residência contempla a dimensão política na formação dos trabalhadores. Fala-se
da dimensão política como reconhecimento das relações de poder existentes na
formação dos trabalhadores e lugar em que as intencionalidades da formação se
explicitam. É nesta dimensão que a função social do trabalhador e das instituições
formadoras pode ser debatida, sendo lugar de disputa dos projetos de saúde e
sociedade colocados em pauta pelos sujeitos em formação. Para tanto, vivenciou-se
o processo educativo de um programa de residência no interior de São Paulo. A
experiência ocorreu em janeiro e fevereiro de 2009. Além dos diários de bordo,
foram realizadas entrevistas a 14 sujeitos envolvidos no processo educativo, bem
como análise de alguns documentos oficiais relacionados ao Programa e às
Residências Multiprofissionais em Saúde. A análise foi dividida em três cartografias:
cartografia da dimensão política nas relações nas práticas pedagógicas, nas
relações nas práticas de gestão e nas relações no cuidado. Para a compreensão de
como a Residência contempla a politicidade na formação, analisaram-se alguns
acontecimentos de um território vivo reconhecendo as linhas de força presentes nos
encontros entre os sujeitos envolvidos na produção do cuidado e na produção
pedagógica na formação dos trabalhadores da saúde. Seja na micropolítica dos
serviços, da relação entre educadores e educandos nos espaços pedagógicos, ou
na macropolítica, nos rumos da Política de Educação Permanente no Brasil,
reconhecer os interesses em disputa e as relações de poder existentes se faz
necessário. Para tanto, os processos educativos devem considerar as linhas de
força que disputam os diversos projetos de saúde e de sociedade que permeiam os
discursos e práticas. Ressalta-se, assim, a necessidade de formar agentes
micropolíticos para o fortalecimento do SUS, tanto para disputar a qualificação das
práticas no mundo do cuidado como para tensionar o fortalecimento do SUS como
política pública. Neste sentido, as residências podem ser potentes dispositivos para
a formação do trabalhador da saúde em defesa do SUS.