Teses e Dissertações
Palavra-chave: Enfermagem em Emergência
Organização do trabalho em uma Unidade de Urgência: percepção dos enfermeiros a partir da implantação do acolhimento com avaliação e classificação de risco
Fernanda da Silva Floter Godoy, Mara Lucia Garanhani
Data da defesa: 12/07/2010
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que teve por objetivos conhecer o trabalho de
uma unidade de urgência após a implantação do Acolhimento com Avaliação e
Classificação de Risco (AACR), as repercussões sobre o processo de trabalho do
enfermeiro, os sentimentos vivenciados e as estratégias defensivas utilizadas por
estes profissionais. Participaram da pesquisa dez enfermeiros de um hospital
universitário localizado no interior do Estado do Paraná. A coleta de dados ocorreu
nos meses de julho e agosto de 2009. Foram realizadas entrevistas
semiestruturadas, que continham questões norteadoras fundamentadas no
referencial teórico. Optou-se pela gravação em fita cassete e, em seguida, as falas
foram transcritas na íntegra. Para a análise dos discursos e construção das
categorias, utilizou-se a técnica fundamentada na estrutura do fenômeno situado, e
a discussão foi realizada utilizando algumas contribuições da Psicodinâmica do
Trabalho. A análise das dez entrevistas desvelou quatro categorias, sendo três
analíticas e uma empírica. As categorias versam sobre os temas: processo de
trabalho e as repercussões do AACR em uma unidade de urgência, os sentimentos
vivenciados por estes profissionais, as estratégias defensivas utilizadas pelos
enfermeiros e as atitudes necessárias para o trabalho em uma unidade de urgência
com AACR. O ambiente da unidade de urgência mostrou-se similar às outras
realidades vivenciadas e descritas em literatura. O AACR trouxe modificações
significativas para o processo de trabalho dos enfermeiros, permitindo organizar a
fila de espera e priorizando os casos mais graves. Os sentimentos de prazer foram
identificados como contribuição para o diagnóstico precoce, alívio da dor e na
recuperação do paciente e no relacionamento com a equipe de enfermagem. As
vivências de sentimentos de sofrimento estão relacionadas com a intensificação do
trabalho, o relacionamento com a equipe médica, o medo e a insegurança em fazer
a contra-referência dos usuários. As estratégias defensivas utilizadas pelos
enfermeiros evidenciaram essencialmente ações individuais: buscar apoio na prática
religiosa, o convívio com familiares e amigos e a prática de esportes. Observou-se,
nesta pesquisa, a presença de ambiguidade de sentimentos de prazer e sofrimento
na vivência do AACR. Os resultados deste estudo mostram as repercussões que o
AACR proporciona em unidades de urgência, no que diz respeito à organização da
demanda e à priorização dos casos com critérios baseados na gravidade, ou seja,
no risco de vida. O conhecimento dos fatores que levam aos sentimentos de prazer
e sofrimento neste trabalho pode abrir novas possibilidades para refletir sobre esta
prática, contribuindo para a realização de um processo mais participativo e inovador.