Teses e Dissertações
Palavra-chave: Educação Permanente em Saúde
A ESTRATÉGIA APOIADOR COSEMS E A REDE COLABORATIVA NO SUS
MARINA SIDINEIA RICARDO MARTINS, João Felipe Marques Silva, Brigida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 03/04/2024
O Projeto Apoiadores/Rede Colaborativa, é uma iniciativa que contribui para o
fortalecimento da gestão municipal e regionalização no SUS. Apesar de possuir
diretrizes de uma rede nacional, a organização e funcionamento do Projeto
Apoiadores/Rede Colaborativa é diferente em cada um dos estados da federação.
Nesse sentido, apoiado às contribuições dos referenciais do federalismo brasileiro e
do apoio institucional, essa pesquisa tem como objetivo analisar o processo de
implementação do Projeto Apoiadores – Rede Colaborativa para Fortalecimento da
Gestão Municipal do SUS, no Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa,
desenvolvida nos vinte e seis estados da federação. A coleta de dados deu-se em
duas etapas: a primeira baseou-se em análise documental e a segunda se deu por
meio de formulário eletrônico (google forms®) com questões fechadas e abertas
aplicados aos coordenadores de apoio dos Conselhos de Secretarias Municipais de
Saúde (Cosems), sujeitos da pesquisa. Utilizou-se da técnica de análise do conteúdo
para a etapa de investigação documental e, o software Office Excel®, para o
tratamento dos dados obtidos pelo questionário eletrônico. Os resultados apresentam
o percurso histórico da implantação do projeto apoiadores no Brasil – Estratégia
Apoiador Cosems (EAC), nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de
Janeiro; e análise das principais peculiaridades do apoio institucional no Brasil. Entre
elas destacam-se: a implementação da EAC nos estados como um fator relevante
para o fortalecimento dos Cosems; a precarização nas relações de vínculo trabalhista
dos apoiadores; a importância da EPS para a atuação prática do apoio e sua
formação; e, a necessidade do monitoramento e avaliação da EAC nos estados.
DE QUAL CUIDADO ESTAMOS FALANDO? A CARTOGRAFIA DE UMA USUÁRIA CIDADÃ GUIA SURDA NA BUSCA PELO DIREITO DO CUIDADO EM SAÚDE.
THALITA DA ROCHA MARANDOLA , Regina Melchior
Data da defesa: 27/02/2023
O cuidado em saúde é um acontecimento que compreende o encontro entre usuários
e trabalhadores, espaço onde a comunicação é uma importante estratégia para que a
produção do cuidado seja efetivada. A pessoa surda que faz uso da língua de sinais -
como principal meio de comunicação - pode ter este meio como barreira ao acesso
dela aos serviços de saúde, uma vez que nestes locais a língua predominante é o
português oral. Diante deste contexto, buscou-se acompanhar e analisar os caminhos
percorridos por uma usuária surda, na busca pelo seu direito ao cuidado em saúde.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com perspectiva cartográfica que possibilitou a
utilização de ferramentas como o usuário-cidadão-guia (UCG) enquanto dispositivo
para nos conduzir durante sua trajetória rumo ao cuidado em saúde; o Diário
Cartográfico (DC) enquanto recurso para anotações, apreensão e reflexão dos
acontecimentos e, a estratégia de Educação Permanente em Saúde (EPS) que
possibilitou a reflexão das práticas de saúde dos trabalhadores envolvidos na
produção do cuidado da usuária-cidadã-guia surda. O campo de estudo teve como
partida um ambulatório de especialidades em saúde de um município de grande porte
da região sul do país. O período de acompanhamento em campo ocorreu de
outubro/2020 a outubro/2021. As análises foram realizadas a partir do referencial
teórico da micropolítica do trabalho. A partir de situações que indicavam barreira de
acesso aos serviços, vivenciados com e pela a UCG, e a vivência com os
trabalhadores dos serviços de saúde foram registradas reflexões que eram produzidas
nos encontros, que foram organizados nos seguintes tópicos: acolher e ser acolhido,
análise que aborda o acolhimento nos processos de trabalho do ambulatório de
especialidades. Alguns desafios apontados no acolhimento, foram discutidos no
segundo tópico sobre o que é diferente, o que é “anormal” segundo uma perspectiva
