Teses e Dissertações
Palavra-chave: Estudantes
A RELAÇÃO ENTRE BURNOUT, APOIO SOCIAL, RESILIÊNCIA E O CONSUMO DE PSICOFÁRMACOS ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
TELMA REGINA FARES GIANJACOMO A, Edmarlon Girotto, Renne Rodrigues
Data da defesa: 26/06/2025
Introdução: A saúde mental entre estudantes universitários é uma preocupação crescente, especialmente com o aumento das pressões acadêmicas que favorece a problemas como burnout, e pode afetar negativamente seu bem-estar e rendimento. Na tentativa de atenuar o sentimento de esgotamento emocional, estudantes podem fazer uso de psicofármacos como uma forma de lidar com o estresse da jornada acadêmica. Fatores como o apoio social e a resiliência são fundamentais para ajudar os estudantes a lidarem com esses desafios. Objetivo: O presente estudo objetivou analisar a relação do consumo de psicofármacos com o burnout acadêmico, resiliência e apoio social e verificar o papel mediador da resiliência no efeito do suporte social e a relação com o burnout acadêmico entre estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Método: Trata-se de um estudo epidemiológico de abordagem quantitativa. A população foi composta por 2.817 estudantes de graduação regularmente matriculados no primeiro semestre de 2019 da Universidade Estadual de Londrina. A coleta de dados ocorreu no período de abril a junho de 2019, por meio de um questionário online, que resultou em uma tese em modelo escandinavo contendo dois artigos. O primeiro artigo foi desenvolvido por meio de uma análise de mediação entre a apoio social, resiliência e o burnout. A variável dependente deste estudo foi a exaustão acadêmica, a independente foi o apoio social, e a mediadora foi a resiliência. Foram realizadas análise fatorial exploratória (AFE) e confirmatória (AFC) para obter o modelo com melhores resultados através do software Mplus®, com intervalo de confiança de 95% (IC95%). O segundo artigo foi desenvolvido por meio de uma análise da associação entre a consumo de psicofármacos, burnout, apoio social e resiliência, no qual a variável desfecho foi o uso de psicofármacos, baseado na classificação Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) e as independentes foram o burnout, o apoio social, resiliência. A análise dos dados foi realizada utilizando o programa SPSS® versão 25.0, com a aplicação de testes estatísticos, incluindo o teste de Qui-quadrado de Pearson, o teste de Mann-Whitney e a regressão logística de Poisson com variância robusta para a obtenção do beta como medida de associação e intervalo de confiança de 95% (IC95%) e o nível de significância adotado foi de 5% (p-valor <0,05). Análises brutas e ajustadas foram realizadas, os modelos ajustes foram definidos a partir de um Diagrama Acíclico Dirigido (DAG), elaborado no DAGitty com base em pressupostos teóricos. A inclusão de variáveis nos modelos foi avaliada por meio do teste de razão de verossimilhança (LRT), e testou-se também a presença de interações multiplicativas. A multicolinearidade foi verificada pelo índice de variância inflacionada (VIF). Modelos específicos foram construídos para burnout, apoio social (dimensões) e resiliência, ajustando-se por covariáveis sociodemográficas, acadêmicas, comportamentais e de saúde, conforme evidências da literatura Resultados: Artigo 1 - O apoio social total afetou significativamente e positivamente a resiliência, enquanto a resiliência teve um efeito negativo significativo no burnout. Observou-se que tanto o efeito direto do suporte social no burnout quanto o efeito indireto do suporte social no burnout por meio da resiliência foram significativos, a resiliência medeia essa relação em aproximadamente 54,9%. Artigo 2- Observou-se que maiores níveis de burnout pessoal, burnout relacionado aos estudos e burnout relacionado aos professores estiveram significativamente associados ao maior uso de psicofármacos. Por outro lado, o burnout relacionado aos colegas não manteve associação significativa após o ajuste. Nenhuma das dimensões do apoio social apresentou associação estatisticamente significativa com o uso de psicofármacos. Da mesma forma, a resiliência, não mostrou associação significativa com o desfecho. Ainda que esses fatores não tenham se associado estatisticamente ao uso de psicofármacos neste estudo, a literatura destaca que tanto o apoio social quanto a resiliência são elementos fundamentais de proteção frente ao burnout acadêmico. Conclusão: O estudo revelou que o apoio social e a resiliência influenciam o burnout acadêmico, com a resiliência mediando essa relação. A pesquisa também mostrou que estudantes com maiores níveis mais elevados de burnout pessoal, burnout relacionado aos estudos e burnout relacionado aos professores apresentaram maior uso de psicofármacos. As dimensões do apoio social e a resiliência, apesar de reconhecidas na literatura como fatores protetores, não apresentaram associação estatisticamente significativa com o uso de psicofármacos. Os achados sugerem que o sofrimento psicológico relacionado ao esgotamento acadêmico pode estar diretamente associado ao uso de medicamentos psicotrópicos como forma de enfrentamento. Nesse contexto, estratégias institucionais que promovam a saúde mental, com foco no fortalecimento da resiliência e na ampliação das redes de apoio social, podem representar alternativas eficazes à medicalização do sofrimento psíquico entre estudantes universitários.
