Teses e Dissertações
Palavra-chave: Professor
Ansiedade e depressão em professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental da rede pública municipal de Londrina
Valentina Simioni Rodrigues, Paulo Roberto Gutierrez
Data da defesa: 29/07/2004
O presente estudo, do tipo transversal, tem por objetivo definir o perfil sócio-demográfico dos professores regentes de 1ª a 4ª série do ensino fundamental da rede pública municipal de Londrina, assim como identificar o traço de ansiedade e rastrear sintomas de depressão. A população é constituída por 608 professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental oriunda de 66 escolas urbanas e 13 escolas rurais e distritais. Para a coleta dos dados utiliza-se um questionário estruturado; a Escala de A-Traço do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e a Escala de Rastreamento Populacional para Depressão CES-D. Aponta como principais resultados: os professores são predominantemente adultos jovens, do sexo feminino com estado civil casado. Estes profissionais, em sua maioria, atuam há mais de 10 anos, trabalham em uma escola apenas, com jornada entre 20 e 40 horas semanais. Apresentam formação predominante de nível superior. Não são encontradas associações estatisticamente significantes entre as médias das escala A-Traço e CES-D com a maioria das variáveis de perfil sócio demográfico e características profissionais. Exceto para as médias da variável referente à existência de companheiro na Escala CES-D e para a variável formação educacional da Escala A-Traço. Conclui-se que os professores não apresentam traço de ansiedade e sintomas depressivos, provavelmente devido fazerem uso das estratégias de defesa, e por conseguirem transformar o sofrimento patogênico em sofrimento criativo.
Adaptação transcultural e validação da ferramenta “Newest Vital Sign” para avaliação do letramento em saúde em professores.
Renne Rodrigues, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 07/03/2014
Letramento em saúde (LS) é uma habilidade cognitivo-intelectual para
obtenção e processamento de informações em saúde. Constitui um fator que
pode influenciar diferentes desfechos em saúde, uma vez que se baseia em
capacidades cognitivas essenciais para o entendimento de informações sobre
saúde. Por essa razão, estudos que investigam o LS têm sido realizados em
diferentes populações, evidenciando-se associações com estilo de vida,
comorbidades e mortalidade. Nesse contexto, os professores constituem um
grupo populacional de especial interesse, pois avaliar o LS desses profissionais
poderia ajudar a compreender certas relações entre saúde, estilo de vida e o
trabalho docente e, além disso, a identificar hábitos e comportamentos
modificáveis e subgrupos que necessitem de maior atenção à saúde. Até o
presente momento, não se encontra no Brasil instrumento validado adequado
para a avaliação do LS em professores. Assim, este trabalho visa à adaptação
transcultural e validação, para aplicação em professores, da ferramenta de
avaliação do LS Newest Vital Sign, composta por seis questões e de aplicação
simples e rápida. Foram seguidas as etapas para adaptação transcultural:
tradução, retradução e revisão por um Comitê de Especialistas. O teste de
validação final foi realizado em 301 professores de educação básica da rede
estadual de ensino de Londrina, Estado do Paraná, Brasil, avaliando-se
consistência interna e validade de constructo. Como resultado, a ferramenta
em validação apresentou boa adaptação transcultural, com alfa de Cronbach
de 0,74. A validade de constructo foi evidenciada frente às características da
população, de modo que o LS inadequado associou-se à maior idade, não
observação de informações nutricionais e pior estado de saúde autorreferido.
Com base nesses resultados, concluiu-se que a ferramenta Newest Vital Sign,
na versão em Português do Brasil (NVS-BR), possui boa validade em
professores da educação básica e pode ser utilizada para rastreamento de
letramento em saúde inadequado.
