Teses e Dissertações
Palavra-chave: Fatores de risco
Atuação profissional de motoboys e fatores associados à ocorrência de acidentes de trânsito em Londrina-PR
Daniela Wosiack da Silva, Darli Antonio Soares, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 28/07/2006
Nos últimos anos, no Brasil, tem sido observada utilização crescente dos serviços de entrega
de mercadorias por motoboys, os quais são susceptíveis à ocorrência de acidentes de trânsito
devido à sua grande exposição nas vias públicas e à necessidade de realizarem o maior
número possível de entregas em curto intervalo de tempo. Há poucos estudos que abordam os
riscos de acidentes a que está exposta esta categoria profissional. Este estudo teve por objetivo
analisar o perfil de motoboys, sua atuação profissional e fatores associados com a ocorrência
de acidentes de trânsito durante o trabalho no município de Londrina. Trata-se de um estudo
transversal, tendo como unidade de análise motoboys que atuam em Londrina. A delimitação
da amostra deu-se após a realização de um estudo exploratório, por consultas telefônicas
buscando-se definir o número de motoboys atuantes nos sete principais tipos de empresas que
os empregam (restaurantes, farmácias, papelarias/copiadoras, empresas de tintas, gás, água e
entregas). A partir desse levantamento, visando garantir a proporcionalidade, as empresas
foram ordenadas por tipo e número de motoboys, sendo realizada amostragem sistemática de
aproximadamente 50%. A coleta de dados ocorreu de setembro a novembro de 2005,
utilizando um questionário auto-aplicável, desenvolvido após diversas etapas visando seu
aprimoramento. Com a finalidade de reduzir perdas, foram realizadas até cinco visitas à
mesma empresa nos três períodos do dia. A análise dos dados foi feita por meio de análises
descritivas, bivariadas e regressão logística. Foram entrevistados 377 motoboys (perda de 4%
em relação aos amostrados). Cerca de 75% dos motoboys apresentava tempo de atuação
profissional superior a dois anos. A maioria (68%) atuava em apenas um tipo de empresa,
havendo predomínio de restaurantes (48%). Em cerca de 65% dos casos, a remuneração
estava relacionada à quantidade de entregas feitas. Constatou-se que 36% dos motoboys
alternavam turnos de trabalho e que 42% referiram ter trabalhado mais do que dez horas por
dia na última semana. Cento e quarenta e sete motoboys (39%; intervalo de confiança de 95%
[IC95%]: 34,1-44,1%) relataram ter sofrido acidentes de trânsito nos doze meses anteriores à
realização da pesquisa, e 121 (32,1%; IC95%: 27,5-37,1%) durante o exercício profissional.
Foram relatados, no total, 257 episódios de acidentes de trânsito, o que equivale a uma taxa de
68,17 acidentes por 100 motoboys. Na análise multivariada, os fatores independentemente
associados, de forma direta, ao relato de ocorrência de acidentes de trânsito durante o trabalho
foram: a idade dos motoboys, sendo maior a taxa de acidentes na faixa etária de 18 a 24 anos
(Razão de Chances [OR]=1,74), a adoção de velocidades acima de 80 Km/h nas avenidas do
município (OR=1,64) e a alternância de turnos de trabalho (OR=1,77). Os resultados indicam
alta incidência de acidentes de trânsito no período analisado. A maior parte dos acidentes
ocorreu durante o trabalho, comprovando a maior exposição dos motoboys aos acidentes de
trânsito devido a características inerentes à profissão, sendo necessárias estratégias e políticas
específicas para a redução de acidentes envolvendo estes profissionais.
Adesão ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família, Londrina, PR
Edmarlon Girotto, Selma Maffei de Andrade, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 17/06/2008
A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares.
Para o seu controle são necessárias medidas farmacológicas e não-farmacológicas,
como alimentação e atividade física. Contudo, a adesão ao tratamento é o grande
desafio dos profissionais e serviços de saúde, especialmente na atenção básica.
