Capacitação técnica autorrelatada por profissionais que assistem à idosos em atenção primária
Maria Karoline Gabriel Rodrigues, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 10/05/2022
A longevidade é uma conquista da humanidade, há a necessidade do ensino e dos serviços em saúde aprimorarem seus conhecimentos e práticas, para adequarem-se as mudanças demográficas do país e proporcionar melhores condições de vida a população idosa. O conhecimento dos profissionais de saúde à cerca do envelhecimento e sobre as peculiaridades desta população é indispensável para contribuir com a autonomia e independência, ampliar os fatores de proteção e diminuir os fatores de risco para doença, reduzindo a incidência e prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). O estudo objetivou caracterizar a capacitação técnica-científica autorrelatada dos profissionais da Atenção Primária à Saúde, com relação às demandas do processo de envelhecimento. Estudo descritivo, quantitativo, em que foram coletados dados por meio de um questionário online criado pela autora com as variáveis de interesse relacionada as peculiaridades dos idosos. A população foi composta pelos profissionais das seguintes áreas: enfermagem, medicina, odontologia, psicologia e assistência social, totalizando 35 profissionais de ensino superior, que atuam em nove Unidades Básica de Saúde (UBS) de um município de pequeno porte da região sul do país. Foi excluída apenas uma Unidade Básica de Saúde que se tornou referência para covid 19. De acordo com os resultados encontrados, o perfil que predominou foi o gênero feminino com 80% dos profissionais, sendo a enfermagem a classe profissional com maior participação (65,7%), e, mais de 60% dos profissionais relataram conviver com idosos em seu núcleo familiar. A maioria dos profissionais possui alguma Pós-Graduação, no entanto 60% não tem realizado atividades de Educação Permanente e a Geriatria/Gerontologia não é uma área citada pelas 40% das capacitações realizadas, apesar de 82,9% dos profissionais relatarem interesse em adquirir mais conhecimento nesta área. Dos participantes 97,1% concordam que há grande proporção de idosos na sua área de abrangência, mas apenas 48,6% dos profissionais disseram se sentir seguros para avaliar aos idosos e 60% não conhecem instrumentos avaliativos específicos para traçar um panorama da saúde do idoso. Em relação ao conhecimento sobre assistência prestada referente aos seis temas voltados a saúde dos idosos, a soma de todos os profissionais se manteve uma média de 6 (seis), na qual dez pontos significam na escala, totalmente preparado. Conclui-se que os profissionais necessitam de aprimoramento na área de geriatria/gerontologia e que a graduação pode ser um espaço de integração ensino serviço para que os acadêmicos se sintam mais preparados para o mercado de trabalho. Além disso, a educação permanente deve ser uma estratégia utilizada para aprimorar e atualizar as práticas cotidianas no serviço.
As repercussões do envelhecimento populacional na morbimortalidade e no sistema de saúde de Londrina
Gilberto Berguio Martin, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 25/10/2002
A OMS considera uma dada população como velha quando a proporção de maiores de 60 anos ultrapassa 7% do total de habitantes.Hoje esta é uma realidade também de países em desenvolvimento como o Brasil e de cidades como Londrina. A população residente em Londrina é analisada quanto à evolução demográfica (1970 a 2000), dados de mortalidade (faixas etárias e causas, de 1980, 1990, 1995 e 2000) e de morbidade hospitalar (faixas etárias idosas, causas de internação por número, dias de permanência e valores pagos pelo SUS, no ano 2000), através de pesquisas em fontes secundárias via internet (SIM-SUS e SIH-SUS) e relatórios consolidados (NIM/AMS/PML). Constatou-se que de 1970 a 2000 a população de Londrina envelheceu (maiores de 60 anos evoluíram de 4,03% para 9,34% da população total), enquanto cresceu drasticamente a periferia urbana, diminuiu o tamanho das famílias, subiu o percentual de mulheres em sua chefia, caíram as mortalidades infantil e por doenças infecto-parasitárias e a taxa de natalidade, assim como o Índice de Dependência (pela queda do Índice de Dependência Jovem), triplicando Razão de Envelhecimento no período (de 0,10 a 0,35). Na população geral cresceu a proporção de óbitos acima dos 60 e mais anos (de 43,02% em 1980, para 61,52% em 2000), com a maior variação para 80 e mais anos (de 11,24% para 23,26%). Doenças do Aparelho Circulatório, Neoplasmas e Causas Externas mantiveram-se neste período como as três primeiras causas de óbitos dos londrinenses, com cerca de 60% do total. Na população de 60 e mais anos, cruzando-se os dados de mortalidade e de morbidade hospitalar, por enfermidade específica, constatou-se que a Doença Cérebrovascular é a primeira causa de óbito, com 13,24% (e a quinta com maior utilização de dias de permanência, 3,83%, e de valores pagos pelo SUS, 2,73%); a Pneumonia é a primeira em número de internações, 10,85%, e em dias de permanência em internação, 9,22%(e a quarta em valores pagos pelo SUS, 4,75%); o Infarto Agudo do Miocárdio e outras Doenças Isquêmicas do Coração como primeira em valores pagos pelo SUS,21,07%, (segunda causa de óbitos,9,58%, e terceira em número de internações,5,52%, e em dias de permanência,5,55%). Constataram-se ainda, com forte repercussão na mortalidade e morbidade hospitalar dos idosos, as enfermidades: Doenças de Vias Aéreas Inferiores, Diabetes Mellitus, Doenças Hipertensivas, Insuficiência Cardíaca, Arritmias Cardíacas e Esquizofrenia. Que acabam sendo os principais agravos à saúde do idoso. Isto demanda intervenções de proteção e promoção à saúde da população geral, no sentido do envelhecimento saudável e da implantação de programas específicos para a população idosa, também na rede básica de atenção primária à saúde.