Condições de trabalho, cargas de trabalho e absenteísmo em professores da rede pública do Paraná
Natália Paludeto Guerreiro, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes, Alberto Durán González
Data da defesa: 28/03/2014
Cada vez mais é necessário aprofundamento e compreensão da dinâmica entre
trabalho e saúde, e na profissão docente não é diferente. Apesar de ser considerado
trabalho intelectual, ele demanda uma série de exigências físicas e psíquicas que
somadas às condições de trabalho desfavoráveis, podem desencadear o
adoecimento e ter como consequência o absenteísmo. Este estudo teve como
objetivo analisar condições de trabalho, cargas de trabalho e absenteísmo em
professores. Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal quantitativo e
integrou um projeto chamado “Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da
Rede Pública do Paraná” PRÓ-MESTRE. A população de estudo foi constituída por
1061 professores do ensino fundamental e/ou ensino médio das 20 maiores escolas
da rede estadual de ensino da cidade de Londrina - PR, sendo entrevistados 978
professores. A coleta de dados foi realizada entre agosto de 2012 e julho de 2013
por estudantes de graduação, mestrado e doutorado envolvidos no projeto,
utilizando um formulário de entrevista e um questionário. A maioria dos professores
entrevistados era do sexo feminino (68,5%), viviam com companheiros (60%), com
média de idade de 41,5 anos (DP 10) e possuíam pós-graduação nível
especialização (73,1%). Quanto às características profissionais, 68,7% eram
estatutários e 31,3% não estatutários, 42,9% trabalhavam em até dois locais de
trabalho, 64,2% lecionavam em pelo menos dois turnos e 41,7% atuavam tanto no
ensino fundamental quanto no ensino médio. Mais de 80% dos professores
relataram bom relacionamento com os superiores, professores e alunos. Aspectos
como remuneração (62,8%), quantidade de alunos por sala (68,4%), manutenção e
conservação de equipamentos (50,8%), infraestrutura para preparo de atividades
(52,5%) e infraestrutura predial (51,5%) foram relatados como negativos
(ruim/regular). Em relação às cargas de trabalho, a exposição ao ruído dentro da
sala de aula (61,5%), o tempo que permanece em pé (52,7%), as condições para
escrever no quadro de giz (42,6%), o ritmo e a intensidade do trabalho (50,3%), o
número de tarefas realizadas e a atenção e responsabilidades exigidas (51,4%),
assim como o tempo disponível para preparar as atividades (60,9%), afeta muito sua
saúde e condições de trabalho. O absenteísmo foi referido por 51,9% dos
entrevistados, e os principais motivos de afastamento foram: problemas respiratórios
(20,7%), problemas osteomusculares (13,8%) e transtornos mentais (10,8%). Estes
fatores sinalizaram sobre as condições de trabalho e saúde dos professores da rede
Estadual do Paraná, podendo servir como subsídio para o desenvolvimento de
políticas públicas que visem melhorias, modificando não só o cenário em que estão
inseridos, como também, valorizando seu papel e sua importância perante a
sociedade.
Prevalência e Fatores Associados à Dor Crônica em Professores da Rede Estadual de Londrina-PR
Alessandra Domingos Silva, Arthur Eumann Mesas, Mara Solange Gomes Dellaroza
Data da defesa: 16/05/2014
A sobrecarga do trabalho docente, marcada por longas jornadas de permanência em
pé, muitas vezes em posturas inadequadas, somada a aspectos psicossociais
desfavoráveis da atividade, podem predispor os professores à dor crônica, condição
que interfere na qualidade de vida e do trabalho. Diante disso, o objetivo deste
estudo foi caracterizar os professores da rede estadual de Londrina em relação à
ocorrência de dor crônica, ou seja, que ocorre há 6 meses ou mais, e analisar sua
associação com fatores sociodemográficos, de estilo de vida e de saúde, além de
características profissionais. Os dados utilizados foram obtidos no estudo transversal
PRÓ-MESTRE, cuja população constituiu-se por professores do ensino fundamental
e médio das 20 escolas com maior número de professores da rede estadual de
ensino da cidade de Londrina, entrevistados no período de agosto de 2012 a junho
de 2013. Entre os 964 professores incluídos, 42,6% referiram dor crônica. A
prevalência foi maior entre as mulheres, professores viúvos/divorciados/separados,
que assistiam televisão por mais tempo durante a semana, inativos no tempo livre,
com relato de maior esforço físico em casa e no trabalho, com pior qualidade do
sono, obesos, e que referiram ter diagnóstico de depressão, ansiedade ou de
alguma doença musculoesquelética. Quanto aos fatores relacionados ao trabalho,
associaram-se à dor crônica o maior tempo de atuação na profissão, tipo de contrato
estatutário, absenteísmo por problemas de saúde nos últimos 12 meses, e a menor
capacidade referida para o trabalho. Quando comparadas as associações segundo o
gênero, apenas entre as mulheres observou-se associação entre dor crônica e
situação conjugal, maior tempo assistindo televisão, inatividade física, maior esforço
físico no trabalho, obesidade, maior tempo de profissão, tipo de contrato estatutário,
maior carga horária semanal de trabalho docente e menor capacidade geral e física
para o trabalho. A prevalência de dor crônica foi considerada elevada entre
professores. Ainda que o desenho transversal não permita estabelecer relação
causal entre a dor crônica e os fatores associados, tais características podem
subsidiar a elaboração de estratégias para a redução da incidência e do impacto da
dor crônica em professores, seja mediante orientações de estilo de vida ou
adequações nas condições de trabalho.
