Teses e Dissertações
Palavra-chave: Equipe interdisciplinar de saúde
Processo de trabalho do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e o desenvolvimento matricial para a produção do cuidado
Kátia Santos de Oliveira, Regina Melchior, Rossana Staevie Baduy
Data da defesa: 29/05/2014
A Atenção Básica (AB) tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para a expansão e a
consolidação da atenção à saúde no Brasil. Embora considerada de baixa complexidade
tecnológica, as necessidades de saúde trazidas pelos usuários são extremamente complexas.
Diante dessa complexidade e a fim de alcançar a integralidade da atenção e a
interdisciplinaridade das ações, foi proposta pelo Ministério da Saúde a implantação do Núcleo
de Apoio à Saúde da Família (NASF), para atuar junto às equipes de saúde da família (eSF),
com o intuito de transpor a lógica hegemônica e fragmentada do cuidado à saúde. O NASF é
constituído por equipes, com profissionais de diferentes áreas, que devem utilizar ferramentas,
como o apoio matricial, para oferecer tanto retaguarda assistencial quanto suporte técnicopedagógico às eSF. No entanto, esse é um processo em construção, que demanda mudanças
de práticas de todos os profissionais envolvidos em sua implementação. Este estudo teve o
objetivo de compreender como vem se estruturando o processo de trabalho do NASF no
município de Londrina e, em especial, como vem se dando o desenvolvimento do apoio matricial
para a produção do cuidado em saúde. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória,
de abordagem qualitativa, com uma equipe NASF do referido município, integrada por
profissional de educação física, farmacêutico, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo. Os
instrumentos de investigação foram a observação, o grupo focal e a análise documental,
colocados em prática de setembro de 2012 a fevereiro de 2013. Para análise do material, foram
utilizados referenciais teóricos de textos oficiais, relacionados ao trabalho do NASF, abrangendo
apoio matricial, cuidado em saúde, trabalho em equipe e outros temas que surgiram durante a
análise. Os resultados foram organizados em três principais categorias: 1. Organização do
trabalho da equipe NASF; 2. Apoio Matricial: concepções, modos de produção, ferramentas e
estratégias utilizadas pela equipe NASF; e 3. Atividades desenvolvidas pelo NASF. Na primeira
categoria, foi descrito o processo vivenciado pelos profissionais do NASF para se inserir na
rotina de trabalho da Unidade Básica de Saúde (UBS); as tensões existentes no cotidiano do
trabalho do NASF na AB e as possibilidade de intercessão entre NASF e eSF, para o
desenvolvimento do trabalho em equipe. Na segunda categoria, foram descritas as ferramentas
utilizadas pelos profissionais do NASF para desenvolver o apoio matricial, destacando-se a
necessidade de encontro entre os profissionais, propiciado pela criação da reunião de
matriciamento, realizada uma vez por mês em cada unidade de atuação dessa equipe. Na
reunião de matriciamento, baseada na discussão de casos, planos terapêuticos eram elaborados
e assumidos como responsabilidade dos profissionais do NASF, havendo pouca apropriação
desse espaço pelos profissionais da eSF. A terceira categoria descreve a organização do
trabalho do NASF. Baseada em atividades centradas nos núcleos profissionais, a partir da
realização de atendimentos individuais, e mesmo de atividades coletivas, eram determinadas
pelas categorias profissionais que se responsabilizavam por sua condução. Na relação NASF e
eSF predomina a lógica do encaminhamento, não havendo, na maioria das vezes,
desenvolvimento conjunto das atividades. Com isso, a produção do cuidado mostrou-se
fragmentada, representando um obstáculo a ser vencido pelas novas práticas. Há necessidade
de apropriação da ferramenta do apoio matricial por parte dos trabalhadores, para ensejar um
movimento em que profissionais das UBS e da equipe NASF atuem com corresponsabilidade, a
fim de atingir a integralidade do cuidado em saúde, a partir de ações interdisciplinares voltadas,
principalmente, às demandas e necessidades trazidas pelos usuários.