do funcionamento do corpo biológico e quais formas de (re)existir. Na sequência,
foram discutidas as percepções sobre o que é o cuidado e, por último, a comunicação
como ferramenta na produção do cuidado em saúde. As considerações parciais que
fazemos desta caminhada com a usuária-cidadã-guia surda é que o cuidado é uma
construção contínua de atos e ações que sofrem influências dos processos de
subjetivação que atravessam os atores envolvidos nesta produção. As concepções
históricas sobre o que é a pessoa com deficiência influenciam na forma como cuidados
destes usuários. O cuidado está diretamente relacionado ao processo de trabalho em
saúde e, desta forma, precisa ser analisado a partir de um referencial que contemple
suas especificidades. A educação permanente em saúde foi uma importante
ferramenta para a ressignificação do acolhimento a pessoa surda e permitiu
mudanças no processo do trabalho que sensibilizou a equipe para uma nova forma
de cuidar em saúde. Faz-se necessário, portanto, o incentivo e a oportunização de
espaços para EPS no cotidiano do trabalho, de forma a permitir que os trabalhadores
reflitam suas práticas do cuidado, independente, das características que o usuário
possua
Capacitação técnica autorrelatada por profissionais que assistem à idosos em atenção primária
Maria Karoline Gabriel Rodrigues, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 10/05/2022
A longevidade é uma conquista da humanidade, há a necessidade do ensino e dos serviços em saúde aprimorarem seus conhecimentos e práticas, para adequarem-se as mudanças demográficas do país e proporcionar melhores condições de vida a população idosa. O conhecimento dos profissionais de saúde à cerca do envelhecimento e sobre as peculiaridades desta população é indispensável para contribuir com a autonomia e independência, ampliar os fatores de proteção e diminuir os fatores de risco para doença, reduzindo a incidência e prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). O estudo objetivou caracterizar a capacitação técnica-científica autorrelatada dos profissionais da Atenção Primária à Saúde, com relação às demandas do processo de envelhecimento. Estudo descritivo, quantitativo, em que foram coletados dados por meio de um questionário online criado pela autora com as variáveis de interesse relacionada as peculiaridades dos idosos. A população foi composta pelos profissionais das seguintes áreas: enfermagem, medicina, odontologia, psicologia e assistência social, totalizando 35 profissionais de ensino superior, que atuam em nove Unidades Básica de Saúde (UBS) de um município de pequeno porte da região sul do país. Foi excluída apenas uma Unidade Básica de Saúde que se tornou referência para covid 19. De acordo com os resultados encontrados, o perfil que predominou foi o gênero feminino com 80% dos profissionais, sendo a enfermagem a classe profissional com maior participação (65,7%), e, mais de 60% dos profissionais relataram conviver com idosos em seu núcleo familiar. A maioria dos profissionais possui alguma Pós-Graduação, no entanto 60% não tem realizado atividades de Educação Permanente e a Geriatria/Gerontologia não é uma área citada pelas 40% das capacitações realizadas, apesar de 82,9% dos profissionais relatarem interesse em adquirir mais conhecimento nesta área. Dos participantes 97,1% concordam que há grande proporção de idosos na sua área de abrangência, mas apenas 48,6% dos profissionais disseram se sentir seguros para avaliar aos idosos e 60% não conhecem instrumentos avaliativos específicos para traçar um panorama da saúde do idoso. Em relação ao conhecimento sobre assistência prestada referente aos seis temas voltados a saúde dos idosos, a soma de todos os profissionais se manteve uma média de 6 (seis), na qual dez pontos significam na escala, totalmente preparado. Conclui-se que os profissionais necessitam de aprimoramento na área de geriatria/gerontologia e que a graduação pode ser um espaço de integração ensino serviço para que os acadêmicos se sintam mais preparados para o mercado de trabalho. Além disso, a educação permanente deve ser uma estratégia utilizada para aprimorar e atualizar as práticas cotidianas no serviço.
