Teses e Dissertações
Palavra-chave: Ensino Fundamental e Médio
Adaptação transcultural e validação da ferramenta “Newest Vital Sign” para avaliação do letramento em saúde em professores.
Renne Rodrigues, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 07/03/2014
Letramento em saúde (LS) é uma habilidade cognitivo-intelectual para
obtenção e processamento de informações em saúde. Constitui um fator que
pode influenciar diferentes desfechos em saúde, uma vez que se baseia em
capacidades cognitivas essenciais para o entendimento de informações sobre
saúde. Por essa razão, estudos que investigam o LS têm sido realizados em
diferentes populações, evidenciando-se associações com estilo de vida,
comorbidades e mortalidade. Nesse contexto, os professores constituem um
grupo populacional de especial interesse, pois avaliar o LS desses profissionais
poderia ajudar a compreender certas relações entre saúde, estilo de vida e o
trabalho docente e, além disso, a identificar hábitos e comportamentos
modificáveis e subgrupos que necessitem de maior atenção à saúde. Até o
presente momento, não se encontra no Brasil instrumento validado adequado
para a avaliação do LS em professores. Assim, este trabalho visa à adaptação
transcultural e validação, para aplicação em professores, da ferramenta de
avaliação do LS Newest Vital Sign, composta por seis questões e de aplicação
simples e rápida. Foram seguidas as etapas para adaptação transcultural:
tradução, retradução e revisão por um Comitê de Especialistas. O teste de
validação final foi realizado em 301 professores de educação básica da rede
estadual de ensino de Londrina, Estado do Paraná, Brasil, avaliando-se
consistência interna e validade de constructo. Como resultado, a ferramenta
em validação apresentou boa adaptação transcultural, com alfa de Cronbach
de 0,74. A validade de constructo foi evidenciada frente às características da
população, de modo que o LS inadequado associou-se à maior idade, não
observação de informações nutricionais e pior estado de saúde autorreferido.
Com base nesses resultados, concluiu-se que a ferramenta Newest Vital Sign,
na versão em Português do Brasil (NVS-BR), possui boa validade em
professores da educação básica e pode ser utilizada para rastreamento de
letramento em saúde inadequado.
Associação entre ensino em saúde e percepção de trabalho de alta frequência com práticas relacionadas à alimentação em professores de educação básica de Londrina, Paraná
Renne Rodrigues, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 20/04/2018
A docência possui diversos desafios e responsabilidades, e fatores pessoais,
como o letramento em saúde, e ocupacionais, como o trabalho de alta exigência
(categoria de maior risco do modelo demanda-controle), podem predispor à
realização de condutas alimentares não recomendáveis. Em razão da
importância dos professores para a sociedade, considera-se essencial o
aprofundamento de questões pessoais e laborais com condutas alimentares.
Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivos investigar a associação do
letramento em saúde e das exigências para o trabalho com condutas
alimentares. Para a estruturação desta tese, cada objetivo foi apresentado no
formato de um estudo com métodos, resultados e conclusões próprias. Os
objetivos foram explorados no âmbito do projeto Saúde, Estilo de Vida e Trabalho
de Professores da Rede Pública do Paraná (PRÓ-MESTRE), no qual
professores das 20 maiores escolas estaduais de Londrina foram entrevistados
individualmente em dois momentos: baseline (nos anos de 2012 e 2013) e
seguimento (após 24 meses). Desse modo, o primeiro estudo é um recorte
transversal, com dados obtidos no baseline, investigando a associação entre o
letramento em saúde (obtido por meio da ferramenta Newest Vital Sign – NVS)
e condutas alimentares. O segundo estudo é uma coorte prospectiva que
investiga a influência do trabalho de alta exigência em condutas alimentares. O
letramento em saúde inadequado foi observado em 62,6% dos 927 professores
incluídos no primeiro estudo, associando-se com menor frequência de consulta
a informações nutricionais em professores mais jovens, e com maior chance de
consumo de alimentos pré-preparados frequentemente entre os professores de
meia idade. O trabalho de alta exigência medido no baseline foi identificado em
39,2% dos 502 professores incluídos no segundo estudo, associando-se com
maior chance de manutenção do consumo não frequente de frutas, maior chance
de diminuição do consumo de frutas e verduras/legumes e com menor chance
de diminuição do consumo de gordura visível de carne vermelha, após 24 meses
de seguimento. Com base nos resultados encontrados é possível identificar que
tanto o letramento em saúde inadequado (em recorte transversal) quanto o
trabalho de alta exigência (em recorte longitudinal) estão implicados na maior
chance de manutenção de condutas alimentares não recomendados e piora de
condutas alimentares, bem como na menor chance de melhora de condutas
alimentares. É importante ressaltar que diversas associações esperadas entre
letramento em saúde e condutas alimentares não se confirmaram na presente
população. Desse modo, sugere-se a discussão sobre as condições de trabalho
e ações integradas que visem o incentivo à alimentação saudável.
