Teses e Dissertações
Palavra-chave: DSM-5
Dependência de cafeína: fatores associados e sintomas psíquicos em professores da educação básica
Juliana Mariano Massuia Vizoto, Alberto Durán González
Data da defesa: 20/09/2019
OBJETIVO: Analisar a prevalência de dependência de cafeína e fatores associados,
em especial, sintomas psíquicos, em professores da educacão básica. Para isso,
consideraram-se os seguintes objetivos específicos: 1) Investigar a prevalência de
dependência de cafeína e verificar sua associação com variáveis sóciodemográficas,
hábitos de vida, condições de saúde e fatores ocupacionais em professores; 2)
Examinar a relação da dependência de cafeína e de suas características-chave com
sintomas psíquicos em professores. MÉTODOS: Para estruturação desta tese, cada
objetivo específico foi apresentado em formato de um artigo científico. A população
estudada faz parte do projeto “Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da
Rede Pública do Paraná” (Pró-Mestre), no qual professores das 20 maiores escolas
estaduais de Londrina foram entrevistados em dois momentos: baseline (nos anos de
2012 e 2013) e seguimento (anos 2014 e 2015), após 24 meses. Ambos os estudos
apresentam análises utilizando os dados apenas do seguimento e tratam-se de
estudos transversais. A dependência de cafeína foi avaliada seguindo os critérios
estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Saúde Mental (DSM-5) que
define três características-chave: desejo persistente e/ou esforços fracassados, uso
continuado da cafeína apesar de efeitos nocivos e abstinência. RESULTADOS:
Estudo 1) A maioria dos 430 professores relatou consumo regular de cafeína e um
quarto, aproximadamente, relatou consumo elevado. A prevalência de dependência
de cafeína foi de 5,6% e não se mostrou associada a características
sóciodemográficas ou a hábitos de vida. Os professores que relataram consumo
elevado de cafeína apresentaram maiores chances de dependência. Quanto às
condições de saúde, a auto avaliação de saúde regular/ruim, a qualidade de sono ruim
e o uso de medicamentos para dormir mostraram-se associados à dependência de
cafeína. Com relação aos fatores ocupacionais, percepções regulares/ruins quanto ao
equilíbrio entre vida profissional e pessoal, falta de tempo e frustração com o trabalho,
esgotamento e o sentimento de estar no limite de possibilidades mostraram-se mais
frequentes nos professores classificados como dependentes (p<0,05). Estudo 2) A
dependência de cafeína mostrou-se associada com a presença de depressão,
segundo o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), nos 392 professores incluídos.
O mesmo foi observado com suas características-chave. Os sintomas depressivos
associados à dependência de cafeína foram: pessimismo, culpa, punição, baixa
autoestima, choro, agitação, perda de interesse, desvalorização, irritabilidade,
alterações no padrão de apetite e perda de interesse por sexo. A quantidade de
sintomas presentes e a soma da pontuação obtida pela escala foi maior nos
professores dependentes de cafeína. CONCLUSÕES: A prevalência de dependência
de cafeína mostrou-se baixa, porém associada a fatores adversos relacionados ao
sono, a aspectos ocupacionais e à saúde mental nos professores. Desse modo,
sugerem-se pesquisas adicionais sobre dependência de cafeína e riscos
relacionados, com vistas a subsidiar ações preventivas e de controle, individuais e
coletivas, sobre o uso abusivo de cafeína. Os achados da presente tese podem
embasar futuras classificações clínicas do Transtorno por Uso de Cafeína pelo DSM.