Teses e Dissertações
Palavra-chave: Incidência
Tendência e características da epidemia de AIDS em um município de grande porte do sul do Brasil: 1986 a 2008
Flaviane Mello Lazarini, Regina Melchior
Data da defesa: 27/02/2012
A AIDS é uma doença reconhecida mundialmente como problema de saúde pública.
O primeiro caso notificado no Brasil foi em 1980. Em Londrina o primeiro registro de
caso de aids residente no município ocorreu em 1986. O objetivo desse estudo foi
analisar as principais características dos casos de aids notificados de Londrina- PR e
a tendência da epidemia de aids no período de 1986 a 2008. Optou-se pela análise
descritiva para mostrar o perfil sociodemográfico, os tipos de critérios de definição de
caso de aids utilizados ao longo dos anos, e as características relacionadas às
categorias de exposição. Os coeficientes de incidência da aids foram calculados
anualmente por sexo e faixa etária e padronizados pela população do ultimo censo
demográfico do Brasil de 2010. Também foi realizada a análise de tendência da aids
por faixa etária e por sexo, dividida em dois períodos (1986-1995 e 1996-2008) para
melhor compreensão do comportamento da epidemia. Os modelos lineares
explicaram melhor a tendência da epidemia de aids nos dois períodos. Foram
calculadas as taxas de incidência com base na Pesquisa de Conhecimentos Atitudes
e Práticas na População Brasileira de 2004, no grupo etário de 14 a 49 anos, para
os subgrupos mais vulneráveis: HSH, UDI, homens heterossexuais e mulheres. Os
resultados mostraram que a escolaridade se concentrou entre quatro e sete anos de
estudo. Na ocupação, em média 70% dos indivíduos exerciam trabalho remunerado.
Desde 1998, mais de 50% dos casos de aids foram notificados utilizando os dois
critérios da ficha de notificação. A transmissão por uso de drogas injetáveis foi
predominante no sexo masculino até 2005. Ocorreu crescimento da epidemia de
aids entre mulheres em todos os anos independente da orientação sexual. No
período de 1986 a 1995 houve incremento das taxas de incidência em quase todas
as faixas etárias e crescimento da epidemia em ambos os sexos (p< 0,001), mais
acentuado no sexo masculino, nas faixas etárias que vão de 14 a 39 anos. No
segundo período na faixa etária de 14 a 29 anos ocorreu queda significativa no sexo
masculino, o incremento passou de 0,88 no primeiro período para -0,87 no segundo.
Destaque para a faixa etária de 50 anos e mais em mulheres que apresentou
aumento significativo (p=0,019). Todas as categorias de exposição apresentaram
queda a partir do período 2000-2002. Os subgrupos UDI e HSH predominaram como
categorias de exposição e no ultimo triênio do estudo HSH ultrapassou UDI. A partir
do ano 2000 a taxa de incidência, na faixa etária de 14 a 49 anos, do grupo de
mulheres superou a do grupo de homens heterossexuais, mostrando a crescente
vulnerabilidade à infecção pelo HIV nesse grupo. O estudo mostrou queda nas taxas
de incidência nas faixas etárias mais jovens e estabilização nas demais idades. O
aumento da proporção de mulheres, especialmente na faixa etária de 50 anos e
mais e de predomínio de HSH entre as categorias de exposição aponta para
necessidade de estratégias diferenciadas para atingir grupos com características
diversas.
Incidência de hipertensão arterial na população de 40 anos ou mais em Cambé – PR: estudo VIGICARDIO 2011 – 2015
Dannyele Cristina da Silva, Ana Maria Rigo SIlva
Data da defesa: 25/04/2018
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial e
complexa, sendo um dos fatores de risco mais importantes para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Este estudo tem como objetivo
analisar a incidência e fatores preditores da Hipertensão Arterial em adultos com
44 anos ou mais residentes em Cambé (PR). Trata-se de estudo com
delineamento longitudinal prospectivo, com quatro anos de seguimento. A
população foi composta por moradores de 40 ou mais anos, do município de
Cambé – PR. A primeira coleta de dados foi realizada em 2011, contou com 1180
participantes e o seguimento ocorreu no ano de 2015 com 885 participantes. Para
este estudo foram investigados 402 indivíduos que fizeram parte das duas coletas
e que eram livres de HAS na linha de base (2011). Em ambas as etapas foram
realizadas aferições da pressão arterial, medidas antropométricas e exames
laboratoriais. A HAS foi definida como a média (três medidas) da pressão arterial
elevada (PAS ≥140 mmHg; PAD ≥90 mmHg) e/ou uso de medicamento antihipertensivo. As análises foram processadas no programa SPSS versão 19.0,
utilizou-se a Regressão de Poisson, com variância robusta para o cálculo do risco
relativo. A incidência de hipertensão arterial foi de 38,8%, 155 casos incidentes.