O USO PROBLEMÁTICO DE INTERNET E A SUA RELAÇÃO COM TRANSTORNOS ALIMENTARES EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
PATRÍCIA DE JESUS SOUZA , Camilo Molino Guidoni
Data da defesa: 13/08/2024
Introdução: A internet é necessária para vida cotidiana contemporânea. Porém a
literatura científica traz evidências de que o uso excessivo de internet pode trazer
prejuízos para a saúde. Entres os tipos de uso disfuncional de internet, o uso
problemático de internet é considerado um tipo de dependência digital que pode trazer
prejuízos para a saúde física e mental, e para o desempenho no trabalho e nos
estudos. O uso problemático de internet está associado ao desenvolvimento de
algumas enfermidades, como doenças psiquiátricas, tais como os transtornos
alimentares. Objetivo: Investigar a relação do uso problemático de internet e de
transtornos alimentares em estudantes universitários. Casuística e métodos: Foi
realizado um estudo transversal e descritivo a partir da aplicação de um questionário
online. A população de estudo foi composta pelos estudantes de graduação da
Universidade Estadual de Londrina que participaram da primeira fase do Projeto
GraduaUEL que foi um estudo transversal realizado no ano de 2019 com objetivo de
estudar as condições de vida e saúde desses estudantes. A coleta dos dados foi
realizada através de um questionário online enviado em 2023 para 2.565 alunos,
destes 214 responderam e após aplicação dos critérios de exclusão, 74 alunos
compuseram a amostra estudada. Para medir o uso problemático de internet foi
utilizado a versão brasileira do instrumento “Questionário de Uso Problemático de
Internet” ou “PIQUE-SF-9/UPI-9” e para a triagem da presença de transtornos
alimentares foi utilizada a versão brasileira para o questionário “SCOOF”. Foram
coletadas variáveis sociodemográficas e do estado de saúde dos estudantes além do
tempo de uso de rede social. Para classificação dos estudantes que apresentaram
uso problemático de internet foi realizado o cálculo de percentil. Os alunos que
obtiveram pontuação acima do percentil 75 (pontuações maiores que 24 pontos na
escala “PIQUE-SF-9/UPI-9”) foram considerados usuários problemáticos de internet.
Para verificar a associação entre o desfecho e as variáveis independentes foi feito o
cálculo da medida de razão de prevalência (RP), através da regressão de Poisson
com variância robusta. Resultados: O percentual de estudantes com o uso problemático de internet foi de 20,3%. Quanto a presença de transtorno alimentar,
33,8% alunos apresentaram triagem positiva. O uso problemático de internet
associou-se positivamente com a presença de transtornos alimentares na população
estudada (RP: 2,46; IC95%: 1,31 – 4,59; p = 0,005). Outra variável que apresentou
associação com transtornos alimentares foi ter sentido vergonha do corpo
frequentemente/muito frequentemente ou sempre (RP: 6,33; IC95%: 1,63 – 24,51; p
= 0,008). Conclusão: Os resultados encontrados apontam para o uso problemático
de internet como um fator importante que pode influenciar na construção de hábitos
alimentares, e consequentemente, prejudicar o desenvolvimento de uma relação mais
saudável com o corpo e com a comida na população jovem adulta.
(In)Satisfação com a imagem corporal e fatores associados em estudantes universitários
Adrieli de Fátima Massaro Levorato, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 22/11/2021
Introdução: Sabe-se que adultos jovens estão mais susceptíveis à desenvolverem maior preocupação com a forma corporal, e dentre este grupo destacam-se os estudantes universitários. Assim, torna-se relevante estudar os fatores associados à preocupação com a imagem corporal entre estudantes universitários, assim como as possíveis consequências que a distorção de imagem pode promover na vida destes estudantes. Objetivos: A presente tese
tem como objetivo analisar os fatores que influenciam a preocupação com a forma corporal segundo o sexo (artigo 1), assim como as consequências para a saúde (artigo 2) entre estudantes de graduação de uma universidade pública paranaense. Métodos: Os estudos que compõem esta tese apresentam delineamento transversal e fazem parte do projeto de pesquisa “GraduaUEL -Análise da Saúde e Hábitos de Vida dos Estudantes de Graduação da UEL”. Poderiam participar do estudo alunos com matrícula ativa e com idade igual ou superior a 18 anos. O instrumento de pesquisa foi constituído por um questionário semiestruturado, disponibilizado de forma online aos participantes. Para o
presente estudo, foram utilizados dados de caracterização acadêmica e sociodemográfica, índice de massa corporal (IMC), prática de atividade física, consumo de café, satisfação com desempenho acadêmico e com o curso,
satisfação corporal (Body Shape Questionnaire), sintomas depressivos, qualidade do sono e utilização de medicamentos para emagrecer. A coleta de dados ocorreu entre os meses de abril e junho de 2019, perfazendo 60 dias corridos. Para a
