Teses e Dissertações
Palavra-chave: Estresse ocupacional
Análise dos fatores ocupacionais associados ao estresse e à qualidade do sono em agentes de segurança penitenciária
Soraya Geha Gonçalves, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 15/04/2021
Os Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) são os trabalhadores responsáveis
pela gestão e operação das penitenciárias, sofrendo com os problemas do sistema
penitenciário, como superlotação e dificuldades de implementar políticas adequadas
à ressocialização das pessoas privadas de liberdade. Como consequência, esses
trabalhadores são expostos a condições de trabalho inadequadas, que podem resultar
em problemas como estresse ocupacional e má qualidade do sono. Em razão da
importância desses profissionais para o sistema penitenciário e dos possíveis
impactos das condições de trabalho sobre a saúde destes, a presente tese teve como
objetivo analisar a associação entre as condições de trabalho com o estresse
ocupacional e a qualidade do sono em ASP. Trata-se de um estudo de corte
transversal realizado com ASP do sexo masculino atuantes em quatro penitenciárias
do Estado de São Paulo, no período de janeiro a agosto de 2019. O estresse
ocupacional, obtido por meio do Swedish Demand-Control-Support Questionnaire
(DCSQ), e a pior qualidade do sono, obtida pelo Índice de Qualidade do Sono de
Pittsburgh (PSQI) > 5 pontos, constituíram desfechos analisados em estudos
independentes em relação às variáveis ocupacionais. O trabalho de alta exigência foi
identificado em 24,3% dos 321 ASP incluídos no primeiro estudo. Análises ajustadas
demonstraram maior chance para o trabalho de alta exigência: turno diarista (ORaj=
5,00; IC 95%: 1,65 – 15,13) e vontade de mudar de profissão (ORaj= 3,75; IC 95%:
1,56 – 9,03) e maior chance para o trabalho ativo: turno diarista (ORaj= 8,19; IC 95%:
2,93 – 22,90) e maiores exigências mentais (ORaj= 4,82; IC 95%: 1,60 – 14,47). A pior
qualidade do sono foi observada em 57,8% dos 256 ASP incluídos no segundo estudo,
associando-se, em análises ajustadas, a maiores exigências mentais (ORaj= 3,10; IC
95%: 1,40 – 6,85), à insatisfação profissional (ORaj= 4,52; IC 95%: 1,32 – 15,46), à
dificuldade para deixar de pensar no trabalho durante o tempo livre (ORaj= 5,13; IC
95%: 1,26 – 20,78) e com a vontade de mudar de profissão (ORaj= 3,20; IC 95% 1,53
– 6,71). Com base nos resultados encontrados, é possível verificar que o ambiente
laboral dos ASP, seja pelas condições ou pela organização do processo de trabalho,
aumentam as chances da associação com estresse ocupacional e pior qualidade do
sono. Desta forma, constata-se a necessidade de estratégias organizacionais e
estruturais que possam contribuir para amenizar os principais fatores ocupacionais
relacionadas a alta demanda do trabalho, assim como a implantação de programas
para a promoção da qualidade do sono, visando saúde e bem-estar dos ASP e
garantia de segurança para o processo de trabalho.
Análise da estrutura dimensional do Demand Control Support Questionnaire e fatores ocupacionais associados às demandas psicológicas, ao controle e ao trabalho de alta exigência em professores do ensino básico de Londrina (PR)
Marcela Maria Birolim, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 25/02/2015
A docência é considerada uma profissão estressante e seu exercício é permeado por condições
de trabalho adversas. O Demand Control Support Questionnaire (DCSQ) considera o trabalho
de alta exigência como decorrente da combinação entre altas demandas psicológicas e baixo
controle no processo de trabalho e tem sido utilizado para investigar associação entre estresse
e desfechos negativos em saúde. Este estudo tem como objetivo analisar a estrutura
dimensional do Demand Control Support Questionnaire e fatores ocupacionais associados às
demandas psicológicas, ao controle e ao trabalho de alta exigência em professores do ensino
básico de Londrina (PR). Trata-se de um estudo transversal. A população foi composta por
842 professores das 20 escolas com maior número de docentes da rede estadual do município.
Informações ocupacionais foram obtidas por meio de entrevistas no período de agosto de
2012 a junho de 2013. Dados sociodemográficos e o DCSQ faziam parte de um questionário
autorrespondido. Análises fatoriais confirmatórias e exploratórias foram utilizadas na
avaliação da dimensionalidade do DSCQ. Para o estudo de associação das dimensões e
subdimensões do DSCQ com fatores ocupacionais foi utilizada a análise de regressão
logística com cálculo das razões de odds (OR) e respectivos intervalos de confiança (IC 95%).
Nos modelos multivariados finais permaneceram as variáveis com p < 0,05. Os resultados da
análise fatorial confirmatória apoiaram o intrumento formado por quatro dimensões:
demandas psicológicas, uso de habilidades, autonomia para decisão e apoio social, com
melhor ajuste do modelo com exclusão do item “trabalho repetitivo”. No estudo de
associação, após ajustes, altas demandas psicológicas foram associadas (p<0,05) com idade
mais jovem, maior tempo de trabalho na docência, percepção regular/ruim sobre a
remuneração, sobre a quantidade de alunos por sala de aula e sobre o equilíbrio entre a vida
profissional e pessoal, além de à violência sofrida nos 12 meses anteriores à entrevista. Para a
dimensão controle foram observadas diferenças nas associações em sua forma combinada
(uso de habilidades e autonomia de decisão) e naquelas que consideraram separadamente
estas duas subdimensões. Carga horária maior que 40 horas (OR=1,72; IC 95%=1,05-2,82),
percepção negativa em relação à remuneração (OR=1,93; IC 95%=1,41-2,65), à quantidade
de alunos por sala de aula (OR=1,43; IC 95%=1,03-1,99), ao equilíbrio entre a vida pessoal e
profissional (OR=2,36; IC 95%=1,71-3,26) e ter sofrido violência na escola nos 12 meses
anteriores à entrevista (OR=1,84; IC 95%=1,31-2,58) foram significativamente associados ao
trabalho de alta exigência. No entanto, após análise estratificada por grupos de maior e menor
apoio social no trabalho, as variáveis carga horária acima de 40 horas e percepção
regular/ruim em relação à quantidade de alunos por sala foram significativas apenas no grupo
de menor apoio social. Os resultados revelam que condições específicas de trabalho e
percepções dos professores sobre seu ambiente laboral estão associadas a altas demandas
psicológicas, baixo controle e ao trabalho de alta exigência e que o apoio social no trabalho
atua como moderador em algumas dessas associações