Nesse sentido, este estudo teve por objetivo determinar a adesão ao tratamento
anti-hipertensivo e identificar fatores associados a esta condição. A população de
estudo foi composta por hipertensos de 20 a 79 anos, cadastrados na Unidade de
Saúde da Família Vila Ricardo, no município de Londrina, Paraná. A coleta de dados
ocorreu de janeiro a junho de 2007, com amostra sistemática e aleatória de
hipertensos. Foram colhidas informações auto-referidas, além das medidas de
pressão arterial e das circunferências abdominal e do quadril. Foram entrevistados
385 hipertensos, sendo 62,6% mulheres e 37,4% homens, com idade média de 58,9
anos. Cerca de 50,0% dos entrevistados tinham no máximo 3ª série do ensino
fundamental completa, 46,0% pertenciam à classificação econômica D ou E e 57,4%
referiram não possuir trabalho remunerado. Entre os entrevistados, 84,2% relataram
utilizar medicamentos para controle da hipertensão, 8,3% abandonaram o
tratamento e 7,5% alegaram que não houve prescrição de medicamentos. A adesão
ao tratamento farmacológico foi encontrada em 59,0% dos hipertensos. O
esquecimento (32,2%), a normalização da pressão arterial (21,2%) e os efeitos
adversos (13,7%) foram os principais motivos alegados para a não-adesão. Com
relação ao tratamento não-farmacológico, 17,7% e 69,1% dos hipertensos referiram
ser aderentes à atividade física regular e a mudanças na alimentação,
respectivamente. A adesão à atividade física regular associou-se ao sexo masculino,
à maior escolaridade, à presença de diabetes, à ausência de colesterol elevado, à
relação cintura-quadril e circunferência abdominal normais, ao índice de massa
corporal < 25 kg/m2
, ao mínimo de uma consulta ao ano e a uma medida da pressão
arterial ao mês. A adesão a modificações na alimentação esteve associada ao sexo
feminino, à menor escolaridade, ao acesso a plano de saúde, ao não-tabagismo ou
ex-tabagismo, ao não-consumo ou consumo irregular de bebidas alcoólicas, ao nãoabandono do tratamento medicamentoso, ao mínimo de uma consulta ao ano e a
uma medida da pressão arterial ao mês. Na análise multivariada, os fatores
independentemente associados à adesão ao tratamento farmacológico foram: a
faixa etária de 50 a 79 anos (Razão de Chances [OR]=4,673), o não-consumo ou
consumo irregular de bebidas alcoólicas (OR=4,608), a realização de consultas
médicas em intervalos máximos de um ano (OR=1,908) e a ausência de trabalho
remunerado (OR=1,792). Os resultados indicam uma baixa adesão ao tratamento
anti-hipertensivo, especialmente à atividade física regular, e sugerem a implantação
de estratégias que visem estimular a adesão às medidas de controle da hipertensão
arterial.
Risco de ulceração em pés de portadores de Diabetes Mellitus em Londrina, Paraná: caracterização do cuidado na atenção básica, prevalência e fatores associados
Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Selma Maffei de Andrade , Maria do Carmo Lourenço Haddad
Data da defesa: 30/04/2010
O portador de diabetes mellitus (DM) tem, aproximadamente, 15% de possibilidade
de desenvolver ulcerações nos pés durante sua vida. Aproximadamente 40 a 60%
das amputações não traumáticas de membros inferiores são realizadas em
portadores de diabetes. A prevenção desse agravo constitui-se um grande desafio
para os profissionais de saúde. Esta pesquisa objetivou analisar ações de prevenção
de úlceras em pés de portadores de diabetes desenvolvidas na atenção básica de
Londrina (PR), a prevalência e fatores associados ao maior risco de ulceração em
pés de portadores de DM. O estudo foi desenvolvido em duas etapas. Na primeira,
realizada em dezembro de 2008, entrevistaram-se as coordenadoras das 39
Unidades de Saúde da Família (USFs) da zona urbana de Londrina. Na segunda
etapa, foram entrevistados e examinados, entre dezembro de 2008 e março de
2009, portadores de DM acompanhados em duas USFs, uma com ações de
prevenção de complicações nos pés e outra sem essas ações instituídas. Os
prontuários desses portadores de DM também foram consultados. Observou-se que
48,7% das USFs desenvolviam ações de prevenção, sendo a mais frequente a
consulta de orientação, seguida da avaliação de enfermagem. Em 84,2% destas
USFs, as ações preventivas foram instituídas havia menos de um ano. As ações