Comportamentos posturais de professores do ensino básico do município de Londrina, Paraná
Marcelly Barreto Correa, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 23/05/2016
Introdução: Ao desempenhar seu papel fundamental no processo educacional da sociedade,
os professores adotam comportamentos posturais que podem gerar consequências para sua
saúde. Objetivo: Caracterizar a percepção de comportamentos posturais e fatores associados
em professores do ensino básico da rede estadual de Londrina, Paraná. Métodos: Trata-se de
um estudo transversal que incluiu professores que atuavam como docente em sala de aula,
lecionavam para nível fundamental (anos finais), médio e/ou educação profissional integrada,
e que participaram da primeira etapa do estudo PRÓ-MESTRE. A coleta de dados foi
realizada em entrevista pré-agendada, com duração de aproximadamente uma hora,
constituída por formulário e questionário, contendo questões sobre características
sociodemográficas, de estilo de vida, saúde, ocupacionais, ergonômicas, além de perguntas
sobre a percepção de comportamentos posturais nas atividades de escrever no quadro,
trabalhar sentado e permanecer em postura ortostática (postura em pé). O presente estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina. Foram
entrevistados 335 professores no período entre agosto e dezembro de 2014. Os dados foram
analisados utilizando-se o programa computacional IBM SPSS, por meio de análise descritiva
mediante a distribuição de frequência de variáveis categóricas e análise de associação por
meio do Teste de Qui-quadrado. Foram adotados os níveis de significância estatística de
p<0,20 (indicativo de possível associação) e p<0,05 (associação estatisticamente
significativa). Resultados: A percepção de comportamento postural não recomendado
frequente foi identificada em 3,5% dos professores para a posição da coluna ao escrever no
quadro, 7,0% para a posição da coluna ao trabalhar sentado, 10% para a posição das pernas ao
escrever no quadro e 20% para a posição das pernas ao trabalhar sentado. Em relação à
percepção da postura ortostática, 67,5% dos professores referiram adotar com alta frequência
postura diferente da considerada como de referência. De maneira geral, os resultados quanto
às características sociodemográficas, de estilo de vida e de saúde mostraram que ter idade
menor de 43 anos, não praticar atividade física regularmente, avaliar a própria saúde como
ruim ou muito ruim, presença de dor crônica musculoesquelética geral ou específica para
determinada região do corpo e sentir dor devido à postura tiveram associação significativa
(p<0,05) com a adoção de comportamento postural não recomendado frequente em ao menos
uma das posições analisadas. Quanto às condições ocupacionais, lecionar em apenas um
colégio, apresentar carga horária superior a 20 horas semanais, atuar somente no ensino
fundamental, possuir contrato do tipo estatutário, referir absenteísmo por motivo de saúde nos
últimos 12 meses e baixa capacidade atual para o trabalho associaram-se com a adoção
frequente de pior comportamento postural em ao menos uma das posições analisadas. Já em
relação às condições ergonômicas, considerar o desempenho pessoal no trabalho dificultado
pela postura, considerar a infraestrutura ruim para o descanso e ser afetado pela posição do
corpo em relação ao mobiliário tiveram associação com a adoção do pior comportamento
postural. Conclusões: Entre 7% e 67,5% dos professores analisados referiram adotar, com
alta frequência, comportamento postural não recomendado em ao menos uma situação
habitual no exercício da atividade docente. Os resultados sugerem que certas características
individuais, comportamentais e relacionadas com o trabalho podem contribuir para a
caracterização dos professores que adotam posturas não recomendadas com maior frequência.
