Não-HDL-Colesterol e LDL-Colesterol em escolares de 7 a 17 anos na cidade de Maracai, SP
Matiko Okabe Seki, Tiemi Matsuo
Data da defesa: 14/02/2006
Fundamentos. A prevenção das doenças cardiovasculares deve começar na infância e adolescência com determinação de colesterol contido nas lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c) e de outros fatores de risco. Recentemente, alguns autores vêm propondo a substituição do LDL-c pelas lipoproteínas de não-alta-densidade (não-HDL-c), pois estas incluem todas as lipoproteínas consideradas aterogênicas. Objetivo. Avaliar a correlação entre o não-HDL-c e LDL-c, e estas com as variáveis: Colesterol Total (CT), Triglicérides (TG), lipoproteínas de alta densidade (HDL-c), VLDL-c, Índice de Massa Corporal (IMC) e cintura abdominal; e adicionalmente, calcular valores de não-HDL-c correspondente ao LDL-c que podem requerer intervenção individual. Casuística e Métodos. No período de março a outubro de 2002 foram avaliados 2029 escolares de ambos sexos de sete a 17 anos das escolas de Maracaí, SP. As dosagens bioquímicas foram realizadas com kits de química seca, aparelhos Vitros 750. O LDL-c foi calculado pela fórmula de Friedewald (LDL-c = Colesterol Total – HDL-colesterol – Triglicerídeo/5) e o não-HDL-c pelo cálculo da diferença entre o Colesterol Total e o HDL-c. Resultados. A correlação entre o não-HDL-c e LDL-c foi de 0,971 (p<0,001). O não-HDL-c apresentou melhor correlação em comparação ao LDL-c com todas as variáveis estudadas Conclusões. O não-HDL-c apresentou uma boa correlação com o LDL-c e mostrou-se superior a estas lipoproteínas nas variáveis consideradas como fatores de risco para doenças cardiovasculares. São apresentadas concentrações de não-HDL-c correspondentes aos LDL-c que estimam valores que podem requerer intervenção individual para dislipidemias em crianças e adolescentes.
Acesso a medicamentos para tratamento de fatores de risco cardiovasculares
Airton José Petris, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 29/01/2014
INTRODUÇÃO: O acesso a medicamentos para tratamento da hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias é um aspecto relevante do controle das doenças cardiovasculares. OBJETIVO: Analisar a prevalência e a utilização de medicamentos para tratamento da hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo epidemiológico de base populacional com delineamento transversal em indivíduos com idade igual ou superior a 40 anos, residentes na área urbana do município de Cambé/PR. Foram realizadas entrevistas para preenchimento de Formulário Estruturado sobre utilização de medicamentos, aferição de pressão arterial (PA) e coleta de sangue para exames laboratoriais. RESULTADOS: Foram entrevistados 1180 indivíduos, dos quais 1162 tiveram PA aferidas e 967 realizaram exames laboratoriais. A prevalência estimada de hipertensão arterial foi de 56,4%, a de diabetes 13,6% e a de dislipidemias 69,2%. As prevalências de tratamento medicamentoso entre as pessoas com hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias foram, respectivamente, 62,0% 59,1%, e 16,1%. Entre os indivíduos com hipertensão arterial que se tratavam com medicamentos, 39,5% apresentaram PA classificadas como ótima, normal ou limítrofe; entre os indivíduos com diabetes que utilizavam medicamentos antidiabéticos, 35,9% tinham valores de glicemia de jejum (GJ) compatíveis com as categorias GJ normal e GJ alterada, e entre os indivíduos com dislipidemias que faziam uso de hipolipemiantes 22,2% apresentaram valores de Colesterol total <200mg/dl e/ou LDL-C <160 mg/dl e/ou Triglicérides <150mg/dl e/ou HDL-C homens ≥40mg/dl e mulheres ≥50mg/dl. Os fármacos anti-hipertensivos mais utilizados foram hidroclorotiazida, enalapril, captopril, atenolol, anlodipino e losartana, sendo suas principais fontes de obtenção os serviços próprios do SUS (56,0%) e as farmácias e drogarias privadas, mediante pagamento direto pelo usuário (32,0%). Os fármacos antidiabéticos mais utilizados foram os antidiabéticos orais metformina e glibenclamida e a insulina NPH, obtidos principalmente nos estabelecimentos vinculados ao SUS (68,8%) e por aquisição com custeio próprio em farmácias e drogarias privadas (21,6%). Os fármacos hipolipemiantes mais utilizados foram sinvastatina (81,5%) e bezafibrato (6,5%), obtidos principalmente por pagamento direto em farmácias e drogarias privadas (52,2%) e serviços próprios do SUS (33,6%). CONCLUSÃO: O tratamento medicamentoso da hipertensão arterial mostrou-se superior ao de outras regiões do Brasil, enquanto o da diabetes é similar. As unidades próprias do SUS eram os principais locais de aquisição de medicamentos para o tratamento da hipertensão e diabetes, o que sugere que as políticas públicas de Assistência Farmacêutica em Cambé/PR proporcionam boas condições de acessibilidade aos mesmos. Para as dislipidemias, entretanto, o alcance das políticas ainda é limitado. O baixo nível de controle da hipertensão, diabetes e dislipidemias pode indicar que o acesso aos medicamentos circunscreve-se ao domínio restrito. É recomendado que o planejamento de ações de atendimento integral às pessoas com hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias baseie-se nos conceitos linha de cuidados e redes matriciais de atenção à saúde.