estavam totalmente sistematizadas em somente 15,8% das USFs. Foram avaliados
337 portadores de diabetes, sendo 60,0% mulheres. A idade média foi de 64,6 anos,
37,1% tinham menos de quatro anos de escolaridade e 68,2% classificavam-se na
classe econômica C. A prevalência de pé em risco de ulceração foi de 27,9%, sendo
maior na USF sem ações de prevenção (29,7%) do que na USF com estas ações
(26,1%). A ausência de ações de prevenção de complicações nos pés associou-se à
escolaridade menor que quatro anos (p=0,024), cor da pele autorreferida como
preta/parda (p=0,002), hipertensão arterial (p=0,026), corte de unhas inadequado
(p=0,019), uso de calçados inadequados no momento da entrevista (p=0,005), uso
diário autorreferido de calçados inadequados (p=0,046), micose interdigital (p=0,003)
e micose de unha (p=0,001). Na análise multivariada, os fatores independentemente
associados à prevalência de maior risco de ulceração foram: diagnóstico de diabetes
há mais de 10 anos (OR=1,88), histórico de infarto agudo do miocárdio (OR=3,46)
ou de acidente vascular encefálico (OR=2,47), presença de calosidades (OR=1,87) e
de micose de unha (OR=1,79). Os resultados indicam que apenas metade das USFs
do município realiza ações de prevenção de complicações nos pés de portadores de
DM e uma parcela ainda menor as executa de forma sistematizada. A comparação
entre os portadores de DM cadastrados nas duas USF estudadas revelou diferenças
significativas quanto ao autocuidado com os pés e à presença de doenças
dermatológicas, indicando possível efeito dessas ações no maior autocuidado e na
redução desses agravos. A alta prevalência de maior risco de ulceração em pés de
portadores de DM acompanhados na atenção primária e os fatores associados a
essa condição indicam que políticas e ações na atenção básica devem ser
instituídas, buscando o melhor controle da doença e o estímulo de hábitos de
autocuidado com os pés entre os portadores de DM.
Doenças cardiovasculares em adultos: fatores de risco e utilização de serviços preventivos
Mara Cristina Nishikawa Yagi, Regina Kazue Tanno de Souza, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 30/06/2010
As doenças cardiovasculares representam a primeira causa de morbimortalidade no Brasil e
no mundo. Apesar da alta incidência e da gravidade dessas doenças, grande parte poderia ser
evitada com medidas de controle e prevenção dos fatores de risco. Este estudo objetivou
caracterizar a prevenção às doenças cardiovasculares entre adultos residentes na área de
abrangência de uma unidade básica de saúde. Foi realizado inquérito domiciliar com 427
pessoas de idade igual ou superior a 40 anos, selecionadas aleatoriamente, sendo 238 do sexo
feminino e 189 do sexo masculino, residentes na área de abrangência de uma unidade básica
de saúde de Londrina-PR. Foram consideradas todas as microáreas da região. A seleção dos
entrevistados se deu por amostragem sistemática, utilizando-se de dados do Sistema de
Informação de Atenção Básica (SIAB). Foram definidas cotas para cada microárea
assegurando-se a mesma proporção por sexo e faixa etária. Entre os principais resultados,
observou-se que a média de idade foi de 57,6 anos. Dos entrevistados, 66,7% eram casados e
66,0% pertenciam às classes econômicas B2, C1 e C2 segundo o critério de classificação
econômica da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Quanto à prevalência de
fatores de risco para doenças cardiovasculares, 72,1% não realizavam atividade física ou o
faziam menos de três vezes por semana, 60,9% apresentavam sobrepeso ou obesidade, 42,4%
referiram diagnóstico médico de hipertensão arterial e 14,1, de diabetes. Em relação ao
consumo alimentar, 60,9% relataram consumir frutas e 73,8%, verduras ou legumes cinco ou
mais vezes por semana, e 41,0% referiram consumir carne vermelha diariamente. Os homens
apresentaram significativamente maior prevalência dos fatores de risco do que as mulheres no
tocante ao tabagismo (23,8% e 12,2%), o consumo de bebidas alcoólicas (35,4% e 9,2%), o
consumo de carne vermelha com gordura (44,9% e 19,7%); e por outro lado, menor
frequência de consumo de verduras ou legumes (64,6% e 81,1%) e de frutas (55,0% e 65,5%).