Formação de facilitadores de educação permanente em saúde: Percepções de tutores e facilitadores
Fernanda de Freitas Mendonça, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 20/02/2008
O Ministério da Saúde (MS) instituiu a política de Educação Permanente em Saúde
(EPS) como estratégia de transformação das práticas de saúde e de formação dos
profissionais. Para tanto, houve a criação dos pólos de EPS, como instância
locoregionais. Apesar de toda essa estruturação surgiram dificuldades para trabalhar
a educação permanente. Dessa forma, como estratégia de fortalecimento da
implementação da EPS iniciou-se a formação de tutores e facilitadores de EPS em
todo o país. A formação de tutores e facilitadores de EPS é uma iniciativa recente,
logo não se conhece como esses atores estão lidando com a responsabilidade de
produzir mudanças no processo de trabalho. Com base nisso, o objetivo dessa
pesquisa é analisar a percepção de tutores e facilitadores sobre a Educação
Permanente em Saúde e sobre suas atuações no processo de implementação dessa
política. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com tutores e facilitadores de
EPS, em Londrina – PR, no período de dezembro de 2006 a janeiro de 2007. Os
dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas e submetidos à
análise de discurso proposta por Martins e Bicudo. Da análise das entrevistas
emergiram quatro categorias: Percebendo o processo de formação de facilitadores
de EPS; Compreensão da EPS; Ser Tutor e Facilitador de EPS e Vivenciando o
processo de mudança. Os entrevistados revelaram que o processo de formação de
facilitadores de EPS teve diversas limitações, dentre elas, a greve dos profissionais
de saúde, o sentimento de falta de apoio da gestão e a persistência de práticas
hegemônicas. Por conta disso, os participantes enfatizaram em seus discursos as
dificuldades e necessidades que têm vivenciado para implementar a EPS. Essas
necessidades e dificuldades influenciaram a percepção de tutores e facilitadores
acerca de seu papel. Para os sujeitos, só haverá mudanças significativas no
processo de trabalho quando a EPS for institucionalizadal. Apesar dos percalços, os
sujeitos conseguiram compreender e reconhecer a importância da política de EPS e
da formação de facilitadores. Os participantes deram destaque para: ampliação do
olhar sobre o processo de trabalho em saúde, reflexão, autocrítica e crescimento
pessoal e profissional. Espera-se que os resultados desse estudo possam fornecer
subsídios para o enfrentamento dos desafios que se colocam no desenvolvimento
EPS e fortalecer esse processo, sobretudo, no atual contexto, em que as discussões
em torno da EPS voltam a ocupar um espaço na agenda da gestão, devido à
publicação da nova portaria 1996 GM/MS.
Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde: experiências de ativadores do Paraná
Alberto Durán Gonzalez, Marcio José de Almeida
Data da defesa: 14/03/2008
O curso de especialização em ativação de processos de mudança na formação
superior dos profissionais de saúde surge como estratégia de ampliação e
intensificação do movimento pró-mudança já existente no cenário do ensinoaprendizagem da área saúde no Brasil. Buscava-se a ampliação, por meio da
inserção de novos atores comprometidos com as novas propostas, e a
intensificação, por meio do próprio modelo metodológico apresentado pelo curso.
