Teses e Dissertações
Palavra-chave: Estudos transversais
Incapacidade funcional entre adultos de 40 anos ou manis idade: Estudo de base populacional
Cristhiane Yumi Yonamine, Tiemi Matsuo, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 30/05/2012
O envelhecimento populacional é um fenômeno que concorre para um aumento da
prevalência das doenças crônicas e da incapacidade funcional. Envelhecer mantendo
todas as funções não significa problema para o indivíduo ou para a comunidade,
entretanto, quando a autonomia funcional começa a deteriorar, os problemas começam a
surgir. A incapacidade funcional é um importante indicador de saúde, uma vez que
reflete a piora da qualidade de vida e os graves impactos sociais, tais como a
institucionalização e o aumento do uso de serviços de saúde. O presente estudo teve por
objetivo analisar a prevalência e os fatores associados à incapacidade funcional entre
adultos residentes na região urbana do município de Cambé, Paraná. Trata-se de um
estudo transversal, de base populacional, realizado com adultos de 40 anos ou mais de
idade, no período de fevereiro a junho de 2011. As variáveis dependentes pesquisadas
foram os fatores associados à dificuldade de subir e descer escadas e os fatores
associados à autonomia funcional em dois grupos etários. A população foi composta de
1336 sujeitos elegíveis, dos quais 1180 foram entrevistados. A prevalência da
incapacidade funcional encontrada nas atividades básicas de vida diária apresentou-se
baixa e aumentou progressivamente com a idade. As dificuldades mais frequentes
referem-se às atividades de urinar (5%), subir e descer escada (24%), ler ou enxergar
(78,3%), memorizar (28,9%) e lavar roupa (23,4%). Os fatores associados à dificuldade
de subir e descer escada foram: ser do sexo feminino, não ter trabalho remunerado,
pertencer à classe econômica C, D ou E, não praticar atividade física no lazer, ter
histórico de doenças crônicas, ter histórico de quedas nos últimos 12 meses e ser obeso.
Observou-se que 46,5% das pessoas estudadas apresentavam a autonomia funcional
preservada e alguns fatores associados à autonomia funcional foram distintos entre
idosos e não idosos. Ter trabalho remunerado, praticar atividade física no lazer e não ter
histórico de artrite/artrose foram comuns a ambos os grupos, mas a escolaridade e a
ausência de histórico de diabetes associaram-se apenas na faixa etária de 40 a 59 anos,
enquanto que histórico de problemas na coluna relacionou-se apenas às pessoas de 60
ou mais anos de idade. Os resultados apontam a necessidade de ampliar as ações e as
estratégias assistenciais, principalmente na atenção básica, visto a magnitude de
algumas dificuldades que interferem na autonomia funcional e os fatores associados à
incapacidade e à autonomia funcional.
Violência escolar contra professores da Rede Estadual de Ensino de Londrina: caracterização e fatores associados
Francine Nesello, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 30/04/2014
O objetivo deste estudo foi caracterizar manifestações de violência escolar
contra professores e verificar fatores associados a esses eventos. Trata-se de
um estudo epidemiológico do tipo transversal. A população de estudo foi
composta por 789 professores das 20 maiores escolas da Rede Estadual de
Ensino do município de Londrina, que atuavam no ensino fundamental ou
médio por pelo menos um ano. Foram obtidas informações por entrevistas e
por um questionário autorrespondido, no período de agosto de 2012 a junho de
2013. Os dados foram duplamente digitados em banco criado no programa Epi
Info versão 3.5.4 e tabulados usando o programa Statistical Package for the
Social Sciences, versão 19.0. A análise descritiva foi realizada por meio de
frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e de dispersão.
Realizou-se regressão de Poisson pelo método forward, com cálculos de razão
de prevalência e intervalo de confiança de 95% para cada um dos grupos de
violência relatada (psicológica, física e sexual), tendo como variáveis
independentes características sociodemográficas e do trabalho. Dos
professores entrevistados, 71,1% relataram ter sofrido algum tipo de violência
na escola nos 12 meses anteriores à pesquisa. A forma de violência mais
relatada foram insultos e gozações de alunos (55,4%), seguidos de ameaças
(21,4%) e exposição a situações humilhantes ou constrangedoras por colegas
ou superiores (17,5%). As formas menos mencionadas foram agressões
(ocorridas ou tentativas) físicas (7,9%), com armas brancas (0,8%) ou de fogo
(0,5%). Entre os grupos de violência, a psicológica foi a mais frequentemente
reportada (64,1%) e associou-se, após ajustes, à total ou parcial falta de
realização profissional e ao relacionamento ruim ou regular com superiores e
alunos. O grupo de violência física (8,4%) apresentou associação com as
variáveis: lecionar para o nível fundamental, ter contrato do tipo não estatutário
com o Estado e já ter sofrido violência fora da escola. Por fim, a violência
sexual (14,1%) associou-se às características ser do sexo masculino, mais
jovem (< 35 anos), não ter companheiro e ter carga horária elevada com alunos
(≥ 32 horas). Os fatores associados à violência psicológica e física estão mais
relacionados às características do trabalho, enquanto que aqueles associados
à violência sexual, mais às características sociodemográficas. Essas
características podem ser expressão das condições concretas de trabalho e de
vida dos professores estudados e revelam um perfil de docentes mais
vulneráveis à violência, que muitas vezes extrapola o ambiente escolar.