Por faixa etária, observou-se maior prevalência de tabagismo (20,6%) e consumo de álcool
(26,3%) entre os entrevistados de 40 a 59 anos em comparação às pessoas com 60 anos e mais
(12,1% para tabagismo e para o consumo de álcool). As pessoas que mencionaram
diagnóstico médico de hipertensão arterial e ou diabetes apresentaram significativamente
menor prevalência de tabagismo e de consumo de carne vermelha com gordura, além de terem
referido com mais frequência o consumo habitual de frutas. Verificou-se uma tendência
crescente do tabagismo com a piora da situação econômica e um maior consumo de verduras
ou legumes quanto melhor esta situação. Em relação à utilização dos serviços de saúde, as
mulheres tiveram maior frequência de consultas médicas (84,0%) e dosagem de colesterol
(88,7%). Os filiados a planos privados consultaram mais o médico (84,6%), aferiram mais a
pressão arterial (46,3% com intervalo inferior a 1 mês), realizaram mais dosagem de
colesterol (89,4%), receberam mais orientação profissional (33,5%) e tiveram maior
participação em cursos (20,8%). Conclui-se que as pessoas do sexo masculino, as de faixa
etária mais jovem e as de mais baixa classe econômica utilizam menos os serviços de saúde.
Fatores de risco para mortalidade infantil em Londrina (PR): análise hierarquizada em duas coortes de nascidos vivos
Hellen Geremias dos Santos, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 16/02/2012
Nas últimas três décadas, a mortalidade infantil (MI) apresentou declínio importante
em todas as regiões brasileiras, sobretudo entre a parcela mais pobre da população,
com mudanças na composição da taxa de mortalidade infantil e nos fatores
determinantes do óbito infantil. Este estudo buscou identificar e comparar fatores de
risco para MI em Londrina, Paraná, nas coortes de nascidos vivos (NV) de
2000/2001 e de 2007/2008. Para a identificação dos NV, pesquisou-se o banco de
dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e, para a
identificação dos óbitos infantis, os registros do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e os do Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna e
Infantil (CMPMMI). Os óbitos foram relacionados ao banco de dados do SINASC por
linkage determinístico, por meio do número da Declaração de Nascido Vivo (DN).
Para a análise de regressão logística, foi construído modelo hierárquico conceitual
com fatores em níveis distal (sociodemográficos), intermediário (obstétricos e
assistenciais) e proximal (dos recém-nascidos). A população de estudo constituiu-se
de 15.385 e 13.208 NV em 2000/2001 e em 2007/2008, respectivamente. Foram
identificados, no SIM/CMPMMI, 185 óbitos de NV no primeiro biênio e 148, de NV no
segundo. Em 2000/2001, foi possível parear 97,30% dos óbitos à sua respectiva DN,
e, em 2007/2008, todos os óbitos tiveram sua DN localizada no banco de dados do
SINASC. Exceto para raça/cor da pele do recém-nascido, em 2000/2001, para
antecedentes obstétricos, em 2007/2008, e para presença de malformação
congênita, em ambos os biênios, todos os campos do SINASC apresentaram
completitude superior a 99%. Em relação aos dados sobre mortalidade, nos dois
períodos, observou-se melhor completitude para os registros do CMPMMI (superior
a 95% para as variáveis comuns ao SINASC). Em geral, a MI pouco se alterou nos
anos 2000, havendo redução apenas do componente pós-neonatal. Quanto aos
fatores estudados, no nível distal, foram de risco para MI, em 2000/2001, os fatores
maternos idade < 20 anos e escolaridades insuficiente e intermediária. Em
2007/2008, idades maternas < 20 e ≥ 35 anos foram fatores de risco, enquanto
escolaridades insuficiente e intermediária, protetores. No nível intermediário, em
2000/2001, foram de risco para MI: gestação múltipla, antecedente de filhos mortos
e número insuficiente de consultas de pré-natal, enquanto cesariana foi fator
protetor. Em 2007/2008, apenas gestação múltipla foi de risco. Todos os fatores
proximais (idade gestacional, peso ao nascer, índice de Apgar no quinto minuto e
sexo) associaram-se à maior MI em 2000/2001, e, em 2007/2008, apenas idade
gestacional e índice de Apgar no quinto minuto permaneceram no modelo. Em
síntese, a aplicação da técnica de linkage determinístico viabilizou a identificação de
fatores de risco para MI em ambos os períodos, pelo elevado percentual de
vinculação alcançado e pela excelente completitude das bases de dados
pesquisadas. Foram observadas mudanças nos fatores de risco para a MI nos
biênios analisados, que podem estar relacionadas à ampliação de políticas sociais e
de ações básicas de saúde e a modificações nos padrões reprodutivo e social das
mulheres.
