Teses e Dissertações
Palavra-chave: Diabetes Mellitus
Risco de ulceração em pés de portadores de Diabetes Mellitus em Londrina, Paraná: caracterização do cuidado na atenção básica, prevalência e fatores associados
Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Selma Maffei de Andrade , Maria do Carmo Lourenço Haddad
Data da defesa: 30/04/2010
O portador de diabetes mellitus (DM) tem, aproximadamente, 15% de possibilidade
de desenvolver ulcerações nos pés durante sua vida. Aproximadamente 40 a 60%
das amputações não traumáticas de membros inferiores são realizadas em
portadores de diabetes. A prevenção desse agravo constitui-se um grande desafio
para os profissionais de saúde. Esta pesquisa objetivou analisar ações de prevenção
de úlceras em pés de portadores de diabetes desenvolvidas na atenção básica de
Londrina (PR), a prevalência e fatores associados ao maior risco de ulceração em
pés de portadores de DM. O estudo foi desenvolvido em duas etapas. Na primeira,
realizada em dezembro de 2008, entrevistaram-se as coordenadoras das 39
Unidades de Saúde da Família (USFs) da zona urbana de Londrina. Na segunda
etapa, foram entrevistados e examinados, entre dezembro de 2008 e março de
2009, portadores de DM acompanhados em duas USFs, uma com ações de
prevenção de complicações nos pés e outra sem essas ações instituídas. Os
prontuários desses portadores de DM também foram consultados. Observou-se que
48,7% das USFs desenvolviam ações de prevenção, sendo a mais frequente a
consulta de orientação, seguida da avaliação de enfermagem. Em 84,2% destas
USFs, as ações preventivas foram instituídas havia menos de um ano. As ações
estavam totalmente sistematizadas em somente 15,8% das USFs. Foram avaliados
337 portadores de diabetes, sendo 60,0% mulheres. A idade média foi de 64,6 anos,
37,1% tinham menos de quatro anos de escolaridade e 68,2% classificavam-se na
classe econômica C. A prevalência de pé em risco de ulceração foi de 27,9%, sendo
maior na USF sem ações de prevenção (29,7%) do que na USF com estas ações
(26,1%). A ausência de ações de prevenção de complicações nos pés associou-se à
escolaridade menor que quatro anos (p=0,024), cor da pele autorreferida como
preta/parda (p=0,002), hipertensão arterial (p=0,026), corte de unhas inadequado
(p=0,019), uso de calçados inadequados no momento da entrevista (p=0,005), uso
diário autorreferido de calçados inadequados (p=0,046), micose interdigital (p=0,003)
e micose de unha (p=0,001). Na análise multivariada, os fatores independentemente
associados à prevalência de maior risco de ulceração foram: diagnóstico de diabetes
há mais de 10 anos (OR=1,88), histórico de infarto agudo do miocárdio (OR=3,46)
ou de acidente vascular encefálico (OR=2,47), presença de calosidades (OR=1,87) e
de micose de unha (OR=1,79). Os resultados indicam que apenas metade das USFs
do município realiza ações de prevenção de complicações nos pés de portadores de
DM e uma parcela ainda menor as executa de forma sistematizada. A comparação
entre os portadores de DM cadastrados nas duas USF estudadas revelou diferenças
significativas quanto ao autocuidado com os pés e à presença de doenças
dermatológicas, indicando possível efeito dessas ações no maior autocuidado e na
redução desses agravos. A alta prevalência de maior risco de ulceração em pés de
portadores de DM acompanhados na atenção primária e os fatores associados a
essa condição indicam que políticas e ações na atenção básica devem ser
instituídas, buscando o melhor controle da doença e o estímulo de hábitos de
autocuidado com os pés entre os portadores de DM.
