Teses e Dissertações
Palavra-chave: Hipertensão arterial
Prevalência, reconhecimento, tratamento medicamentoso e controle da hipertensão arterial e do diabetes mellitus no município de Cambé – PR.
Camila Rocha Machado, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 25/04/2014
Introdução: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo.
Entre os fatores de risco modificáveis destacam-se o diabetes mellitus e a
hipertensão arterial. Conhecer as taxas de reconhecimento dessas condições na
população, bem como de seu controle por meio da terapia medicamentosa pode
aprimorar as medidas de detecção e acompanhamento na atenção básica. Objetivo:
Analisar a prevalência, o reconhecimento, o tratamento, e o controle da hipertensão
arterial e do diabetes mellitus na população de 40 anos ou mais residente no
município de Cambé-PR. Método: Estudo transversal de base populacional, com
1.180 participantes com 40 anos ou mais, residentes na área urbana do município
de Cambé, Paraná. O diabetes mellitus foi determinado por meio do autorrelato, uso
de hipoglicemiantes ou glicemia em jejum alterada e a hipertensão arterial pelo
autorrelato e uso de medicamentos não específicos, uso de medicamentos
específicos ou aferição da pressão arterial. Resultados: A prevalência de
hipertensão foi de 56,4%, desses 70,7% reconheciam, entre os que reconheciam
83,8% tratavam e dos que tratavam 38,4% estavam com os níveis pressóricos
normais. Quanto ao diabetes, a prevalência encontrada foi de 13,7%, dos quais
65,2% conheciam a condição, destes 88,4% tratavam e entre os que tratavam
34,2% estavam com os valores da glicemia em jejum abaixo de 126mg/dl. Os fatores
associados ao reconhecimento da hipertensão foram não exercer atividade
ocupacional (p=0,003), não consumir álcool de maneira excessiva (p=0,047), utilizar
a Unidade Básica de Saúde (p=0,005), consultar o médico (p<0,001), ser obeso
(p=0,005) e ter diabetes (P<0,001). Considerações finais: Os resultados indicam
alta prevalência de hipertensão arterial e elevada frequência de tratamento
medicamentoso entre os que reconhecem. Porém, apontam a necessidade de
estratégias voltadas para melhorar o reconhecimento da hipertensão e do diabetes e
principalmente do controle entre os que tratam, no sentido de aumentar o impacto
das ações de saúde na qualidade de vida e na ocorrência de eventos
cardiovasculares na população.
A longitudinalidade do cuidado na atenção básica à luz da experiência dos usuários com hipertensão arterial
Crysthianne Cônsolo de Almeida Baricati, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 28/01/2016
A longitudinalidade ou vínculo longitudinal do cuidado, um dos atributos da atenção
básica à saúde, consiste no acompanhamento do usuário ao longo do tempo, na
qual se espera uma relação terapêutica que envolva a responsabilidade por parte do
profissional de saúde e a confiança por parte do usuário. Este atributo é constituído
por três elementos: a existência e o reconhecimento de uma fonte regular de
cuidados, o estabelecimento de vínculo terapêutico duradouro entre os usuários e os
profissionais de saúde da equipe local e a continuidade informacional. Este estudo
teve como objetivo compreender a longitudinalidade do cuidado na atenção básica a
partir da vivência do usuário com hipertensão arterial. Trata-se de pesquisa de
natureza qualitativa, com abordagem descritivo-exploratória, realizada com treze
pessoas com quarenta anos ou mais, residentes na zona urbana do município de
Cambé/PR, com hipertensão arterial e que utilizavam exclusivamente os serviços do
Sistema Único de Saúde. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2014 e
janeiro de 2015, realizada por meio de entrevista com a questão norteadora: Conteme como tem sido o cuidado da hipertensão arterial na unidade básica de saúde.
Para analisar os dados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo com base em
duas categorias analíticas: a unidade básica de saúde como fonte regular de
cuidados e relação interpessoal para o estabelecimento do vínculo duradouro entre
o usuário e os profissionais. Os depoimentos dos usuários com doenças crônicas
revelam aspectos que apontam a longitudinalidade do cuidado na atenção básica do
município. Os usuários utilizam a unidade básica de saúde como fonte regular do
cuidado, mas não a reconhecem como tal porque há fragilidades quantitativas e
qualitativas nos serviços. Em relação ao estabelecimento do vínculo entre o usuário
e os profissionais, verificou-se que decorreu das relações interpessoais
influenciadas: pelo tempo de moradia na área, pela alta rotatividade dos
profissionais, pela qualidade do processo de comunicação verbal e não verbal entre
os usuários e a equipe, pela permanência do modelo biomédico na atenção básica e
pela dificuldade do usuário reconhecer as categorias profissionais atuantes e suas
atribuições. Conclui-se que exercer o atributo do vínculo longitudinal, embora esteja
relacionado às práticas profissionais, depende da união dos esforços direcionados à
melhoria da quantidade e da qualidade dos serviços ofertados e das estratégias de
valorização dos profissionais.
