Grupos de educação em saúde como espaço de construção de corresponsabilidades: um estudo de caso
Fernanda de Freitas Mendonça, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 20/12/2012
O objetivo desse estudo foi analisar as atividades de grupo de educação em saúde desenvolvidas pelas Equipes de Saúde da Família (ESF) como espaços de constituição de sujeitos corresponsáveis. Trata-se de um estudo quanti-qualitativo que utilizou a metodologia de estudo de caso para melhor apreensão do objeto de pesquisa. O estudo foi realizado no município de Campo Mourão e a coleta de dados ocorreu no período de novembro de 2010 a fevereiro de 2011. Durante esse período, foram realizadas duas etapas de coleta de dados. A primeira quantitativa realizada com todos os profissionais vinculados à ESF por meio de um formulário e a segunda qualitativa desenvolvida com usuários dos grupos de educação em saúde por meio de entrevista. Os dados quantitativos foram analisados por meio de medidas de ocorrência, já os qualitativos com o uso da técnica de análise de discurso proposta por Martins e Bicudo. Os resultados revelaram que a maioria das ESF realizava o grupo de educação em saúde, contudo, verificou-se traços da pedagogia de transmissão de conhecimentos com foco, predominantemente, em assuntos que tratam apenas das doenças. Em relação às potencialidades e desafios para a produção de corresponsabilidades, verificou-se a presença de algumas dualidades, sobretudo, relacionadas ao aprendizado e à alteração no estilo de vida. Em geral, os que mais se destacaram como elementos que favorecem a construção de corresponsabilidades foram: a disposição do usuário de aprender e assumir o autocuidado bem como a valorização do conhecimento adquirido; a utilização do saber popular; a construção de conhecimento; a alteração no estilo de vida e manutenção do controle da doença; e o apoio social. Por outro lado, a utilização de metodologias pouco participativas, a dificuldade de aprendizado dos usuários, o discreto interesse em mudar a forma de realização dos grupos e a incipiente utilização de instrumentos de avaliação surgiram como elementos que dificultam a produção de sujeitos corresponsáveis. Diante disso, embora os grupos de educação em saúde tenham o potencial de produção de corresponsabilidade, isso só irá ocorrer na medida em que forem compreendidos pelos seus diferentes atores, e adotados como estratégias de gestão em paralelo com a formulação de políticas públicas que ofereçam as condições mínimas para que as mudanças implicadas no processo de educação em saúde sejam concretizadas
Ser-docente na área da saúde: uma abordagem à luz da fenomenologia heideggeriana
Alberto Durán González, Mara Lúcia Garanhani, Marcio José de Almeida
Data da defesa: 15/05/2012
Introdução: As instituições de ensino superior possuem o grande desafio de revisar seu papel na educação dos profissionais de saúde. A formação do docente para a docência nas universidades, em especial na área da saúde, é dada em nível de pós-graduação em áreas técnicas específicas. Muitas vezes os docentes na área da saúde assumem a docência sem nenhuma preparação prévia. Os docentes possuem papel importante no resgate do papel da universidade como espaço de formação técnica e libertadora. Inquietação: Compreender as formas de se tornar docente na área da saúde e os modos de ser-docente no mundo da educação na área da saúde. Métodos: Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com referencial da fenomenologia heideggeriana. Realizaram-se 15 entrevistas semiestruturadas com docentes que atuavam, há pelo menos um ano, em um dos cinco cursos de graduação do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Londrina. Nos critérios de seleção dos entrevistados buscou-se a diversidade de cursos, níveis de carreira docente e de tipos de vínculos com a instituição. Resultados e Discussão: Docentes relataram que o desejo pela docência existia quando da possibilidade de entrada no mundo da educação, entretanto outros docentes relataram que o status e a necessidade de um segundo emprego foram os estímulos para a entrada na docência. No início da atuação, os docentes buscaram referências na impessoalidade da cotidianidade do mundo da educação para subsidiar a construção do ser- docente. Observou-se um movimento entre a impropriedade e a propriedade nos modos de ser-docente. Os docentes requisitaram programas de desenvolvimento docente, entretanto, solicitam ações focadas na instrumentalização pedagógica. Os docentes demonstraram importante sofrimento no finar da docência. Quando questionados, designam o cuidado pelo finar da docência à instituição de ensino ou buscam artimanhas para permanecer no mundo da educação. Considerações Provisórias: Os modos próprios e impróprios de ser-docente compuseram um movimento que se relacionou às „disposições‟ e à impessoalidade do mundo da educação na área da saúde. O desenvolvimento docente é solicitado como forma de instrumentalização e, em geral, as demandas não apresentaram em seu bojo a análise existencial e o „ser-com‟. A formação de professores é uma ação contínua, progressiva e envolve uma perspectiva individual e uma perspectiva institucional. Individual porque sempre está atrelada ao modo de ser-docente. Institucional porque deve ser interesse da universidade apoiar o desenvolvimento de seus docentes para resgatar e recriar seu papel sócio-histórico. Em geral, o ser-docente não possui o finar da docência como uma possibilidade constante da existência no mundo da educação. Quando o docente se preocupa com a construção do seu ser-docente sem se esquecer da busca pelo seu ser „si-mesmo‟ ele existe no mundo da educação de modo próprio e apresenta modos libertários de „ser-com‟. Nesse particular o movimento entre propriedade e impropriedade também existirá, entretanto, quando na impropriedade, o ser-docente pode perceber-se mais rapidamente impróprio e resgatar a contínua jornada pela compreensão de seu ser „si-mesmo‟.