Retinopatia diabética em indivíduos com diabetes e pré-diabetes no município de Cambé-PR
Ivan Luís Idalgo de Oliveira, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 20/06/2016
Introdução: A retinopatia é uma das complicações mais comuns do diabetes. Esta patologia pode levar à cegueira irreversível, porém, se diagnosticada e tratada precocemente, os danos à visão podem ser reduzidos. Objetivos: Analisar a frequência da retinopatia em participantes do projeto VIGICARDIO - 2015, que apresentam distúrbios hiperglicêmicos há pelo menos 4 anos. Métodos: Estudo transversal, realizado no munícipio de Cambé – PR, entre março e dezembro de 2015. A amostra foi constituída por participantes da primeira fase do programa VIGICARDIO, em 2011, que foram classificados com distúrbios hiperglicêmicos. Os indivíduos foram avaliados em 3 etapas: entrevista, exames laboratoriais e exame de fundo de olho. Os participantes foram estratificados em três grupos: pré-diabetes, diabetes há menos de 4 anos e diabetes há pelo menos 4 anos. Verificou-se associação entre a retinopatia e sua gravidade com os estratos descritos e fatores de risco cardiovascular. Resultados: Participaram do estudo 272 pessoas. O diabetes estava presente em 49,3% da amostra, sendo que 19,9% tornaram-se diabéticos há menos de 4 anos. A retinopatia foi identificada em 61 (22,4%) pessoas, dentre eles 4 (1,5%) de retinopatia diabética não proliferativa severa e 2 (0,7%) de retinopatia diabética proliferativa. A presença de retinopatia nos diferentes estratos foi: 8,0%, 11,1% e 55,0% em pré-diabetes, diabetes há menos de 4 anos e diabetes há pelo menos 4 anos, respectivamente. O descontrole glicêmico, caracterizado pela alteração da hemoglobina glicada, e a hipertensão arterial apresentaram associação com a alteração da retina. Conclusão: A retinopatia está associada ao maior tempo de diabetes, porém, as alterações na retina estão presentes, também, nas fases iniciais e até antes dos indivíduos serem classificados como diabéticos. Portanto, o sistema de saúde deve estar preparado para detectar os indivíduos com possíveis alterações da glicemia, de forma precoce, e buscar o controle dessa glicemia, evitando complicações vasculares como a retinopatia, que devem ser investigadas e tratadas a fim de evitar casos de cegueira.
Fatores de risco para a incidência de diabetes mellitus e pré-diabetes em indivíduos de 40 anos ou mais: um estudo de coorte
Thiago Akira Aditahara, Camilo Molino Guidoni
Data da defesa: 26/02/2018
INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus representa um problema na saúde pública mundial, pois estudos recentes revelam que há uma tendência de crescimento na prevalência em países em desenvolvimento e desenvolvidos, principalmente devido ao envelhecimento da população e aos hábitos de vida sedentários. OBJETIVO: Determinar a incidência e os fatores de risco para a incidência do diabetes mellitus e do pré-diabetes mellitus na população com idade igual, ou superior, a 40 anos em um município de médio porte. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Trata-se de um estudo coorte de base populacional aplicado em 2011 e em 2015 no município de CambéPR, cuja população foi composta por adultos com idade igual, ou superior, a 40 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com formulários. Foram considerados indivíduos com pré-diabetes mellitus (glicemia de jejum entre ≥100mg/dL e <126mg/dL e sem o uso de antidiabéticos e/ou insulina) e diabetes mellitus (glicemia de jejum ≥126mg/dL e/ou com o uso de antidiabéticos e/ou insulina). Para a presença do desfecho, após quatro anos, foi considerada a população que teve a incidência de diabetes mellitus ou de pré-diabetes mellitus, ou seja, que em 2011 foi classificada como sem diabetes mellitus e em 2015 passou a apresentar pré-diabetes mellitus ou diabetes mellitus, e a com pré-diabetes mellitus que passou a apresentar diabetes mellitus em 2015. A análise do risco relativo foi calculada por meio do método da regressão de Poisson. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina (CAAE 39595614.4.0000.5231). RESULTADOS E DISCUSSÃO: A população de estudo foi definida em 575 indivíduos, dos quais 20,5% (n=118) tiveram incidência de diabetes mellitus ou pré-diabetes mellitus. Associaram-se com o risco de apresentar o desfecho as seguintes variáveis: ser hipertenso (RR: 1,502 IC95% [1,089; 2,071]); possuir excesso de peso (RR: 1,848 IC95% [1,259; 2,713]); possuir circunferência da cintura (CC) acima do recomendado (RR: 2,012 IC95% [1,426; 2,839]); e se referir ao seu estado de saúde como de regular a ruim (RR: 1,869 IC95% [1,344; 2,600]). Posteriormente, realizadas análises ajustadas para as variáveis com p-Valor ≤ 0,200, sendo que tanto o excesso de peso (RRajustado: 1,747 IC95% [1,201; 2,539]) quanto a CC acima do recomendado (RRajustado: 1,761 IC95% [1,234; 2,513]) continuaram significativos após dois ajuste, e se referir ao seu estado de saúde como de regular a ruim (RRajustado: 1,678 IC95% [1,197 ; 2,353]), após quatro ajustes. CONCLUSÃO: Observa-se elevada incidência para pré-diabetes e diabetes mellitus associadas a ser hipertenso, possuir excesso de peso, possuir CC acima do recomendado e referir estado de saúde como regular a ruim, sendo que estes últimos três são fatores de risco para incidência de diabetes mellitus ou pré-diabetes mellitus, independente das características sociodemográficas e do estilo de vida aqui analisados.