Condições de saúde bucal, estado nutricional e fatores associados em idosos de Londrina, Paraná
Arthur Eumann Mesas, Selma Maffei de Andrade , Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 16/12/2005
O aumento da proporção de idosos na população tem estimulado a realização de estudos que integrem as diferentes áreas da saúde e possam fundamentar o planejamento de ações de promoção de saúde. Este estudo teve por objetivo verificar condições de saúde bucal, estado nutricional e associações entre más condições de saúde bucal e desnutrição em indivíduos idosos. A população de estudo foi constituída por 267 idosos com idade entre 60 e 74 anos e residentes no conjunto habitacional Ruy Viermond Carnascialli, no município de Londrina, Paraná, excluindo-se os de alta dependência funcional. Os dados foram coletados em visitas domiciliares com entrevista e exame clínico, mediante consentimento livre e esclarecido. A média de idade encontrada foi de 66,5 anos, sendo que 59,9% eram mulheres, 60,2% tinham menos de 4 anos de escolaridade e 83,9% pertenciam às classes econômicas C ou D. Quanto às condições de saúde bucal, 43,1% eram edêntulos, 83,5% tinham menos de 20 dentes naturais presentes, 76,4% usavam e 49,4% necessitavam de algum tipo de prótese removível. A ausência de contatos oclusais posteriores entre dentes naturais ou de próteses foi observada em 27% da amostra. A maioria (60,7%) dos idosos, no entanto, considerou "boa" sua saúde bucal. O risco nutricional e desnutrição foram identificados pela Mini Avaliação Nutricional em 21,7% dos idosos. Na análise multivariada, gênero (feminino), escolaridade (< 4 anos) e idade (67 a 74) associaram-se de forma significativa ao edentulismo e à presença de menos de 20 dentes, ao qual se associou, também, o tabagismo. A autopercepção ruim da saúde bucal não foi associada a nenhuma das condições de má saúde bucal analisadas, porém, apresentou como fatores independentemente associados, o gênero (feminino) e a depressão. O risco nutricional demonstrou associação estatisticamente significativa com a ausência de oclusão posterior e com a autopercepção ruim, mesmo após o controle das variáveis gênero, idade, escolaridade, classe econômica, depressão e déficit cognitivo. Conclui-se que as elevadas freqüências das más condições clínicas de saúde bucal indicam a necessidade de uma maior atenção odontológica à população idosa. A associação independente observada entre a ausência de oclusão posterior e o risco nutricional aponta para a importância da manutenção ou reabilitação da condição mastigatória para o adequado estado nutricional do idoso. Os idosos com percepção ruim da sua saúde bucal, independentemente da presença de depressão, tiveram maior chance de apresentarem risco nutricional ou desnutrição, sugerindo que, além de observações clínicas, dados subjetivos como a autopercepção devam ser considerados na avaliação das condições de saúde bucal de idosos e na sua relação com o estado nutricional.