Após ajustes com as variáveis demográficas, socioeconômicas, hábitos de vida e
condições de saúde, entre as mulheres, ser idoso (acima dos 60 anos) (RR1,50;
IC95% 1,06 – 2,11), a inatividade física no lazer (RR1,73; IC95% 1,16 – 2,56), ter
sobrepeso ou obesidade (RR1,60; IC95% 1,12 – 2,28), níveis elevados de
triglicérides (RR1,70; IC95% 1,20 – 2,39) e níveis elevados de glicose (RR2,14;
IC95% 1,45 – 3,17), estiveram associados à incidência de hipertensão arterial.
Entre os homens após os ajustes apenas os níveis elevados de LDL (RR 1,53;
IC95% 0,99 – 2,39) mantiveram a associação com significância estatística. A
compreensão das causas de uma patologia crônica revela a necessidade de
ampliar as politicas públicas, favorecendo a adoção de hábitos saudáveis. A
diferença nos preditores entre os sexos, reflete a necessidade de conhecer
melhor os determinantes dessa distribuição.
Prevalência, incidência e fatores predisponentes à síndrome metabólica na população de 40 anos e mais: Vigicardio 2011-2015
Kécia Costa, Ana Maria Rigo Silva, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 13/09/2017
A Síndrome Metabólica (SM) é definida como um conjunto de alterações
metabólicas que conferem aumento do risco cardiovascular. Sua prevalência
na população adulta tem aumentado no mundo e diversos fatores estão
relacionados à sua ocorrência. Este estudo tem como objetivo analisar o perfil
da SM em uma coorte de adultos de 40 anos e mais, comparando-se a
prevalência da SM e seus componentes entre dois períodos e identificando sua
incidência e fatores preditores após seguimento. Trata-se de um estudo com
dois delineamentos distintos, um comparativo entre dois períodos, 2011 e
2015, e o segundo uma coorte prospectiva. A população de estudo foi
constituída por adultos de 40 anos e mais residentes em Cambé, Paraná. A
coleta de dados da primeira etapa ocorreu entre os meses de fevereiro e maio
de 2011 e foram entrevistados 1180 indivíduos. A segunda etapa iniciou-se em
março e terminou em outubro de 2015 e 885 adultos foram entrevistados. Em
ambas as etapas realizou-se aferição da pressão arterial, medidas
antropométricas e exames laboratoriais. A SM foi identificada segundo a
definição harmonizada, que preconiza a presença de três ou mais dos
componentes: circunferência abdominal ≥102 cm homens e ≥ 88 cm mulheres;
triglicérides: ≥ 150mg/dl e/ou tratamento medicamentoso com hipolipemiantes;
PAS ≥ 130 e/ou PAD ≥ 85 mmHg e/ou tratamento com medicamentos antihipertensivos; HDL: <40 mg/dl em homens e <50 mg/dl em mulheres e/ou
tratamento medicamentos com hipolipemiantes; glicemia jejum: ≥100 mg/dl
e/ou medicamento para tratamento do diabetes. Todas as análises foram
realizadas no programa SPSS 19.0. Para a comparação das prevalências da
SM e de seus componentes entre os períodos foi utilizado o teste de Mc Nemar
e para a comparação entre os sexos o teste Qui-quadrado, adotando-se o nível
de significância de p<0,05. A análise de regressão logística múltipla foi utilizada
para identificar os fatores preditivos para a incidência acumulada da SM em
2015. Houve aumento estatisticamente significativo entre 2011 e 2015 da
prevalência da SM e de todos os seus componentes exceto da glicemia de
jejum alterada. O componente mais prevalente em ambos os períodos foi
alteração dos níveis pressóricos, 68,3% e 71,3% respectivamente. A obesidade
abdominal elevada foi o componente mais frequente entre as mulheres e, entre
os homens foi a alteração dos níveis pressóricos. Após o seguimento, a
incidência acumulada da SM foi de 32,4%. Entre as mulheres foi de 40,1% e,
entre os homens, de 20,0%. Após ajustes, as variáveis que permaneceram
associadas à incidência da SM no sexo feminino foram o hábito de fumar como
fator de proteção, a autopercepção negativa do estado de saúde e a presença
de componentes pré-SM, com aumento da chance de incidência da SM quanto
maior o número de pré-componentes. No sexo masculino apenas o índice da
massa corpórea (IMC) classificado como sobrepeso e/ou obbesidade foi
associado significativamente. Entre as principais conclusões destaca-se a
frequência elevada da SM, a piora do perfil de risco metabólico e
cardiovascular e a obesidade abdominal como um importante fator preditivo. A
condição de SM reconhecida permite classificar os grupos segundo a condição
de risco e planejar intervenções a fim de minimizar as consequências aos
indivíduos e serviços de saúde.