Teses e Dissertações
Palavra-chave: Professor
Prevalência de dor crônica e associação com percepções e condições de trabalho dos professores da rede estadual de ensino de Londrina (PR)
Flávia Lopes Gabani, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 26/04/2017
As condições de trabalho estão relacionadas à ocorrência de dor em professores, a
qual resulta em limitação das atividades diárias, maior número de consultas
médicas, afastamento do trabalho e pior qualidade de vida. O processo álgico pode
ser deflagrado e perpetuado por diversos motivos, que podem diferir de acordo com
as características laborais e as regiões do corpo afetadas. Elucidar esse fenômeno
de forma mais detalhada pode reduzir danos adicionais à saúde do professor. Este
estudo teve por objetivo caracterizar a dor crônica, prevalência e regiões do corpo
mais afetadas, e associar com percepções e condições de trabalho de professores
da rede estadual de ensino de Londrina (PR). Tratou-se de estudo transversal
realizado no período de 2012 a 2013 com professores do ensino fundamental e
médio. Foram excluídos os educadores readaptados ou afastados de função, com
menos de um ano de serviço e com diagnóstico de neoplasia maligna. O desfecho
dor crônica foi dividido em três regiões do corpo: membros superiores, coluna lombar
e membros inferiores. A análise estatística ocorreu por meio de três modelos de
regressão de Poisson e cálculo da razão de prevalência ajustados por variáveis
sociodemográficas, de estilo de vida e comorbidades. Para comparação das
proporções de professores com e sem dor crônica utilizou-se o teste Qui-quadrado
com correção de Yates, considerando nível de significância de 5% (p < 0,05). A
amostra final correspondeu a 958 professores. Dor crônica foi referida por 408
(42,6%) docentes, com maior frequência em mulheres, na faixa etária acima de 40
anos, da raça/cor branca e amarela/indígena, entre aqueles que não realizavam
atividade física pelo menos uma vez por semana ou realizavam de forma
insuficiente, e não consumidores de álcool. Também foi mais frequente na
população com vínculo empregatício tipo estatutário e com tempo de atuação como
professor acima de 20 anos. As regiões reportadas como mais dolorosas foram
membros superiores, cabeça, membros inferiores e coluna lombar. No modelo final
da regressão de Poisson, dor nos membros superiores foi significativamente mais
frequente entre professores que consideravam que as seguintes situações afetavam
seu trabalho: condições para escrever no quadro e para carregar o material didático,
tempo que permanecia em pé e posição do corpo em relação ao mobiliário e
equipamentos. Também houve associação da dor em membros superiores com a
percepção regular/ruim sobre a quantidade de alunos em sala de aula e o equilíbrio
entre vida pessoal e profissional. A dor na coluna lombar associou-se à percepção
de que escrever no quadro afetava seu trabalho. A dor em membros inferiores
associou-se ao tempo de profissão > 20 anos, à percepção regular/ruim quanto ao
equilíbrio pessoal e profissional e à percepção de que o tempo que permanecia em
pé afetava o trabalho. Foram evidenciadas percepções e codições relativas ao
trabalho docente associadas a diferentes regiões corpóreas afetadas por dor crônica
em professores.