Caracterização dos usuários de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos em uma Unidade Básica de Saúde: análise do uso irregular de medicamentos e das condições de saúde bucal
Ana Carolina Bertin de Almeida Lopes, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/05/2010
A Organização Mundial da Saúde considera que as doenças crônicas, como as
doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus assumiram caráter epidêmico,
acompanhado pelo aumento no consumo de medicamentos para sua prevenção e
tratamento. As doenças periodontais, especialmente a periodontite, têm sido
relacionadas à presença e à evolução do diabetes mellitus e das doenças
cardiovasculares. Este estudo teve como objetivos caracterizar os usuários de
medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos de uma Unidade Básica de Saúde
(UBS) e avaliar as condições de saúde bucal desses usuários. Realizou-se um
estudo transversal com 397 indivíduos maiores de 18 anos que retiraram
medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos na UBS Centro Social Urbano
(CSU), no município de Londrina, PR. As informações foram obtidas através de
formulário com questões estruturadas, semi-estruturadas e abertas com dados autoreferidos. A média de idade encontrada foi de 63,9 anos, a maioria do sexo feminino
(65,5%), com escolaridade de um a quatro anos (44,6%), e classes
socioeconômicas (ABEP) predominantes C1, C2 e D (78,4%). Os anti-hipertensivos
mais utilizados foram os inibidores da enzima de conversão de angiotensina (IECA)
(63,5%), os diuréticos tiazídicos (54,9%) e os betabloqueadores (27,7%). Entre os
antidiabéticos o mais consumido foi o cloridrato de metformina (23,2%). A
prevalência de uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos foi
de 35,8% e teve como principal motivo relatado o esquecimento. Os diabéticos
consumiram em média 3,9 medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos e os
hipertensos 1,6. Na análise multivariada o trabalho remunerado (não exercer) e a
coexistência da hipertensão arterial e do diabetes mellitus apresentaram associação
independente ao uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos.
Em relação às condições de saúde bucal identificou-se 35% de prevalência de
edentulismo e associação das variáveis faixa etária (ser idoso) e ter hipertensão
arterial e diabetes mellitus com o risco periodontal (sangramento gengival e/ou
mobilidade dentária). Apesar da amostra estudada representar uma população
específica que utiliza medicamentos e que recebeu diagnóstico de hipertensão
arterial e/ou de diabetes mellitus, os resultados apresentados evidenciaram que uma
proporção significativa dos usuários fazia uso irregular de medicamentos
cardiovasculares e antidiabéticos e que as condições de saúde bucal analisadas
foram insatisfatórias. Dessa forma, a promoção do uso racional de medicamentos,
das medidas não medicamentosas e a atenção à saúde bucal devem ser priorizadas
em portadores de doenças crônicas.
Avaliação da atenção às pessoas com hipertensão e ou diabetes no município de Cambé – PR
Bárbara Radigonda, Regina Kazue Tanno de Souza, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 27/02/2014
Introdução: O perfil de morbidade e de mortalidade caracterizado pelas doenças
crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial e diabetes mellitus, que são
eventos significativos à demanda dos serviços de saúde, exige a adoção de ações
adequadas e oportunas. Objetivo: Este estudo buscou avaliar a atenção às pessoas com
diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do
Município de Cambé – PR. Material e métodos: A população de estudo foi constituída
por 687 pessoas com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus identificados em estudo
de base populacional (VIGICARDIO). Determinou-se como dimensões de avaliação: o
reconhecimento do indivíduo pela unidade, o acompanhamento e atendimento prestado
e o controle da pressão arterial e/ou da glicemia. Para avaliar as dimensões foram
analisados o prontuário, as Fichas A e B do Sistema de Informação da Atenção Básica,
o cartão de aprazamento e a ficha do SIS HiperDia. Foi construída uma matriz de
indicadores cujos resultados verificados foram comparados ao padrão estabelecido. Os
resultados foram julgados de acordo com os percentuais obtidos: excelente (100-90%),
satisfatório (89-70%), regular (69-50%) e crítico (<50%). Realizou-se também análise
dos fatores associados ao reconhecimento, cobertura de consulta médica e controle da
pressão arterial. Resultados: Verificou-se reconhecimento abaixo do desejável (63,7%).
A frequência de reconhecimento foi mais elevada entre as mulheres, indivíduos com 60
anos ou mais, com baixa escolaridade, pertencentes à classe econômica C, D ou E, que
não trabalham, consideram seu estado de saúde regular, ruim ou muito ruim e que
utilizam a UBS. O acompanhamento foi caracterizado pela consulta médica com baixo
registro de consulta de enfermagem. Observou-se que a proporção de realização de pelo
menos uma consulta médica nos últimos 12 meses foi significativamente mais elevada
entre as mulheres, nos indivíduos com baixa escolaridade, pertencentes à classe
econômica C, D ou E e que utilizam a UBS. A análise do atendimento revelou registro
precário de atividades técnicas e orientações. A frequência de controle da pressão
arterial foi significativamente maior entre as mulheres, indivíduos com baixa
escolaridade e em pessoas com baixo risco cardiovascular. A maioria dos indicadores de
todas as dimensões obtiveram resultados considerados regulares ou críticos.