Modelo que priorizava a participação ativa, crítica e reflexiva, além da construção
coletiva do conhecimento. Analisou-se a percepção de participantes do curso de
ativadores quanto à participação no curso, implantação dos processos de mudança
e as perspectivas do movimento pró-mudança. Tratou-se de um estudo qualitativo
com período de coleta de dados entre março e abril de 2007. Foram sujeitos de
pesquisa egressos residentes no Paraná. Trabalhou-se inicialmente com dados de
fontes secundárias, os trabalhos de conclusão de curso (TCC) e, posteriormente,
com dados de fontes primárias, entrevistas semi-estruturadas realizadas com os
autores de TCC que se caracterizassem como planos de ação. Dos 57 egressos do
Paraná, 25 enviaram seus TCC para a primeira análise e 21 foram entrevistados.
Todos os participantes da pesquisa eram do sexo feminino. A análise dos manifestos
possibilitou evidenciar que o curso ajudou a identificar o desconforto vivenciado na
realidade das participantes, forneceu ferramentas para a mudança e propiciou sua
experiência de utilização. As entrevistadas confirmaram a importância da integração
entre as competências abordadas no curso, porém apontaram ser difícil a interação
na realidade. Algumas ativadoras encontraram facilidades humanas, administrativas
e/ou financeiras no início da implantação do plano de ação, entretanto não se
caracterizaram como suficientes para a mudança nos cenários locais. Barreiras
estruturais, metodológicas, administrativas, financeiras e principalmente humanas
também se mostraram presentes. A pouca disponibilidade de diversos atores e o
acréscimo de atividades no trabalho cotidiano limitaram diversas experiências.
Estratégias de convencimento, motivação e de informação se mostraram eficientes
na superação de algumas dificuldades. As ativadoras passaram por um momento de
desarticulação interpessoal que bloqueou processos mais profundos de
transformação. Isoladas em suas aldeias, acreditam que o movimento pró-mudança
foi impulsionado, mas não na velocidade esperada ou desejada. Políticas públicas
de estímulo a mudança na formação devem articular e apoiar este novo ator,
fortalecendo os inúmeros processos iniciados pelos ativadores qualificados pelo
curso.
Educação em saúde: o cotidiano da equipe de Saúde da Família
Elisangela Pinafo, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 28/05/2010
A educação em saúde se faz presente no cotidiano da Atenção Básica, sendo uma
prática fundamental no contexto da Estratégia Saúde da Família. Nela, o
conhecimento no campo da saúde atinge o cotidiano da vida das pessoas, sendo
intermediado pela ação do profissional de saúde. Por constituir-se instrumento de
trabalho da equipe de saúde da família, esta pesquisa teve como objetivo analisar
a prática da educação em saúde no cotidiano da equipe de saúde da família,
identificando suas concepções, facilidades e dificuldades. Trata-se de um estudo
de caso qualitativo, realizado com duas equipes de saúde da família de um
município de pequeno porte, no Paraná. Os dados foram coletados nos meses de
abril a junho de 2009, por meio de observação e entrevistas semi-estruturadas. Da
análise dos discursos e das observações emergiram três categorias: Concepção
de educação em saúde; A prática cotidiana da educação em saúde e Expectativas
quanto às práticas de educação em saúde na Atenção Básica. Os entrevistados
demonstraram compreender a importância da prática da educação em saúde em
seu cotidiano e mostraram reconhecer a importância do seu papel enquanto
educador. O modelo de transmissão do conhecimento e o modelo curativo de
assistência à saúde encontram-se fortemente arraigados na concepção e nas
práticas de educação em saúde apresentada pelos profissionais da equipe de
saúde da família. A prática educativa ocorre tanto de maneira informal quanto
formal, sendo identificadas estratégias, potencialidades e fragilidades em sua
condução. Percebeu-se um movimento de mudança na concepção de educação
em saúde por parte de alguns profissionais, que apresentaram uma concepção
que vai em direção ao aprendizado mútuo e o respeito aos conhecimentos prévios
da população, porém esta ocorre de forma incipiente. Verificou-se a necessidade
de maior valorização do papel do trabalhador enquanto sujeito propulsor de
mudanças, ampliar a educação em saúde para o fortalecimento da participação
social e da autonomia dos usuários em direção a uma transformação no modelo
de atenção em saúde vigente.
