Associação entre ensino em saúde e percepção de trabalho de alta frequência com práticas relacionadas à alimentação em professores de educação básica de Londrina, Paraná
Renne Rodrigues, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 20/04/2018
A docência possui diversos desafios e responsabilidades, e fatores pessoais, como o letramento em saúde, e ocupacionais, como o trabalho de alta exigência (categoria de maior risco do modelo demanda-controle), podem predispor à realização de condutas alimentares não recomendáveis. Em razão da importância dos professores para a sociedade, considera-se essencial o aprofundamento de questões pessoais e laborais com condutas alimentares. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivos investigar a associação do letramento em saúde e das exigências para o trabalho com condutas alimentares. Para a estruturação desta tese, cada objetivo foi apresentado no formato de um estudo com métodos, resultados e conclusões próprias. Os objetivos foram explorados no âmbito do projeto Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da Rede Pública do Paraná (PRÓ-MESTRE), no qual professores das 20 maiores escolas estaduais de Londrina foram entrevistados individualmente em dois momentos: baseline (nos anos de 2012 e 2013) e seguimento (após 24 meses). Desse modo, o primeiro estudo é um recorte transversal, com dados obtidos no baseline, investigando a associação entre o letramento em saúde (obtido por meio da ferramenta Newest Vital Sign – NVS) e condutas alimentares. O segundo estudo é uma coorte prospectiva que investiga a influência do trabalho de alta exigência em condutas alimentares. O letramento em saúde inadequado foi observado em 62,6% dos 927 professores incluídos no primeiro estudo, associando-se com menor frequência de consulta a informações nutricionais em professores mais jovens, e com maior chance de consumo de alimentos pré-preparados frequentemente entre os professores de meia idade. O trabalho de alta exigência medido no baseline foi identificado em 39,2% dos 502 professores incluídos no segundo estudo, associando-se com maior chance de manutenção do consumo não frequente de frutas, maior chance de diminuição do consumo de frutas e verduras/legumes e com menor chance de diminuição do consumo de gordura visível de carne vermelha, após 24 meses de seguimento. Com base nos resultados encontrados é possível identificar que tanto o letramento em saúde inadequado (em recorte transversal) quanto o trabalho de alta exigência (em recorte longitudinal) estão implicados na maior chance de manutenção de condutas alimentares não recomendados e piora de condutas alimentares, bem como na menor chance de melhora de condutas alimentares. É importante ressaltar que diversas associações esperadas entre letramento em saúde e condutas alimentares não se confirmaram na presente população. Desse modo, sugere-se a discussão sobre as condições de trabalho e ações integradas que visem o incentivo à alimentação saudável.