Teses e Dissertações
Palavra-chave: Poder
Hospitais em municípios de pequeno porte: sua inserção no SUS
Francisco Eugênio Alves de Souza, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 02/02/2019
INTRODUÇÃO: Apesar da grande maioria dos municipios brasileiros serem de pequeno
porte, poucos estudos tem se debruçado sobre o Sistema Único de Saúde –(SUS) e sobre o
papel dos hospitias existentes nessas localidades, principamente estudos acerca do uso
político destes, bem como sobre o poder simbólico que eles exercem. OBJETIVOS: Este
estudo buscou refletir sobre o papel dos hospitais de pequeno porte (HPP) em municípios de
pequeno porte (MPP) da região de Londrina, bem como, aprofundar a compreensão sobre a
relação destes com as normativas do Sistema Único de Saúde (SUS) no que diz respeito aos
programas de atendimento em redes de atenção à saúde (RAS), tais como a Rede de Urgência
e Emergência (RUE) e da Rede Mãe Paranaense e também analisar os desafios dos gestores,
os fatores que interferem na gestão e o poder simbólico dos hospitais em MPP. MÉTODOS:
Estudo exploratório, de natureza compreensiva e interpretativa, desenvolvido por meio de
métodos mistos, do tipo sequencial exploratório, utilizando-se de dados quantitativos e
qualitativos. A coleta de dados e as entrevistas foram realizadas no período de março a
dezembro de 2016, em 14 municípios de pequeno porte, que possuem hospitais, localizados
na macrorregião norte do Paraná, na abrangência da 17ª Regional de Saúde. Os sujeitos foram
os secretários de saúde e os diretores dos hospitais estudados, entrevistados utilizando roteiro
semiestruturado. O foco teórico para a análise deste trabalho foi o conjunto de conceitos
formulados para entender a sociedade moderna do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-
2002), especialmente os conceitos de poder simbólico, campo, habitus e capital.
RESULTADOS: Apresentados por meio de três manuscritos científicos. Os dados do
primeiro revelaram extrema ociosidade da capacidade instalada, centros cirúrgicos inativos e
baixíssima ocupação dos leitos hospitalares, não estando adequados à Política Nacional para
Hospitais de Pequeno Porte (PNPHPP). O segundo manuscrito indicou que para os gestores
entrevistados é fundamental a construção de um discurso pela manutenção desses hospitais
ainda que faltem recursos para um atendimento integral, eficiente e que responda de forma
resolutiva às demandas da população, pois o seu fechamento causaria um impacto negativo
para a legitimação do gestor em exercício. Constatou-se que os HPP participam da RUE,
embora não possuam condições de resolver muitos dos problemas dos pacientes atendidos,
mas, como estão incluídos nas centrais reguladoras, os usuários podem ser encaminhados para
hospitais de maior porte, conforme o desejo da população. Quanto a participarem da Rede
Mãe Paranaense, verificou-se que a maioria dos HPP não tem condições de integração,
tornando-se meros encaminhadores de gestantes para hospitais/maternidades de referência,
embora o desejo dos gestores e da população local fosse que a atenção às parturientes
ocorresse nos municípios de residência. O terceiro manuscrito, por fim, revelou que o capital
político mobilizado pelo Poder Executivo local, representado por prefeitos e secretários de
saúde, é determinante na seleção e escolha dos agentes que ocupam os cargos de direção e de
outras funções nos hospitais. Logo, a autonomia da gestão técnica dos hospitais é limitada
pelas condições estabelecidas mediante jogos de poder pertencentes ao campo político.
TECENDO CONSIDERAÇÕES: Os HPP apresentaram desempenho abaixo do preconizado
na assistência à saúde para a população à qual se destinam, bem como inserção incipiente na
RAS. Os capitais simbólico e político investidos na ideia do Hospital ajudam a compreender
por que, mesmo com baixa produtividade e custos elevados, os agentes políticos não abrem
mão de custeá-los, ampliá-los ou mantê-los com os meios que dispõem.