Compreensão do sentido de ser professor readaptado por transtornos psíquicos à luz da fenomenologia heideggeriana
Ana Claudia Petryszyn Assis , Alberto Durán González
Data da defesa: 26/02/2016
Ao longo dos anos, o trabalho docente vem acumulando muitas mudanças as
quais tem repercutido negativamente na saúde psíquica e física dos mesmos.
Levando a um intenso sofrimento nesta categoria profissional,
consequentemente, tem se tornado frequente a readaptação funcional de
professores a qual afasta, temporário ou definitivo, o trabalhador de sua função,
realocando-o em outro cargo. Com base nisso, o objetivo dessa pesquisa foi
compreender o significado do retorno à escola após afastamento definitivo como
professor-readaptado por transtornos psíquicos. Trata-se de um estudo
qualitativo, realizado com professores readaptados definitivos de diferentes
escolas da rede pública de um munícipio de grande porte do sul do Brasil. A
coleta de dados foi realizada no período de dezembro de 2014 e finalizada em
junho de 2015. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e submetidos à análise de discurso proposta por Martins e Bicudo,
como forma de extração e organização dos dados. Em seguida, foram
analisados a luz do referencial filosófico de Martin Heidegger. Também, foram
utilizados outros autores, tendo em vista a convergência entre eles. Da análise
das entrevistas emergiram quatro categorias: Processo de ruptura do trabalho
docente em sala de aula; Retorno ao trabalho como professor readaptado; Serno-mundo como professor readaptado e Ser-com-o-outro no mundo da
readaptação. Os entrevistados revelaram que o trabalho antes da readaptação
estava sendo marcado pela intensificação do trabalho como docentes, refletido
por condições de trabalho ruins, excesso de burocracia e outros levando a um
período de afastamentos os quais foram tidos como momentos de quebra do
cotidiano dos professores. Após os afastamentos temporários de sala de aula, o
habitar o mundo da educação sob nova condição foi marcado por incertezas e
sentimentos como o medo frente a essa transição, já que não tinham referências
construídas sobre esse ser-no-mundo, pois foram lançados no mundo da
educação sob nova condição, se ocupando e preocupando de modos diferentes.
Dessa forma, aos que construíram uma nova identidade esta foi marcada por
uma utilidade para o coletivo, no qual assumem múltiplas funções para serem
reconhecidos. Passando a existir de modo impróprio, retirando, dessa forma, a
possibilidade de refletirem sobre esse agir para os outros. O ser-com dos
professores readaptados revelaram modos deficientes com-colegas; comoutros-funcionários, com-alunos e com-família, suscitando, portanto, um ser-com
inautêntico. Visto que estas relações se demostraram em atitudes
preconceituosas, com forte estigma e de exclusão. Também, esta pesquisa
permitiu tecer algumas reflexões sobre o processo de readaptação vivenciado
pelos professores na qual evidenciou-se a falta de políticas que visem este
profissional, tanto no processo quanto no acompanhamento do mesmo nesta
situação. Espera-se que os resultados desse estudo possam fornecer subsídios
para o conhecimento dessa realidade, buscando ampliar as discussões e
alternativas para o atual contexto que esses professores vivenciam.
