Teses e Dissertações
Palavra-chave: Pré-natal
Pré-natal odontológico e saúde bucal: percepções e representações de gestantes
Lucimar Aparecida Britto Codato, Luiza Nakama
Data da defesa: 03/10/2005
A gravidez é um período fisiológico complexo. Nele, além das mudanças físicas e
emocionais, são sugeridos crenças e mitos envolvendo a saúde do binômio mãe-filho.
Neste contexto, a atenção odontológica muitas vezes é tida como prejudicial e contraindicada. Por outro lado, nessa fase a mulher normalmente está mais receptiva a novos
conhecimentos, que podem levar à adoção de novas e melhores práticas de saúde,
cujos benefícios se estenderão aos demais membros da família, em decorrência do
importante papel da mãe no cuidado da família. A presente pesquisa teve como
proposta identificar a percepção de gestantes usuárias do SUS e gestantes assistidas
no serviço privado sobre saúde bucal no período gestacional, por meio de uma
abordagem qualitativa, com análise de conteúdo e, nela, análise temática. Foram
realizadas entrevistas semi-estruturadas até obter-se saturação em relação à
compreensão dos objetivos dessa pesquisa. Para isso, foram necessárias 9 entrevistas
entre as usuárias do SUS e 8 entre as gestantes do serviço privado. Como o número de
entrevistas entre os dois grupos ficou muito próximo, optou-se por entrevistar 10
gestantes em cada grupo, totalizando, portanto, 20 entrevistas. Neste estudo, foram
identificadas seis categorias de análise: auto-cuidado durante o período gestacional,
atenção odontológica durante a gestação, visão dos sujeitos de pesquisa sobre
gravidez e suas conseqüências na saúde bucal, como as gestantes resolvem seus
problemas de saúde bucal, a mãe na promoção de saúde bucal, os profissionais de
saúde. Nelas, foram identificadas vinte e seis representações. A análise e interpretação
dos dados mostraram a existência de mitos, medos e restrições relacionados à atenção
odontológica no pré-natal, que a busca pela atenção odontológica entre as usuárias do
SUS parece ser mais rotineira e sistemática, quando comparadas às gestantes
assistidas por convênio, possivelmente relacionada à oportunidade de resolver
problemas odontológicos pré-existentes, enquanto identificou-se entre as gestantes
assistidas por convênio a existência de atenção odontológica programada, exceto
durante o pré-natal. Entre as gestantes assistidas por convênio, percebeu-se que a
atenção odontológica no pré-natal parece estar relacionada a aspectos emergenciais, e
muito atrelada ao consentimento médico, demonstrando, dessa forma, confiança
incondicional no profissional médico.
Produção do cuidado à gestante: narrativas de uma mulher em período perinatal
Célia Maria da Rocha Marandola, Regina Melchior
Data da defesa: 27/03/2020
O ato de cuidar em saúde é formado por um leque de ações, procedimentos, fluxos,
rotinas e saberes que se complementam ao mesmo tempo em que se disputam.
Embora inerente ao processo de trabalho dos profissionais da saúde o cuidado é de
responsabilidade, também, de familiares, de amigos, e do próprio usuário. Sendo a
Atenção Básica um terreno fértil para experimentar essa produção do cuidado. O
estudo buscou dar luz às narrativas de uma gestante acompanhada no pré-natal numa
Unidade Básica de Saúde de um município de grande porte, na região sul do Brasil.
A pesquisa ocorreu no período de abril/2018 a dezembro/2019. Dentro da perspectiva
cartográfica utilizamos como dispositivo de pesquisa a gestante-guia que nos
conduziu em sua trajetória pela busca do cuidado e em suas narrativas foram
emergindo cenas do vivido, como: a disputa de projeto de cuidado; a produção de
máscaras como dispositivos de enfrentamento das perdas e o cuidado nos interstícios
dos protocolos (seringas, receitas, agendas e afins). As narrativas da gestante-guia
revelaram sua enorme expectativa de um parto seguro, pois ela confiava na equipe,
principalmente, a equipe do alto risco que seria responsável pelo seu parto. Porém, a
mesma não se sentia cuidada em nenhuma das complexidades (baixo ou alto risco)
apesar de toda a estrutura montada para o cuidado em saúde à gestante. Faz-se
necessário, portanto, que as equipes reflitam sobre o seu processo de trabalho, se
colocando em análise no intuito de evitar prejuízos para o cuidado em saúde produzido
nos encontros entre usuários e trabalhadores de saúde, buscando respeitar a
necessidade e singularidade de cada indivíduo. Neste sentido, a construção de
projetos terapêuticos e a implantação da estratégia de educação permanente em
saúde (EPS) poderiam se configurar como apostas potentes às equipes,
independente, da complexidade em que as ações de saúde são desenvolvidas
visando à garantia dos direitos das usuárias em período gravídico-puerperal e
propiciando o fortalecimento do SUS enquanto sistema de saúde que valoriza e cuida
de vida, acreditando que toda a vida vale a pena.