Incidência de aumento e redução do Índice de Massa Corporal em homens e mulheres de meia-idade: seguimento de quatro anos em município de médio porte
Nathalia Assis Augusto, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 27/03/2020
Nas últimas décadas, o Brasil passou a apresentar prevalência de excesso de peso
três vezes maior que a desnutrição, com um aumento importante a partir da fase da
meia-idade. O objetivo deste estudo foi analisar a incidência de aumento e de redução
do Índice de Massa Corporal (IMC) entre homens e mulheres segundo características
sociodemográficas e classificação nutricional. Trata-se de uma coorte prospectiva de
base populacional com 689 adultos com idade entre 40 e 64 anos acompanhados por
quatro anos. Verificou-se a proporção de redução e de aumento do IMC (≥1 kg/m²)
segundo variáveis sociodemográficas e classificação nutricional no baseline por meio
da regressão de Poisson bruta e ajustada. Entre os homens, observou-se maior
incidência de aumento do IMC (31,8%) do que de redução (18,2%), sendo esta
diferença significativa. Mesma tendência entre as mulheres, porém não significativa
(35,2% de aumento, contra 27,8% de diminuição). Em mesma análise, estratificada
pela classificação nutricional do baseline, observou-se que nos eutróficos a proporção
de aumento foi superior à de redução (em ambos os sexos), porém, entre aqueles
classificados com sobrepeso e obesidade não houve diferença significativa (nem em
homens, nem em mulheres), apesar de numericamente os valores serem superiores
para aumento se comparados à redução de 1 kg/m2
, exceto para as mulheres obesas.
Comparando-se a incidência de redução e aumento de 1 kg/m2 segundo variáveis
demográficas e classificação nutricional do baseline, observou-se maior incidência de
redução nos homens da faixa etária de 55 a 64 anos (RR:1,78; IC95%:1,06-3,00),
naqueles sem companheira (RR:1,85; IC95%:1,09-3,14), nos classificados com
sobrepeso (RR:2,06; IC95%:1,13-3,74) e obesidade (RR:2,33; IC95%:1,24-4,35),
enquanto a incidência de aumento foi menor na faixa etária de 55 a 64 anos (RR:0,62;
IC95%:0,41-0,95). Entre as mulheres, houve maior incidência de redução na faixa
etária de 55 a 64 anos (RR:1,43; IC95%:1,02-2,00) e nas classificadas com obesidade
(RR:2,10; IC95%:1,30-3,38), e a incidência de aumento foi menor na faixa etária de
55 a 64 anos (RR:0,68; IC95%:0,49-0,95). Estes dados são importantes para
compreensão dos fatores relacionados às variações de peso e elaboração de políticas
públicas que visem o cuidado à saúde do adulto de meia-idade.