Conclusão: Os resultados indicam que o processo de atenção às pessoas com
hipertensão e/ou diabetes está direcionado principalmente aos indivíduos que utilizam a
UBS e apontam a necessidade de outras estratégias para melhorar a qualidade da
atenção e ampliar a inserção da população ainda não contemplada pelo serviço.
Prevalência, reconhecimento, tratamento medicamentoso e controle da hipertensão arterial e do diabetes mellitus no município de Cambé – PR.
Camila Rocha Machado, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 25/04/2014
Introdução: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo.
Entre os fatores de risco modificáveis destacam-se o diabetes mellitus e a
hipertensão arterial. Conhecer as taxas de reconhecimento dessas condições na
população, bem como de seu controle por meio da terapia medicamentosa pode
aprimorar as medidas de detecção e acompanhamento na atenção básica. Objetivo:
Analisar a prevalência, o reconhecimento, o tratamento, e o controle da hipertensão
arterial e do diabetes mellitus na população de 40 anos ou mais residente no
município de Cambé-PR. Método: Estudo transversal de base populacional, com
1.180 participantes com 40 anos ou mais, residentes na área urbana do município
de Cambé, Paraná. O diabetes mellitus foi determinado por meio do autorrelato, uso
de hipoglicemiantes ou glicemia em jejum alterada e a hipertensão arterial pelo
autorrelato e uso de medicamentos não específicos, uso de medicamentos
específicos ou aferição da pressão arterial. Resultados: A prevalência de
hipertensão foi de 56,4%, desses 70,7% reconheciam, entre os que reconheciam
83,8% tratavam e dos que tratavam 38,4% estavam com os níveis pressóricos
normais. Quanto ao diabetes, a prevalência encontrada foi de 13,7%, dos quais
65,2% conheciam a condição, destes 88,4% tratavam e entre os que tratavam
34,2% estavam com os valores da glicemia em jejum abaixo de 126mg/dl. Os fatores
associados ao reconhecimento da hipertensão foram não exercer atividade
ocupacional (p=0,003), não consumir álcool de maneira excessiva (p=0,047), utilizar
a Unidade Básica de Saúde (p=0,005), consultar o médico (p<0,001), ser obeso
(p=0,005) e ter diabetes (P<0,001). Considerações finais: Os resultados indicam
alta prevalência de hipertensão arterial e elevada frequência de tratamento
medicamentoso entre os que reconhecem. Porém, apontam a necessidade de
estratégias voltadas para melhorar o reconhecimento da hipertensão e do diabetes e
principalmente do controle entre os que tratam, no sentido de aumentar o impacto
das ações de saúde na qualidade de vida e na ocorrência de eventos
cardiovasculares na população.
Retinopatia diabética em indivíduos com diabetes e pré-diabetes no município de Cambé-PR
Ivan Luís Idalgo de Oliveira, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 20/06/2016
Introdução: A retinopatia é uma das complicações mais comuns do diabetes. Esta
patologia pode levar à cegueira irreversível, porém, se diagnosticada e tratada
precocemente, os danos à visão podem ser reduzidos. Objetivos: Analisar a
frequência da retinopatia em participantes do projeto VIGICARDIO - 2015, que
apresentam distúrbios hiperglicêmicos há pelo menos 4 anos. Métodos: Estudo
transversal, realizado no munícipio de Cambé – PR, entre março e dezembro de 2015.
A amostra foi constituída por participantes da primeira fase do programa VIGICARDIO,
em 2011, que foram classificados com distúrbios hiperglicêmicos. Os indivíduos foram
avaliados em 3 etapas: entrevista, exames laboratoriais e exame de fundo de olho.
Os participantes foram estratificados em três grupos: pré-diabetes, diabetes há menos
de 4 anos e diabetes há pelo menos 4 anos. Verificou-se associação entre a
retinopatia e sua gravidade com os estratos descritos e fatores de risco
cardiovascular. Resultados: Participaram do estudo 272 pessoas. O diabetes estava
presente em 49,3% da amostra, sendo que 19,9% tornaram-se diabéticos há menos
de 4 anos. A retinopatia foi identificada em 61 (22,4%) pessoas, dentre eles 4 (1,5%)
de retinopatia diabética não proliferativa severa e 2 (0,7%) de retinopatia diabética
proliferativa. A presença de retinopatia nos diferentes estratos foi: 8,0%, 11,1% e
55,0% em pré-diabetes, diabetes há menos de 4 anos e diabetes há pelo menos 4
anos, respectivamente. O descontrole glicêmico, caracterizado pela alteração da
hemoglobina glicada, e a hipertensão arterial apresentaram associação com a
alteração da retina. Conclusão: A retinopatia está associada ao maior tempo de
diabetes, porém, as alterações na retina estão presentes, também, nas fases iniciais
e até antes dos indivíduos serem classificados como diabéticos. Portanto, o sistema
de saúde deve estar preparado para detectar os indivíduos com possíveis alterações
da glicemia, de forma precoce, e buscar o controle dessa glicemia, evitando
complicações vasculares como a retinopatia, que devem ser investigadas e tratadas
a fim de evitar casos de cegueira.