Percepção de peso corporal e condutas alimentares em professores da rede estadual de ensino de Londrina-PR
Vanessa Francisquini Gonçalves, Alberto Durán González
Data da defesa: 26/04/2018
Conhece-se a situação epidemiológica enfrentada mundialmente com relação ao
aumento significativo do sobrepeso e obesidade em todas as camadas
populacionais. Além disso, diversas complicações de saúde têm sido evidenciadas
entre professores e há pouca informação sobre as condutas alimentares e a
influência da percepção de peso corporal especificamente nesse público. Vista a
importância social e escassez de trabalhos que estudem as características
sociodemográficas, de saúde, de trabalho e principalmente, o perfil da percepção de
peso corporal e condutas alimentares adotadas por essa população, objetivou-se
analisar a relação entre percepção de peso corporal e condutas alimentares entre
professores da rede estadual de ensino de Londrina-PR. Realizou-se estudo
transversal com todos os professores atuantes nas 20 escolas estaduais com maior
número de professores de Londrina. Informações foram coletadas por meio de
entrevista individual através de questões sobre alimentação, aspectos
sociodemográficos, condições de trabalho, perfil antropométrico e percepção de
peso corporal. Os dados foram analisados de forma descritiva e as associações
estudadas mediante regressão de Poisson para estimação da Razão de Prevalência
(RP). Foram incluídos nesta pesquisa um total de 920 professores sendo
predominante: os de sexo feminino (67,8%); >41 anos (52,4%); casados (58,7%);
brancos (74,6%) e com grau de instrução especialização (87,5%). No que se refere
as características de trabalho e de saúde, observou-se que mais de 70% dos
professores tem 2 vínculos ou mais, e mais de 80% trabalha 40 horas ou mais por
semana. Aproximadamente 30% dos professores apresentam diagnóstico médico de
pelo menos uma DCNT e mais de 80% percebe sua saúde como boa, muito bou ou
excelente. Com relação a percepção de peso corporal, metade dos professores
eutróficos (49,9%) se perceberam adequadamente. Diferente dos com excesso de
peso, onde a maioria (91,6%) apresentou uma percepção adequada do seu peso
corporal. Dos 441 professores classificados como eutróficos, mais de 40%
superestimaram o peso corporal. No que se refere as condutas alimentares,
observou-se que o sexo, idade, renda, tempo como professor e número de vínculos
foram os fatores que mais estiveram associados. Por fim, não houve associação
entre a percepção de peso corporal e condutas alimentares recomendadas ou não.
Concluiu-se que professores da Rede Estadual de Ensino de Londrina apresentam
em sua maioria, condutas alimentares recomendadas. E que embora seja um fator
determinante para adoção de condutas adequadas em indivíduos com excesso de
peso, a percepção de peso corporal não se mostrou associada a nenhuma conduta
alimentar investigada. Este achado fortalece a importância de que mais estudos
continuem explorando a percepção de peso corporal nesse público, extrapolando a
fim de se conhecer a satisfação e a autoestima com o corpo, de modo a conhecer
até que ponto a imagem corporal pode influenciar os hábitos de vida dos docentes.
Associação entre qualidade do sono, atividade física e sedentarismo em professores do ensino básico de Londrina, Paraná
Marcelly Barreto Correa, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 06/04/2021
Introdução: A qualidade do sono pode afetar o desempenho físico, ocupacional, os
processamentos cognitivo e social, e ter consequências negativas à saúde e à vida
pessoal e profissional dos professores. Objetivos: Analisar a relação entre a
qualidade do sono e a prática de atividade física no tempo livre (AFTL) e o tempo
assistindo televisão (TV) em professores da educação básica da rede pública de
Londrina, Paraná. Métodos: Trata-se de um estudo longitudinal prospectivo, de tipo
coorte, que incluiu professores que atuavam como docentes em sala de aula,
ministrando aulas para estudantes do nível fundamental (anos finais), e que
participaram das duas etapas do estudo PRÓMESTRE (baseline em 2012-2013 e
seguimento após 24 meses, em 2014-2015). A coleta de dados foi realizada em
entrevista pré-agendada, com duração de aproximadamente uma hora, constituída
por formulário e questionário, contendo questões sobre características
sociodemográficas, de estilo de vida, saúde, ocupacionais e qualidade do sono
avaliada por meio do índice Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI). As análises
estatísticas incluíram modelos de regressão logística ajustados por variáveis
sociodemográficas (sexo, faixa etária, estado civil e renda), antropométrica (índice de
massa corporal) e ocupacional (carga horária), de estilo de vida (AFTL, tempo
assistindo TV, consumo de tabaco, álcool e café) e de saúde (relato de ansiedade e
depressão diagnosticados por um médico). O presente estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina. Resultados:
Entre os 195 professores (66,2% mulheres, idade média de 42 anos) entrevistados
no baseline e classificados como referindo boa qualidade do sono (PSQI ≤5 pontos),
a incidência de pior qualidade do sono (PSQI>5) após 24 meses foi de 31,8% (n=62).