Alterações no desempenho cognitivo e funcional após quatro anos de acompanhamento na população de 50 anos ou mais: Projeto VIGICARDIO
Maria Cristina Umpiérrez Vieira, Marcos A. Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/03/2018
OBJETIVO: Identificar a incidência de declínio cognitivo e dependência funcional em
pessoas com 50 ou mais anos residentes na comunidade e analisar a relação com as
variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e de condições de saúde. Para isso,
analisou-se a associação entre mudanças em fatores de risco com incidência de
declínio cognitivo (DC) e incidência de dependência funcional para atividades
instrumentais da vida diária (AIVD). MÉTODOS: Para a estruturação desta tese, cada
objetivo específico foi apresentado no formato de um artigo científico com
metodologia, resultados e conclusões próprias, cujos dados foram obtidos em um
projeto de pesquisa de base populacional conhecido como VIGICARDIO, no qual uma
amostra representativa de pessoas do município de Cambé, Paraná, foram
entrevistadas em dois momentos: linha de base (2011) e seguimento (2015). Ambos
os artigos são estudos epidemiológicos observacionais do tipo coorte que utilizam
dados dos dois momentos do VIGICARDIO. O primeiro aborda o declínio cognitivo,
ao passo que o segundo manuscrito tem como desfecho principal a dependência
funcional para realização de AIVD. RESULTADOS: Artigo 1 - A incidência de DC foi
de 13,1%, condição associada de maneira independente à perda do companheiro
durante o seguimento (RR=2,86; IC95%=1,22-6,71) e à presença de depressão
(RR=3,50; IC95%=1,65-7,43). Artigo 2 - A incidência de dependência para AIVD ao
longo de quatro anos foi de 18,9%. A análise ajustada mostrou que esse agravo
associou-se com baixa escolaridade (RR=1,99; IC95%=1,32-3,00), menor condição
socioeconômica (RR=2,03; IC95%=1,24–3,32), ausência de atividade laboral
(RR=2,46; IC95%=1,31–4,61), consumo insuficiente de frutas e verduras (RR=1,90;
IC95%=1,06–3,38), menor pontuação no mini exame do estado mental (RR=2,52;
IC95%=1,53–4,17) e tendeu a se associar com diabetes mellitus (RR=1,39;
IC95%=0,92–2,10). CONCLUSÕES: Os estudos originais incluídos nesta tese
apresentaram evidências de que fatores modificáveis, principalmente piores
condições socioeconômicas e condições crônicas passiveis de prevenção e de
controle, estão associadas a alta incidência de DC e de dependência para AIVD. Estes
dados refletem as iniquidades sociais e as falhas do sistema de saúde e sugerem a
necessidade de planejamento político estratégico que vise o cuidado integral da
população.
Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica na população adulta em Cambé (PR), 2011. Vigicardio.
Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Kazue Tanno de Souza , Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 27/05/2014
A síndrome metabólica (SM) confere um alto risco para ocorrência de doenças
cardiovasculares dado à sua combinação de intolerância à glicose, hipertensão, triglicerídeos
elevados e HDL-C baixo. Destaca-se que o risco global de complicação cardiovascular é o
triplo entre os portadores de SM comparativamente aos não portadores. Dessa maneira, este
estudo tem como objetivo determinar a prevalência de síndrome metabólica e fatores
associados a essa condição na população acima de 40 anos. Trata-se de um estudo transversal
de base populacional realizado em todos os setores censitários do município de Cambé-PR;
este estudo faz parte de um estudo mais abrangente denominado Vigicardio. No presente
estudo participaram 959 indivíduos. Foram realizados entrevistas, exame físico e exames
laboratoriais. Entre as variáveis do estudo incluíram-se as socioeconômicas e demográficas,
de estilo de vida, sobre comorbidades, de utilização de medicamentos e de serviços de saúde.