Fatores de risco para a incidência de diabetes mellitus e pré-diabetes em indivíduos de 40 anos ou mais: um estudo de coorte
Thiago Akira Aditahara, Camilo Molino Guidoni
Data da defesa: 26/02/2018
INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus representa um problema na saúde pública
mundial, pois estudos recentes revelam que há uma tendência de crescimento na
prevalência em países em desenvolvimento e desenvolvidos, principalmente devido
ao envelhecimento da população e aos hábitos de vida sedentários. OBJETIVO:
Determinar a incidência e os fatores de risco para a incidência do diabetes mellitus e
do pré-diabetes mellitus na população com idade igual, ou superior, a 40 anos em
um município de médio porte. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Trata-se de um estudo
coorte de base populacional aplicado em 2011 e em 2015 no município de CambéPR, cuja população foi composta por adultos com idade igual, ou superior, a 40
anos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com formulários.
Foram considerados indivíduos com pré-diabetes mellitus (glicemia de jejum entre
≥100mg/dL e <126mg/dL e sem o uso de antidiabéticos e/ou insulina) e diabetes
mellitus (glicemia de jejum ≥126mg/dL e/ou com o uso de antidiabéticos e/ou
insulina). Para a presença do desfecho, após quatro anos, foi considerada a
população que teve a incidência de diabetes mellitus ou de pré-diabetes mellitus, ou
seja, que em 2011 foi classificada como sem diabetes mellitus e em 2015 passou a
apresentar pré-diabetes mellitus ou diabetes mellitus, e a com pré-diabetes mellitus
que passou a apresentar diabetes mellitus em 2015. A análise do risco relativo foi
calculada por meio do método da regressão de Poisson. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual
de Londrina (CAAE 39595614.4.0000.5231). RESULTADOS E DISCUSSÃO: A
população de estudo foi definida em 575 indivíduos, dos quais 20,5% (n=118)
tiveram incidência de diabetes mellitus ou pré-diabetes mellitus. Associaram-se com
o risco de apresentar o desfecho as seguintes variáveis: ser hipertenso (RR: 1,502
IC95% [1,089; 2,071]); possuir excesso de peso (RR: 1,848 IC95% [1,259; 2,713]);
possuir circunferência da cintura (CC) acima do recomendado (RR: 2,012 IC95%
[1,426; 2,839]); e se referir ao seu estado de saúde como de regular a ruim (RR:
1,869 IC95% [1,344; 2,600]). Posteriormente, realizadas análises ajustadas para as
variáveis com p-Valor ≤ 0,200, sendo que tanto o excesso de peso (RRajustado:
1,747 IC95% [1,201; 2,539]) quanto a CC acima do recomendado (RRajustado:
1,761 IC95% [1,234; 2,513]) continuaram significativos após dois ajuste, e se referir
ao seu estado de saúde como de regular a ruim (RRajustado: 1,678 IC95% [1,197 ;
2,353]), após quatro ajustes. CONCLUSÃO: Observa-se elevada incidência para
pré-diabetes e diabetes mellitus associadas a ser hipertenso, possuir excesso de
peso, possuir CC acima do recomendado e referir estado de saúde como regular a
ruim, sendo que estes últimos três são fatores de risco para incidência de diabetes
mellitus ou pré-diabetes mellitus, independente das características
sociodemográficas e do estilo de vida aqui analisados.
Alimentação em pacientes com diabetes com 45 anos ou mais atendidos em atenção primária
Daniele Cristina Fernandes Niehues, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 18/12/2020
Introdução: No Brasil, a prevalência de diabetes é de 8,9% ocupando o 4º lugar na
lista dos países com o maior número de diabéticos no mundo. Mais da metade das
pessoas com a doença têm dificuldades para seguir as recomendações,
principalmente no que se refere à alimentação, tornando-se necessário compreender
as barreiras que dificultam as mudanças no hábito alimentar. Objetivo: Analisar o
perfil da alimentação de pacientes diabéticos atendidos na atenção primária.