Nas análises ajustadas por todas as variáveis de confusão, os professores que eram
fisicamente inativos no tempo livre no início do estudo apresentaram quase três vezes
mais chance de desenvolver pior qualidade do sono ao longo do seguimento (odds
ratio [OR]=2,88; intervalo de confiança [IC] 95%=1,46-7,97). Esse risco foi
semelhante entre os professores que se mantiveram inativos com relação à AFTL
entre o baseline e o seguimento (OR=2,72; IC 95%=1,22-6,03). Ao estratificar o
tempo semanal de AFTL pelo ponto de corte de 150 minutos, manter-se inativo
(AFTL<150 minutos/semana) associou-se com maior chance de pior qualidade do
sono (OR=2,91; IC 95%=1,10-7,68). Com relação ao marcador de comportamento
sedentário tempo assistindo TV, observou-se que os professores que assistiam TV
mais 60 minutos diários tanto no baseline quanto no seguimento apresentaram maior
chance de pior qualidade do sono (OR=2,70; IC 95%=1,14-6,38), independentemente
dos fatores de confusão considerados. Conclusão: A manutenção da inatividade
física (<150 minutos semanais) e do tempo prolongado (>60 minutos diários)
assistindo TV por um período de 24 meses aumentou a chance de pior qualidade do
sono em professores.
Dependência de cafeína: fatores associados e sintomas psíquicos em professores da educação básica
Juliana Mariano Massuia Vizoto, Alberto Durán González
Data da defesa: 20/09/2019
OBJETIVO: Analisar a prevalência de dependência de cafeína e fatores associados,
em especial, sintomas psíquicos, em professores da educacão básica. Para isso,
consideraram-se os seguintes objetivos específicos: 1) Investigar a prevalência de
dependência de cafeína e verificar sua associação com variáveis sóciodemográficas,
hábitos de vida, condições de saúde e fatores ocupacionais em professores; 2)
Examinar a relação da dependência de cafeína e de suas características-chave com
sintomas psíquicos em professores. MÉTODOS: Para estruturação desta tese, cada
objetivo específico foi apresentado em formato de um artigo científico. A população
estudada faz parte do projeto “Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da
Rede Pública do Paraná” (Pró-Mestre), no qual professores das 20 maiores escolas
estaduais de Londrina foram entrevistados em dois momentos: baseline (nos anos de
2012 e 2013) e seguimento (anos 2014 e 2015), após 24 meses. Ambos os estudos
apresentam análises utilizando os dados apenas do seguimento e tratam-se de
estudos transversais. A dependência de cafeína foi avaliada seguindo os critérios
estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Saúde Mental (DSM-5) que
define três características-chave: desejo persistente e/ou esforços fracassados, uso
continuado da cafeína apesar de efeitos nocivos e abstinência. RESULTADOS:
Estudo 1) A maioria dos 430 professores relatou consumo regular de cafeína e um
quarto, aproximadamente, relatou consumo elevado. A prevalência de dependência
de cafeína foi de 5,6% e não se mostrou associada a características
sóciodemográficas ou a hábitos de vida. Os professores que relataram consumo
elevado de cafeína apresentaram maiores chances de dependência. Quanto às
condições de saúde, a auto avaliação de saúde regular/ruim, a qualidade de sono ruim
e o uso de medicamentos para dormir mostraram-se associados à dependência de
cafeína. Com relação aos fatores ocupacionais, percepções regulares/ruins quanto ao
equilíbrio entre vida profissional e pessoal, falta de tempo e frustração com o trabalho,
esgotamento e o sentimento de estar no limite de possibilidades mostraram-se mais
frequentes nos professores classificados como dependentes (p<0,05). Estudo 2) A
dependência de cafeína mostrou-se associada com a presença de depressão,
segundo o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), nos 392 professores incluídos.