Foram realizadas a aferição da pressão arterial, medidas antropométricas e exames
laboratoriais (colesterol, triglicerídeos e glicemia). A SM foi determinada de acordo com a
definição harmonizada (presença de pelo menos três das seguintes condições; TG ≥150
mg/dL; HDL-C<40 mg/dL em homens ou <50 mg/dL em mulheres; pressão sistólica ≥ 130
mmHg e/ou pressão diastólica ≥85 mmHg ou uso de medicamentos anti-hipertensivas;
glicemia ≥100 mg/dL ou uso de medicamento para tratamento do diabetes e perímetro
abdominal ≥88 nas mulheres e ≥102 nos homens). A análise dos dados foi realizada no
programa SPSS versão19 e os testes utilizados foram o qui-quadrado ou exato de Fisher, e
regressão de Poisson. A prevalência de SM foi de 53,7% e, nas mulheres, essa prevalência foi
superior em relação aos homens (p=0,003). Entre os componentes, a obesidade abdominal
(p<0,001) e baixo HDL-C (p<0,001) foram superiores nas mulheres e entre os homens a
elevação da pressão (p=0,004) e dos níveis glicêmicos (p=0,006). A prevalência da SM
elevou-se com o aumento da idade, a elevação dos níveis pressóricos foi o componente mais
frequente nos diferentes sexos e faixas etárias, seguido pela obesidade abdominal nas
mulheres e pelo baixo HDL-C e elevação dos níveis glicêmicos nos homens. A presença dos
cinco componentes da SM foi de 12,0% (mulheres-15,8%, homens-7,3%). A classe
econômica de menor poder de compra esteve associada à maior prevalência de SM entre as
mulheres (p<0,001) e isso foi mais ocorrente entre as de maior idade. O fator associado a SM
foi o aumento da idade em ambos os sexos. Os resultados revelaram elevadas prevalências de
SM entre indivíduos com 40 anos ou mais, sugerindo a necessidade de formulação de
políticas mais amplas no sentido de favorecer a adoção de comportamentos saudáveis. As
diferenças observadas nos diferentes sexos, grupos etários e classes econômicas apontam para
a necessidade de melhor conhecer o padrão da SM nesses grupos objetivando compreender os
determinantes dessa distribuição e favorecer a implementação de políticas mais adequadas de
enfrentamento dos componentes da SM
Características do trabalho, consumo de substâncias psicoativas e acidentes de trânsito entre motoristas de caminhão
Edmarlon Girotto, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 15/04/2014
Os motoristas de caminhão estão frequentemente expostos a inúmeras situações deletérias à
sua saúde, como condições inadequadas de trabalho e comportamentos de risco no trânsito,
além do consumo de substâncias psicoativas, que podem contribuir para o envolvimento em
acidentes de trânsito. Assim, este estudo tem como objetivo identificar as características do
trabalho associadas ao consumo de substâncias psicoativas e acidentes de trânsito entre
motoristas de caminhão. Esta investigação, de delineamento transversal, foi conduzida com
caminhoneiros que transportavam grãos para o Porto de Paranaguá, Paraná, Brasil. Os
motoristas foram abordados no Pátio de Triagem do Porto e convidados a participar da
pesquisa para a obtenção de informações socioeconômicas e demográficas, situação de saúde,
características do sono, estilo de vida, condições e práticas profissionais, envolvimento em
acidentes de trânsito e consumo de substâncias psicoativas. A amostra foi de conveniência e a
coleta de dados ocorreu em julho de 2012 por meio de entrevista e aplicação de questionário.