Vacinação contra a gripe em idosos não institucionalizados: estudo de base populacional
Renata Dip, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 04/12/2007
A gripe apresenta um grande impacto na morbidade e na mortalidade dos idosos. A medida mais efetiva para evitar as complicações dessa doença é a vacinação. Este estudo, de base populacional, realizado por meio de inquérito domiciliar, teve por objetivos estimar a cobertura vacinal contra a gripe em idosos não institucionalizados, analisar os fatores associados à não adesão e identificar os eventos adversos após a vacinação. A população de estudo foi constituída pelos idosos residentes na área de abrangência do Programa Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde Vila Brasil, no município de Londrina, Paraná. A amostra foi calculada em 425 idosos, divididos em quotas a serem preenchidas em cada setor censitário da área de estudo. Houve 29 perdas (6,8%), por recusa à participação ou pelo fato de o idoso não ter sido encontrado no domicílio após 4 tentativas de visita. Foram entrevistados 396 idosos, com idade entre 60 e 95 anos. A média de idade encontrada foi de 72,1 anos, sendo que 56,1% eram mulheres, 58,6% tinham menos de 5 anos de escolaridade e 17,2% pertenciam às classes econômicas D ou E. Embora 100% dos idosos referissem conhecer a vacina, apenas 5,3% referiram o médico como fonte da informação. A cobertura vacinal foi de 73,0%. Dentre os que não se vacinaram 83,2% (89 idosos) alegaram como motivo da não adesão o desejo explícito de não ser vacinado. E as principais justificativas para isso foram o medo de eventos adversos após a vacinação e a falta de credibilidade na eficácia ou na necessidade da vacina. Apesar disso, neste estudo a prevalência de eventos adversos foi baixa (6,6%). O único evento adverso referido foram sintomas gripais até duas semanas após a vacinação. Na análise multivariada, idade (< 70 anos), tabagismo (ser tabagista) e ter referido ausência de consulta médica no último ano associaram-se de forma independente a menor adesão à vacinação. Os resultados apresentados apontam a necessidade de esclarecimento da população quanto aos baixos níveis de eventos adversos após a vacinação assim como sobre sua necessidade e sua real eficácia. Evidenciou-se também a necessidade de melhorias nas campanhas de vacinação especificamente para dois grupos diferentes: idosos abaixo de 70 anos e idosos tabagistas. Nesse sentido, são necessários estudos para o desenvolvimento de linguagem mais adequada para cada grupo de menor adesão.
Dermatomicoses em idosos de uma instituição de longa permanência em Londrina, Paraná
Marcia Cristina Moreira Menoncin, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 18/12/2013
O crescimento da população idosa tem incentivado medidas políticas para a melhoria da saúde e da qualidade de vida de idosos em instituições de longa permanência. Este estudo teve como objetivo analisar as dermatomicoses em idosos de uma instituição de longa permanência do município de Londrina – Paraná. Os dados foram coletados mediante aplicação de formulário e exame físico da pele e das mucosas. A população foi constituída por 89 indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, com idade média de 75,6 anos e tempo médio de institucionalização de 7,2 anos. O sexo masculino representou 57,3% dos indivíduos e o feminino, 42,7%. A maior parte (61,8%) estava alocada em enfermarias, devido ao maior grau de dependência funcional. Identificou-se elevada prevalência das dermatomicoses (67,4%), sendo mais frequentes nos idosos masculinos, responsáveis por 66,4% dos casos. A maioria apresentou apenas uma infecção, e os pés foram o local de maior detecção (48,3%). Observou-se associação entre a presença de infecção e o tipo de habitação, com maior prevalência na população dos quartos, considerada funcionalmente independente e cujos cuidados de higiene eram realizados de forma autônoma. Apenas 7% dos idosos infectados se queixaram de prurido no local da lesão. Concluiu-se que as dermatomicoses são desordens de grande representatividade na população idosa institucionalizada e que medidas preventivas precisam ser reconhecidas e implementadas, destacando-se a monitorização e supervisão do autocuidado praticado por idosos independentes.