Prevalência e Fatores Associados à Dor Crônica em Professores da Rede Estadual de Londrina-PR
Alessandra Domingos Silva, Arthur Eumann Mesas, Mara Solange Gomes Dellaroza
Data da defesa: 16/05/2014
A sobrecarga do trabalho docente, marcada por longas jornadas de permanência em
pé, muitas vezes em posturas inadequadas, somada a aspectos psicossociais
desfavoráveis da atividade, podem predispor os professores à dor crônica, condição
que interfere na qualidade de vida e do trabalho. Diante disso, o objetivo deste
estudo foi caracterizar os professores da rede estadual de Londrina em relação à
ocorrência de dor crônica, ou seja, que ocorre há 6 meses ou mais, e analisar sua
associação com fatores sociodemográficos, de estilo de vida e de saúde, além de
características profissionais. Os dados utilizados foram obtidos no estudo transversal
PRÓ-MESTRE, cuja população constituiu-se por professores do ensino fundamental
e médio das 20 escolas com maior número de professores da rede estadual de
ensino da cidade de Londrina, entrevistados no período de agosto de 2012 a junho
de 2013. Entre os 964 professores incluídos, 42,6% referiram dor crônica. A
prevalência foi maior entre as mulheres, professores viúvos/divorciados/separados,
que assistiam televisão por mais tempo durante a semana, inativos no tempo livre,
com relato de maior esforço físico em casa e no trabalho, com pior qualidade do
sono, obesos, e que referiram ter diagnóstico de depressão, ansiedade ou de
alguma doença musculoesquelética. Quanto aos fatores relacionados ao trabalho,
associaram-se à dor crônica o maior tempo de atuação na profissão, tipo de contrato
estatutário, absenteísmo por problemas de saúde nos últimos 12 meses, e a menor
capacidade referida para o trabalho. Quando comparadas as associações segundo o
gênero, apenas entre as mulheres observou-se associação entre dor crônica e
situação conjugal, maior tempo assistindo televisão, inatividade física, maior esforço
físico no trabalho, obesidade, maior tempo de profissão, tipo de contrato estatutário,
maior carga horária semanal de trabalho docente e menor capacidade geral e física
para o trabalho. A prevalência de dor crônica foi considerada elevada entre
professores. Ainda que o desenho transversal não permita estabelecer relação
causal entre a dor crônica e os fatores associados, tais características podem
subsidiar a elaboração de estratégias para a redução da incidência e do impacto da
dor crônica em professores, seja mediante orientações de estilo de vida ou
adequações nas condições de trabalho.
Condições de saúde e utilização de serviços odontológicos entre adultos de 40 anos ou mais: estudo de base populacional
Maria Luiza Hiromi Iwakura Kasai, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 05/12/2013
O presente estudo teve por objetivo analisar as condições de saúde bucal e a
utilização de serviços odontológicos entre adultos de 40 anos ou mais e fatores
associados. Realizou-se estudo transversal de base populacional, com amostra
representativa de 1180 indivíduos residentes na região urbana de Cambé, no
período de fevereiro a junho de 2011. Esta pesquisa faz parte de um estudo mais
abrangente – Projeto VigiCardio. Foram calculadas medidas de associação
expressas pelas razões de prevalências (RP) brutas e ajustadas, estimadas por
modelos de regressão de Poisson univariados e múltiplos, com estimadores
robustos de variância. A média de idade dos indivíduos foi de 54,6 anos e 54,4%
eram mulheres. O edentulismo total foi observado em 22,7% dos indivíduos, a
prevalência de mais de doze dentes perdidos foi de 49,7% e a média de dentes
perdidos foi igual a 15,6 (mediana de 12,0). A necessidade de tratamento dentário
atual foi citada por 67,6%, e 37,8% consultaram o dentista há três anos ou mais. No
modelo final, após análise ajustada pela regressão de Poisson os fatores que
permaneceram significativamente associados aos desfechos foram: a) perda
dentária superior a 12 dentes: ser do sexo feminino (RP=1,397; IC95%:
1,243;1,570); ter mais de 60 anos de idade (RP = 1,730; IC95%: 1,551;1,931); ter
cursado até 7 anos de estudo (RP = 2,074; IC95%: 1,710;2,516); e ter realizado a
última consulta com o dentista há três anos ou mais (RP = 1,297; IC95%:
1,161;1,449); b) consulta ao dentista há três anos ou mais: ser do sexo feminino (RP
= 0,710; IC95%: 0,575;0,877); ter cursado até 7 anos de estudo (RP = 2,076; IC95%:
1,627;2,648); possuir alguma prótese dentária (RP = 0,702; IC95%: 0,571;0,862);e
necessitar de tratamento dentário atual (RP = 2,155; IC95%: 1,520;3,056); c)
necessidade de tratamento dentário atual: última consulta ao dentista há três anos
ou mais (RP = 1,174; IC95%: 1,095;1,260); sangramento na gengiva (RP = 1,132;
IC95%: 1,049;1,222); presença de dente amolecido (RP = 1,117; IC95%:
1,038;1,203); e insatisfação com os dentes/boca (RP = 1,517; IC95%: 1,381;1,666).
Os resultados aqui apresentados apontam desigualdade no acesso aos serviços
odontológicos e iniquidade na atenção, e indicam a necessidade de ampliação da
oferta de serviços odontológicos e das opções de tratamento no âmbito do SUS à
população adulta idosa e não idosa.