O consumo de substâncias psicoativas nos 30 dias que antecederam a coleta de dados foi
avaliado por questionário autorrespondido. O envolvimento em acidentes foi relatado pelo
motorista durante entrevista. A tabulação dos dados foi realizada nos programas Epi Info e
SPSS. Os 670 motoristas de caminhão que participaram do estudo eram todos do sexo
masculino, com idade média de 41,9 anos e renda média de R$ 2.932,00. O consumo de
substâncias psicoativas nos últimos 30 dias foi citado por 10,9% dos caminhoneiros, a grande
maioria anfetaminas (9,9%). Nos últimos 12 meses 7,3% relataram ter se envolvido em
acidentes de trânsito. Em análise ajustada, mostraram-se associadas ao consumo de
substâncias psicoativas nos últimos 30 dias: direção predominantemente no período noturno
(Odds Ratio [OR]: 3,35; Intervalo de Confiança [IC] 95%: 1,51-7,42), idade igual ou menor a
39 anos (OR: 2,30; IC 95%: 1,31-4,05); situação conjugal como solteiro, divorciado ou viúvo
(OR: 2,08; OR 95%: 1,14-3,82), direção do caminhão estando bastante cansado (OR: 2,05; IC
95%: 1,19-3,50), e renda igual ou superior a R$ 2.500,00 (OR=1,84; IC 95%=1,06-3,32). O
envolvimento em acidentes nos últimos 12 meses revelou-se associado à experiência de
menos de sete anos como motorista de caminhão (OR: 2,97; OR 95%: 1,14-7,75), à direção
predominantemente no período noturno (OR: 2,60; IC 95%: 1,02-6,63), e à prática de
ultrapassar em locais proibidos (OR: 2,33; IC 95%: 1,04-5,21). Os resultados indicam
associação entre algumas características de trabalho e o consumo de substâncias psicoativas e
o envolvimento em acidentes de trânsito, destacando-se a prática de direção no período
noturno. O uso de substâncias psicoativas também se mostrou associado a algumas
características pessoais dos motoristas investigados. Espera-se que esta pesquisa possa
subsidiar políticas públicas e incentivar empregadores e caminhoneiros a adotar ações que
contribuam para melhorar as condições de trabalho desses motoristas e que reduzam o risco
de acidentes no trânsito.
Excesso de peso em adolescentes: associações com características próprias e de seus pais ou responsáveis
Diego Giulliano Destro Christofaro, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 29/08/2012
O excesso de peso tem se tornado um dos maiores problemas da saúde pública na atualidade.
A alta prevalência de excesso de peso tem sido detectada não apenas na população adulta,
mas também nas populações mais jovens. Dessa forma, é importante conhecer fatores que
possam contribuir para esse problema em adolescentes. Este estudo transversal teve como
objetivo examinar a associação entre o excesso de peso em adolescentes e fatores
sociodemográficos e comportamentais dos próprios adolescentes e de seus pais ou
responsáveis. Foram avaliados 1231 adolescentes e, pelo menos, um dos seus pais ou
responsáveis em seis escolas da região central de Londrina-PR. As informações dos
adolescentes foram coletadas nas escolas mediante aplicação de questionários e medidas
objetivas de peso e estatura. O excesso de peso nos adolescentes foi identificado segundo
valores de referência específicos para sexo e idade preconizados na literatura especializada.
Para a obtenção dos dados dos pais ou responsáveis, utilizaram-se questionários. A
prevalência de excesso de peso nos adolescentes que participaram do estudo foi de 18,5%.
Nos pais ou responsáveis do sexo masculino, a prevalência de excesso de peso foi de 70,7%,
enquanto que nas mães ou responsáveis do sexo feminino foi de 54,9%. Na análise bivariada,
observou-se associação entre o excesso de peso dos adolescentes e seus comportamentos
sedentários (p<0,001) e baixo consumo de doces (p=0,003). Quando consideradas as
características dos pais, o excesso de peso de pais e mães e o baixo consumo de verduras por
parte dos pais (sexo masculino) associaram-se ao excesso de peso nos adolescentes. Na
análise multivariada, com ajuste de variáveis de confusão, mantiveram-se associadas ao
excesso de peso dos adolescentes: comportamento sedentário dos adolescentes, baixo
consumo de doces desses jovens, excesso de peso dos pais de ambos os sexos e baixo
consumo de verdura dos pais ou responsáveis do sexo masculino. No modelo multivariado
final, foram associados ao excesso de peso dos adolescentes, de forma independente entre si:
baixa escolaridade da mãe (OR= 1,85); excesso de peso do pai (OR=1,62); excesso de peso da
mãe (OR= 2,68); o sedentarismo dos adolescentes (OR=2,30); alto consumo de doces dos
adolescentes (OR=0,46); e o baixo consumo de verduras do pai (OR=1,53). Os achados do
presente estudo indicam que características e comportamentos dos pais ou responsáveis
podem contribuir para o aumento do índice de massa corporal nos adolescentes. Estratégias
para conter o aumento da prevalência de excesso de peso em idades precoces devem ser
focadas também nas famílias e não apenas nos adolescentes.