análise de dados, foi aplicada a regressão logística bruta e ajustada, com cálculo da Odds Ratio (OR). Foram consideradas significativas associações com p<0,05.Resultados: Na análise ajustada do estudo 1, os fatores que se mostraram
associados à preocupação moderada ou alta com a forma corporal entre as mulheres foram: menor idade, maior IMC, ter companheiro(a), homossexualidade, estudantes de período integral e estudantes que possuíam algum grau de insatisfação com o curso. No caso dos estudantes do sexo masculino, mostraramse associados à preocupação moderada ou alta com a forma corporal a menor idade, maior IMC, homossexualidade ou bissexualidade, e cursar graduação fora
da área da saúde. Para o artigo 2, os principais achados apontam que os estudantes universitários com preocupação moderada ou alta com a forma corporal apresentam maiores chances de má qualidade de sono (OR=2,39;
IC95% 2,00-2,86), de indicativo de depressão (OR= 3,97; IC95% 3,31-4,76) e de utilização de medicamentos para emagrecer (OR= 6,47; IC95% 4,76-8,80), em relação àqueles com muito baixa ou baixa preocupação com a forma corporal. Na estratificação por sexo não foram observadas diferenças quando comparadas às relações da população geral, exceto para a qualidade do sono, a qual perdeu significância estatística entre o sexo masculino. Conclusão: Os achados da presente tese identificaram que fatores sociodemográficos e acadêmicos mostraram-se associados à preocupação com a imagem corporal, e que esta tem relação com algumas consequências para a saúde, como a qualidade de sono, os sintomas depressivos e a utilização de medicamentos para emagrecer.
Violência contra estudantes universitários no ambiente acadêmico: uma análise por sexo
Elidiane Mattos Rickli, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 26/05/2020
A violência acarreta grandes prejuízos para a sociedade, acometendo principalmente
os mais jovens. Alguns grupos são mais vulneráveis a sofrer violência. Pessoas de
raça/cor preta, parda ou indígena, com baixo poder socioeconômico, mulheres,
jovens, não heterossexuais e com sobrepeso ou obesidade estão sob maior risco.
Contudo, é possível que as causas da violência sejam diferentes conforme o sexo.
Diante disso, o presente estudo teve como objetivo analisar a violência ocorrida no
ambiente acadêmico de acordo com o sexo de estudantes de graduação da
Universidade Estadual de Londrina. Foram analisadas as violências psicológica, física
e sexual, ocorridas no ambiente acadêmico, incluindo eventos acadêmicos e festivos,
nos 12 meses anteriores à pesquisa. Para análise de associações, focou-se na
violência psicológica (VP), por sexo. Na investigação sobre VP foram consideradas
situações como humilhação, sentir-se excluído, ameaças, discriminação por raça/cor
ou orientação sexual. A análise foi feita segundo variáveis sociodemográficas,
acadêmicas e de saúde, além do local da agressão e agressor. A coleta de dados
ocorreu entre abril e junho de 2019 por meio de questionário online. Os dados foram
armazenados diariamente em arquivo Excel. A análise descritiva foi realizada por meio
de frequências absolutas e relativas. Para verificar as associações, para cada sexo,
utilizou-se teste qui-quadrado de Pearson, com nível de significância de 0,05. A
regressão de Poisson com variância robusta foi usada para análises ajustadas,
incluindo nos modelos as variáveis com p-valor < 0,20 nas análises bivariadas. A
maior parte dos estudantes tinha idade entre 18 a 21 anos (60,5%), era do sexo
feminino (68,6%) e de raça/cor branca (69,8%). As prevalências de violência
psicológica, física e sexual foram, respectivamente, de 43,8%, 1,0% e 9,4%. A
violência física foi proporcionalmente mais relatada por estudantes do sexo masculino,
enquanto as violências psicológica e sexual pelo sexo feminino. O local mais frequente
de ocorrência de VP foi a sala de aula, e, no caso das violências física e sexual, os
eventos festivos. O principal agressor foi outro estudante da universidade,
independente da natureza da violência. Após ajustes, observou-se maior frequência
de VP contra estudantes de ambos os sexos que se declararam não heterossexuais.
Entre as do sexo feminino, a frequência de VP foi maior entre as mais jovens (RP na
faixa de 18 a 21 anos=1,25; IC95% 1,01-1,54 e RP de 22 a 25 anos=1,32; IC95%
1,06-1,64) em comparação à faixa de 26 anos ou mais, e entre as que consumiam
álcool semanalmente/diariamente (RP= 1,29; IC95% 1,01-1,66). Entre os do sexo
masculino, o ingresso na Universidade pelo sistema de cotas (RP=1,27; IC95% 1,01-
1,60) e ser da raça/cor preta/parda/indígena (RP=1,19; IC95% 1,01-1,39) associaramse à VP. Este estudo confirma que alguns estudantes são mais vulneráveis à violência,
com destaque para a orientação sexual, em ambos os sexos, e condições
socioeconômicas, no sexo masculino. Medidas de combate ao preconceito e
discriminação precisam ser ampliadas no ambiente acadêmico a fim de reduzir a
violência e suas consequências.