Teses e Dissertações
Palavra-chave: Estudo Cartográfico
Cartografia do cuidado ao cuidador: encontros, resistências e produção de linhas de fuga
Ana Lúcia De Grandi, Regina Melchior, Josiane Vivian Camargo de Lima
Data da defesa: 31/03/2021
A partir do referencial da micropolítica do trabalho e cuidado em saúde, desejamos
cartografar, neste trabalho, o cuidado do cuidador, vivenciar as experiências do
cuidador na produção do seu cuidado e na produção do cuidado do outro, pensando
o cuidado do cuidador como processo singular e necessário para o estabelecimento
de relações com o outro e da afetividade. Para isso, acompanhamos um Serviço de
Atenção Domiciliar (SAD) e, durante os encontros junto à cuidadora, nos
impregnamos de sua existência e de sua trajetória para acompanhar como o
cuidador vivencia seu cuidado. Assim, nos construímos enquanto cartógrafa e,
analisando nossas próprias implicações com o tema do cuidado do cuidador,
surgiram dois analisadores: o SAD como local de produção de vínculo e cuidado
integral e a dificuldade da continuidade do cuidado na rede de atenção; a solidão da
cuidadora e seus movimentos de resistência. Os encontros com a cuidadora-guia
permitiram perceber sua multiplicidade, a nossa e a dos trabalhadores da saúde. As
relações de conflito, vivenciadas pela cuidadora com as equipes de trabalhadores
em diferentes serviços, demonstram a necessidade de construir projetos
terapêuticos compartilhados, além de encontros afetados pela falta de tecnologias
leves. O rompimento do vínculo e a descontinuidade do cuidado em saúde são
fatores agravantes para o não alcance da integralidade e potencializador da solidão
do cuidador. A solidão da cuidadora está relacionada ao isolamento social vivido em
decorrência de não ter com quem dividir as tarefas de cuidar. Outra questão é a
invisibilidade do cuidador para os trabalhadores e para os serviços de saúde que
focam seu cuidado ao usuário em um recorte biológico, sem percepção das
singularidades e da vida do cuidador. Para isso, existe a necessidade de criação de
espaços efetivos em que os trabalhadores possam colocar em análise o trabalho
realizado, dando visibilidade às forças que estão influenciando o seu fazer,
buscando conhecer a vida do usuário, do cuidador e da família. Nosso desafio é dar
visibilidade a essa complexidade do cuidador, produzindo redes efetivas e a
continuidade do cuidado para esses casos.