Exposição ambiental ao chumbo e pressão arterial em população urbana: estudo de base populacional
Ana Carolina Bertin de Almeida Lopes, Mônica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 15/01/2015
A exposição ambiental e ocupacional ao chumbo representa um importante problema de
saúde pública. O acúmulo do chumbo no organismo pode levar ao desenvolvimento de
diferentes morbidades, como aumento na pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD),
hipertensão arterial, arteriosclerose, disfunção renal, entre outras. Dessa forma, este estudo
objetivou verificar os determinantes socioeconômicos, ambientais, de estilo de vida e de
condições de saúde relacionados aos níveis de chumbo em sangue em adultos com 40 anos ou
mais de idade. Além disso, examinou-se a associação entre os níveis de chumbo em sangue e
alterações na PAS e PAD e hipertensão arterial. Realizou-se um estudo transversal de base
populacional, com 959 adultos residentes na região urbana de um município de médio porte
no Sul do Brasil. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas, exame físico e exames de
laboratório. Foram incluídas variáveis socioeconômicas, de estilo de vida, condições de saúde,
dieta, e sobre exposição ocupacional ao chumbo. Os níveis de chumbo em sangue foram
medidos pela técnica da espectrometria de massa com plasma de argônio indutivamente
acoplado (ICP-MS). Considerou-se como PAS elevada valores 140 mmHg e PAD elevada
90 mmHg. A hipertensão arterial foi definida como PAS 140 mmHg e/ou PAD 90 mmHg
ou uso de medicação antihipertensiva. As análises estatísticas foram realizadas nos programas
Stata versão 13.1 e SPSS versão 20. A média geométrica dos níveis de chumbo em sangue foi
1,97 g/dL (95% CI: 1,90-2,04 g/dL). No Modelo 1 da análise de regressão linear múltipla
ajustou-se por sexo, idade, cor da pele, educação, classe socioeconômica, tabagismo, consumo
de álcool, exposição ocupacional ao chumbo, consumo de carne vermelha e de leite de vaca.
O Modelo 2 foi ajustado para sexo e exposição ocupacional ao chumbo. Os níveis mais
elevados de chumbo em sangue foram associados ao sexo masculino, à idade avançada, ao
tabagismo, ao consumo de álcool e ao menor consumo de leite de vaca. No Modelo 2, os
níveis de chumbo em sangue foram maiores nos participantes não brancos em relação ao
brancos, em ex-fumantes e naqueles expostos ocupacionalmente ao chumbo. Participantes
vivendo em área onde foram identificadas mais indústrias que utilizam chumbo apresentaram
níveis de chumbo em sangue mais elevados (3,30 g/dL) comparados aqueles vivendo em
outras áreas com menor número de indústrias (1,95 g/dL). Os níveis de chumbo em sangue
foram associados à PAS e PAD na análise de regressão linear múltipla. A análise de regressão
logística mostrou que os indivíduos do mais alto quartil de concentração de chumbo em
sangue apresentaram odds ratio (OR) para hipertensão arterial significativamente elevado em
relação aos participantes do quartil 1, com aumento gradativo entre os quartis (quartil 2: OR,
1,16 (0,77-1,74); quartil 3: OR, 1,15 (0,76-1,74); quartil 4: OR, 1,82 (1,17-2,82), p-trend =
0,011). O OR ajustado para PAD elevada foi mais alto para os participantes do maior quartil
de chumbo em sangue em relação aos participantes do quartil 1 (OR: 2,31; IC 95%: 1,21-
4,41). A análise de clusters revelou que os participantes com níveis de chumbo em sangue
mais elevados (2,99 g/dL), eram geralmente hipertensos, com PAS e PAD elevadas, do sexo
masculino, com média de idade de 54,92 anos e com sobrepeso (IMC de 25 a >30). O
cluster dos participantes com níveis de chumbo em sangue mais baixos (2,16 g/dL) eram
geralmente não hipertensos, com PAS e PAD normais, do sexo feminino, com média de idade
de 50,89 anos e com IMC normal (de 0 a <25). Conclui-se que os níveis de chumbo em
sangue foram associados ao sexo masculino, à idade avançada e a hábitos como tabagismo,
consumo de álcool e menor consumo de leite de vaca. Além disso, indivíduos com níveis de
chumbo mais elevados têm mais chances de apresentarem hipertensão arterial. Finalmente, apesar dos baixos níveis de chumbo em sangue encontrados nos adultos desta área urbana, é
importante que a exposição ao chumbo seja monitorada e que leis regulatórias sejam
decretadas com o objetivo de prevenir a contaminação de chumbo em ambientes urbanos.