Método: Estudo transversal realizado em duas Unidades Básicas de Saúde em
Londrina-PR. A amostra foi composta por 200 adultos com idade igual ou superior a
45 anos, com diabetes e em uso medicamentos antidiabéticos (hipoglicemiantes
orais ou insulina). Os dados foram coletados entre Abril e Julho de 2019 por meio de
entrevista. As barreiras relatadas que dificultam manter os hábitos alimentares para
controle da doença foram levantadas através de pergunta aberta e a partir da
resposta espontânea do entrevistado, a resposta era classificada dentro das opções
previamente definidas baseadas na literatura. Para aqueles indivíduos que não
conseguiam relatar nenhuma dificuldade, foram apresentadas as opções para que o
paciente pudesse elencar qual ou quais dificuldades apresentava em manter os
hábitos alimentares para controle glicêmico. Foram também levantadas informações
sobre características sociodemográficas, utilização de serviço de saúde, padrão
alimentar, tempo de diagnóstico do diabetes e presença de comorbidades. Para a
análise de associação entre as barreiras percebidas e as variáveis sociais e
demográficas foi utilizada a regressão logística binária, com análises brutas e
ajustadas. Resultados: Dos entrevistados, a maioria era do sexo feminino (54,5%),
com idade mínima de 45 anos e máxima de 96 anos, 53,0% se declararam brancos,
59,5% eram casados e 37,0% tinham até quatro anos de estudo. Quanto à
frequência de consumo semanal dos alimentos, viu-se que verduras e legumes são
consumidos de duas a quatro vezes semana; mais da metade dos entrevistados não
consomem doces diariamente, porém o consumo de açúcar diário foi relatado em
42,0% no chá ou café; o pão, biscoito salgado e/ou doce são consumidos pela
maioria dos entrevistados diariamente. Cerca de 55,0% dos entrevistados utiliza
adoçante todos os dias e a maioria não consome produtos diet. As principais
barreiras relatadas para a manutenção da dieta adequada foram o sabor
desagradável ao paladar, falta de hábito individual para ingestão de alimentos
integrais e diet e o alto custo dos alimentos. Foi possível verificar que quem recebeu
visita domiciliar do agente comunitário de saúde e a orientação nutricional tiveram
menos chance de apresentar a barreira e/ou dificuldade de adesão à dieta em
relação a quem não recebeu. Conclusão: Há uma alta prevalência do consumo
inadequado de alimentos pelos pacientes e as principais barreiras e/ou dificuldades
estavam relacionadas às características pessoais, como sexo, faixa etária e
escolaridade.
Acesso a medicamentos para tratamento de fatores de risco cardiovasculares
Airton José Petris, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 29/01/2014
INTRODUÇÃO: O acesso a medicamentos para tratamento da hipertensão arterial, diabetes
e dislipidemias é um aspecto relevante do controle das doenças cardiovasculares.
OBJETIVO: Analisar a prevalência e a utilização de medicamentos para tratamento da
hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo
epidemiológico de base populacional com delineamento transversal em indivíduos com idade
igual ou superior a 40 anos, residentes na área urbana do município de Cambé/PR. Foram
realizadas entrevistas para preenchimento de Formulário Estruturado sobre utilização de
medicamentos, aferição de pressão arterial (PA) e coleta de sangue para exames laboratoriais.
RESULTADOS: Foram entrevistados 1180 indivíduos, dos quais 1162 tiveram PA aferidas e
967 realizaram exames laboratoriais. A prevalência estimada de hipertensão arterial foi de
56,4%, a de diabetes 13,6% e a de dislipidemias 69,2%. As prevalências de tratamento
medicamentoso entre as pessoas com hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias foram,
respectivamente, 62,0% 59,1%, e 16,1%. Entre os indivíduos com hipertensão arterial que se
tratavam com medicamentos, 39,5% apresentaram PA classificadas como ótima, normal ou
limítrofe; entre os indivíduos com diabetes que utilizavam medicamentos antidiabéticos,
35,9% tinham valores de glicemia de jejum (GJ) compatíveis com as categorias GJ normal e
GJ alterada, e entre os indivíduos com dislipidemias que faziam uso de hipolipemiantes
22,2% apresentaram valores de Colesterol total <200mg/dl e/ou LDL-C <160 mg/dl e/ou
Triglicérides <150mg/dl e/ou HDL-C homens ≥40mg/dl e mulheres ≥50mg/dl. Os fármacos
anti-hipertensivos mais utilizados foram hidroclorotiazida, enalapril, captopril, atenolol,
anlodipino e losartana, sendo suas principais fontes de obtenção os serviços próprios do SUS
(56,0%) e as farmácias e drogarias privadas, mediante pagamento direto pelo usuário (32,0%).
