Cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde, Londrina, Paraná
Lílian Lozada Macedo, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 27/02/2018
Atualmente vivencia-se uma sociedade de risco, em que tecnologias, novos hábitos de vida e processos de trabalho podem gerar altos e danosos custos para os indivíduos. A assistência à saúde não fica de fora desses problemas, submetendose a diversos riscos, perigos e danos à integridade do paciente. Estudos e iniciativas com relação à segurança do paciente no nível hospitalar têm sido desenvolvidos de forma mais expressiva quando comparados à atenção primária à saúde, apesar de já se identificar a ocorrência de erros e eventos adversos na atenção primária. Desta forma, identificou-se a importância de estudos que retratem aspectos relacionados à cultura de segurança do paciente na atenção básica. O objetivo deste estudo foi analisar a cultura de segurança do paciente entre trabalhadores da atenção primária à saúde em município de grande porte do Paraná. Para tal, foi realizado um estudo transversal com trabalhadores em saúde atuantes da atenção primária do município de Londrina, Paraná. A obtenção de informações sobre cultura de segurança foi realizada com o uso do instrumento autopreenchido Medical Office Survey on Patient Safety Culture, traduzido e adaptado para a realidade brasileira, que avalia as atitudes e percepções do profissional quanto à segurança do paciente. A análise dos dados foi realizada com o uso do programa Statistical Package for the Social Sciences, versão 19.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina. Foram entrevistados 550 trabalhadores, maioria do sexo feminino (83,5%) e com idade média de 42 anos. Detectou-se que as seções “processo de tralbaho no serviço de saúde”, “comunicação e acompanhamento dos pacientes” e “serviço de saúde de atuação” apresentaram avaliações neutras quanto à segurança (51,0%, 65,0% e 73,2%, de respostas positivas respectivamente). Sobre a avaliação global da qualidade do cuidado, houve predominância de respostas positivas (79,0%). Destaca-se também que 35,7% dos profissionais avaliaram como muito bom ou excelente a segurança do paciente. Já em relação ao apoio dos gestores na cultura de segurança, houve apenas 38,4% de respostas positivas. Trabalhadores das unidades de saúde da família da região sul avaliaram de forma menos positiva a segurança no que se refere a comunicação e acompanhamento do paciente, apoio de gestores e aos aspectos do serviço de saúde em que atuam. Técnicos de enfermagem apresentaram avaliação menos positiva quanto ao processo de trabalho, comunicação e acompanhamento do paciente, e aspectos do serviço de saúde. Sugere-se a modificação das estratégias para melhoria da cultura de segurança do paciente para estratégias que visem a construção de uma cultura com participação multiprofissional, de caráter não punitivo e que seja fortificadora das relações interprofissionais e com o paciente, o que certamente modificará valores, atitudes e futuras percepções da equipe da atenção primária à saúde.