Formação dos Trabalhadores da Saúde na Residência Multiprofissional em Saúde da Família: uma cartografia da dimensão política
Carolina Pereira Lobato, Regina Melchior
Data da defesa: 28/06/2010
No intuito de colaborar com o debate das Residências Multiprofissionais em Saúde,
o presente estudo buscou compreender, através do olhar cartográfico, de que forma
a residência contempla a dimensão política na formação dos trabalhadores. Fala-se
da dimensão política como reconhecimento das relações de poder existentes na
formação dos trabalhadores e lugar em que as intencionalidades da formação se
explicitam. É nesta dimensão que a função social do trabalhador e das instituições
formadoras pode ser debatida, sendo lugar de disputa dos projetos de saúde e
sociedade colocados em pauta pelos sujeitos em formação. Para tanto, vivenciou-se
o processo educativo de um programa de residência no interior de São Paulo. A
experiência ocorreu em janeiro e fevereiro de 2009. Além dos diários de bordo,
foram realizadas entrevistas a 14 sujeitos envolvidos no processo educativo, bem
como análise de alguns documentos oficiais relacionados ao Programa e às
Residências Multiprofissionais em Saúde. A análise foi dividida em três cartografias:
cartografia da dimensão política nas relações nas práticas pedagógicas, nas
relações nas práticas de gestão e nas relações no cuidado. Para a compreensão de
como a Residência contempla a politicidade na formação, analisaram-se alguns
acontecimentos de um território vivo reconhecendo as linhas de força presentes nos
encontros entre os sujeitos envolvidos na produção do cuidado e na produção
pedagógica na formação dos trabalhadores da saúde. Seja na micropolítica dos
serviços, da relação entre educadores e educandos nos espaços pedagógicos, ou
na macropolítica, nos rumos da Política de Educação Permanente no Brasil,
reconhecer os interesses em disputa e as relações de poder existentes se faz
necessário. Para tanto, os processos educativos devem considerar as linhas de
força que disputam os diversos projetos de saúde e de sociedade que permeiam os
discursos e práticas. Ressalta-se, assim, a necessidade de formar agentes
micropolíticos para o fortalecimento do SUS, tanto para disputar a qualificação das
práticas no mundo do cuidado como para tensionar o fortalecimento do SUS como
política pública. Neste sentido, as residências podem ser potentes dispositivos para
a formação do trabalhador da saúde em defesa do SUS.
A educação permanente em saúde como estratégia para reorganização da assistência sistematizada à tuberculose em pessoas privadas de liberdade: pesquisa-ação
Vanessa Cristina Neves Fabrini, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 26/01/2016
A tuberculose é um dos principais agravos a ser enfrentado no mundo e a incidência
na população privada de liberdade é 23 vezes superior à da população em geral.
Falhas na assistência prestada aos detentos contribuem para o problema e
suscitaram a necessidade de se realizar uma intervenção. O objetivo desse estudo
foi analisar o processo de educação permanente em saúde (EPS) desenvolvida pela
equipe de enfermagem para a implantação de assistência sistematizada à pessoa
com tuberculose (TB) em penitenciária estadual do norte do Paraná. Trata-se de um
estudo qualitativo que utilizou a metodologia da pesquisa-ação como estratégia de
pesquisa. A pesquisa foi realizada entre outubro de 2014 a fevereiro de 2015.
