(In)Satisfação com a imagem corporal e fatores associados em estudantes universitários
Adrieli de Fátima Massaro Levorato, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 22/11/2021
Introdução: Sabe-se que adultos jovens estão mais susceptíveis à desenvolverem maior preocupação com a forma corporal, e dentre este grupo destacam-se os estudantes universitários. Assim, torna-se relevante estudar os fatores associados à preocupação com a imagem corporal entre estudantes universitários, assim como as possíveis consequências que a distorção de imagem pode promover na vida destes estudantes. Objetivos: A presente tese tem como objetivo analisar os fatores que influenciam a preocupação com a forma corporal segundo o sexo (artigo 1), assim como as consequências para a saúde (artigo 2) entre estudantes de graduação de uma universidade pública paranaense. Métodos: Os estudos que compõem esta tese apresentam delineamento transversal e fazem parte do projeto de pesquisa “GraduaUEL -Análise da Saúde e Hábitos de Vida dos Estudantes de Graduação da UEL”. Poderiam participar do estudo alunos com matrícula ativa e com idade igual ou superior a 18 anos. O instrumento de pesquisa foi constituído por um questionário semiestruturado, disponibilizado de forma online aos participantes. Para o presente estudo, foram utilizados dados de caracterização acadêmica e sociodemográfica, índice de massa corporal (IMC), prática de atividade física, consumo de café, satisfação com desempenho acadêmico e com o curso, satisfação corporal (Body Shape Questionnaire), sintomas depressivos, qualidade do sono e utilização de medicamentos para emagrecer. A coleta de dados ocorreu entre os meses de abril e junho de 2019, perfazendo 60 dias corridos. Para a análise de dados, foi aplicada a regressão logística bruta e ajustada, com cálculo da Odds Ratio (OR). Foram consideradas significativas associações com p<0,05.Resultados: Na análise ajustada do estudo 1, os fatores que se mostraram associados à preocupação moderada ou alta com a forma corporal entre as mulheres foram: menor idade, maior IMC, ter companheiro(a), homossexualidade, estudantes de período integral e estudantes que possuíam algum grau de insatisfação com o curso. No caso dos estudantes do sexo masculino, mostraramse associados à preocupação moderada ou alta com a forma corporal a menor idade, maior IMC, homossexualidade ou bissexualidade, e cursar graduação fora da área da saúde. Para o artigo 2, os principais achados apontam que os estudantes universitários com preocupação moderada ou alta com a forma corporal apresentam maiores chances de má qualidade de sono (OR=2,39; IC95% 2,00-2,86), de indicativo de depressão (OR= 3,97; IC95% 3,31-4,76) e de utilização de medicamentos para emagrecer (OR= 6,47; IC95% 4,76-8,80), em relação àqueles com muito baixa ou baixa preocupação com a forma corporal. Na estratificação por sexo não foram observadas diferenças quando comparadas às relações da população geral, exceto para a qualidade do sono, a qual perdeu significância estatística entre o sexo masculino. Conclusão: Os achados da presente tese identificaram que fatores sociodemográficos e acadêmicos mostraram-se associados à preocupação com a imagem corporal, e que esta tem relação com algumas consequências para a saúde, como a qualidade de sono, os sintomas depressivos e a utilização de medicamentos para emagrecer.
Violência contra estudantes universitários no ambiente acadêmico: uma análise por sexo
Elidiane Mattos Rickli, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 26/05/2020
A violência acarreta grandes prejuízos para a sociedade, acometendo principalmente os mais jovens. Alguns grupos são mais vulneráveis a sofrer violência. Pessoas de raça/cor preta, parda ou indígena, com baixo poder socioeconômico, mulheres, jovens, não heterossexuais e com sobrepeso ou obesidade estão sob maior risco. Contudo, é possível que as causas da violência sejam diferentes conforme o sexo. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo analisar a violência ocorrida no ambiente acadêmico de acordo com o sexo de estudantes de graduação da Universidade Estadual de Londrina. Foram analisadas as violências psicológica, física e sexual, ocorridas no ambiente acadêmico, incluindo eventos acadêmicos e festivos, nos 12 meses anteriores à pesquisa. Para análise de associações, focou-se na violência psicológica (VP), por sexo. Na investigação sobre VP foram consideradas situações como humilhação, sentir-se excluído, ameaças, discriminação por raça/cor ou orientação sexual. A análise foi feita segundo variáveis sociodemográficas, acadêmicas e de saúde, além do local da agressão e agressor. A coleta de dados ocorreu entre abril e junho de 2019 por meio de questionário online. Os dados foram armazenados diariamente em arquivo Excel. A análise descritiva foi realizada por meio de frequências absolutas e relativas. Para verificar as associações, para cada sexo, utilizou-se teste qui-quadrado de Pearson, com nível de significância de 0,05. A regressão de Poisson com variância robusta foi usada para análises ajustadas, incluindo nos modelos as variáveis com p-valor < 0,20 nas análises bivariadas. A maior parte dos estudantes tinha idade entre 18 a 21 anos (60,5%), era do sexo feminino (68,6%) e de raça/cor branca (69,8%). As prevalências de violência psicológica, física e sexual foram, respectivamente, de 43,8%, 1,0% e 9,4%. A violência física foi proporcionalmente mais relatada por estudantes do sexo masculino, enquanto as violências psicológica e sexual pelo sexo feminino. O local mais frequente de ocorrência de VP foi a sala de aula, e, no caso das violências física e sexual, os eventos festivos. O principal agressor foi outro estudante da universidade, independente da natureza da violência. Após ajustes, observou-se maior frequência de VP contra estudantes de ambos os sexos que se declararam não heterossexuais. Entre as do sexo feminino, a frequência de VP foi maior entre as mais jovens (RP na faixa de 18 a 21 anos=1,25; IC95% 1,01-1,54 e RP de 22 a 25 anos=1,32; IC95% 1,06-1,64) em comparação à faixa de 26 anos ou mais, e entre as que consumiam álcool semanalmente/diariamente (RP= 1,29; IC95% 1,01-1,66). Entre os do sexo masculino, o ingresso na Universidade pelo sistema de cotas (RP=1,27; IC95% 1,01- 1,60) e ser da raça/cor preta/parda/indígena (RP=1,19; IC95% 1,01-1,39) associaramse à VP. Este estudo confirma que alguns estudantes são mais vulneráveis à violência, com destaque para a orientação sexual, em ambos os sexos, e condições socioeconômicas, no sexo masculino. Medidas de combate ao preconceito e discriminação precisam ser ampliadas no ambiente acadêmico a fim de reduzir a violência e suas consequências.