Percepção de distúrbios de voz relacionados ao trabalho em professores da rede estadual de ensino e fatores ocupacionais associados
Michelle Moreira Abujamra Fillis, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 26/05/2017
A profissão de professor é considerada de alto risco para a presença do distúrbio de
voz. Além das características do vínculo de trabalho, como carga horária e
quantidade de alunos por sala de aula, certas condições estruturais da escola, a
exposição a cargas físicas e psíquicas e o risco de sofrer violência escolar são
aspectos que merecem destaque na prevenção e no tratamento de problemas
vocais. Objetivos: Analisar as relações entre fatores ocupacionais e condição vocal
em professores da rede estadual de ensino de Londrina, Paraná. Para isso,
consideraram-se os seguintes objetivos específicos: 1) Analisar a associação entre
fatores ocupacionais e percepção de distúrbio de voz em professores de escolas
públicas estaduais 2) Analisar os fatores de risco ocupacionais para percepção de
distúrbio de voz nesses professores. MÉTODOS: Para a estruturação da presente
tese, cada objetivo específico foi apresentado no formato de um estudo com
metodologia, resultados e conclusões próprias. Esses objetivos foram explorados no
âmbito do projeto de pesquisa Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da
Rede Pública do Paraná (PRÓ-MESTRE), o qual permitiu a obtenção das
informações necessárias analisadas nesta tese, além de outras investigações
exploradas pela equipe do projeto. A coleta de dados do PRÓ-MESTRE deu-se em
duas etapas. Para se alcançar o primeiro objetivo específico, realizou-se um estudo
transversal (Estudo 1) com dados coletados na etapa denominada baseline, entre
agosto de 2012 e junho de 2013, em entrevistas individuais de professores com
atuação em sala de aula nos níveis fundamental e/ou médio das 20 maiores escolas
Estaduais de Londrina. Para o segundo objetivo específico, um estudo de
delineamento do tipo coorte (Estudo 2) foi realizado com base em dados do baseline
e, ainda, de novos dados coletados no seguimento dos participantes após o período
de 24 meses (2014-2015). Especificamente para essa análise, consideraram-se
dados do seguimento apenas de participantes que continuavam exercendo a função
de professor da educação básica em escolas públicas. O instrumento para a coleta
de dados foi elaborado com base na literatura e previamente testado em estudo
piloto e após ajustes, a versão definitiva foi constituída por um formulário para
entrevista, cujas respostas eram anotadas pelo entrevistador, com questões
majoritariamente objetivas referentes à percepção de frequência de problemas
vocais, condições de trabalho, estilo de vida, saúde e violência escolar, entre outras
variáveis. Os dados foram duplamente digitados em banco criado no programa Epi
Info, versão 3.5.4 e analisados usando o programa SPSS, versão 19.0. A análise
descritiva foi realizada por meio de frequências absolutas e relativas, medidas de
tendência central e de dispersão. Para a análise bivariada, no estudo 1, utilizou-se a
razão de prevalência (RP) como medida de associação, e foi adotado nível de
significância de 5%. Para as análises ajustadas, construíram-se modelos de
regressão de Poisson. Já no estudo 2, para a análise bivariada, utilizou-se o odds
ratio como medida de associação, e foi adotado nível de significância de 5% (Teste
Qui-quadrado de Wald com apresentação do p-valor e do intervalo de confiança (IC)
de 95%) e para as análises ajustadas, construíram-se modelos de regressão
logística. Resultados: No Estudo 1, a percepção de problemas vocais frequentes foi
de 25,7%. Análises ajustadas mostraram associação desses problemas com
características do vínculo de trabalho (≥40 horas/semana, percepção ruim da
remuneração e dos benefícios de saúde), características do ambiente de trabalho
(quantidade de alunos por sala, exposição a pó de giz e microorganismos), aspectos
psicológicos (menor realização profissional, baixa oportunidade de expressar
opiniões, pior relacionamento com superiores e equilíbrio entre vida profissional e
pessoal) e situações de violência (insultos e assédio moral). No Estudo 2, a
manutenção/piora de percepção de distúrbios de voz frequentes (GPDVF) foi de
19,7% em 24 meses e tal condição associou-se ao sexo feminino, idade mais
elevada, tempo de profissão maior que 12 anos, exposição ao pó de giz, não se
sentir realizado profissionalmente e referir exposição a insultos e a violência física.
Após análise ajustada por sexo e idade, associou-se ao GPDVF a não realização
profissional e a exposição a insultos e violência física. Conclusão: O Estudo 1
permitiu concluir que a percepção de transtornos vocais frequentes afeta um em
cada quatro professores da educação básica e está associada a diversas
características da atividade docente, tanto estruturais como referentes ao processo
de trabalho. No Estudo 2, concluiu-se que um de cada 5 professores mantiveram ou
pioraram a percepção de distúrbio de voz relazionado ao trabalho em 24 meses de
seguimento. Evidenciou-se, ainda, que a insatisfação profissional e a exposição a
condições adversas do trabalho, como a violência, são fatores de risco para a
manutenção ou piora da percepção de distúrbio de voz frequentes.