Durante este período foram realizadas sete oficinas de EPS por meio de estratégias
variadas de aprendizado. Em três foram tematizadas o trabalho em equipe,
acolhimento e corresponsabilidade. Em outras duas se discutiu aspectos atuais da
doença, a prática assistencial desenvolvida e uma nova proposta de atenção
sistematizada foram construídas pela equipe. As duas últimas monitoraram a
proposta implantada e corrigiram falhas. As oficinas foram filmadas, transcritas e
analisadas. Também foi alvo de análise, registros em prontuários e formulários
institucionais. Os dados revelaram, no início do processo, um grupo de
trabalhadores conformados com o modelo de assistência, responsabilizando o preso
pelo seu próprio processo de cura. Porém, à medida que as oficinas avançaram, a
corresponsabilização foi internalizada pelos sujeitos, e a transformação prevista pela
EPS e pela pesquisa-ação ocorreu e culminou na implantação efetiva da assistência
de TB ao detento da unidade prisional estudada e ao desejo de um programa de
EPS institucional. A pesquisa-ação articulada à EPS mostrou-se apropriada no
desenvolvimento da intervenção, pois gerou mudança de práticas e transformou a
realidade.
Organização do processo de trabalha vivenciado durante um programa de qualificação da Atenção Primária à Saúde
Mariana Lectícia Beraldi, Fernanda de Freitas Mendonça
Data da defesa: 06/03/2020
A Educação Permanente em Saúde (EPS) constitui-se em uma estratégia que busca
transformar as práticas profissionais e a organização do processo de trabalho a
partir das demandas do próprio trabalho. Ela atua como componente do Programa
de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (APSUS), ocorrido no ano de 2011 a
2018, que corresponde a um programa do governo do Estado do Paraná que propõe
a melhoria da Atenção Primária à Saúde (APS) em todo o Estado para que ela
possa exercer seu papel de coordenadora do cuidado. Como segunda etapa do
programa, ocorre a tutoria, que busca contribuir com as equipes de saúde a
incorporar mudanças e adequações do processo de trabalho e para isso utiliza-se de
um instrumento norteador que impulsiona a prática dos profissionais, o Selo da
Qualidade. O selo da qualidade em sua segunda etapa, etapa prata, visa aferir o
gerenciamento dos processos. O objetivo deste estudo foi analisar a organização do
processo de trabalho vivenciada durante um programa de qualificação da APS. A
pesquisa ocorreu com profissionais de uma Unidade de Saúde da Família (USF),
localizada no município de Londrina, Paraná, participante do processo de tutoria,
buscando a certificação da qualidade do nível prata. O estudo foi feito com todos os
trabalhadores da unidade, incluindo profissionais residentes que atuavam
juntamente a equipe e tutores do programa. A pesquisa tem caráter qualitativo,
descritivo e exploratório, do tipo estudo de caso. Utilizou-se como ferramenta de
coleta de dados observação-participante, realizada no período de julho a outubro de
2018, e entrevistas semiestruturadas com os profissionais da USF, feitas em
dezembro de 2018 até abril de 2019. Os dados foram analisados de acordo com a
proposta de Martins e Bicudo. Da análise dos resultados emergiram três
manuscritos: Reflexos de um processo de qualificação da Atenção Primária à Saúde
na rotina e no cuidado produzido pelos trabalhadores; Estratégias de gestão do
trabalho durante um processo de qualificação da Atenção Primária à Saúde;
Resultados de um processo de qualificação da Atenção Primária à Saúde. Os
resultados apontaram para organização do processo de trabalho, oportunidade de
refletir sobre a prática, sobrecarga física e mental dos profissionais, ênfase em
questões burocráticas em detrimento do cuidado e dificuldade do programa em
contemplar as singularidades do território e possibilitou. Diversas estratégias foram
desenvolvidas pela equipe: reuniões de equipe e gerais, mutirões de estratificação
de risco e criação atendimentos coletivos em formato de grupo, que possibilitaram a
organização do processo e melhoria da qualidade da atenção. A participação no selo
permitiu melhor conscientização do processo de trabalho, organização do fluxo e
sistematização de atividades, resgate de populações negligenciadas e
monitoramento da população com condições crônicas. A EPS mostrou-se como eixo
transversal que percorreu todo o processo de trabalho, permitindo problematizações,
trabalho em equipe e reflexão sobre a prática profissional. A EPS desenvolvida pelos
próprios profissionais possibilitou sair da lógica da captura impositiva do processo e
dar qualidade a gestão do trabalho.