Monitoramento e articulação da Rede Mãe Paranaense na 17ª Regional de Saúde do Paraná
Jessika Adriana Bornia Dalanheze, Fernanda de Freitas Mendonça
Data da defesa: 10/03/2020
No intuito de melhorar o atendimento às gestantes e crianças e consequentemente reduzir a mortalidade materna e infantil o Ministério da Saúde criou a Rede Cegonha no ano de 2011 em âmbito nacional. No Paraná foi elaborado um programa semelhante que recebeu a denominação de Rede Mãe Paranaense. Essa política pública preconiza a estratificação de risco em cada consulta de pré-natal e encaminhamento das gestantes de risco ao Centro Mãe Paranaense para atendimento ambulatorial por equipe multidisciplinar. Também estabelece que o parto seja vinculado ao hospital mais adequado de acordo com o risco gestacional. Apesar das potencialidades desse programa, ocorreu pouco impacto na mortalidade materna e infantil na 17ª Regional de Saúde do Paraná. Considerando que a articulação entre os pontos de atenção é fundamental para o adequado funcionamento da rede e que o monitoramento desta possibilita a identificação de problemas em seu funcionamento realizou-se um estudo com o objetivo de compreender como ocorre o monitoramento e a articulação entre os diferentes pontos de atenção às gestantes na Rede Materno-Infantil da 17ª Regional de Saúde do Estado do Paraná. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa em que foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 20 profissionais de saúde que prestam atendimento às gestantes ou que atuam como gestores na 17ª Regional de Saúde do Paraná. As entrevistas foram feitas entre janeiro e abril de 2019 e posteriormente foram analisadas utilizando-se da técnica de análise de conteúdo de Bardin. Emergiram três categorias de análise: Monitoramento da Rede Mãe Paranaense; Fragilidades da Rede Mãe Paranaense; Iniciativas para Melhoria da Rede Mãe Paranaense. O monitoramento da rede tem sido aprimorado com a criação de novos sistemas de informação e com o monitoramento do “near miss” materno. Contudo, ainda falta estabelecer um monitoramento formal em relação ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). O insuficiente número de médicos ginecologistas na rede básica de saúde, sobretudo no município de Londrina, o déficit de vagas de maternidade de alto risco, de UTI neonatal e de consultas nos ambulatórios de alto risco foram apontados pelos profissionais como fragilidades da rede. Para tentar driblar essa falta de vagas nos hospitais de alto risco o SAMU tem encaminhado gestantes de alto risco para avaliação em hospitais de risco intermediário num procedimento arriscado conhecido pelos profissionais da região como “pit stop”. Outra dificuldade identificada foi comunicação incipiente entre os pontos de atenção evidenciada pela falta de preenchimento dos impressos de contrarreferência e do cartão de gestante. Para superar esses problemas alguns profissionais têm desenvolvido estratégias informais de articulação da rede. Devido à escassez de ginecologistas na rede pública de Londrina, a secretaria de saúde desse município tem utilizado o matriciamento em ginecologia e obstetrícia para capacitar os médicos da Estratégia Saúde da Família e ao mesmo tempo promover o trabalho multidisciplinar. Além disso, o grupo condutor da Rede Materno Infantil da região tem mobilizado esforços no sentido de unificar os protocolos de atendimento, redefinir os critérios de encaminhamento aos ambulatórios de risco e aos hospitais de risco. No entanto, ainda destaca-se a necessidade de um número maior de profissionais da ginecologia na rede básica e da ampliação do número de vagas de maternidade de alto risco e de UTI neonatal.