O mesmo foi observado com suas características-chave. Os sintomas depressivos
associados à dependência de cafeína foram: pessimismo, culpa, punição, baixa
autoestima, choro, agitação, perda de interesse, desvalorização, irritabilidade,
alterações no padrão de apetite e perda de interesse por sexo. A quantidade de
sintomas presentes e a soma da pontuação obtida pela escala foi maior nos
professores dependentes de cafeína. CONCLUSÕES: A prevalência de dependência
de cafeína mostrou-se baixa, porém associada a fatores adversos relacionados ao
sono, a aspectos ocupacionais e à saúde mental nos professores. Desse modo,
sugerem-se pesquisas adicionais sobre dependência de cafeína e riscos
relacionados, com vistas a subsidiar ações preventivas e de controle, individuais e
coletivas, sobre o uso abusivo de cafeína. Os achados da presente tese podem
embasar futuras classificações clínicas do Transtorno por Uso de Cafeína pelo DSM.
Associação entre ensino em saúde e percepção de trabalho de alta frequência com práticas relacionadas à alimentação em professores de educação básica de Londrina, Paraná
Renne Rodrigues, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 20/04/2018
A docência possui diversos desafios e responsabilidades, e fatores pessoais,
como o letramento em saúde, e ocupacionais, como o trabalho de alta exigência
(categoria de maior risco do modelo demanda-controle), podem predispor à
realização de condutas alimentares não recomendáveis. Em razão da
importância dos professores para a sociedade, considera-se essencial o
aprofundamento de questões pessoais e laborais com condutas alimentares.
Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivos investigar a associação do
letramento em saúde e das exigências para o trabalho com condutas
alimentares. Para a estruturação desta tese, cada objetivo foi apresentado no
formato de um estudo com métodos, resultados e conclusões próprias. Os
objetivos foram explorados no âmbito do projeto Saúde, Estilo de Vida e Trabalho
de Professores da Rede Pública do Paraná (PRÓ-MESTRE), no qual
professores das 20 maiores escolas estaduais de Londrina foram entrevistados
individualmente em dois momentos: baseline (nos anos de 2012 e 2013) e
seguimento (após 24 meses). Desse modo, o primeiro estudo é um recorte
transversal, com dados obtidos no baseline, investigando a associação entre o
letramento em saúde (obtido por meio da ferramenta Newest Vital Sign – NVS)
e condutas alimentares. O segundo estudo é uma coorte prospectiva que
investiga a influência do trabalho de alta exigência em condutas alimentares. O
letramento em saúde inadequado foi observado em 62,6% dos 927 professores
incluídos no primeiro estudo, associando-se com menor frequência de consulta
a informações nutricionais em professores mais jovens, e com maior chance de
consumo de alimentos pré-preparados frequentemente entre os professores de
meia idade. O trabalho de alta exigência medido no baseline foi identificado em
39,2% dos 502 professores incluídos no segundo estudo, associando-se com
maior chance de manutenção do consumo não frequente de frutas, maior chance
de diminuição do consumo de frutas e verduras/legumes e com menor chance
de diminuição do consumo de gordura visível de carne vermelha, após 24 meses
de seguimento. Com base nos resultados encontrados é possível identificar que
tanto o letramento em saúde inadequado (em recorte transversal) quanto o
trabalho de alta exigência (em recorte longitudinal) estão implicados na maior
chance de manutenção de condutas alimentares não recomendados e piora de
condutas alimentares, bem como na menor chance de melhora de condutas
alimentares. É importante ressaltar que diversas associações esperadas entre
letramento em saúde e condutas alimentares não se confirmaram na presente
população. Desse modo, sugere-se a discussão sobre as condições de trabalho
e ações integradas que visem o incentivo à alimentação saudável.