Teses e Dissertações
Palavra-chave: Núcleo de Apoio a Saúde da Família
Implantação dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família: atuação da equipe gestora da atenção básica
Paula Roberta Rozada Volponi, Mara Lúcia Garanhani, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 29/05/2014
Os desafios a serem superados pela Atenção Básica (AB) exigem mudanças
substantivas nas práticas de cuidado e nos modos de gerir em saúde, que
sejam capazes de dialogar com as perspectivas democráticas e participativas
da reforma sanitária brasileira e com a integralidade do cuidado. Assim, o
presente estudo tem como objetivo compreender o processo de implantação do
Núcleo de Apoio a Saúde da Família - NASF relacionado às ações dos
gestores da AB e sua potencialidade em constituir-se como um processo de
mudança. Trata-se de um estudo com uma abordagem qualitativa, de caráter
compreensivo. Foi realizado junto aos gestores alocados em cargos oficiais na
Diretoria de Atenção Primária a Saúde de um município de grande porte, sede
de uma das Regionais de Saúde do Paraná. Os instrumentos metodológicos
escolhidos para a coleta das informações foram a observação participante e a
entrevista, realizados em um período entre outubro de 2012 a abril de 2013.
Utilizou-se um roteiro aberto para a observação, as quais foram registradas em
um diário de campo. Realizou-se 15 entrevistas do tipo semi-estruturada,
analisadas por meio da análise de conteúdo. Os resultados revelaram uma
equipe gestora atuando em um cenário político conturbado, com impactos na
estruturação das equipes de ESF e NASF, e na sua forma de gerir, fazendo
com que esforços fossem centrados na reorganização das estruturas
organizacionais, na manutenção e ampliação do número de equipes, na
diminuição da rotatividade profissional, nas capacitações profissionais e na
construção/implementação de protocolos. Diversas características individuais
foram apresentadas, e se relacionaram aos modos de gerir destes gestores.
Modos estes, que ora se aproximavam de práticas gerenciais hegemônicas,
ora relacionavam-se a práticas gerenciais contra-hegemônicas, com iniciativas
em uma perspectiva de gestão contemporânea participativa. Evidenciou-se que
prevalece o desejo pelo apoio matricial (AM) na dimensão assistencial. O
NASF se constituiu em um dispositivo com potencialidade de instituir mudanças
nos processos de trabalho e na produção do cuidado. Juntamente com os
arranjos instituídos a partir dele, foram, em alguns momentos, capazes de
cumprir seu papel, por interrogar os processos de trabalho e as produções do
cotidiano e por trazer novas disputas para o cenário. Nesse sentido,
acreditamos que a gestão deva investir esforços nos espaços relacionais, com
capacidade de abrir-se para uma escuta ativa, de desvelar o que se está
oculto, de reconhecer o conflito, a tensão e a subjetividade. As efetivações
necessárias ao processo de mudança não se darão sem a aproximação e
diálogo nas diversas esferas políticas, sem o distensionamento das disputas de
poder e a criação de dispositivos capazes de construir novas práticas, a fim de
alcançar a integralidade do cuidado.