Os fármacos antidiabéticos mais utilizados foram os antidiabéticos orais metformina e
glibenclamida e a insulina NPH, obtidos principalmente nos estabelecimentos vinculados ao
SUS (68,8%) e por aquisição com custeio próprio em farmácias e drogarias privadas (21,6%).
Os fármacos hipolipemiantes mais utilizados foram sinvastatina (81,5%) e bezafibrato
(6,5%), obtidos principalmente por pagamento direto em farmácias e drogarias privadas
(52,2%) e serviços próprios do SUS (33,6%). CONCLUSÃO: O tratamento medicamentoso
da hipertensão arterial mostrou-se superior ao de outras regiões do Brasil, enquanto o da
diabetes é similar. As unidades próprias do SUS eram os principais locais de aquisição de
medicamentos para o tratamento da hipertensão e diabetes, o que sugere que as políticas
públicas de Assistência Farmacêutica em Cambé/PR proporcionam boas condições de
acessibilidade aos mesmos. Para as dislipidemias, entretanto, o alcance das políticas ainda é
limitado. O baixo nível de controle da hipertensão, diabetes e dislipidemias pode indicar que o
acesso aos medicamentos circunscreve-se ao domínio restrito. É recomendado que o
planejamento de ações de atendimento integral às pessoas com hipertensão arterial, diabetes e
dislipidemias baseie-se nos conceitos linha de cuidados e redes matriciais de atenção à saúde.
Grupos de educação em saúde como espaço de construção de corresponsabilidades: um estudo de caso
Fernanda de Freitas Mendonça, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 20/12/2012
O objetivo desse estudo foi analisar as atividades de grupo de educação em saúde
desenvolvidas pelas Equipes de Saúde da Família (ESF) como espaços de
constituição de sujeitos corresponsáveis. Trata-se de um estudo quanti-qualitativo
que utilizou a metodologia de estudo de caso para melhor apreensão do objeto de
pesquisa. O estudo foi realizado no município de Campo Mourão e a coleta de dados
ocorreu no período de novembro de 2010 a fevereiro de 2011. Durante esse período,
foram realizadas duas etapas de coleta de dados. A primeira quantitativa realizada
com todos os profissionais vinculados à ESF por meio de um formulário e a segunda
qualitativa desenvolvida com usuários dos grupos de educação em saúde por meio
de entrevista. Os dados quantitativos foram analisados por meio de medidas de
ocorrência, já os qualitativos com o uso da técnica de análise de discurso proposta
por Martins e Bicudo. Os resultados revelaram que a maioria das ESF realizava o
grupo de educação em saúde, contudo, verificou-se traços da pedagogia de
transmissão de conhecimentos com foco, predominantemente, em assuntos que
tratam apenas das doenças. Em relação às potencialidades e desafios para a produção
de corresponsabilidades, verificou-se a presença de algumas dualidades, sobretudo,
relacionadas ao aprendizado e à alteração no estilo de vida. Em geral, os que mais se
destacaram como elementos que favorecem a construção de corresponsabilidades
foram: a disposição do usuário de aprender e assumir o autocuidado bem como a
valorização do conhecimento adquirido; a utilização do saber popular; a construção
de conhecimento; a alteração no estilo de vida e manutenção do controle da doença; e
o apoio social. Por outro lado, a utilização de metodologias pouco participativas, a
dificuldade de aprendizado dos usuários, o discreto interesse em mudar a forma de
realização dos grupos e a incipiente utilização de instrumentos de avaliação surgiram
como elementos que dificultam a produção de sujeitos corresponsáveis. Diante disso,
embora os grupos de educação em saúde tenham o potencial de produção de
corresponsabilidade, isso só irá ocorrer na medida em que forem compreendidos
pelos seus diferentes atores, e adotados como estratégias de gestão em paralelo com a
formulação de políticas públicas que ofereçam as condições mínimas para que as
mudanças implicadas no processo de educação em saúde sejam concretizadas