Apoio matricial na atenção primária à saúde na perspectiva dos profissionais da estratégia saúde da família
Melissa Aparecida Vernini Yamaguchi, Regina Melchior, Rossana Staevie Baduy
Data da defesa: 30/05/2014
O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), criado em 2008, é constituído por
equipes com profissionais de diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar
em conjunto com as equipes de Saúde da Família (eSF), utilizando ferramentas
como o apoio matricial, para oferecer tanto retaguarda assistencial quanto suporte
técnico-pedagógico às eSF. Contudo, o matriciamento na atenção primária à saúde
é um processo ainda em construção, demanda mudanças de práticas e apresenta
obstáculos em sua implementação. Sendo assim, este estudo teve como objetivo
compreender o apoio matricial desenvolvido pelo NASF sob a perspectiva dos
profissionais das equipes Saúde da Família (eSF). Esta foi uma pesquisa
exploratória, descritiva, do tipo qualitativa, realizada em quatro Unidades Básicas de
Saúde (UBS) do município de Londrina – PR, vinculadas a um NASF. Os sujeitos
foram integrantes das eSF de cada UBS, totalizando 15 participantes, sendo que em
cada UBS foi entrevistado um de cada categoria profissional. Os instrumentos
utilizados no trabalho de campo foram a observação, a entrevista e a análise
documental, e para análise dos resultados foi realizada análise de conteúdo,
segundo Bardin. Da análise das entrevistas emergiram as seguintes categorias:
1.Compreendendo a organização do NASF; 2.Concepção de apoio matricial;
3.Encontro NASF e equipes SF e 4.Aspectos facilitadores e dificultadores do
trabalho do NASF. Os discursos evidenciaram que a organização do trabalho do
NASF era reconhecida pelos profissionais da eSF, pelas agendas e visitas
domiciliares individuais, responsabilização prioritária do NASF pelos grupos com a
comunidade, raros momentos de encontros e interação entre os profissionais do
NASF e eSF. Porém há certa tentativa de articulação de ações e interação entre
esses profissionais. Na relação NASF e eSF ainda predomina a fragmentação do
cuidado e a lógica do encaminhamento. Com relação ao matriciamento, houve
avanço nessa prática, porém os participantes compreendem essa metodologia de
trabalho como sinônimo de uma reunião mensal para discussão de casos somente,
e havia pouca valorização desse espaço pelos profissionais das eSF. Havia
dificuldade no processo de trabalho matricial, devido ao pouco tempo, dos
integrantes do NASF, em cada unidade. A fragmentação do cuidado ainda se mostra
como obstáculo estrutural a ser vencido pelas novas práticas. Há necessidade de
produção de espaços de reflexão e análise do processo de trabalho para os
trabalhadores das equipes de saúde da família e NASF para que possam produzir e
disseminar inovações na prática do apoio matricial.
A utilização de tratamentos não farmacológicos por idosos com dor crônica musculoesquelética
Flávia Guilherme Gonçalves Ziegler, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 23/11/2020
Com o envelhecimento populacional, é esperado o aumento da prevalência de dores crônicas,
o que pode interferir na qualidade de vida dos idosos. As dores musculoesqueléticas estão
entre as causas mais frequentes de procura médica; sua abordagem deve ser multidisciplinar,
envolvendo tratamentos farmacológicos e não farmacológicos. Objetivo: Caracterizar a
utilização de tratamentos não farmacológicos para o alívio das dores crônicas de idosos da
comunidade e sua autoeficácia frente à essa condição. Métodos: Trata-se de um estudo de
corte transversal com amostra não probabilística de sujeitos acima de 60 anos, com dor crônica
musculoesquelética, residentes na área urbana do município de Londrina, PR, atendidos pelo
serviço de Atenção Primária à Saúde e encaminhados para a avaliação especializada com
ortopedista entre abril 2016 e abril 2017. Foi realizado inquérito domiciliar, por meio de
questionário composto de informações para caracterização sociodemográfica, caracterização
da dor – por meio do instrumento Inventário Breve de Dor e da Escala de LANSS, foi medida
a autoeficácia pela Escala de Autoeficácia para dor crônica e, por fim, foram elaboradas
questões simples para caracterizar o tratamento não farmacológico utilizado e a crença no
exercício físico como tratamento para o alívio da dor. Para a análise descritiva, usou-se a
frequência absoluta e relativa, enquanto que, para a análise bivariada, foi utilizado o teste Quiquadrado. As variáveis sexo, escolaridade e renda familiar foram predefinidas como variáveis
de ajuste dos modelos. As Razões de Prevalência (RP) brutas e ajustadas foram obtidas
mediante regressão de Poisson com ajuste por variância robusta. Para análise de dados não
paramétricos, foi utilizado o teste de Mann-Whitney-U, apresentando a distribuição por meio
das medianas e dos intervalos interquartílicos. O nível de significância adotado foi de p< 0,05.
Resultados: Foram entrevistados 193 idosos, dos quais 70,5% eram do sexo feminino, 60,6%
possuíam o ensino fundamental incompleto e 82,4% tinham renda familiar de até 2 salários
mínimos. O tratamento não farmacológico foi solicitado para 172 idosos e as abordagens mais
utilizadas para as dores crônicas musculoesqueléticas foram fisioterapia (72,5%), seguida por
nutrição (19,7%), práticas integrativas e complementares (20%), educação física (6,2%) e
psicologia (5,2%). A autoeficácia foi mais bem avaliada por idosos que moravam sós, por
aqueles com a faixa etária acima de 70 anos e por aqueles com dor exclusivamente
nociceptiva. Consideração final: Foi evidenciado que, entre os tratamentos não
farmacológicos, o mais utilizado foi a fisioterapia. Além disso, a dor com predomínio
nociceptivo esteve associada com a melhor tolerância do exercício físico e melhor
autoeficácia. Apesar de muitos idosos não terem realizado alguma modalidade de tratamento
não farmacológico para o alívio de suas dores, para o adequado manejo da dor crônica, faz-se
necessária uma avaliação adequada, além de uma abordagem multidisciplinar que seja capaz
de possibilitar a autonomia e a independência do idoso, ainda que na presença de limitações
devido ao quadro álgico.