Capacidade funcional e composição corporal em indivíduos com mais de 55 anos
Renata Maciulis Dip, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 11/08/2014
As perdas de massa magra e de força muscular apresentam grande impacto na qualidade de vida e na mortalidade de idosos. Este estudo, realizado por meio de inquérito domiciliar e aferição da composição corporal e da força muscular a domicílio, derivado de uma pesquisa de base populacional, teve por objetivos analisar o papel da baixa massa magra, da força muscular baixa e da obesidade na dificuldade para utilizar escadas e na dependência para a realização das Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), assim como analisar também o papel das comorbidades na relação entre a composição corporal e capacidade funcional. A composição corporal foi avaliada pelo método de bioimpedância corporal e a força muscular pelo dinamômetro de preensão palmar. A capacidade funcional foi avaliada para a realização de Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD), AIVD e capacidade para utilizar escadas. A população de estudo foi constituída por pessoas com mais de 55 anos residentes no município de Cambé, PR. A amostra foi constituída por 451 pessoas, proporcionais aos setores censitários da área urbana do município. Houve 83 perdas (18,4%), por recusa à participação ou pelo fato do indivíduo não ter sido encontrado no domicílio após 4 tentativas de visita. Foram entrevistadas 368 pessoas, com idade entre 56 e 91 anos. A média de idade encontrada foi de 65,4 anos, sendo que 60% eram mulheres, cerca de 80% dos entrevistados pertenciam às classes econômicas B e C e 60% referiu ter de um a oito anos de estudo. A obesidade foi encontrada em 36% das mulheres e 25% dos homens. Para os homens, a força muscular baixa foi um fator associado à dificuldade para utilizar escadas e para a realização das AIVD independentemente da massa muscular, da idade e da obesidade. No entanto, quando analisamos as comorbidades juntamente com a composição corporal, a força deixa de ser um fator independente. Para os homens, a dor crônica em membros inferiores (MMII) e a obesidade foram os fatores independentemente associados à dificuldade para utilizar escadas. Para a realização das AIVD, a IC foi o único fator associado de forma independente à dificuldade. Para as mulheres, a força muscular baixa e a obesidade foram os fatores associados à dificuldade para utilizar escadas independentemente da idade e da massa magra baixa. Quando as comorbidades são analisadas conjuntamente, a força muscular baixa e a obesidade se mantêm como fator associado, e surgem outros dois fatores: a dor crônica em membros inferiores e a depressão. Já para a realização das AIVD, a idade, a força muscular baixa e a baixa massa magra associaram-se de forma independente à dificuldade. Ao analisarmos conjuntamente as comorbidades, apenas a faixa etária (ter 65 anos ou mais) associou-se independentemente à dificuldade. A prevenção da perda de força muscular deveria ser priorizada pelas políticas de saúde pública, no intuito de retardar e reduzir a dependência funcional dos idosos.
Condições de saúde e utilização de serviços odontológicos entre adultos de 40 anos ou mais: estudo de base populacional
Maria Luiza Hiromi Iwakura Kasai, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 05/12/2013
O presente estudo teve por objetivo analisar as condições de saúde bucal e a utilização de serviços odontológicos entre adultos de 40 anos ou mais e fatores associados. Realizou-se estudo transversal de base populacional, com amostra representativa de 1180 indivíduos residentes na região urbana de Cambé, no período de fevereiro a junho de 2011. Esta pesquisa faz parte de um estudo mais abrangente – Projeto VigiCardio. Foram calculadas medidas de associação expressas pelas razões de prevalências (RP) brutas e ajustadas, estimadas por modelos de regressão de Poisson univariados e múltiplos, com estimadores robustos de variância. A média de idade dos indivíduos foi de 54,6 anos e 54,4% eram mulheres. O edentulismo total foi observado em 22,7% dos indivíduos, a prevalência de mais de doze dentes perdidos foi de 49,7% e a média de dentes perdidos foi igual a 15,6 (mediana de 12,0). A necessidade de tratamento dentário atual foi citada por 67,6%, e 37,8% consultaram o dentista há três anos ou mais. No modelo final, após análise ajustada pela regressão de Poisson os fatores que permaneceram significativamente associados aos desfechos foram: a) perda dentária superior a 12 dentes: ser do sexo feminino (RP=1,397; IC95%: 1,243;1,570); ter mais de 60 anos de idade (RP = 1,730; IC95%: 1,551;1,931); ter cursado até 7 anos de estudo (RP = 2,074; IC95%: 1,710;2,516); e ter realizado a última consulta com o dentista há três anos ou mais (RP = 1,297; IC95%: 1,161;1,449); b) consulta ao dentista há três anos ou mais: ser do sexo feminino (RP = 0,710; IC95%: 0,575;0,877); ter cursado até 7 anos de estudo (RP = 2,076; IC95%: 1,627;2,648); possuir alguma prótese dentária (RP = 0,702; IC95%: 0,571;0,862);e necessitar de tratamento dentário atual (RP = 2,155; IC95%: 1,520;3,056); c) necessidade de tratamento dentário atual: última consulta ao dentista há três anos ou mais (RP = 1,174; IC95%: 1,095;1,260); sangramento na gengiva (RP = 1,132; IC95%: 1,049;1,222); presença de dente amolecido (RP = 1,117; IC95%: 1,038;1,203); e insatisfação com os dentes/boca (RP = 1,517; IC95%: 1,381;1,666). Os resultados aqui apresentados apontam desigualdade no acesso aos serviços odontológicos e iniquidade na atenção, e indicam a necessidade de ampliação da oferta de serviços odontológicos e das opções de tratamento no âmbito do SUS à população adulta idosa e não idosa.